quarta-feira, 30 de julho de 2008

BRINQUEDOS CANTADOS NA FNAC

Queridos amigos... a Fnac Brasília (Parkshopping) convidou o Tino e a Adriana Frony para encerrar as atividades de férias nesta QUINTA, 31 de julho, com uma apresentação de BRINQUEDOS CANTADOS. Levem suas crianças. A aprsentação é GRATUITA. Ah... não esqueçam de levar um livro para doação. O projeto ROEDORES DE LIVROS agradece.

Oficina: BRINQUEDOS CANTADOS.

QUINTA, 31/07 - 16h30 - FNAC BRASÍLIA (PARKSHOPPING) - Entrada Franca.

"Brinquedos Cantados" são historinhas curtas em que as crianças são convidadas a brincar junto com a mediadora cantando e coreografando algumas canções/histórias folclóricas como CLISH!, AUNI, Quando à Brasília Fui, Pipoca, e Andar de Trem. Brincadeiras de roda, interativas, com trava-línguas e trava-corpos feitos para a diversão das crianças, que cantam, dançam e experimentam novas formas de brincar. A apresentação conta com a arte-educadora Adriana Frony e com o músico Tino Freitas.

sábado, 26 de julho de 2008

Capoeira para crianças ou o Livro com um som de berimbau dentro.

A capoeira invadiu o gramado dos Roedores de Livros na manhã de sábado, 05 de julho, para que pudéssemos apresentar, na prática, para as crianças, o conteúdo do belíssimo livro Berimbau Mandou te Chamar (organização de Bia Hetzel e ilustrações de Mariana Massarani, Manati). O livro é uma coletânea de letras das canções que embalam a capoeira por todo o nosso país.
Além da pesquisa que resultou na seleção das canções, ao final do livro, Bia Hetzel apresenta um histórico da luta, contando sobre sua origem e tradição. O trabalho de Mariana Massarani oferece aos leitores mirins uma liga que estreita a criança com este universo que pode – para muitos – não parecer tão infantil. O livro é informativo, mas as letras plenas de poesia e ritmo oferecem uma leitura agradável. Faltou o som para completar a festa. Para amenizar essa “falta”, convidamos os capoeiristas SORRISO, TERRA e TODA VIDA - por intermédio da nossa querida Aldanei - para uma demonstração ao vivo das canções do livro e para falar sobre a capoeira. A Cantiga do Marinheiro, a turma já conhecia e acompanhou em côro. Outras, como a da Cutia de a do Tico-Tico, elas conheceram naquela manhã.
Algumas crianças (como o Jardson, na foto) foram convidadas a cantar algumas canções do livro. Outras, como Deysiane e Bruno, já tiveram aulas de capoeira e ensaiaram alguns passos tímidos para uma platéia atenta. Por falar em platéia, naquela manhã o projeto recebeu seu maior público em 2008: foram mais de 30 crianças. Nossos convidados cantaram, tocaram seus instrumentos (berimbaus, caxixis, pandeiro e agogô). Falaram da importância da capoeira, suas origens e ideais. Depois, as crianças foram apresentadas aos “passos” dos animais que inspiraram a luta: sapo, onça, jacaré, macaco e outros tantos. Por fim, uma roda de capoeira improvisada que terminou num imenso “abraço de urso” das crianças nos capoeiristas.
Foi uma manhã diferente. A literatura estava lá, derramando-se do livro, abraçada com a capoeira ali, ao vivo. Teoria e prática juntas fizeram com que o livro fosse disputadíssimo entre as crianças. Taí o nosso papel: despertar o gosto pela leitura. Com o trio de capoeiristas naquela manhã de sábado, o livro de Bia Hetzel ficou ainda mais gostoso e inesquecível para as crianças. Desde já, agradecemos aos atletas pela cortesia e convidamos você, leitor, a conhecer um pouquinho só do que foi aquela manhã, clicando no vídeo abaixo. That’s all, folks!!!



P.S. Para ver algumas páginas do livro, clique no BLOG DA EDITORA MANATI.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Meu filho gosta de rock!!!


