Nesse sábado, 31/08, fizemos a leitura de três livros que provocaram, de formas distintas, nossos pequenos leitores. O primeiro livro foi NAIÁ (Leca, Editora Zagodoni). Partindo de uma proposta de fazer uma edição/matriz artesanal (fora a impressão), a autora fez as ilustrações e textos a partir de recortes, colagens, e manuscritos. O que pode causar estranhamento, numa leitura rápida, transforma-se em uma bela leitura, em que, sem ser explícita (e nós gostamos muito disso) a autora conta a lenda amazônica da vitória-régia. Mas esse é apenas o mete para falar sobre como pode ser o dia a dia de uma menina indígena. Algumas crianças já conheciam a lenda e lembraram de imediato ao final da leitura. As que não conheciam também desfrutaram do livro e suas belezas. Acredito que esse fazer artesanal também aproximou os pequenos do desejo de criar uma história. Mas não era para isso que estávamos ali. Então, passamos para a próxima leitura.
A PRINCESA E O DRAGÃO (Sonia Alins, Escala Educacional) conta numa linguagem direta a lenda de São Jorge da Capadócia. Por um lado, as meninas se envolviam com o fato de as donzelas serem devoradas pelo dragão. Do outro, os meninos queriam ver onde daria a valentia do cavaleiro. A leitura mexeu provocou esse vai e vem de interesses, mas ao final ficamos com a sensação que todos gostaram da história. Destaque para as ilustrações e o projeto gráfico com cores prateadas sobre vermelhos e pretos. Como na lenda tradicional, o cavaleiro e o dragão não foram parar na lua, mas - ao contrário do link que as crianças fizeram com a lenda original na leitura anterior - aqui o link foi apenas com a novela das nove que estava no ar até poucos meses. Achavam até que o nome do cavaleiro seria o do protagonista global! Bem, nem sempre a coisa acontece como a gente quer.
Por fim, a leitura de A NOVA ROUPA DO IMPERADOR (Andersen, com tradução de Francis Henrik Aubert, ilustrações de John A. Rowe, Cosac Naify). A gente às vezes peca por não mostrar alguns clássicos por acreditar que as crianças já conhecem pois, ora, são clássicos. Vez em quando, como nessa ocasião, ficamos com aquela sensação de que nada sabemos, que num projeto como esse é melhor não termos certeza alguma de nada e oferecer de tudo. Nenhuma das crianças conhecia essa história do Andersen e foram achando I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L o cara ficando nu em meio à multidão. Eles mesmos, leitores, ali, envergonhados com a situação. Ao longo da leitura, algumas ilustrações com o rei de bumbum à mostra arrancou risos, mas a hora em que, em meio ao cortejo, uma criança diz o óbvio (o rei está nu), eles festejaram como a entender que somente uma criança poderia dar um jeito naquele estranho mundo de adultos. Foi demais! Essa edição tem ilustrações incríveis e o jogo do esconde e mostra ficou muito mais gostoso.
E assim, termino esse relato das leituras feitas naquela manhã. Em breve, aqui mesmo no blog, mais relatos das mediações! Até breve! Hakuna Matata!!!
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quarta-feira, 4 de setembro de 2013
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
É fácil escrever para crianças...

O encontro foi no meio da tarde do dia 21 de outubro (uma quinta) e reuniu uma plateia de mais ou menos uma centena de escritores, ilustradores, editores, professores e demais curiosos acerca da Literatura Infantil. Para abrir os trabalhos, a organização convidou João Luis Cecantini (UNESP), Maria Teresa Pereira (UERJ) e Sonia Monnerat (UFF) para palestrarem sobre o livro em questão e o trabalho do crítico literário brasileiro. A intenção foi boa, mas o resultado final me pareceu como se convidassem o Latino para abrir o show do Paul MacCartney - talvez por eu não pertencer ao meio acadêmico e não estar tão acostumado à linguagens tão rebuscadas. Mas, apesar da polêmica fala de Maria Teresa Pereira - que pos um pouco de calor na sala, e se retirou deixando o incêndio para seus colegas de mesa (disseram que, por motivos previamente informados à organização) - antes do fim dessa abertura, muita gente - inclusive eu - estava no cafezinho esperando pelo encontro com Peter Hunt.


