quinta-feira, 30 de julho de 2009

Gente inteliGente...

Tem gente que diz que não daria para o seu filho ler os livros infantis de Wander Piroli (foto acima). Mas o menino passa a manhã na frente da TV assistindo a socos, bombas e pontapés superpoderosos. E essa gente inteligente acha normal tudo aquilo. Afinal de contas, todo mundo vê.

Tem gente que não adotaria para a biblioteca escolar das crianças os livros infantis de Wander Piroli. Mas a turma de pequenos inocentes (eu juro que vi) faz aulas de educação física ao som de “tô ficando atoladinha”. E essa gente inteligente acha normal tudo aquilo. Afinal de contas, todo mundo ouve.

Tem gente que não leria de jeito nenhum os livros infantis de Wander Piroli para as crianças pois é preciso proteger suas mentes inocentes das agruras da vida. Mas em casa todo mundo diz palavrão, ou sabe dizer ou finge que não sabe. E essa gente inteligente acha normal tudo aquilo. Afinal de contas, todo mundo diz.


Anormal mesmo é o Wander Piroli – diz essa gente inteligente. Um gênio da literatura – eu digo. Mas acho legal quando mostro algum livro do autor mineiro e alguém diz: “Não gostei do que li!” É legítimo não gostar. E tem gente inteligente que não gosta dos textos infantis do Wander Piroli simplesmente por que não gostaram. Questão de gosto. Eu respeito.

Agora, euzinho sou fã. Acho o texto dele uma obra de arte. Meu filho leu O Matador e nem doeu assim, nele. Acho que doeu mais em mim. E por falar em “O Matador”, para mim, foi o melhor livro do ano passado – de tudo o que eu li, infantil ou não. Texto, ilustração, projeto gráfico… tudo lindo, feito para emocionar.

No 11º salão FNLIJ do livro para crianças e jovens tive o prazer de reencontrar o ilustrador Odilon Moraes (última foto, abaixo). Estávamos no mesmo hotel. Conversamos sobre muitas coisas mas foi a obra do Wander Piroli que tomou conta das horas. É que, além de fã recente – como eu -, Odilon acabara de ilustrar a nova edição de Os Dois Irmãos – mais um texto do polêmico autor (publicado originalmente em 1980 com ilustrações de Ângela Lago).

O livro ficou muito bonito. Mais uma vez, o texto encontrou um projeto gráfico à sua altura e Odilon deixou algumas surpresas para os olhares mais atentos. Mas não é preciso ser um expert para se emocionar com a história de dois frangos, irmãos “iguais em tudo. Dos pés à cabeça”. Sempre juntos, compartilhando a vidinha simples ali no meio da oficina mecânica. Vez em quando um passeio na rua. Vez em quando o quintal e o poleiro improvisado no pé de manga.


Porém Wander Piroli não poderia deixar a história assim tão açucarada. Apesar de escrever sobre dois frangos, a sua literatura não tem muito de fábula – fantasia cheia de moral e bichos. Nem de contos de fadas, repleto de finais felizes. Afinal, a vida real está repleta de histórias em que há felicidade. Mas, nem sempre eterna. Então, o inesperado acontece. Parece óbvio, mas o fato não aparece no texto. Parece óbvio, mas não está explícito na ilustração. E, ao final, o autor convida o leitor – criança, jovem ou adulto – para terminar a história ao seu modo.

Toda essa gente inteligente que vê, que ouve e que diz, pode também ler textos inteligentes. Os Dois Irmãos é boa literatura para todas as idades. Odilon Moraes ilustra com a mesma precisão literária de Wander Piroli. O leitor não termina sua leitura e fica indiferente. Incomoda. Por isso, não espere que este livro, ou O Matador, ou Nem Filho Educa Pai (que está a caminho) façam parte das listas de livros premiados que pululam por aí. Mas, assim como aconteceu comigo ao ler A Pequena Vendedora de Fósforos, de Andersen, é possível que uma criança tenha os livros de Wander Piroli como ítens preciosos da lista de bons livros da sua vida. Hatuna Matata.

P.S. Para os mais velhos, a Leitura também reeditou dois livros de Wander Piroli com contos adultos, reunidos numa só edição. VEJA AQUI.