Estou em férias com meu filho. Moramos a uma distância que muitas vezes dá preguiça de contar os tantos quilômetros. O amor nos aproxima, mas estreitamo-nos ainda pelo telefone, pela internet e pelos livros. Curiosamente, por causa de um jogo de videogame (Guitar Hero), também estreitamos a distância através da música. Pedro, aos 10 anos, me disse que gosta de Starway to Heaven, Smoke on the Water e Rock You Like a Hurricane. Ele ainda é novo no ramo e não sabe dos Beatles nem de Elvis, mas fala com entusiasmo ao me apresentar Linking Park e Franz Ferdinand. Por isso, fucei a memória já preguiçosa pelo balanço da rede e pelo cheiro de maresia, para lembrar de um livro bacana sobre o assunto e que fosse escrito para garotos da idade do meu roqueiro mirim. Pois é, lembrei de ELVIS – O REI DO ROCK, livro do português José Jorge Letria ilustrado com o talento de Afonso Cruz e publicado pela editora Texto Brasil. Há cerca de um mês, beliscando o meu tradicional café numa livraria de Brasília, passei os olhos no livro que me encantou primeiro pelas ilustrações. Confesso que gosto mais de fantasia que de “biografias” quando o assunto é Literatura Infantil, mas, pensando bem, agora, diante desta situação em que me vejo apresentando o rock ao meu garoto – e ele a mim, com suas novas bandas preferidas – acho que este livro cumpre o seu papel e é uma ótima pedida. A história é parecida com a que vivo hoje, mudando apenas de gênero: um pai apresenta a sua filha a história do seu ídolo do rock. A menina havia se encantado com a balada Love me tender e daí, seguiu curiosa até encontrar o pai solícito em apresentar os sucessos e fracassos do Rei do Rock. Sim, é importante falar de tudo. Este livro pode ser a introdução para que, além de livros, seu filho possa gostar de música boa. Bem, se a literatura não ajudar, o videogame pode dar uma forcinha. Caso contrário, faça como antigamente: coloque o primeiro disco do RAMONES na pickup e aumente o som. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

"Proibidos" para maiores...

Muito se escreve para crianças “ensinando” as boas maneiras, as “delícias” de ser bem comportado, a “importância” de sempre obedecer aos pais além das “benesses” de dormir cedo, não sem antes escovar os dentes, é claro. Não sei até que ponto estes temas podem ser chamados de “literatura” e como tal ser apresentados aos alunos nas escolas. Não sei se já observaram o interesse das crianças quando lêem estes livros. O que eu percebo é que tais assuntos parecem “quadrados” para o olhar poligonal infantil. É por isso que vez em quando me descabelo de felicidade ao roer as delícias de livros como O Pequeno Nicolau, A Maldição da Moleira, Na Beira da Estrada e Declaração Universal do Moleque Invocado.

Não deve ser fácil para um editor aprovar tais projetos que são, antes de tudo, sintonizados com a liberdade e fantasia que permeia a infância, em contraste com os limites e obrigações do mundo adulto. Num encontro recente com o poeta Fabrício Carpinejar ele afirmou que as crianças não querem mais se tornar adultas pois vêem seus pais sem tempo para “brincar”, correndo do trabalho para casa, preocupados com as contas a pagar e com outros tantos problemas. As crianças não querem mais ser astronautas. Querem ser advogados. Dia a dia, a fantasia perde espaço para os compromissos. Há pouco mais de uma década vivíamos bem sem a telefonia celular. Hoje, se estamos num banho e não atendemos ao chamado hipnótico do telefone, temos que explicar por que não estamos disponíveis – mesmo num sábado à tarde. Acredito que é importante olharmos para trás e nos reconhecermos crianças em nossos filhos. Sim, é bem possível que estejamos lá... Só que um pouco mais velhos.

Dia desses encontrei dois tesouros literários prontos a conquistar minha alma infantil: Mamãe já foi pequena antes de ser grande e Dicionário, o pequeno rebelde. Antes de prosseguir quero alertar aos mais conservadores: Se lidos por adultos, estes livros podem levar à reflexão, ao riso e a uma regressão cronológica quase como o elixir da fonte da juventude. Já se o leitor for uma criança, ela simplesmente vai se enxergar nos personagens e – provavelmente – verá o papai e a mamãe também. Estão na minha lista de “Altamente Recomendáveis”. Mas chega de tro-lo-ló e vamos aos livros.

