quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Cofrinhos e Aviões de Papel
Fotos das oficinas na Fnac Brasília - Parte I
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Autógrafos e reconhecimento...
A era dos neobaixinhos
Sucesso da dupla Palavra Cantada, de música infantil educativa, e fracasso de Xuxa na TV e no cinema parecem ser um sinal de que os pais hoje buscam produtos culturais de melhor qualidade para as crianças
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Super Xuxa luta contra o baixo astral: a apresentadora perdeu seu programa diário na Globo e camela para chegar a 300 mil espectadores no cinema, resultado chocho para quem contava bilheteria em milhão. A rainha dos baixinhos não manda no reino dos neobaixinhos, filhos de uma geração politicamente correta, que vêem programa educativo na TV paga, cantam música de qualidade, ouvem falar sobre aquecimento global, aprendem a reciclar lixo e até lêem poesia.
Nessa nova era -em que pais parecem estar mais preocupados com o consumo cultural das crianças- nomes como o duo musical Palavra Cantada, antes restritos a filhos de "moderninhos" e "intelectuais", ganham o grande público.
A dupla mescla a formação clássica de Sandra Peres, 44, e a popular de Paulo Tatit, 52, e tem a proposta de criar canções infantis de qualidade. Começou em 1994 vendendo CDs pelo telefone e correio. Em um esquema totalmente independente, sem o apoio de uma grande gravadora, atingiu a marca de 14 títulos lançados com 1,4 milhão de cópias vendidas e prepara a turnê do CD "Carnaval", que inclui shows no litoral e no Citibank Hall de São Paulo, em 2 e 3 de fevereiro. O álbum tem a participação de Arnaldo Antunes e seu filho, Bras, e de Mônica Salmaso. Para este ano, a dupla negocia um programa de TV com um canal fechado e um aberto.
"O sucesso do Palavra Cantada reflete uma tendência de mudança na concepção da infância", opina a educadora Gisela Wajskop, diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades.
Ela conta que foi convidada a dar uma palestra na Globo, anos atrás, quando a emissora acreditou que poderia transformar o programa da Xuxa em algo educativo. "O problema é que a Xuxa nunca teve essa imagem", analisa Wajskop.
Para a educadora, os pais, "que antes deixavam os filhos dançar na boquinha da garrafa, começaram a ficar mais críticos". "Isso tem a ver também com a melhoria da escolaridade no país e com os resultados negativos da geração cujos pais delegaram a educação a babás, enquanto trabalhavam para ganhar mais, achando que assim os filhos seriam felizes", afirma.
Em sua opinião, "a classe média passou a intuir que o consumo de produtos culturais mais educativos poderia melhorar a formação dos filhos, raciocínio antes mais restrito à elite".
Wajskop também aponta a "pressão da mídia" e iniciativas como a do Palavra Cantada. "Eles insistiram na marginalidade e na qualidade e criaram um espaço antes inexistente."
Tatit conta que ainda hoje, apesar do sucesso, o "dinheiro é muito apertado" e é preciso correr atrás de patrocinadores para CDs e shows. Peres lembra que tudo ficou mais difícil com a pirataria -sim, pais politicamente corretos também copiam CDs no computador.
"Nós mesmos produzimos e gravamos o nosso CD, e o Palavra Cantada só continua a existir em razão da venda dos discos. O show mal se paga."
Som das loiras
Apesar das dificuldades, Peres afirma que hoje há um mercado de música para criança, o que nem existia quando eles começaram. "A música infantil era a que chegava pela TV, cantada pelas apresentadoras. Hoje tem muita gente fazendo música infantil de qualidade."
Quem também faz sucesso nesse mercado é Hélio Ziskind, autor de sucessos do programa "Cocoricó", da Cultura, que iniciou a carreira ao lado de Tatit, no grupo alternativo Rumo.
Para Tatit, o Palavra Cantada já atingiu o topo dentro de um esquema independente. "Sabemos que, para crescer mais, precisamos ir para a televisão." Canções como "Sopa" e "Rato" só chegaram à periferia, no início desta década, graças à veiculação de clipes do Palavra Cantada na TV Cultura.
Na opinião de Peres, as crianças gostam "do humor e da poesia das músicas", que não devem ter "intenção de criar modismos". Tatit diz que, ao compor, preocupa-se "menos com o que vai dizer e mais com como dirá". "Busco construir uma sintaxe que as convença."
Além disso, o que ajudou foi a parceria com escolas, que usam as músicas da dupla nas aulas. "Os professores são a nossa rádio. As crianças chegam em casa cantando, e os pais vão atrás de nossos CDs", afirma Peres.
