terça-feira, 13 de novembro de 2007

Um jardim no asfalto

O que você faria se, de uma hora para outra, precisasse viajar e levar apenas o necessário? A menina Zolfe pensava em levar seu livro preferido, um caderno de desenho, lápis de cor, um vestido vermelho, uma capa de chuva, uma muda de roupa íntima e uma escova de dentes. Mas, na hora em que os homens mascarados invadiram sua casa e forçaram uma saída imediata, a menina levou o essencial: Émil, seu peixe de estimação.
A visão de Zolfe para as implicações pessoais acarretadas por acontecimentos políticos que forçaram sua família e outras pessoas da sua cidade a um êxodo tocado a fuzil é o tema central do ótimo livro Nenhum Peixe Aonde Ir (Marie-Francine Hébert, com ilustrações de Janice Nadeau, traduzido por Maria Luíza Borges, SM). O tema parece difícil, não é mesmo? Mas, de tão belos, texto e ilustração fazem deste livro um jardim florido e perfumado que brota no asfalto.
No meio de tanta angústia, muita prosa poética. Muita. Um estilo próximo ao de Bartolomeu Campos de Queirós. De não em não, a menina segue carregando seu peixe no aquário. A cada passo ele ganha peso. Tudo exige cuidado, pois está cercada de “gente grande brincando de guerra”. Zolfe “carrega o universo nos braços”. E assim, “quando se tem o mundo nos braços deve-se andar a passos lentos”. A leitura pede cuidado. Atenção. Passos lentos para que se possa apreciar a tradução que emociona, conquista. As ilustrações em aquarela ora encantam, ora assustam. Cores vivas dialogam com tons de cinza. Metáforas em forma de aves, gaiolas, máscaras... Árvores secas com raízes cobertas de folhas. Escadas prontas para levar a algum lugar. Um presente para os olhos.
Nenhum peixe aonde ir oferece surpresas. Em suas páginas, a amizade cresce verde e forte. Como uma trepadeira, embeleza o livro ocupando espaços impensáveis. Dentro do livro, outro. Aquele que a menina colocou como o primeiro ítem necessário, mas que deixou para trás: seu livro preferido. O Pote dos Sonhos. Presente de sua melhor amiga. Essencial para exercitar a fantasia em sua difícil jornada para lugar nenhum. Não precisou levar, pois o guarda na memória. O leitor é convidado a conhecer este outro livro na íntegra. Trechos dele se enlaçam com a vida que anda a passos lentos no mundo de Zolfe.
Você pode perguntar qual o destino do peixinho Émil. Eu não vou responder. Só posso dizer que a menina quer ser ceramista quando crescer. Quer construir um pote bem grande onde possa caber inteira. No ar, ficam outras perguntas: Qual universo carregaríamos nos braços? O que levaríamos na memória? Com quem compartilharíamos tudo isso? Vale pensar no que seria necessário e essencial para cada um de nós. Existe uma diferença sutil. E isso não é uma resposta. É um ponto final.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Bela reportagem sobre Sylvia Orthof

Quero convidar a todos, principalmente aos Orthóficos que visitam nosso blog, a ler a reportagem em que a escritora Sylvia Orthof foi retratada com as devidas honras. Ao final da matéria, publicada no suplemento literário PENSAR do jornal CORREIO BRAZILIENSE em 03 de novembro passado, Graça Ramos se reporta aos Roedores de Livros e ao espetáculo Firimfimfoca - Histórias de uma fada carioca. Para conhecer a íntegra da reportagem CLIQUE AQUI.

Bruxas soltas na ex-toca dos Roedores de Livros...