Mamãe já foi pequena antes de ser grande (textos de Válerie Larrondo com ilustrações GENIAIS de Claudine Desmarteau, Rocco) brinca com a realidade de quase toda família. A mãe (o pai, enfim, o adulto) era perfeita quando criança e – por isso – exige a mesma perfeição de sua filha. Por exemplo: "mamãe sempre raspava o prato, comia tudinho, não deixava uma migalha". "Mamãe nunca metia o dedo no nariz, nunca disse um palavrão e antes de dormir desejava boa noite aos pais". Até aí, “tudo” bem. Mamãe era um poço de perfeição, não é mesmo? Mas aí, vem a ilustração, ao lado do texto e mostra DE VERDADE como mamãe era quando criança. É desatarrachar os parafusos de todo adulto “perfeito” e soltar o riso de qualquer leitor. De um jeito ou de outro a gente acaba se identificando ou com texto (que pena, hein?) ou com a ilustração (uma infância bem vivida).Dicionário: o pequeno rebelde (escrito e ilustrado por Claudine Desmartieau, Rocco) é um livro transgressor na forma e no conteúdo. Impresso no Brasil em capa dura e em papel com uma gramatura maior, pode ser usado à vontade por crianças que não vai ser destruído. Sua capa vermelha me fez pensar que poderia ser confundido com o “Manifesto Comunista”. Vem com um “prólogo” informando o “modus operantis”: “LER DE NOITE PARA OS PAIS ANTES DE BOTÁ-LOS PARA DORMIR”. As palavras do tal dicionário não aparecem em ordem alfabética. Parece seguir a ordem de “importância” para a vida do pequeno rebelde em questão. Tanto que o primeiro verbete é a palavra “EU”. Todas as definições estão sintonizadas com o universo infantil. Não há a beleza poética de Adriana Falcão em Mania de Explicação, mas há muito, muito humor e verdades infantis como, por exemplo, no verbete BESTEIRAS: Não são só as crianças que fazem besteiras. Os pais também fazem um monte, mas não tem ninguém para brigar com eles. Outro? Então vejamos... BRINCAR: os pais nunca têm tempo de brincar de nada. Daí eles ficam com inveja e se vingam, sempre com a mesma frase: “Você já fez os deveres?”. As ilustrações, mais uma vez, dialogam com o texto, só que sem a ironia constante do livro anterior. Claudine tem um traço cáustico, que não combina com cor-de-rosa ou com corações. Combina com o bom humor e a inteligência que transbordam nesta edição. Ah, quase ia me esquecendo, o danado do livro recebeu uma Menção Especial na Feira Internacional do Livro Infanto-Juvenil de Bolonha, uma das mais importantes do mundo no gênero.

Livros de literatura não devem vir com o “manual de instruções” ensinando para quê serve. A escola não deve usar a literatura com fins didáticos. A gente lê por prazer. E isso basta. Estes dois livros não vão ensinar seus filhos a se comportarem bem ou mal. Eles vão, sim, proporcionar um lazer diferente do que oferece o vídeo game, a TV ou o futebol. A gente pode, sim, brincar de ler. E, de preferência, brinque com seu filho. Hatuna Matata.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Livros para os Roedores e diversão para as crianças.

Queridos amigos, assim como aconteceu em 2007, durante o mês de julho, a loja FNAC Brasília nos ajuda numa campanha de arrecadação de livros infantis e juvenis que já está acontecendo. A parceria oferece também cinco oficinas de brinquedos populares durante as férias - também na loja. A estréia das oficinas acontece nesta sexta, 11 de julho, às 16h30, com a customização de fantoches. A participação nas oficinas é gratuita, mas há um limite de participantes. Você pode saber sobre todas as oficinas e obter mais informações no site da Fnac ou pelo telefone (61)21052000. Sua doação pode ser feita a qualquer momento no interior da loja (procure um atendente) e o acervo fará parte do acervo do projeto. Esperamos a sua visita.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Céu azul, azul, azul e histórias no horizonte.

