sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cola, papel, tesoura: arapuca cantada por um Rouxinol

Na última sexta, o dia começou por uma leitura de um jeito meio juntos e misturados! rs Abrimos o livro Arapuca de Daniel Cabral no tapete mágico dos Roedores e várias mãozinhas foram passando as páginas...e vivenciamos que  “juntos” quer dizer as vezes: diminuir o ritmo ou acelerar para acompanhar a de outros, chegar a um tempo só entre o passar das páginas, que seja pra você, pra mim e que mesmo de cabeça para baixo não se deixa de ler, sendo esse tipo de leitura, uma experiência tão importante e prazerosa quanto a leitura individual e silenciosa.


O livro Arapuca é uma narrativa por imagens, onde o personagem de um menino muito criativo, cria um painel muito sortido em seu quarto com uso de materiais que estavam descartados como lixo surpreendendo sua vizinhança. Essa história foi o pontapé para arte-criar nessa ocasião!

As crianças perceberam que ler está além das palavras, que leitura de imagens é tão fascinante quanto a da decodificação das letras! Empolgamos com a possibilidade de criar nosso painel e fomos em busca de cola, revistas e um único papel ofício tamanho A1! Consultamos também as ilustrações dos livros Zoo Zureta e Os Três Porquinhos de Porcelena, criadas respectivamente pelos ilustradores Ionit Zilberman e Walther Moreira Santos para termos mais ideias!


Mas antes de entrarmos em ação, ouvimos a história “ O Rouxinol e o Imperador” de Hans Christian Andersen, história ao qual o livro Arapuca foi baseado.Pensamos nos processos criativos de se escrever uma história por inspiração da leitura de outra e na pluralidade criativa que cada ilustrador compartilha conosco mesmo tendo o mesmo texto como inspiração! Viva a diferença!


Detalhe: a imagem que mais causou bafafá, foi a da morte em cima do imperador, mas essa você só confere lendo o livro Histórias Maravilhosas de Andersen! Que por acaso, se você nos fizer uma visita, ele, o livro ficará feliz da silva sauro de ser lido! Sem falar em nós, os roedores e ela, a biblioteca! :)

Em seguida, lá fomos nós ao peteleco grudástico criativo!


O clímax foi quando as crianças descobriram que podiam criar vários Frankensteins , misturando olhos, bocas, narizes em infinitas possibilidades de criar novos rostos e criaturas!


Obs.: Que ficou criativo ficou! Mas...rs #medo hahah que venham as próximas oficinas!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dois Holocaustos

Sacrifício pelo fogo é o significado da palavra Holocausto. Por meio da leitura de dois livros, lembrei-me de um fato histórico e reconheci outro, tão histórico quanto o primeiro, mas que, com um porquê que ainda não sei responder do porquê ainda acontece.

O comentário que compartilharei aqui, pode soar exagerado, ofensivo, irrelevante, mas não é essa a minha intenção (desconsiderando que de intenção o inferno está cheio...), se trata de uma constatação, que me frusta, da qual não sei, e isso me leva a pensar mais a respeito, da origem dessa ideia, essa prática no dia a dia, onde é que se aprende a cometer o que estou chamando de “holocausto”.


O primeiro livro é intitulado Fumaça de Antón Fortes e Joanna Concejo, publicado no Brasil, em 2011, pela Editora Positivo. O livro é lindo! Cuja ilustração usa técnica simples, lápis, muito complexa, de uma sutileza e casa de uma forma muito perfeita com o texto que me soou aos ouvidos como se eu estivesse escutando a história, o relato, pela voz de outrem, pela voz do menino. É um livro que fez dessa leitora um escafandro a querer ir mais fundo, mais fundo. Mergulhei completamente. Relata a vivência no holocausto que nos é mais “conhecido”, no campo de concentração nazista, pela fala de um menino, uma criança.

Após o “Fumaça”, fui conhecer O leão Papa-desenhos, escrito por Beniamino Sidoti e ilustrado por GIanluca Foli. A ilustração é muito divertida! Usa de muitas cores! Acho incrível como podemos nos encantar com tanto entusiasmo por escritas e ilustrações tão diferentes! Em ambos, “Fumaça” e “O leão Papa-desenhos”, percebemos o cuidado do layout, são muito bem elaborados! Muito bem, voltando a atenção para o papa-leão, a história nos conta de um leão que gostava muito de desenhos de crianças! Comia muitos deles! (Inclui muitos, muitos, nisso!). As crianças mal acordavam e já se punham a desenhar para alimentar o tal felino, caso contrário, todos temiam de uma mudança de cardápio. #medo


Eis agora o segundo “holocausto” que menciono. Após a leitura do livro fiquei pensando instantaneamente no ato de transformar prazer em obrigação. Há! E quanto se faz disso nas escolas! Essas, infelizmente, usadas muitas vezes como “casas de chaminé” e não é as do tipo para Mary Poppins e Van Dick dançarem no telhado! Onde é que se aprende a obrigar a nós, (digo nós, pq todos já fomos crianças) a desenhar, a ler, a brincar como atividade obrigatória? Reconheci muitos professores e pedagogos nesse leão da história!
Esse é um holocausto velado e super cotidiano. Não tenho como falar de exceções aqui, então generalizando, expresso que já faz bom tempo que as escolas em virtude de seus equivocados sistemas de educação e todos que fazem parte dele (inclua-nos nessa, porque a sociedade civil também é responsável) vem matando aos montes algo muito precioso no ser humano: a criatividade.

