
9h00.
Chegamos de táxi ao local do seminário Prazer em Ler de Promoçãod a Leitura. Recebemos as credenciais e uma sacola com livro, caderno de notas e outras referências sobre o evento. O espaço das palestras parecia abrigar mais de 500 pessoas. Uma estrutura ímpar de organização e nós, de olhos abertos para não perder nada. Sentamos num cantinho lateral e aguardamos a abertura do seminário. Numa coincidência daquelas,
Peter O’Sage do
Dobras da Leitura, senta-se ao nosso lado. Era um dos amigos virtuais que queríamos encontrar por lá. Sintonia total. Com ele a ilustradora e autora
Lucia Hiratsuka (falaremos mais sobre Lúcia noutro post) e
Renata Nakano da
Miró Editorial. Nossos primeiros amigos. A primeira impressão: tudo daria certo. Como, de fato, aconteceu.

A manhã, fria, ansiava por
Teresa Columer. Sua experiência na Espanha já tomou a forma de dois livros:
A Formação do Leitor Literário e o
Andar Entre Livros, que lançou neste encontro. Sua palestra teve a consistência do seu currículo como especialista em literatura para crianças. Encantada com as possibilidades da leitura no Brasil, lembrou de ver
Ulisses - personagem do livro
ODISSÉIA - esperando por crianças numa biblioteca no coração da Amazônia.
Falou sobre o problema da
solidão urbana das crianças e da importância da
leitura autônoma nos primeiros anos. É aí onde se começa o domínio da língua, se descobre o acesso ao imaginário (a criança pode ser outra sem deixar de ser ela mesma) e se dá a socialização cultural (ampliando sua experiência de mundo). Destacou a importância de
ler com os outros pois, o compartilhamento da leitura cria pontes e a oportunidade de cruzá-las. Estabelece um vínculo maior com os colegas. É aí onde nasce a perspectiva narrativa. Vale conversar com as crianças sobre o que leram, cada um contando sua leitura do texto. Enfim, alertou que este importante compartilhamento não é comum na escola, embora necessário.

Por fim, falou sobre a importância de
ler com os especialistas. O mestre deve alertar para alguns pontos importantes e com isso, conduzir o leitor de mãos dadas pelo universo literário e abrir portas. Cruzá-las ou não fica a critério do leitor, mas cabe aos professores alertar para várias nuances. Por exemplo: Não se pode esconder que
o ato de ler é um exercício. Exige esforço e treino. Não é fácil, mas como numa academia de ginástica, com a prática, fica-se musculoso para a leitura. Outro fato esquecido é o de
falar sobre as diferenças entre as traduções de uma mesma obra. Enquanto uma pode enfatizar o som, as palavras, uma outra pode realçar o sentido. Nunca se fala sobre tradução na escola e, num mercado como o nosso, feito de inúmeras traduções e adaptações, é importante que o leitor conheça essas nuances. O mestre deve sedimentar a idéia de que num texto literário
não existe uma interpretação única, certa. Pode-se ler de formas distintas. Aí, ela arrasou mostrando que o livro
Frankstein da inglesa
Mary Shelley pode ser visto como uma novela de terror ou de ficção científica. Pode ser uma obra sobre a solidão ou um relato sobre a época e vida de sua autora. Por fim, pode ser ainda um símbolo do desencanto social sobre a emancipação das massas. Uma verdadeira aula.
12h30. Saímos para o almoço com as idéias fervendo. O seminário nos abria portas. Queremos atravessá-las, todas!!!

Um comentário:
Tino e Ana, queremos saber mais sobre o Seminário!!!
.
Estou aqui na Alemanha, pesquisando na Biblioteca Internacional da Juventude de Munique que funciona no Castelo de Blutenburg.
As novidades estao no blog, contadas na Cartas do Castelo:
http://as-borboletas-de-fevereiro.blogspot.com
Beijos!
Socorro Acioli
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