O céu de Brasília pintou seu melhor azul naquela manhã de sábado, 28 de junho. Nosso tapete vermelho estendido no pátio gramado do Centro Comunitário da Criança acolhia a sombra da nossa árvore de estimação e novos roedores de livros. É que a Néia apareceu com alguns novos leitores e outros nem tão novos assim, mas que ainda não tinham aparecido no projeto este ano.
O Tino preparou duas histórias para as crianças. A primeira, a lenda japonesa de Urashima Taro, recontada em texto e ilustrações por Lúcia Hiratsuka. Conversamos sobre lendas brasileiras, de culturas diversas, lendas urbanas e depois, apresentamos a história, que envolveu a todos. Foi gratificante perceber a turma se chegando, interessada no destino do jovem pescador. A história - mais uma vez - mostrou a força narrativa que a transformou numa referência de fantasia para todo um povo.
A outra história que trouxemos para a turma é um clássico, mas ainda não havia desfilado em nossas manhãs: Marcelo, Marmelo, Martelo, de Ruth Rocha com ilustrações de Adalberto Cornavaca. Para se ter uma idéia, quando o Tino perguntou se alguém conhecia a história, ninguém se manifestou, mas ao começar a mediação, três ouquatro crianças, de idades diferentes, já a conheciam da escola. O que não impediu todos nós a viver um momento lúdico, cheio de risos e novas palavras. Ruth Rocha recheou nossa fantasia com sua originalidade, talento e capricho na arte de escrever.
Depois, Daniel - nosso monitor - pediu para contar O Iglu, livro de Flávia Lins e Silva, ilustrado por Mariana Massarani e que ele, Daniel, havia levado para ler em casa na semana anterior. A turma também mostrou atenção enquanto a história do menino João, filho de pais separados ganhava os ares do cerrado. Nossos pequenos leitores desenvolveram uma atenção durante a mediação que não existia no início do projeto. Foi contuída sobre um trabalho bem maquiado, camuflado e sutil de mediação de leitura. Acreditamos que para esta conquista é necessário que o mediador já conheça a história, tenha intimidade com o livro, descubra os tesouros escondidos nas palavras e - é claro - goste de crianças.
O final daquela manhã foi na nossa sala de leitura onde convidamos as crianças para escreverem recados num painel que vai divulgar o projeto num Congresso de Leitura no exterior. Depois a gente dá mais detalhes. No mais, quero ressaltar o quanto é prazeroso dispor de um tempo que - se formos colocar no papel - não temos para levar fantasia a tantos meninos. A recompensa não sai nas fotos, nos textos, nas palavras ditas. Mas ela palpita, dança e sorri aqui dentro do peito. Acredite. Faça a sua parte seja onde for. Vale a pena. Sempre. Hatuna Matata.

terça-feira, 8 de julho de 2008

De Pernambucho para a Espanha.

Assim que Ana Paula e eu chegamos ao Rio de Janeiro, em maio passado, largamos as malas no hotel e fomos ao Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens. Era um sábado à tarde e estávamos ansiosos para encontrar – entre outros tantos amigos - o André Neves (que no começo da semana iria a Brasília, enquanto nós acompanharíamos o Salão em terras cariocas). Numa primeira volta pelos corredores, novos e velhos amigos, mas nada de André. Fomos nos encontrar só no final da tarde no espaço externo do Salão. Estavam com ele Ivan Zigg, Ana Terra, Elma e Hermes Bernardi Jr. Depois de um afetuoso abraço de letrinhas, André nos olhou com um sorriso maroto e sacou da mochila mais uma de suas pedras preciosas e disse: - Trouxe para vocês. Cuidem com carinho.