As escolas têm mesmo sido uma das responsáveis pelo surgimento dos neobaixinhos. "Os educadores percebem cada vez mais a importância de preservar a cultura, o folclore, de resgatar cantigas de roda e brincadeiras antigas", diz Silvia Amaral, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Ela faz duas importantes ressalvas: "Esse movimento ainda não é tão intenso na rede pública e nem todos os pais têm essa preocupação com qualidade".
Comentário
Crianças não rejeitam boas novidades
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Se há algo de arrogância quando se fazem generalizações sobre o gosto do público, no caso específico das crianças, há uma verdadeira incompreensão. O "gosto" delas é mais misterioso e mais flexível do que se imagina.
Na TV, qualquer coisa que pareça minimamente colorido, agitado e barulhento atrai a atenção e é capaz de grudá-las na frente do aparelho. Isso explica, em parte, o longo reinado das apresentadoras loiras, de modos sedutores e merchandising pesado.
Mas não deixa de ser verdade que programas com teor educativo mais bem elaborado, maior sofisticação visual e narrativa e referências culturais mais amplas também podem funcionar quando são oferecidos. Todas as vezes em que a TV apostou em atrações nessa linha, como a TV Cultura nos anos 80 e 90, a resposta foi melhor do que se esperava.
Isso porque crianças gostam de conhecer coisas novas e não rejeitam a priori, como fazem muitos adultos, aquilo que é mais desafiador.
O sucesso mais ou menos surpreendente da turma do "Cocoricó" e do grupo Palavra Cantada, bem como do canal Discovery Kids, por exemplo, apontam para uma nova onda de entretenimento infantil mais "inteligente" que, espera-se, dure mais do que império de Xuxa.
Enquanto isso...
Recebi o convite virtual para o lançamento do novo CD do palavra cantada e lá está escrito: Autógrafos apenas no CD "Carnaval Palavra Cantada"... Nossos heróis musicais estarão cansados dos fãs com os CDs antigos? Só interessa vender o CD novo? E quem adora o grupo mas não pode comprar o CD naquele dia?
A Fnac, aqui em Brasília, faz o seguinte: quem comprou o produto em questão (livro ou CD) na loja, tem o direito de receber os autógrafos primeiro. Outras pessoas recebem os autógrafos logo depois.
Eu estou longe de fazer o sucesso da dupla - longe mesmo - mas espero continuar com tempo e paciência para atender aos baixinhos que pedem autógrafos em seus cadernos, mãos, livros e folhas soltas depois das apresentações que faço. O artista deve estar acima do produto. Sempre!!!
sábado, 26 de janeiro de 2008
Boa Esperança, número 13.
Bete é um jogo inspirado no basebol. São duas duplas. Uma no ataque, outra na defesa. Quem defende usa tacos. Dois círculos de giz com uns
Quem nos tirou da rua foi o vídeo game. Numa mesma semana eu ganhei um Odissey e o Riva ganhou um Atari. A turma passava o sábado na minha casa e o domingo na casa de Riva. É certo que eu e ele passávamos as noites aprimorando os conhecimentos em horas de River Raid, Come Come, Senhor das Trevas e Asteroids. Por um tempo, a rua ficou vazia de gente. Sem bola batendo nos muros, sem o som dos tacos, sem infância. A turma se escondeu em frente à TV. Depois, cada um seguiu seu rumo. Hoje, estamos em latitudes diferentes. Há dois anos visitei a rua da minha meninice. Daquela Boa Esperança, restaram só as lembranças. As casas perderam a cor, as árvores e os amigos. Até o asfalto perdeu o viço. Está cheio de buracos. Mesmo assim, ao fechar os olhos, pude ouvir o som dos tacos batendo para desespero da dupla de ataque.
Estas e outras lembranças acordaram com a leitura do livro MÃE DA RUA (Ettori Bottini, Cosac Naify). O autor desfila uma crônica da sua infância na São Paulo dos anos 50 e 60, além de apresentar um manual de instruções para jogos como bola de gude, jan ken po e taco (é como ele chama o Bete), entre outras brincadeiras. É um livro para meninos. Futebol, carrinho de rolimã e revólver de feijão não faziam parte do universo feminino daqueles tempos. O texto emociona desde o início. O capítulo A Turma é de arrepiar os cabelos da unha. O projeto gráfico é um primor. Fotos e ilustrações nos remetem a um tempo distante, medido na frase que abre o livro, em que a mãe grita para o filho: - Vai brincar na rua, moleque!!! Ettori Bottini tem um olhar aguçado que já rendeu belos e premiados trabalhos na área das artes gráficas. Neste primeiro livro, seu olhar não sensibilizou o papel com imagens. Ele foi além: fotografou parte da infância com palavras. As imagens ficam por conta de cada leitor. Para mim, ele fotografou a rua Boa Esperança e uma turma de meninos que, embora distantes, sabem-se amigos. Hatuna Matata.