Quando chegamos à sede da OnG Pró Gente naquele sábado, 27 de outubro, para mais uma manhã com as crianças do Projeto Roedores de Livros, alguma coisa estranha pairava no ar. Não sei se era por causa da proximidade com o Dia das Bruxas ou por encontrar o chão repleto das cores dos Flamboyants. Definitivamente, suas flores ficam mais bonitas em contraste com o céu. O dia aguardava para nos mostrar suas surpresas. Nada agradáveis.
A primeira surpresa foi encontrarmos energia nas instalações depois de quatro semanas funcionando com luz natural. Ora, vivas!!! Mas a sala de leitura precisava de penumbra pois o tema da semana era histórias de magia e encantamento. Para dar um clima, convidamos a Hilariana para encarnar uma bruxa e contar uma história repleta de feitiços. Os meninos foram se envolvendo com a trama e pouco a pouco foram soltando interjeições, risadas e... foi se o espanto, ficou o encanto que abriu aquela bela manhã como num passe de mágica. Depois, Juliana se serviu dos livros para continuar semeando a fantasia. Caprichou nas meias, na voz e na escolhas das histórias. Não faltaram abracadabras, ocus pocus e pirlimpimpins.
Na oficina, continuamos trabalhando com cores e texturas. Desta vez usamos folhas de lixa e as crianças foram trabalhando com giz de cera. O resultado também foi muito bacana e, como já falei em outro momento, notamos uma melhora significativa na criatividade e no desenvolvimento motor da turma.
Mas aquela manhã reservava mais surpresas que a volta da luz nos salões da Pró Gente. Pouco depois do lanche fomos surpreendidos com a notícia da venda da sede da OnG para uma faculdade particular e, conseqüentemente, os Roedores de Livros não poderiam oferecer o projeto naquelas instalações muito em breve. Foi um susto! O que fazer com as crianças? Será que encerraremos o projeto este ano na data prevista? Estas e outras questões pulavam na minha cabeça naqueles minutos iniciais. Dores de cabeça.
Naquele momento, no projeto, só os Roedores fundadores Juliana, Vilma, Tino e eu. Uma reunião rápida para algumas decisões urgentes. O que fazer? Contar a verdade para as crianças, foi a decisão. Nada de fantasias. O assunto era sério demais. Outra reunião. Desta vez na sala de leitura com as crianças. Ficamos todos tristes com a possibilidade de mudança de endereço em 2008. Mas não desistiríamos tão fácil das crianças. De lá pra cá muita coisa tem acontecido. Aos poucos vocês acompanharão aqui o desenrolar de mais esta pedra no caminho. Nunca foi fácil. Mas já aprendemos a andar nesta difícil seara do trabalho social voluntário. Os Roedores de Livros continuam seu trabalho. Sempre!!! Hatuna Matata.

sábado, 10 de novembro de 2007

Dona Sofia vai para Porto Alegre...

Quando soubemos da visita de André Neves a Brasília, além da felicidade com a chegada do amigo, colocamos em prática uma idéia que rondava nossa fantasia desde que conhecemos Crico e Daniel, da Fábrica de Bonecas aqui em Brasília. Cientes da criatividade da dupla, encomendamos a Dona Sofia para presentearmos André com uma versão 3D de uma das suas personagens mais queridas. A imagem que serviu de inspiração foi pinçada da segunda versão do livro A CALIGRAFIA DE DONA SOFIA (texto e ilustrações de André Neves, compilação de poemas de diversos poetas, Paulinas).
Os meninos capricharam - vocês podem conferir nas fotos. Confessaram que depois de conhecer o livro a paixão por Dona Sofia só aumentou. Foi difícil tirá-la do ateliê. Ficaram fãs do trabalho do André quem por sua vez, se encantou com trabalho dos meninos. Os Roedores de Livros somos fãs de todos eles. Dona sofia chegou para André dentro de uma caixa de correio. Surpresa no olhar. Sorriso latente. Foi uma felicidade só. Temos a certeza que ganhará um cantinho especial em Porto Alegre.
Em breve, aqui no blog, a cobertura da passagem de André Neves por Brasília.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Roedor de Livros de André Neves

Neste ano e meio de Roedores de Livros guardamos na estante mais que livros. Viagens, bobagens e novos amigos. Ontem reencontramos André Neves que trouxe na mala presentes para os Roedores. Entre eles a ilustração acima (clique sobre a imagom para ampliá-la). Papelão, colagem, pintura, carinho, talento e surpresa que deixaram a mim e ao Tino sem palavras. Nosso querido ilustrador pernambucano-gaúcho estará por aqui falando sobre seu trabalho para professores da rede pública hoje e amanhã. Os Roedores de Livros estarão presentes. Aguardem mais notícias.
Agora, vou sair para a casa de molduras pois o roedor de André Neves está ansioso para encontrar os originais de Biry Sarkis, Jô Oliveira e Laura Castilhos entre outros que encantam a nós e as crianças com sua arte. Obrigada a todos. Obrigada, André Neves. Hatuna Matata!!!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Roedores de Livros e Instituto C&A