Preciso abrir um parêntesis aqui para dizer que a literatura infantil brasileira tem exportado seus livros para todos os cantos do planeta. É notório que há um grande número de títulos importantes que são importados e publicados por nossas editoras. O que é incomum neste processo é um ilustrador ou escritor brasileiro ser convidado a produzir algo inédito para alguma editora estrangeira com lançamento – em primeiro lugar – fora do nosso país. André Neves rompeu esta fronteira. Fruto de suas viagens à Europa para apresentar seu rico portfólio em feiras do livro importantes como a de Bolonha (Itália), o premiado escritor e ilustrador pernambucho (pernambucano residente em Porto Alegre), foi convidado pela editora espanhola Kalandraka para ilustrar o livro Orejas de Mariposa de Luisa Aguilar. As imagens de André serviram de fundo para a decoração do estande da editora na Feira de Bolonha deste ano (2008) e, é claro, enriqueceram a história com cores, texturas e muita imaginação. André Neves, na contramão do mercado, fez com que o talento do ilustrador brasileiro encontrasse a qualidade dos livros europeus. Fecho o parêntesis.
Nem acreditei quando recebemos a tal preciosidade: o livro Orejas de Mariposa, primeira edição espanhola, com os frutos tão saborosos semeados por André Neves e agora colhidos por nossos olhos. Fizemos uma roda e ficamos a descobrir a história e as nuances das ilustrações de cada página daquele livro ímpar. A produção gráfica, começando pela capa dura – comum em livros infantis europeus e ainda raro por aqui – até o colorido fiel às ilustrações de André (meus olhos não se acostumaram ainda a tantas matizes perfeitas) tudo encanta. Há vermelhos e azuis difíceis de se ver em livros impressos no Brasil. Numa página em especial, há uma explosão de cores sobre um fundo cinza. Parei ali e deixei o braço arrepiar seus pêlos. Lindo, lindo, lindo.

O livro conta a história de Mara, uma menina com orelhas de abano que aprende com a mãe a usa-las para “voar” sobre as palavras sujas de um grupo de crianças zombeteiras. Estas, falam mal das meias, sapatos, roupas e orelhas de Mara que a tudo responde com muita poesia e sabedoria. Com frases curtas e bem lapidadas, a história nos mostra uma menina que conhece suas limitações, seus defeitos, e vive bem consigo, sobrevivendo aos “ataques” do grupo falastrão.

A Mara de André Neves carrega consigo uma beleza que se molda ao texto. Rosto angelical, orelhuda – como deveria ser – vestindo uma saia xadrez que salta aos olhos. O destaque fica para os cabelos (e não para as orelhas!!! – genial!!!), misto de pintura e linhas coloridas. As crianças zombeteiras são igualmente geniais. André as deixou com um riso cheio de dentes, que reforça a idéia do sarcasmo de suas frases. Eu adorei o carequinha de óculos. Me identifiquei com a figura – não com suas atitudes, é claro. Casamento perfeito, texto e ilustrações formam um conjunto que prendem a atenção do pequeno leitor. Literatura Infantil de primeira. Para todas as idades. Para um lugar de destaque na estante.

Se você pensa que esta edição é restrita e não pode ser acolhida na sua casa, pode tirar o cavalinho da chuva. Depois que o livro foi lançado na Europa (em março deste ano), ele ganhou tradução e edição portuguesa (Orelhas de Mariposa) através da Callis e pode ser encontrado nas boas lojas do ramo. Como foi impresso no exterior, a edição nacional oferece os mesmos caprichos da edição importada. Um tesouro à disposição da nossa fantasia.

Aproveitamos este espaço para agradecer o carinho com que André Neves trata os livros que ilustra. Assim como em outros livros seus, dá para sentir de longe toda a sua dedicação e cuidado no trato que deu a Orejas de Mariposa. Hoje, mesmo guardando o livro na estante, as orelhas de abano de Mara insistem em sair do esquadro e se mostram salientes, belas e prontas a alçar vôo em nossa casa, em nossa imaginação. Hatuna Matata.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Heranças da Leitura

Na última terça, 01 de julho, assisti a palestra HERANÇAS DA LEITURA, em que o escritor Léo Cunha e sua mãe – também escritora, teórica da literatura infantil - Maria Antonieta Antunes Cunha contaram sobre os alicerces familiares e educacionais que os aproximaram dos livros. O encontro, promovido pela Distribuidora de Livros Arco-Íris, Editora Dimensão e EAPE (Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação), aconteceu em Brasília, no auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e foi direcionado aos cursistas do BIA (Bloco Inicial de Alfabetização). Eu fui de metido e curioso. Com isso, ganhei uma tarde ótima na companhia das palavras de Léo e Antonieta e de outros queridos amigos como Aldanei Andrade (Firimfimfoca) e João Bosco Bezerra Bomfim (autor do Romance do Vaqueiro Voador).