P.S. Dia desses, cozinhando o corpo e a mente nas águas quentes das piscinas termais do Goiás, ensinamos os meninos a jogar "palitinho" com pedrinhas. Sucesso total! E viva a cultura infantil!
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Férias e Protetor Solar...
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Mais oficinas para crianças na Fnac
Mais uma vez, a Ana Paula vai coordenar oficinas infantis na Fnac Brasília. Tudo de graça, com material incluso e a garotada pode levar o que fizer para casa. No jornal, divulgam as oficinas de fantoches (21/01), cofrinho (22/01) e cinco marias (24/01), mas a programação se estende com mais duas atividades: aviões de papel (23/01) e traca-traca (25/01). Sempre as 16h30. Vagas limitadas mediante inscrição prévia na bilheteria da Fnac Brasília ou pelo telefone 21052000. Confira a programação completa no site da Fnac.
Para uma melhor visualização dos recortes, basta clicar sobre a imagem.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Entre livros e filmes... fique com os dois!!!
A mídia do áudio-visual tem uma força incrível e não é fácil resistir. Como convencer a um jovem que é melhor encarar as 1.212 páginas da trilogia O Senhor dos Anéis do que suas nove horas de exibição em DVD? Posso dizer que o livro oferece mais detalhes, põe a imaginação para funcionar, dá mais frio na barriga... mas quase sempre perco a briga para o filme. E se não há filme sobre o livro, já ouço alguns afirmarem que vão esperar para ver no cinema, certos de que o texto será adaptado. Não estou negando o cinema como alimento da fantasia. Adoro. E há ótimas adaptações como As crônicas de Nárnia (livro) e Desventuras
Por falar em cinema, este é um dos programas básicos para se fazer quando a grana não está sobrando no bolso e há duas crianças de férias em casa numa cidade grande. Nas férias, vários filmes entram em cartaz e para a garotada a lista é até razoável: Bee movie, Encantada, Alvin e os esquilos, Os porralokinhas, Xuxa em sonho de menina. Bem... Não vou questionar a qualidade de todos e, sinceramente, alguns desta lista eu prefiro nem chegar perto. Mas na primeira semana do ano reuni a turma para assistir A Bússola de Ouro e, por se tratar de mais uma versão cinematográfica de um livro, acho que merece a minha atenção e a dica para todos.
O filme é a adaptação do livro homônimo (que eu nunca havia ouvido falar – perdoem minha ignorância) originalmente lançado em 1995 mas que só chegou ao Brasil em 1998 com o título A Bússola Dourada (Philip Pullman, Objetiva) e que ao lado dos livros A Faca Sutil e A Luneta Âmbar compõe a trilogia Fronteiras do Universo. Aproveitando o embalo do filme, os três livros foram relançados pela editora com novas capas. A história é fabulosa, se passa num universo paralelo e tem uma menina, Lyra, como personagem principal (pelo menos neste primeiro momento). Uma das sacadas criativas do autor é que naquele universo, as “almas” de cada pessoa se transfiguram em animais – os dimons – que vivem ao lado de cada um adquirindo a forma da personalidade do seu “dono”. Ursos guerreiros, feiticeiras, uma guerra política entre diferentes etnias, armadilhas, ambições e muita aventura. Tem também uma bússola de ouro (hehehe) que serve como um oráculo para quem sabe manuseá-la. Para trazer à tona a fantasia de Philip Pullman, só com muitos efeitos especiais. E são de altíssima qualidade.
Andei lendo por aí que muita gente não gostou do filme, achou chato e até falam sobre uma possível intenção do autor em promover o ateísmo... olha, eu não vi nada disso. Meu olhar infantil gostou do que viu. Saí do cinema com a vontade de conhecer toda a história. O certo é que é impossível não comparar à produção do Senhor dos Anéis que ganha disparado em todos os quesitos – o que não desmerece o filme a Bússola de Ouro. Vale o ingresso. Mas, se o bolso agüentar e a curiosidade for tamanha, leve os livros para casa. O primeiro da trilogia ganhou vários prêmios literários e a série é cultuada por todo o mundo. O cinema segue adaptando livros de sucesso e levando um público gigante para suas salas de exibição. Isso não vai mudar. Tomara que estas iniciativas consigam despertar em outros o desejo de descobrir os originais impressos ou, quiçá, novas aventuras. Hatuna Matata.
P.S. No site oficial do filme dá para você criar seu próprio dimon. Muito legal!!!
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Água numa taça de cristal
O ano acordou quente