Parte da equipe dos Roedores de Livros foi convidada pelo Instituto C&A para fazer uma avaliação e seleção de textos dos voluntários e educadores participantes dos projetos apoiados por aquela empresa. O tema foi UMA LEITURA QUE MEXEU COM MINHA CABEÇA.
Depois da nossa seleção, o site do Instituto C&A começou a publicar as redações vencedoras. O primeiro lugar entre os educadores foi para Alexandra Santana da Silva que escreveu sobre o impacto do livro Chapeuzinho Amarelo (Chico Buarque, com ilustrações de Ziraldo, José Olympio) na sua vida. Leia aqui.
As imagens acima foram copiadas do site do instituto C&A.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Entrega do Prêmio Viva Leitura 2007

Na última terça, 30 de outubro, aconteceu aqui em Brasília, nas Sala Martins Pena do Teatro Nacional a entrega do Prêmio Viva Leitura. Voltado para premiar e ao mesmo tempo conhecer ações que buscam despertar e incentivar o gosto pela leitura, o prêmio apresentou naquela noite 15 projetos selecionados em três categorias distintas:

a) Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias;
b) Escolas públicas e privadas;
c) Sociedade: empresas, ongs, pessoas físicas e universidades.

Criado e patrocinado pela Fundação Santillana, com o apoio da OEI – Organização dos Estados Ibero-americanos em parceria com o PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura, Ministério da Cultura e Ministério da Educação, o Viva Leitura deste ano recebeu 1855 inscrições, o que mostra um país preocupado com a questão da leitura e cercado de iniciativas por todos os lados. Ou seja, boa vontade e boas idéias a caminho de um Brasil mais responsável com a cultura. Pelo menos, é o que se espera.

A apresentação dos projetos, ao meu ver, foi muito resumida se compararmos com o que aconteceu na cerimônia de 2006, mas no CATÁLOGO 2007 do Prêmio Viva Leitura oferece uma visão mais ampla do que estes 15 projetos oferecem às suas comunidades (é preciso ter o Adobe Acrobat Reader instalado em seu computador para que o arquivo seja aberto).

Na primeira categoria (Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias) o vencedor foi o projeto Borrachalioteca - um jeito diferente de ler o mundo, representado por Marcos Túlio Damascena (foto acima, ao centro). Uma idéia que mexeu com a comunidade local, na cidade de Sabará (MG), e emocionou a todos na cerimônia quando, ainda na apresentação em vídeo, arrancou aplausos da platéia. Simplicidade, vontade e livros. Parabéns Marcos. Os Roedores de Livros também aplaudem efusivamente a sua iniciativa.
Na categoria Escolas públicas e privadas o projeto vencedor foi o Retrato Falado, que acontece na Escola Santa Rita, em Barra Mansa (RJ) representado na cerimônia pela professora Fabiana de Carvalho (na foto acima ao meu lado e de Juliana). O projeto promove a participação de pais e alunos usando as histórias destes como motor para o gosto ela leitura. Emocionada com a premiação Fabiana dedicou o prêmio a sua mãe, também professora, de quem herdou a paixão por livros.
Por fim, o projeto Leitura para todos, de Belo Horizonte (MG), venceu na terceira categoria. Também aplaudidíssimo durante a apresentação em vídeo, este projeto de extensão da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais é de uma simplicidade que assusta e deveria ser implantado em todo o país. Não podíamos deixar de dar nosso abraço à Maria Antonieta Pereira, representante do projeto (na foto acima, Juliana, Maria e eu).
A cerimônia contou com o pocket show Piano e Voz de Ná Ozetti e André Mehmari. Um repertório luxuoso de clássicos da música brasileira passeando por Pixinguinha, Lupiscínio Rodrigues e Tom Jobim. Dos Roedores de Livros fomos eu, Juliana e o Tino (que fez as fotos). Nos bastidores, encontramos os queridos amigos Jô Oliveira, Cristiane, Sônia, Vânia (oficina pedagógica), Cláudia e Luciana (Editora Moderna), Rosângela e Franco (Ministério da Cultura). Conhecemos a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini, que marcou presença ao lado da Íris Borges (Vice Presidente Secretária). Por fim, um abraço gostoso e saudoso no professor Bartolomeu Campos de Queiroz (na foto acima), integrante do júri do projeto. Uma noite repleta de amigos e ações em torno de um bem comum: o incentivo ao hábito da leitura. Que estas idéias possam frutificar em mais leitores.