Léo Cunha contou que a primeira lembrança que brota quando fala sobre livros e leitura é a da figura do seu avô. Ele o via sempre na companhia de um livro grosso e de capa azul nas mãos, quase como uma extensão do corpo. O menino Léo, curioso, um dia perguntou ao avô: - O senhor nunca termina de ler este livro? O avô, respondeu que sim, mas a leitura era tão prazerosa que ele recomeçava a ler sempre que chegava ao fim. O livro era Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa e foi lido e relido mais de 20 vezes pelo velho senhor. Quando o avô de Léo faleceu, em 1994, a avó queria que o livro fosse enterrado com seu leitor mais querido. O neto, amante dos livros e do avô, escondeu a relíquia até ser descoberto, ao que argumentou: - Vó, eu não quero nada de herança que não seja O LIVRO DO MEU AVÔ. A mãe dele também ofereceu a sua parcela de CULPA por ter um filho tão afeiçoado ao universo da literatura. Foi Maria Antonieta quem abriu a primeira livraria exclusivamente infanto-juvenil em Belo Horizonte. Léo, depois da aula, batia ponto na loja, devorava todo o acervo e ainda dava dicas aos clientes. Lia tanto que quando perguntavam a sua irmã – outra apaixonada por livros – se ela gostava de ler, ela respondia: - Eu não. Quem gosta MESMO de ler é o Léo.

Hoje, o menino leitor é escritor premiado que sofre a influência inusitada da sua filha Sofia, que o ajudou, por exemplo, a formatar o texto do livro Contos de Grin Golados. Outra herança afetiva de Léo foi a escritora Sylvia Orthof. Durante a palestra, Léo Cunha brindou o público com trechos de seus livros Pela Estrada Afora (influência da personalidade do avô), o já citado Contos De Grin Golados, Profissonhos e Cantigamente – este, infelizmente, esgotado. Eu e Ana Paula gostamos muito das suas histórias e poemas. Léo, talvez por ter sido contaminado com tanta herança, sabe alcançar a imaginação dos pequenos. Ah, quase esqueci: o cara é super simpático.

Já sua mãe, Maria Antonieta, também simpática, falou emocionada da forte herança literária que recebeu não do seu pai (avô de Léo), mas de sua mãe. A pequena Antonieta sofria de um problema nos olhos que a impedia de ler os livros da escola e os de histórias. Esta tarefa era feita com paciência e amor por sua mãe. Assim, fábulas, contos de fadas e outras maravilhas eram colhidas pelos olhos da mãe e depositadas nos ouvidos da pequena Antonieta. Tal como uma mãe-passarinho, sua mãe a alimentou com histórias saborosas que tornaram a mulher Maria Antonieta, curada do problema ocular, uma estudiosa da Literatura Infantil. Em sua palestra, falou das delícias de ler O Gênio do Crime de João Carlos Marinho. Reforçou a idéia de que há 02 pilares quando se fala de heranças da leitura: um, da família, outro, do educador. Os pais, são importantes enquanto formadores de leitores quando são vistos lendo por seus filhos, quando lêem para eles e quando oferecem livros para os pequenos. Já o educador deve ser, antes de tudo, um leitor. Depois, precisa colocar sua criatividade e ousadia a serviço das oportunidades de encantamento literário do aluno. Por fim, a autora do livro Literatura Infantil – Teoria e Prática, encerrou a fala, dizendo que a Literatura Literária é capaz de suprir o imaginário, o coração e inclusive, o inconsciente do cidadão. Embora, dentro da concepção escolar, esta Literatura não sirva para “nada”, pode “apenas” aquecer a alma e o coração. “Abrir” a cabeça do leitor.

Saí de lá certo de os Roedores de Livros – como aconteceu naquela tarde - encontrarão ainda muitos parceiros nesta lida de mostrar que a literatura, por si só, é importante para a formação do cidadão. Uma herança das mais ricas que podemos deixar aos nossos filhos, a todas as crianças. Hatuna Matata.

quinta-feira, 3 de julho de 2008