Não me lembro de ver em currículos de licenciatura, magistério ou pedagogia, uma disciplina chamada: como matar a criatividade de alunos, mas de algum jeito isso já faz parte de muita didática por aí...talvez no mundo real fosse legal ter um leão que papasse essas noções equivocadas, esses inibidores, essa cegueira aprendida que se reproduz sem questionar, esse jeito de ensinar a não pensar ... antes, que a criatividade das crianças vire fumaça e Sócrates seja confundido com figurante de seriado americano! rs

domingo, 22 de setembro de 2013

Dias comuns também são dias de festa!

No Roedores, alguns dias são como dias de festa, mesmo quando não há um motivo especial a comemorar. Acontecem encontros maravilhosos, leituras inspiradoras e a gente volta pra casa feliz, feliz, feliz e não sabe bem o motivo. Pois foi assim no sábado, 14 de setembro. A foto acima destaca os livros que mediamos durante aquele encontro com as crianças. Não foi a primeira vez que APRENDENDO COM OS BICHOS - YOGA PARA CRIANÇAS (Joãocaré, WMF Martins Fontes) foi apresentado à turma. Na verdade, a Dayla tem introduzido a yoga aos poucos antes do inicio das leituras e esse livro tem sido nosso companheiro há algumas semanas.
Como o dia anterior tinha sido uma sexta-feira 13, nossa menina-prodígio trouxe O CASAMENTO DA BRUXA ONILDA (Enric Larreula e Roser Capdevila, Scipione) para a sala de leitura. O livro conta uma história criativa e divertida sobre os pretendentes a marido que passaram a cercar a bruxa - e os motivos pelos quais ela dizia não a todos! O texto apresenta personagens inusitados e algumas repetições que podem ser usados pelo mediador para "jogar" com as crianças durante a leitura, e fazer disso o motor para uma diversão tamanha!

O LEÃO PAPA DESENHOS (Beniamino Sidoti, il. Gianluca Foli, Pulo do Gato) traz um tema que, por si só, chama a atenção dos leitores: o animal de alimenta dos desenhos das crianças, e as crianças tinham que desenhar por obrigação para salvar a própria pele... pois vai que o leão, com fome, come uma criancinha e passa a gostar mais desse novo menu... Enfim, a turma seguiu atenta ao desenrolar da história.
Por fim, escolhemos um livro sem texto para encerrar as mediações: TEM LUGAR PARA TODOS (Massimo Caccia, Pequena Zahar). Bem, não vou contar a história e estragar as surpresas. Mas a gente se divertiu paca identificando a bicharada e algumas pegadinhas visuais. O traço singular do autor e as leituras que suas ilustrações oferecem nos permitiram ficar em suas páginas por uns bons 10 a 15 minutos. Tiradas divertidas da garotada, a percepção na mudança da paisagem e um detalhe pequenino no final, plenamente percebido por nossos leitores foram alguns destaques durante a mediação desse livro recomendadíssimo!!!
Deixei para o final do post o relato da visita do querido Jardesson (na foto acima, da esquerda para a direita, Celio, Dayla, Jardesson, Ana Paula e Tino). O cara - que era um menino esperto, espoleta e muito querido por nós (quando o projeto acontecia na Pró Gente e na Creche Comunitária da Criança) agora é um rapaz lindo, inteligente e com o olhar cuidadoso de quem observa o mundo para dar o próximo passo. Nosso menino cresceu. Está maior do que a gente. E - imaginem - que delícia é ver o afeto que semeamos no passado frutificar assim. Jardesson chegou cedo, conversou conosco, assistiu às mediações, falou da vida e esperamos, quem sabe, seguirmos juntos semeando leitores. Acho que o seu brilho, certamente, iluminou nossas leituras nesse dia em que uma visita, bons livros e uma criançada atenta e divertida transformou um dia comum num dia de festa! Foi muito bom!

sábado, 14 de setembro de 2013

Mesa de Biblioteca é como Coração de Mãe:



Essa foi à primeira semana que nosso sábado ficou beeeeeeeeeeeeeem grande, abraçando a semana inteira! 
Um dia em especial vos relato: sexta-feira nada treze, mais com doze pontas: que não são de cabelo, nem de narizes empinados, mas de dobras, muitas dobras, papéis, muito papéis!


Mas antes, uma pausa para Lupi: o papagaio que está em apuros!
Motivo: O escritor, roedor mirim Israel, ficou de nos contar na próxima sexta!


Onde paramos?! (pausa para a memória de peixe) Ha! Sim! Para inaugurar nossa sexta que oficialmente agora é nosso dia de oficinas, escolhemos a arte tradicional e secular japonesa de dobraduras: Origami!