P.S.2. Escrevi este texto inspirado no que Cristiane Rogério do Blog Ler para Crescer publicou ontem (29/07) – citando Ilan Brenman. Vale para todos os amantes dos seus filhos queridos e da boa literatura.


terça-feira, 28 de julho de 2009

A volta dos que não foram...

Depois de mais um intervalo de uma semana - Roedores de Livros na FLIP -, retomamos as atividades no sábado, 11 de julho. Um total de 12 crianças apareceram por lá. O quórum é sempre menor nas férias - é uma matemática diferente para a nossa lógica -, mas tem sido assim desde que fomos para a Ceilândia, em 2007. Tanto que normalmente o projeto entra em recesso neste período. Mas este ano resolvemos arriscar. Coisa de quem já não consegue ficar sem a troca mágica que acontece durante o encontro semanal.

O Tino abriu com música - e ficamos um bom tempo brincando com as cirandas e outras canções populares, além das músicas do Tino e do refrão da música que Alessandra Roscoe fez para o seu livro Jacaré Bilé. Depois da visista que ela fez ao projeto, os meninos sempre cantam o refrão "Bilé, Bilé, Bilé / Que jacaré mané / Bilé, Bilé, Bilé / De dia, nunca está de pé / Bilé, Bilé, Bilé / Só ele bota fé / Que a lua, tapioca é".

Alguns livros não precisam de palavras para encantar o olhar dos meninos. E isso ajuda a pescar o tal do prazer em "ler". Um exemplo disso foi o jogo que fizemos com dois livros naquela manhã: É UM GATO? e É UM RATINHO? (Coleção O Que É? O Que É?, de Guido Van Genechten, Gaudi Editorial) fizeram um enorme sucesso. Esses livros chamaram a atenção dos pequenos - ainda elétricos com o momento musical - para a leitura seguinte: A GUERA DOS SINOS (Gianni Rodari, com ilustrações de Pef, Editora Biruta), uma história "biruta" que aborda de forma leve e divertida um assunto tão rabugento.

Por fim, uma manhã cheia de crianças, de livros, de histórias, de alegrias e esperança. Uma manhã típica dos Roedores de Livros. Hatuna Matata.

sábado, 25 de julho de 2009

O "Juízo" na FNAC

Olá pessoal... ando perdendo meus "juízos" por aí. A partir de hoje, vocês podem encontrar alguns nas lojas FNAC. O legal é que lá - a exemplo da LIVRARIA CULTURA - você pode comprar meu livro (CADÊ O JUÍZO DO MENINO) pela internet CLICANDO AQUI. Hatuna Matata!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Roedores de Livros na FNAC


DA ESTANTE PRO AUTO-FALANTE ZÁS TRÁS NUM INSTANTE TEM GOSTO DE BOMBOM.

Música e Contação de Histórias com o grupo ROEDORES DE LIVROS.

JULIANA MARIA e TINO FREITAS, integrantes do projeto Roedores de Livros, desfilam seu mix de histórias, músicas e brinquedos cantados para crianças de todas as idades num show repleto de interatividade, recheado de brincadeiras, resgatando o melhor que a cultura popular pode nos oferecer: um mergulho na fantasia do mundo.

Sábado, 25 de julho, 17h.

Livre para todas as idades.

Entrada Franca.

P.S. Após o show, Tino Freitas vai autografar seu primeiro livro, CADÊ O JUÍZO DO MENINO? (iustrações de Mariana Massarani, Manati).



quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tchau Chupeta

Sabe quando a pessoa gosta muito de uma coisa, mas muito, muito mesmo que a vontade que se tem é a de compartilá-la com todos? Pois é... aconteceu comigo. Ando assim cantando pelos cotovelos, pelo quarto, pela rua, no carro... tudo culpa do PEQUENO CIDADÃO, um DISCAÇO "para crianças" que eu já havia citado aqui em outros posts, mas a sensação de ouví-lo além dos limites do myspace é indescritível. O disco surge da união de talento dos amigos Antônio Pinto, Arnaldo Antunes, Edgard Escandurra e Taciana Barros. Ah, e seus filhos soltos no estúdio.
Comprei o disco dia desses e aí, ele tomou conta do meu som.