P.S. Os Roedores de Livros também participaram da solenidade de entrega do Prêmio Viva Leitura 2006. Se quiserem rever as impressões daquela noite, Clique Aqui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Dia das crianças no Projeto - Parte IV

Mas ainda tinha mais... o bolo de chocolate deu um barato na garotada. Uma aura de alegria baixou naquele lugar. Acho que todos esquecemos as dificuldades, a falta de luz e outras faltas... Convidamos todos para a sala de leitura e o Tino apareceu com pipocas e pirulitos... loucura, loucura, loucura... Mas o melhor ainda estava por vir numa caixa florida com conteúdo misterioso.
Rolou um clima, curiosidade à flor da pele, passes de mágica... e...
Olha só o close nos meninos na hora exata em que abrimos a caixa... note que na foto anterior tinha um pessoal sentado lá atrás e agora estão todos ao redor...
Na caixa, uma edição em miniatura do livro Menino Maluquinho. cada criança ganhou o seu embalado pra presente e com um cartão exclusivo com seu nome e as felicitações dos Roedores de Livros. Eu chamava um a um e entregava o mimo que foi festejado por todos. Abaixo, Gabriel mostra o presente que coroou o o final daquele sábado muito, muito, muito feliz.

Gente, é óbvio que as crianças saíram de lá felizes. Mas eu quero dizer que nós também ficamos. A felicidade deles dá um barato na gente. Não tem preço e não dá pra explicar. Só vivenciando. Se depender da nossa vontade, exclusivamente dela, os roedores de livros ainda farão muitos sorrisos por aí. Amém!!!

P.S. Agradecemos a todos que ajudaram a tornar este dia uma realidade.

Dia das crianças no Projeto - Parte III

Após a escolha dos livros foi a hora da oficina de artes. Sobre um fundo de TNT preto os meninos foram descobrindo cores e formas com giz de cera e imaginação.
Quando fizemos as primeiras atividades de desenho na Ceilândia notamos as criançãs muito presas, com dificuldades na coordenação motora e com pouca criatividade. Meses depois elas estão mais íntimas com o processo de desenhar. Texturas diferentes, materiais diversos e várias atividades depois percebemos crianças mais criativas, mais coloridas, mais felizes.
Aí veio a hora do lanche. Um bolo de 4 quilos de chocolate com cobertura e recheios deliciosos. Gente, foi uma farra gigante. Aproveitamos para cantar os parabéns da Néia que fez aniversário dois dias depois.

Você gosta de quê?

Hoje eu resolvi transbordar uma vontade que foi enchendo, enchendo, tomando meu mar de emoções até vazar no sumidouro deste blog. Uma desejo que fui engodando, engordando. Aí resolvi e pronto!!! Neste momento estou com a música Toda criança quer do CD Pé com pé do Palavra Cantada quase no volume máximo lá na sala. Mas a minha vontade descrita acima não era essa de ouvir música. É que depois de ler por semanas o Toda criança gosta... (Bia Hetzel com ilustrações da Mariana Massarani, Manati) e ficar sem palavras, minha vontade gorda, meu desejo que transbordava era o de escrever contando o quanto gostei deste livro. Por vezes sentei em frente ao computador e não consegui. Aí acordei hoje de manhã me sentindo mais criança. Não sei o motivo. Só sei que foi assim. E aí fui ouvir música. Ouvi, ouvi, ouvi e aí transbordei. Corri prá cá e espero que vocês percebam meu encanto e sejam criança por alguns momentos. Este é um livrão. Adultos com pouca imaginação podem achar que ele é bem bobão. Pois vou contar um segredo: este livro vestiu uma fantasia de simplicidade que esconde coisas que só as crianças em espírito podem ver. Não se engane. Ah, criança gosta do que é bem bobão também. E agora? Você não tem saída!!! Tem que levar pra casa e deixar jogado na mesa da sala, em cima da TV, ao lado do som, perto da cama. A cada dia você pode descobrir uma maneira diferente de viajar nas suas páginas. Viajar? Pois é. Você pode ler o Toda criança gosta... em cinco minutos. Azar o seu! Perdeu a chance de descobrir que mesmo adulto ainda gosta das coisas preferidas das crianças. E Bia Hetzel lembrou de muita coisa. São 56 páginas repletas de prazeres infantis compartilhados por crianças de todas as cores, raças e credos. Indígenas, orientais, africanos, europeus... das terras geladas ao povo do deserto. Em poucas palavras, a autora conseguiu resumir tantos drops de felicidade.
Mas não bastava resumir vontades num texto repleto de simplicidade. E talvez vocês não saibam o quanto difícil é ser simples. A autora queria mais para sua história e convidou a Mariana Massarani para ilustrar. Toda criança gosta dos desenhos dela. A impressão que a gente tem é que ela aprendeu a desenhar até os sete anos. Depois, não desaprendeu. O livro ganha com seus desenhos supercoloridos envolvidos em idéias geniais para as frases de Bia. Aqui em casa a gente brinca de criar outras histórias a partir dessas imagens. Escondo o texto e imagino o que quer ser aquela ilustração. São ponto de partida para novas histórias. Viajo nas informações de cada cantinho do mundo impressas nas estampas dos vestidos e camisetas dos personagens. História, geografia e diversão para os olhos. Este livro mexeu muito com meu eu criança. Brinco com ele. Descubro novas formas de me divertir. Múltiplas leituras. Quer mais uma delas? Tudo bem. Vamos lá: leve o livro pra casa e descubra quantos jacarés aparecem na história. Vai ser divertido. Você vai descobrir que a criança Mariana Massarani gosta deles. Eu gosto muito de livros assim. E você, gosta de que? Hatuna matata!!!

