segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Para ler nas férias.

O suplemento +MAIS! do jornal FOLHA DE SÃO PAULO de domingo, 27/12, trouxe como capa o título LETRAS ESCALDANTES - UM GUIA DE LEITURA PARA O VERÃO. Convidou algumas personalidades para escolher títulos para ler "no carro, no avião, no ônibus, no navio" (por Danusa Leão)... "no ano novo" (por Humberto Werneck)... "com cerveja, caipirinha ou água de coco" (por Cláudio Assis)... "quando se está só ou para espanar o tédio" (por Modesto Carone)... "em dia de chuva ou à beira da piscina" (por Julio Medaglia)... e "para as crianças" (por Ana Maria Machado).
Ao final, o suplemento publica o ótimo artigo que reproduzo a seguir.

AFINAL, POR QUE LER NAS FÉRIAS?

Ivo Barroso.

Quando minha mulher me viu enfiar o suspeito embrulho na mala do carro, foi logo perguntando: "Que é isto? Não vai dizer que está levando livros para ler nas férias?!"
O espanto era natural: ela não podia admitir que alguém, que passa o ano inteiro metido nos livros, os carregasse para a montanha ou a praia, onde o ideal seria quebrar essa rotina de ler e de escrever.
Explico que a leitura das férias é totalmente diversa da que fazemos por dever de ofício. São férias de leitura essas leituras das férias; nelas saboreamos de novo o prazer de ler sem compromisso, numa boa, por mera distração.

Leitura e lazer
Rodeado de verde ou embaixo de um para-sol, a leitura se torna tão agradável e menos cansativa do que as caminhadas pelo mato e as braçadas na piscina.
Não que uma coisa vá impedir a outra, pois as férias nos permitem saborear esse coquetel de ação e meditação: exercício muscular e repouso mental associados a repouso muscular e exercício mental.
Nas férias, você pode ler aquele livro que seus colegas de trabalho estavam comentando com você por fora.
Se não gosta de best-sellers, está bem, mas, nas férias, não custa ver por que motivo estão falando de vampiros as mesmas pessoas que no ano passado falavam de Harry Potter.
Claro, se você é chegado às letras, aproveite para pegar de novo aquele livro fundamental que você deixou no capítulo 14.
Novidades? É só passar numa livraria que os tentáculos envolventes de centenas de tomos, com suas capas chamativas e títulos provocantes, estarão prontos para te agarrar ou desejosos de serem agarrados.
Nos escaparates (é assim que se diz vitrines em Portugal -aprendi isso num livro), centenas de autores estarão disputando a possibilidade de entrar em férias... com você.
Leve algum, não hesite: haverá sempre um dia de chuva, um churrasco indigesto, uma festa de crianças que lhe permitirão refugiar-se no barato careta da leitura.


IVO BARROSO é poeta e crítico. É autor de "A Caça Virtual" (ed. Record) e tradutor de "Arthur Rimbaud - Correspondência" (Topbooks).

Por fim, acima, reproduzo as dicas de leitura para as férias da criançada proposta por Ana Maria Machado na edição de ontem da Folha de São Paulo. Sem dúvida, todos livros criativos, divertidos, de ótima qualidade também no quesito "fantasia". O que é de se estranhar é que entre os 15 livros citados nominalmente, quatro (todos contos populares) foram recontados por ela e um quinto, esgotado, recebeu sua tradução. Ou seja: 1/3 das dicas são livros que levam a assinatura da autora do artigo. Todos bons livros, repito. Mas ela poderia ter sido mais democrática. Em suas dicas, Ana Maria Machado cita ainda "todos os das Bruxinhas" ao falar de Eva Furnari, a "série Gato e Rato" de Mary França e não esquece da sua coleção "Gato Escondido" espalhada por várias editoras. Não há novidades no quesito poesia. Estão lá os imbatíveis Ou isto ou aquilo e A Arca de Noé. E os ótimos Toda criança gosta e Mania de Explicação, ilustrados por Mariana Massarani, são citados em referencia aos "NOVOS AUTORES" Bia Hetzel e Adriana Falcão.

(Para ler as dicas de Ana Maria Machado, clique sobre a imagem acima).

Gosto de muita coisa que a Ana Maria Machado escreveu. Seus recontos são ótimos e, além dos que ela já cita na lista, recomendo ainda os três livros da coleção HISTÓRIAS À BRASILEIRA (Cia das Letrinhas). Mas não soou legal - pelo menos para mim - a autora citar tantos livros seus numa seara tão fértil de bons livros e autores diversos quanto a nossa literatura infantil.

Aproveito para deixar quatro dicas. Para os pequenos (até 6 anos), O MENINO, O CACHORRO. Para a turma entre 7 e 9, OS LIVROS DE SAYURI e dos 10 em diante FIGURINHA CARIMBADA. E para brincar de poesia, o livro RIMA OU COMBINA? é uma ótima pedida.

Encerro este post convidando os leitores do blog a também deixarem por aqui suas dicas de livros para a leitura das crianças nessas férias. Hatuna Matata e um 2010 cheio de boas histórias para contar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

E o Glória Pondé vai para...

A FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL anunciou ontem o resultado do seu PRÊMIO LITERÁRIO do ano de 2009 (para livros publicados entre dezembro de 2008 e outubro deste ano). Entre as várias categorias, é claro, há uma dedicada à LITERATURA INFANTIL E JUVENIL intitulado PRÊMIO GLÓRIA PONDÉ. O júri formado por Neide Medeiros Santos, Mariza de Almeida Borba e Elizabeth d'Angelo Serra premiou os seguintes autores:

1º LUGAR: BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS com a obra TEMPO DE VOO (Ilustrações de Afonso Ruano, Edições SM). Conhecemos este livro no Salão da FNLIJ em junho passado. O livro é ótimo, recheado daquela prosa poética que o professor tão bem sabe criar. Literatura como exercício do pensar. As ilustrações também arrebentam. Sem dúvida um dos melhores livros do ano.