Começa com a faixa homônima, uma sacada genial do Arnaldo em que "É sinal de educação /
Fazer sua obrigação / Para ter o seu direito de pequeno cidadão". Na música, pode tudo: fazer a tarefa, jogar videogame, arumar o quarto, para depois bagunçá-lo.

Depois, vem O SOL E A LUA, tema do amor impossível, que começa assim, devagarzinho e vai crescendo, crescendo, crescendo.. aí a gente já está balançando o pé e cantando o refrão junto, até o sol congelar seu (o dele) coração.

Caramba, o disco é muito bom. Poderia falar de todas as canções, mas você pode pescar no MYSPACE DO PEQUENO CIDADÃO e tirar suas opiniões. Lá você vai encontrar muitos vídeos bacanas e pode deixar seu recado para a turma. Mas, vai por mim. invista aí uns reais e leve o disco para casa.

Impossível resistir ao charme de O X. Veja o making of da gravação desta música no vídeo abaixo.



Uma coisa bem bacana é que tem uns rocks bem legais. SAPO-BOI é rockabilly para ouvir nas alturas. Letra engraçada, vocais, riffs e solo de guitarra para deixar o Chuck Berry feliz da vida. O punk também aparece nos dois minutos de LARGA A LAGARTIXA. Um travalíngua super!!!

Mas o nosso xodó (meu e da Ana Paula) é TCHAU CHUPETA. Nós, que só largamos as danadas bem depois dos 48 minutos do segundo tempo... pra falar a verdade, bem depois da prorrogação... Acho que se Os Mutantes fossem gravar algo do gênero, seria essa música. Os vocais da segunda parte, a voz da Taciana e a letra irresistível (Já pensou uma mãe chupando chupeta / Já pensou um pai chupando chupeta / e uma avó de bobs chupando chupeta).

Vou resumir tudo plagiando uma frase do Renato Russo: OUÇA NO VOLUME MÁXIMO!!!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lançamento do CADÊ O JUÍZO DO MENINO no Salão FNLIJ.

Gente, hoje fez 1 mês que retornamos do Rio de Janeiro e ainda temos muito o que contar sobre o 11º Salão FNLIJ para Crianças e Jovens. Eu gostaria de aproveitar para falar sobre o lançamento do meu primeiro livro, CADÊ O JUÍZO DO MENINO?. Foi na tarde do dia 19 de junho, uma sexta feira. Meu filho (Pedro) e meu pai (Freitas) tinham vindo de Fortaleza. Os amigos Klecius e Amanda vieram de Brasília. E Ana Paula, claro, estava ali para me acompanhar neste momento tão especial.

Na Biblioteca FNLIJ para Crianças - local do lançamento - uma verdadeira tropa sem juízo aguardava por Mariana Massarani, por mim e pelo livro. Gente demais da conta. Todos curiosos:

(uma criança) - O menino vai ficar cansado de ficar de cabeça para baixo!
(Tino) - Quando ele cansar a gente vira a capa e deixa ele de cabeça pra cima!
(outra criança) - Mas aí as letras ficam de cabeça para baixo!
(Tino) - Aí, a gente deita o livro, para o menino e as letras da capa descansarem, e entramos na história!!!

Mariana - inspirada nas minhas camisetas estampadas - escolheu uma calça bem bacana, cheia de cadeiras coloridas. Lindona. Eu cheguei com uma camisa branca, simples. Ela estranhou. Sorrimos. Quem de nós havia perdido o juízo? De certa forma, os dois (hehehe). Tudo a ver.

Por falar em perder o juízo, no meio do papo com as crianças eu perguntei:

(Tino) - Quem aí já perdeu o juízo?
(quase todo mundo levantou a mão!!!)
(uma criança gritou) - Eu sempre deixo o meu quarto desarrumado!

Quarto desarrumado foi o mote para começar a leitura do livro e arrancar sorrisos da plateia. Depois, o papo seguiu bem informal. Bia Hetzel falou um pouco também. Ao final, convidamos algumas crianças para encontrar os parafusos que a Mariana escondeu nas ilustrações. Enfim, depois de 40 minutos de boa conversa, pausa para os autógrafos, fotógrafos, abraços, sorrisos e muita, muita festa.