P.S. Clicando AQUI você tem acesso a um trecho do livro liberado no site da livraria cultura. É preciso ter o software Adobe Acrobat Reader.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Dia das crianças no Projeto - Parte II

Eu havia pedido à Juliana para contar Toda criança gosta (Bia Hetzel, com ilustrações da Mariana Massarani, Manati) pois queria que a turma se identificasse com o tema e ficassem ligados nas ilustrações para irrigar a imaginação e chover desenhos na oficina de artes que aconteceria a seguir. Aí aconteceu o que tem se tornado um hábito na nossa sala de leitura: A turma, empolgada com o livro, foi se levantando e chegando mais perto... Juliana lia uma frase e mostrava os desenhos da Massarani...
...Aí, um pediu para ler uma página... pausa para mostrar as ilustrações...
...A coisa foi virando brincadeira e o Jardesson pegou os óculos da Juliana e imitou aquele trabalho de mediação...
... por fim, quase todos leram um trecho do livro. Discutimos outras coisas que crianças gostam e o papo rendeu frutos. Naquele momento, vivenciamos o tal prazer da leitura... o coletivo estava ligado no livro encantado de Bia Hetzel e Mariana Massarani. Uma delícia, não é mesmo? Afinal, é para isso que saímos de casa todo sábado pela manhã!!!
Depois foi a hora de escolher o livro para o empréstimo. A foto acima revela três momentos especiais. O primeiro é a escolha dos livros na estante. Lá no canto superior direito, dentro da sala de leitura, as crianças escolhem o que desejam levar para casa. Depois, numa fila, entregam o livro para que possamos organizar o empréstimo. Mas percebam que na fila não acontece só isoo: no miolo, as crianças trocam informações sobre os livros que escolheram. Ponto para elas!!!

Dia das crianças no Projeto - Parte I

Preciso falar - MUITO - sobre o dia das crianças no Projeto. Nós comemoramos com a nossa turma uma semana depois, no sábado 20 de outubro. Chegamos na Pró Gente antes das nove e deparamos com um colorido especial que pinta o Distrito Federal de vermelho e laranja nesta época do ano: os Flamboyants estão floridos e, na foto acima, Lisianny, eu, Edna e Vilma estampamos sorrisos no vermelho daquela manhã.
O Tino pediu para ler dois livros para as crianças: o primeiro, O homem que botou um ovo (Daniela Chindler, com ilustrações de Lula, Paulinas) despertou a curiosidade na turma. O tema, universal e com uma prosa poética ritmada, deixou todo mundo atento à trama. Depois, Tino não precisou se esforçar muito para imitar a Dona Míúda, gorda personagem principal do livro Na Porta da Padaria (Ivan Zigg e Marcello Araújo, Scipione). O Ivan imita melhor (hehehe). Mas todo mundo curtiu a história e a "performance". É claro que abrimos o apetite com tantos pães, doces e salgados daquela padaria... huuummmmmm!
Juliana trouxe a Cecília Meireles para as crianças. Ops... textos da Cecília, é claro!!! Contou A Língua do Nhém e outros poemas do clássico "Ou isto ou aquilo"... mas ela trouxe um livrão com muitos poemas da Cecília... as crianças ouviram e participaram daquele drops poético e nós, sentimos saudade da nossa querida amiga Lúcia Borges que passeia tão bem pelos caminhos da poesia.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sorrindo na chuva!!!

