

Enquanto o palestrante dizia alguns clichês como "o amor é indispensável na educação" ao olhar para o lado eu lia "a política é dispensável na educação". Parece que, de fato, ele vive esse amor. Mas não foi só amor que levou José Pacheco e seus parceiros a inventar um "novo cenceito" e transformá-lo em realidade. O que ouvi naquelas duas horas foi a determinação, a imposição, o enfrentamento, a atitude de um grupo ousado. Sua fala contagia. Uns perguntam como é possível? Outros assentem: é impossível! Enfim, ninguém saiu dali impune.

- O amor é indispensável na educação;
- É necessário impor algumas coisas (sobre como agir numa escola mais democrática e citou a ótima história de como se tornou professor de educação musical - impagável!!!);
- O mais difícil de um projeto de educação são os primeiros 30 e poucos anos, depois é fácil (sobre a árdua consolidação da Escola da Ponte como referência mundia, cuja mudança de "planejamento" ocorreu ainda nos anos 70);
- Há dificuldades de ensinagem (sobre os que argumentam dificuldade de aprendizagem de seus alunos);
- Tá tudo errado (sobre o fato de, no ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - termos apenas UM professor para ensinar todas as matérias de forma genérica - é preciso especialistas);
- Se o professor vê lixo, ele transmite lixo (ao comentar ironicamente que ficou sabendo que "um" professor assistia ao Big Brother - constrangimento total no auditório);
José Pacheco ainda reclamou do nosso descaso com os educadores tupiniquins (citou uma visita que fez a Caitités, cidade natal de Anísio Teixeira, que resultou nesse belo texto intitulado A SEGUNDA MORTE DE ANÍSIO TEIXEIRA).
Por fim, depois de muitas metáforas, de se mostrar esperançoso com alguns trabalhos em educação que tem acompanhado no Brasil; depois de conquistar a plateia com histórias engraçadas (agora, depois de tanto tempo passado, pois na hora em que aconteceram tinham um quê de trágicas) e de mostrar que é possível e necessário trabalhar com a inclusão de uma "nova" forma em que consigamos ver no outro um ser diferente - como somos todos - e não, deficiente, José Pacheco entregou o ouro e disse:
- BRINCAR. ESSE É O SEGREDO!
Como aperitivo, reproduzo abaixo, a gravação do trecho de outra palestra de José Pacheco, publicada no Youtube. Nesse site você pode assistir a muitos vídeos sobre José Pacheco e a Escola da Ponte.
E não poderia deixar de agradecer à Edições SM por ter nos proporcionado tão fabuloso encontro. Esperamos por mais.