Na foto acima, papai, Pedro e Ana Paula desparafusam os sorrisos ao meu lado. Como é bom dividir estes momentos com a família. Estes são os meus amores. Minhas flores. Por quem perco o juízo. Por quem entrego meu amor inteiro. Estavam lá e como foi bom tê-los comigo.

Aqui, meus queridos Klecius, Pedro (mais uma vez) e Amanda. Comemorando conosco mais esta conquista. A tarde passou rápida em meio a tantas emoções. Mas cada alegria ficou registrada no meu coração. Outros tantos amigos escritores, ilustradores, contadores de história, amantes dos livros, passaram por lá deixando também muito carinho e o desejo positivo de que esta estreia semeie outras tantas. Foi demais. Inesquecível. Obrigado Bia e Silvia (Manati) e Mariana, por emprestarem talento e amizade ao meu projeto. Que agora é NOSSO. Hatuna Matata!!!

P.S. Dia 23 de agosto, lançaremos o livro em Brasília, na LIVRARIA CULTURA (Casapark). Abusaremos das surpresas neste encontro. Em breve darei mais notícias sobre o evento.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Com as barbas de molho...

Essa foto bonita aí de cima é do Mateus lendo o divertido A Barba do Tio Alonso (Emma King-Farlow, com as ilustrações sempre divertidas de Anna Laura Cantone, Cia das Letrinhas). Isso foi na manhã do sábado, 27 de junho. Um dia diferente, em se tratando do Roedores de Livros. Explico: só vieram 04 crianças (Ariel, Marcos, Mateus e Samuel) das 30 cadastradas. Quatro sorrisos e abraços saudosos e festivos. O motivo? Duas semanas sem projeto devido a nossa viagem para o 11º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens.

Para que o projeto aconteça é necessário que pelo menos um de nós (eu ou o Tino) estejamos presente pois o Roedores de Livros não oferece uma fórmula simples, pronta, tipo duas colheres de achocolatado num copo de leite. Descobrimos os ingredientes mágicos e contamos sempre com a ajuda providencial de Edna e Célio para tocar o projeto. Ajuda mais que bem vinda e necessária. Mas nem sempre é fácil mexer a colher para que tudo saia perfeito e saboroso para todos. E o tempo, aliado da experiência, nos mostrou que é melhor fazer um pequeno recesso sempre que nós dois estivermos fora.

Duas semanas - mesmo avisando a todos - parece ter sido o suficiente para desmemoriar a turma de que no dia 27 a gente retomaria as atividades. Sei lá. O fato é que só os mosqueteiros apareceram. E foi um dia diferentão, mas muito, muito bom. Começou com Samuel pedindo para "tocar" violão. Ele "vestiu" o instrumento e soltou a mão direita nas cordas mostrando algum ritmo. Os outros três passaram a acompanhar samuel em canções da igreja, algumas do repertório do Tino e outras "preciosidades" infantis. O mais divertido foi a performance afinada de Ariel desfilando o seu "japonês" na interpretação do tema original do desenho Naruto. Show de bola!!!

Ficamos ali, esperando a manhã passar, cantando e contando histórias da vida real num bate papo informal até que vimos que seríamos mesmo só os seis (eu, Tino e os mosqueteiros). Conversamos sobre alguns livros de semanas anteriores e Mateus pediu para ler A Barba do Tio Alonso. Sentamos todos para ouvir a sua leitura, bem feita, em bom tom, em pausas perfeitas. O menino está ficando bom nisso. O pequeno Marcos - que ainda não sabe ler - não resistiu e se instalou ao lado do irmão (como faz sempre em casa com os livros que a dupla leva semanalmente do projeto) e deitou sua atenção nas páginas do livro e na voz do irmão.

Quatro meninos, muitas músicas e uma leitura. Parece pouco. Mas afetivamente aquela manhã valeu muito. Avisamos que sábado seguinte não iríamos (afinal, a FLIP já estava no calendário dos Roedores de Livros) mas que retornaríamos no dia 11 de julho. Saíram com a promessa de avisar toda a turma. Esperamos encontrar mais sorrisos festivos na volta. Hatuna Matata.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Bons e velhos amigos...