Quando Ana Paula e eu resolvemos juntar as estantes tive a certeza de que nossa paixão por livros alimentaria outras paixões afins. Lembro que no princípio eu fui o primeiro a me encantar com o acervo dela. Muitos livros de arte e uma quantidade infinda de títulos infantis e juvenis. Foi um período de descobertas para mim. Parecia um menino de 10 anos que acabara de ganhar seu primeiro videogame. Minha estante carregava a leveza dos poetas, o peso das biografias, a poeira dos clássicos. Parecia ainda mais sóbria e austera quando posta ao lado daqueles livros coloridos repletos de infância.

Eu ganhava uma nova família. Trazia comigo o desejo de dividir aquelas leituras com a minha amada, com seus filhos e com o meu Pedro. Ah, em nossa família temos dois Pedros. Aí a gente identifica assim: um meu, um teu, dois nossos. E ainda tem a Júlia e a Ceci. Quatro nossos! Ufa!!! Mas meu Pedro não mora conosco.

Um dos primeiros livros que me saltou aos olhos na estante da Ana Paula foi O MENINO QUE CHOVIA do paulista Cláudio Thebas (Ilustrações de Ivan Zigg, Cia das Letrinhas). Acho que aqui em casa e lá na casa do Pedro os meninos choviam demais. Fiquei encantado com o ritmo do texto. Tinha um quê de música ali. Todo escrito em quadras, o engraçadíssimo texto fala de um menino que, quando contrariado, chovia de verdade. Relampejava. Então, se tinha salada no prato, se algo não dava certo no futebol, se não faziam o que ele queria... o menino chovia.

"E todo dia era assim,
Uma chuva sem fim, chuvarada.
Por qualquer coisa-coisinha
O menino relampejava.
"

É claro que lá pelas tantas o autor reúne a família do menino e resolve a questão com muita criatividade, sem deixar o bom humor de lado. Adorei o livro. Fui a uma livraria, comprei outra edição e mandei para o meu Pedro pelo correio. Naquele ano não se falava em seca no Vale do São Francisco. Teve até umas chuvas torrenciais por aquelas bandas. Pedro chovia muito. Hoje ele vive sorrindo. Vez em quando baixa uma nuvenzinha, mas quem não fica assim?

O livro fala de uma criança mimada, chorona, birrenta, enjoada como muitas que vivenciamos por aí. Conta do sofrimento da família com aquela situação. Mas para quase tudo se tem solução. O tema é árido (!!!), mas o talento do autor e as ilustrações sempre cheias de graça do Ivan Zigg tratam do assunto com muita leveza. Particularmente acho delicioso lê-lo em voz alta. O som e o ritmo das palavras deixam o tempo mais ensolarado. Cheio de SONRISOS (sic).

Por aqui, a Júlia chove quando a janta é sopa. Pedro Bernardes chove quando não pode ver desenho e o Pedro Tino chove quando tem que dormir cedo. Mas é uma chuvinha de nada, inofensiva. Coisa de criança. Nada que cause uma inundação.


P.S. O Cláudio Thebas escreveu outro livro que nós gostamos muito por aqui, chamado Amigos do Peito (ilustrações da Eva Furnari, Formato). Mas a história deste livro eu deixo pra depois.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tatianices com sorvete!!!