Aproveitando a deixa de que fala-se por aí que os livros infantis devem ser bonzinhos, politicamente corretos, etc e tal, Peter Hunt disse que é mais fácil ver uma criança nua na vida real do que em livros infantis e aproveitou para fazer críticas à Academia que, em geral, desconhece as crianças. Para ilustrar, disse que quando vai à palestras para esse público, leva fotos de seus filhos e quando as apresenta, ouve da plateia exclamações como: "- OH, GOD! REAL CHILDS!!!". Risos de adesão do público carioca!
Durante a palestra, o autor parecia uma criança brincando na hora do recreio. Mas com suas "piadas" foi plantando suas críticas:
"Se Harry Potter vende somente por causa do marketing, nós, críticos literários, estamos perdidos";
"Em todo livro infantil há um adulto escondido";

Por fim, encerro com uma frase-vitamina que me remeteu ao trabalho do Roedores de Livros:
"Um livro infantil pode mudar uma vida pois, para uma criança que não lê muitos livros, um livro faz a diferença".
Ao final, saímos da Gávea e fui para o Centro, onde começava mais uma edição da Primavera dos Livros. Ali, ao lado de amigos queridos, a conversa esticou, esticou, esticou e só terminou alta noite no Lamas. O Rio de Janeiro continua lindo!!! Hatuna Matata!!!

P.S.2. Na quarta foto, eu e a queridíssima Ana Maria Santeiro (fazendo as vezes de tradutora para um roedor nada afeito à linguagem do Mickey) conversamosrapidamente com o Peter Hunt antes do autógrafo.
terça-feira, 1 de junho de 2010
O craque da Copa do Mundo é Odilon Moraes





E é como torcedor que escolhi o meu craque da Copa do Mundo de 2010. Chama-se Odilon Moraes. Não sei se ele jogou futebol quando menino no interior paulista. Mas ele bate um bolão danado quando assume o ataque com um lápis na mão. Assim, ele resolveu contar uma história sobre o amor de um menino pela Seleção. Uma história em verde, amarelo, azul e branco. Uma m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a história com texto invisível.

P.S. As ilustrações acima (exceto a reprodução da capa do livro) são recortes das páginas do livro O PRESENTE. É preciso ler cada página por inteiro para que a arte de Odilon seja percebida em seu contexto original. Não as reproduzo por inteiro aqui para não estragar as surpresas do livro.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
A ilustração nos detalhes

"Adoro contos em que a brincadeira é procurar algo nas ilustrações. Ano passado, o jornalista Tino Freitas estreou na literatura infantil com o Cadê o Juízo do Menino? (Ed. Manati) e uma série de versos rimados que brincam com a frase "ei, perdeu um parafuso" ou "perdeu o juízo". O leitor já está em puro deleite quando, no final, o escritor coloca um desafio: voltar ao início do livro e encontrar parafusos nas sempre divertidas ilustrações de Mariana Massarani. Minha sobrinha, Letícia, não acreditava: parecia uma emoção incrível. E lá ia ela, com o dedinho apontando a brincadeira." (Leia AQUI o texto completo).

Ainda não escrevemos sobre a FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis) - que aconteceu mês passado - por falta de tempo, mas não posso deixar de aproveitar o gancho e dizer da honra que foi ter o querido autor/ilustrador ANDRÉ NEVES usando nosso livro na sua palestra para professores, citando-o como exemplo de um diálogo perfeito entre texto e ilustração, em que a ideia do escritor extrapola os limites do texto e pousa na "pena" do ilustrador para encantar o leitor mesmo depois que a história acaba. Na verdade, a história não acaba no fim. E é mérito da Mariana Massarani ter brincado comigo na construção deste livro tão querido. Então, obrigado Cristiane, obrigado André e obrigado Mariana. Seguimos juntos desparafusando boas ideias.
P.S. E, sim, assim que eu encontrar o Vovô Coelho de Rowe vou trazê-lo para a toca dos Roedores de Livros.
Feliz Páscoa a todos! Hatuna Matata!!!
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