Há muitos anos encontrei Janaína numa tarde quente em Brasília. O papo foi rápido, mas lembro como se fosse hoje. Falamos da vida. Impressões divergentes, convergentes. Sintonia de velhos e bons amigos. Lembro ainda que brincamos com seu sobrenome diferentão (Michalski) e o meu nome não menos incomum (Florentino). Depois disso… pluft: Janaína sumiu. Ou eu sumi. Sei lá...

Passou o tempo.

De repente, no meio dos coredores do 11º Salão FNLIJ encontro a moleca saindo do lançamento do seu primeiro livro. Na verdade, ela me encontrou: - TINO? É VOCÊ? Êita mundinho pequeno esse. Não é que Janaína resolveu escrever para crianças e jovens? Bem, trouxe seu livro para casa e só aqui, depois que a tempestade repousou, deitei os olhos sobre a história e gostei muito do que li.

ONDE O SOL NÃO ALCANÇA (ilustrações de Alê Abreu, Nova Fronteira) é um livro sobre amigos. Mais que isso: conta sobre como nasceu a amizade entre Nana e Ana Paula. Uma história que começa no quintal, sobe o muro, se avizinha e ganha a rua até ficar no coração da gente. Apesar de ser o seu primeiro livro, Janaína Michalski mostra muita intimidade com a arte de pescar palavras. E ela pesca as mais bonitas para a sua história.

– Bala de quê?

- De hortelã.

Foi tudo o que elas disseram. Sentadas lado a lado, passaram a tarde olhando a rua. Nenhuma palavra. Só o barulho dos papéis das balas de hortelã. Às vezes Nana olhava para ela. Às vezes ela olhava para Nana. Nana achou o olhar da menina igual à água cintilante da piscina quando estava coberta de sol. De vez em quando, a menina dava um sorriso para Nana.
Na mesma hora em que a tarde foi embora, o saco de balas acabou. As meninas se olharam e concordaram que tinham de ir”.

As ilustrações de Alê Abreu dão mais calor ao texto. Caprichos de grafite e lápis de cor. As páginas do livro estão repletas de tardes quentes. E as tardes de Alê têm cores fortes e muita imaginação para conquistar a amizade do texto de Janaína. Parecem saber os segredos um do outro, como bons e velhos amigos.

Não lembro se naquela longínqua tarde quente em Brasília, Janaína e eu dividimos balas de hortelã. Mas depois daquele encontro, certamente posso usar das palavras da personagem Ana Paula para dizer a minha amiga de longa data:

- Desce daí, vem brincar”.

Convido a todos para brincar com as palavras de Janaína. Hatuna Matata.

domingo, 12 de julho de 2009

Oficinas de brinquedos populares para crianças na Fnac.

O grupo Roedores de Livros estará esta semana na Livraria Fnac (ParkShopping) ensinando a garotada a fazer seus próprios brinquedos. As oficinas acontecem às 17h e são de graça, mas as inscrições devem ser feitas antes, na livraria ou pelo telefone 2105-2000. Confira a programação:

Segunda, 13 de julho — Oficina de fantoches
São bonecos feitos de feltro e tecido que podem ser manipulados pelas mãos das crianças com movimentos para os braços e cabeça do fantoche. Uma infinidade de badulaques, penduricalhos
e outros frufrus darão autonomia para que cada criança possa customizar o seu fantoche.
Vagas limitadas a 20 crianças.

Terça, 14 de julho – Oficina: O Sapo Equilibrista e o Sapo Bocarrão
Aqui a brincadeira não vai para o brejo, pois o sapo equilibrista desafia a gravidade dançando no ar e se equilibrando em dedos, canetas e no que mais a imaginação mandar. E ainda há o sapo bocarrão que, como o nome já diz, tem uma bocona articulada pronta para brincar com a criançada. Tudo feito a partir de cartolina, tesoura, cola canetinhas hidrocor e muita criatividade.
Vagas limitadas a 20 crianças.

Sexta, 16 de julho – 17h - Oficina: Paper Toy.
Sucesso no mundo todo, o Toy Paper (Papel Brinquedo) virou mania na internet e mexe com a fantasia dos designers que – a partir de uma folha de papel – criam personagens divertidos em 3D para o deleite das crianças. Nesta oficina, a turma aprenderá a fazer um gato e um rato que se move de forma surpreendente.
Vagas limitadas a 20 crianças.