No último domingo, 28 de outubro, saímos no final da tarde para tomar um sorvete ao lado da Livraria Cultura. Ou saímos para um passeio na Livraria Cultura ao lado de uma sorveteria. Duas coisas gostosas que adoramos fazer. Para os que não conhecem, a Livraria Cultura é um lugar especial para os Roedores de Livros. Um lugar amplo, cercado de bons atendentes e ótimos livros. Ouço muita gente falar que agora não vai mais à livraria, que compra tudo por internet, pois geralmente é mais barato... enfim. Pode até ser. Mas eu e o Tino ainda preferimos o contato tátil, visual e olfativo com o livro. É uma relação de afetividade. De aproximação. Às vezes - como aconteceu ontem - namoramos por um tempo com determinado exemplar até que ele possa definitivamente vir para casa.
Mas não foram os livros que nos surpreenderam naquele fim de tarde. A Revista da Cultura, distribuída gratuitamente no interior da loja veio com CONTEÚDO SOBRE LITERATURA INFANTIL (assim mesmo, em caixa alta). Pegamos uma edição e saímos para o sorvete tão desejado. Mas o Tino não teve paciência para ler depois de mim e voltou à loja para pegar um para si. O sorvete ficou mais gostoso. Logo nas primeiras páginas uma entrevista com TATIANA BELINKY. Nas fotos e no texto da revista dá para perceber que mora uma criança no coração daquela sorridente senhora. Nos livros da Tatiana, então... A entrevista foi feita por Carlos Moraes. São quatro páginas de história e paixão por livros. Frases como "Profissão de criança é aprender, mesmo quando está brincando"; "livro que não dá pra rir, que não dá pra chorar e não dá pra ter medo não tem graça", curiosidades sobre seu encontro com Monteiro Lobato e muito mais.A reportagem de capa da Revista da Cultura chama-se Ler para ser: como os pais podem ensinar os filhos a amar a leitura. A repórter Andréa Barros ouviu crianças, pedagogos e nomes importantes do cenário da literatura infantil como Eva Furnari, Rubem Alves e Fany Abramovich. No miolo da revista a reportagem ganha outro título: O que toda criança gostaria que seus pais soubessem. Achei muito apelativo e o texto não consegue passar tudo o que o título sugere. Não é um manual de instruções, mas oferece algumas idéias para pais apressados e com boas intenções.

Difícil encontrar conteúdo interessante sobre literatura infantil fora dos livros teóricos e dos sites tão repletos de teoria. A grande mídia - lida, vista e ouvida por pais ansiosos por conhecer estas novidades - ainda se omite em fazer uma cobertura de qualidade. Para nós, a ótima entrevista com Tatiana Belinki num suplemento de uma loja de livros foi uma belíssima surpresa. Tornou nossa tarde/noite de domingo mais prazerosa. Parabéns a livraria Cultura pela iniciativa. Que continue assim. Caso não tenha uma loja da Cultura perto da sua casa, você pode acessar o conteúdo da revista clicando nos seguintes links:

Entrevista com Tatiana Belinky

O que toda criança gostaria que seus pais soubessem

Mas se a loja estiver ao seu alcance, passe por lá, passeie entre os livros, namore com eles e ouça com atenção... pode ser que algum livro queira ir para sua casa. Hatuna matata.

P.S. Aqui no Blog já publicamos dois posts acerca da Tatiana Belinky. Caso você deseje navegar por eles, clique aqui e aqui.

A foto da Tatiana publicada acima é de autoria de Iara Venanzi e foi scaneada da Revista da Cultura.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fnac Brasília - 07 de outubro 2007

Pois é... chegamos ao segundo dia daquele fim de semana especial. O domingo na Fnac foi repleto de crianças que se aglomeraram com seus pais e avós para enfrentar aquela maratona de narrativas, canções e ilustrações.
O Tino e a Juliana, como bons anfitriões, abriram os trabalhos. As cores do Flicts, o cheirinho d'A Menina que queria ser gambá e outras especiarias foram devoradas por olhares famintos.
Ivan Zigg e Ana Terra trouxeram o UFA! para aquela tarde. Junto com eles a hilária história de Dona Miúda que ficou entalada Na Porta da Padaria. O casal desenhou e convidou a todos para uma canja no refrão do repente de Ivan: nham, nham, nham, nham, nham... Ana Terra desfilou alguns contos populares como O Sapo e o Boi e O Velho, o Menino e o Burro. Enquanto ela contava, Ivan desenhava a história ao vivo, arregalando a meninada que ia descobrindo as surpresas das histórias.
Ainda teve O Menino Que Chovia, texto genial declamado com bóias, guarda-chuva e muito talento. Ivan e Ana conquistaram as crianças e os Roedores de Livros. Saímos naquele domingo com a certeza da cumplicidade em divertir com qualidade. Ficamos com saudades. Queremos mais!!! That's all, folks!!! Ufa!