2º Lugar: RONALDO SIMÕES COELHO com a obra BICHOS (Ilustrações de Angela Lago, Editora ALETRIA). Este livro ainda não chegou à toca dos Roedores. Não o conhecemos. A editora ALETRIA, braço de um grupo mineiro craque em contar histórias da tradição oral, ainda carece de uma distribuição melhor. Mas conhecemos alguns livros do autor, como O CASO DA BANANA - que faz o maior sucesso no projeto. Imaginamos que este novo livro também carregue em suas páginas o humor criativo e surpreendente que encontramos em alguns dos seus livros. A forma como as ilustrações de Angela Lago dialogam com o texto deram a este livro o 2º lugar na categoria PROJETO GRÁFICO nesta mesma premiação da Biblioteca Nacional. Vou já atrás de dois exemplares: um para a toca e outro para o projeto!

3º Lugar: GRAZIELA BOZANO HETZEL com o livro LOBO (ilustrações de Elisabeth Teixeira, Editora Manati). Bem, gente, sou suspeito para falar desse livro. Entre os três melhores que li este ano, LOBO está no topo (Os outros dois vocês saberão em breve). Não sai de lá. Me emociona a cada releitura. Gosto de ler em voz alta. Aliás, bem baixinho. Gosto de passear os olhos e descobrir as belezuras das ilustrações que ainda não me apareciam em momentos anteriores. O projeto gráfico honra as "cores" da Manati. É uma história dentro de outra - descubra por si. Um carinho literário para quem gosta de contar histórias para os filhos. Leve para casa sem medo. Esse lobo vai conquistar sua estima.

Três ótimos livros para a estante da sua casa.

Parabéns a toda a equipe da Fundação Biblioteca Nacional por mais este trabalho. Hatuna Matata.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Resumindo (só sei que foi assim)...

Queridos amigos leitores deste blog, nosso último post sobre o projeto foi no dia 25 de julho. Nossa! Como isso foi acontecer? Tanto tempo sem falar das nossas crianças. Por isso resolvi escrever para explicar que durante este período foi mais ou menos assim:

Por causa da gripe suína (lembram-se dela?) paramos duas semanas. Depois disso foi uma correria. Algumas vezes o Tino não estava, outras vezes eu, mas o projeto aconteceu todos os sábados.

Então, vamos "rebobinar a fita" da memória e lembrar dos melhores momentos.

Em agosto, retornando das férias prolongadas, as crianças estavam com saudades e muito animadas - nós também. O dia quente, céu azul e a proteção da nossa árvore. E pra dar uma ajudinha, nada melhor que um bom livro.

O sol esquentou demais e nem os calaguinhos aguentaram ficar no jardim. O pátio da Creche Comunitária da Criança nos abrigou.
Disponibilizamos para a turminha a coleção de livros do PROJETO BEM ME QUER. Foi uma festa. A turma, atenta, ouviu nossa apresentação sobre o tema de cada livro e depois escolheram qual levariam pra casa.

Em setembro, de volta a nossa generosa sombra...

...os dias passaram com muitos passarinhos cantando e um descanso para os mediadores…

...pois as crianças leram muito pra gente. E nós gostamos muito de desfrutar desse interesse.

O livro do Tino, CADÊ O JUÍZO DO MENINO? chegou por aqui acompanhando de outros títulos presenteados pela EDITORA MANATI, que enriqueceu nosso acervo.

A mediação do livro CHAPEUZINHO VERMELHO dos irmãos Linn e David Roberts (Editora Zás Trás) fez o maior sucesso.

Outubro chegou trazendo muitos presentes…. A primavera, a chuva das flores, o dia das crianças… tudo comemorado com muita algazarra. Por causa da chuva, saímos do jardir e "acampamos" o projeto no pátio da Creche.

E não é que apareceu uma florzinha por lá. A Juliana - que há muito não aparecia no projeto - nos fez uma bela surpresa e trouxe a querida Maria Júlia para apresentá-la aos meninos. Festa total!! A fofura ficou super à vontade e encantou a todos.

E nós, que não somos bobos, aproveitamos a oportunidade passar e pedimos para Juliana contar uma história. Ela não se fez de rogada e prendeu a atenção de todos com seu repertório de contos populares.

Comemorando o Dia das Crianças entregamos os kits de livros do projeto Leitura para Cidadania - Livro Vivo doados pela editora Paulus.

A garotada ficou muito feliz com o presente.

Lembrando que no início e no final de cada encontro o Tino comandava a turma com muita cantoria. Músicas do nosso folclore, músicas do Tino e muitos brinquedos cantados. Com esta turma tão animada, o mês passou rapidinho.

A conhecida “chuva das flores” não parou… Apesar de podermos utilizar o pátio interno da Creche, às vezes ele era palco de reuniões com os professores e com os pais das crianças atendidas pela instituição, o que impossibilitava nosso trabalho. E com o coração apertado, no último sábado de outubro, resolvemos dispensar o grupo um pouco mais cedo este ano. Difícil segurar a emoção com tantos rostinhos tristes … Ninguém queria ir embora... Nem a gente…

As crianças partiram com a esperança de que retornaríamos logo. "Nosso" jardim, desta vez, ficou silencioso.

Hatuna Matata.