Sábado, 18 de Julho – 17h - Oficina de Barangandão.
Tradicional brinquedo popular feito com papel crepom, jornais e barbante. O resultado estético, prima pelo visual colorido. Quando a criança gira o brinquedo, produz um belo efeito visual além de um som muito interessante.
Vagas: 20 crianças.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Manifestos no Manifesto por um Brasil Literário

No final da manhã da última quinta, 02 de julho, aconteceu o esperado lançamento do Manifesto Por um Brasil Literário, uma ação capitaneada pelo Instituto C&A de Desenvolvimento Social com o apoio da Casa Azul (organizadora da Flip), FNLIJ (Fundação nacional do Livro Infantil e Juvenil), Instituto EcoFututo e o Centro de Cultura Luiz Freire.

Estávamos lá, eu e Ana Paula, ao lado de outras duas centenas de professores, autores, ilustradores, editores, profissionais do mundo do livro, curiosos e representantes do poder público (em todas as suas instâncias).

Depois de todas as formalidades (discursos dos patrocinadores, a leitura do Manifesto por Bartolomeu Campos de Queirós e a fala de representantes do poder público - em que o Secretário de Cultura do estado de São Paulo, Cláudio Augusto Calil, foi "convidado" a encerrar a sua fala, a mais interessante até então) o manfesto ganhou cor e calor.

O público foi convidado a se manifestar. Uma professora - que preferiu não se identificar - relatou que, após um trabalho hercúleo de revitalização durante três anos que levou, de fato, alunos e professores a frequentar a biblioteca da sua escola, aquele espaço foi fechado para dar vazão a duas turmas de 30 alunos. Ou seja: parece que quando há demanda de alunos, mais fácil é desativar a biblioteca da escola do que construir novas salas de aula.

Houve ainda mais pressão sobre as instituições públicas onde se destacou a cobrança por uma maior clareza nas escolhas dos livros. Em outras palavras, não basta somente ter mais verba disponível. É preciso usá-la de forma mais competente e transparente. Quando a coisa esquentou, os manifestantes foram convidados a não mais usarem a palavra pois o tempo havia se esgotado. Uma pena.

Polêmicas à parte, outro destaque daquela manhã em Parati (RJ) foi a presença do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, que não se ateve somente à leitura do manifesto - do qual é autor. Após um pequeno intervalo, ele retornou à mesa onde pode conversar com os presentes. Sua prosa, sempre poética, desabafou algumas verdades ao lado de alguns anônimos que pediram a palavra e outros nem tanto, como Marina Colasanti, que questionou se a maior facilidade em se formar pedagogos - devido a proliferação de faculdades de Pedagogia e a dificuldade em se conhecer e/ou acompanhar o que é ensinado em tantas instituições - não colaboraria para a formação de um profissional menos qualificado.

Cito a seguir algumas frases ditas por Bartolomeu na ocasião do Manifesto:

"Acho que não há interesse político de se formar um país inteligente".

"Vamos deixar as crianças um pouco de lado - que estão ali, felizes, no recreio - e vamos cuidar um pouco mais dos nossos professores".

"Deve-se cuidar com carinho do que o professor QUER ensinar e não dizer a ele o que TEM que ensinar. Isso é uma ditadura pedagógica. O professor está sendo usado como um atravessador. Estamos transformando em adestramento um processo de educação. Há que se criar espaços para a fantasia na escola".

"Nosso professor não é bem remunerado, muitas vezes vai de ônibus para a escola, não tem status social e só aparece na televisão quando está em greve por melhores salários. Não sei se esse professor tem como encantar o aluno. A escola, hoje, é um espaço sem desejo. Nem do aluno, nem do professor".

"O nosso mundo tem o tamanho da nossa palavra. Nosso mundo está velho de palavras. A gente muda o mundo quando muda a nossa palavra. E a gente está querendo mudar o mundo usando palavras antigas".




O vídeo acima mostra Bartolomeu Campos de Queirós comentando o Manifesto Por um Brasil Literário. Caso você tenha interesse em conhecê-lo na íntegra, CLIQUE AQUI. Se desejar aderir ao manifesto, CLIQUE AQUI. Nós assinamos o livro e seguimos, como sempre, nos manifestando de várias formas, por um Brasil mais literário. Hatuna Matata!!!