Para muitas das crianças que nos visitaram foi o primeiro contato com essa arte! Foi curioso ouvir delas a descoberta de fazer algo divertido por meio de formas geométricas, sem precisar cortar ou colar, além de "apressado come crú", "bebês não nascem andando, aprendem e seus primeiros passos não são perfeitos.", "impossível é um invenção muito errada." entre outras reflexões! #curtimos


Mas é claro que depois de tantas estrelas, houve o momento “sexta-feira treze”, né?! rs


A história do dia ficou por conta da Clarice ou melhor por Clarineta, bruxa e princesa, uma menina que não gostava do seu irmão mais novo, foi de bruxa a princesa em 24 horas e que descobriu se os príncipes só gostam de princesas. #ficaadica

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Duas lendas e um clássico na Bibliotoca!

Nesse sábado, 31/08, fizemos a leitura de três livros que provocaram, de formas distintas, nossos pequenos leitores. O primeiro livro foi NAIÁ (Leca, Editora Zagodoni). Partindo de uma proposta de fazer uma edição/matriz artesanal (fora a impressão), a autora fez as ilustrações e textos a partir de recortes, colagens, e manuscritos. O que pode causar estranhamento, numa leitura rápida, transforma-se em uma bela leitura, em que, sem ser explícita (e nós gostamos muito disso) a autora conta a lenda amazônica da vitória-régia. Mas esse é apenas o mete para falar sobre como pode ser o dia a dia de uma menina indígena. Algumas crianças já conheciam a lenda e lembraram de imediato ao final da leitura. As que não conheciam também desfrutaram do livro e suas belezas. Acredito que esse fazer artesanal também aproximou os pequenos do desejo de criar uma história. Mas não era para isso que estávamos ali. Então, passamos para a próxima leitura.
A PRINCESA E O DRAGÃO (Sonia Alins, Escala Educacional) conta numa linguagem direta a lenda de São Jorge da Capadócia. Por um lado, as meninas se envolviam com o fato de as donzelas serem devoradas pelo dragão. Do outro, os meninos queriam ver onde daria a valentia do cavaleiro. A leitura mexeu provocou esse vai e vem de interesses, mas ao final ficamos com a sensação que todos gostaram da história. Destaque para as ilustrações e o projeto gráfico com cores prateadas sobre vermelhos e pretos. Como na lenda tradicional, o cavaleiro e o dragão não foram parar na lua, mas - ao contrário do link que as crianças fizeram com a lenda original na leitura anterior - aqui o link foi apenas com a novela das nove que estava no ar até poucos meses. Achavam até que o nome do cavaleiro seria o do protagonista global! Bem, nem sempre a coisa acontece como a gente quer.
Por fim, a leitura de A NOVA ROUPA DO IMPERADOR (Andersen, com tradução de Francis Henrik Aubert, ilustrações de John A. Rowe, Cosac Naify). A gente às vezes peca por não mostrar alguns clássicos por acreditar que as crianças já conhecem pois, ora, são clássicos. Vez em quando, como nessa ocasião, ficamos com aquela sensação de que nada sabemos, que num projeto como esse é melhor não termos certeza alguma de nada e oferecer de tudo. Nenhuma das crianças conhecia essa história do Andersen e foram achando I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L o cara ficando nu em meio à multidão. Eles mesmos, leitores, ali, envergonhados com a situação. Ao longo da leitura, algumas ilustrações com o rei de bumbum à mostra arrancou risos, mas a hora em que, em meio ao cortejo, uma criança diz o óbvio (o rei está nu), eles festejaram como a entender que somente uma criança poderia dar um jeito naquele estranho mundo de adultos. Foi demais! Essa edição tem ilustrações incríveis e o jogo do esconde e mostra ficou muito mais gostoso.

E assim, termino esse relato das leituras feitas naquela manhã. Em breve, aqui mesmo no blog, mais relatos das mediações! Até breve! Hakuna Matata!!!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

De segunda a sábado...

Esse post vem divulgar a boa nova:

Após sete anos oferecendo livros e leituras para as crianças nas manhãs de sábado, o projeto ROEDORES DE LIVROS está nos ajustes finais para um novo passo: a partir de outubro próximo (talvez ainda em setembro) nossa Bibliotoca abrirá suas portas também DE SEGUNDA À SEXTA, com atendimento às escolas, oficinas com escritores e ilustradores, oferta do acervo para empréstimo à toda a comunidade, clube de leitura, entre outras ações. Tudo isso será possível graças ao apoio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura do GDF), cujo aporte financeiro nos dará sustentação por um período de 12 meses. Já estamos trabalhando nos bastidores (a foto acima é o registro de mais uma reunião para definir os caminhos). Muita coisa está acontecendo e em breve divugaremos por aqui as novidades. O desafio é grande, mas a alegria de oferecer livros e leitura para mais gente é ainda maior. Obrigado a todos que ajudaram nesse percurso doando livros; tempo e trabalho (na foto estamos Ana Paula Bernardes, Tino Freitas, Dayla Duarte e Celio Calisto, mas poderia ter mais um monte de gente que nos acompanhou em vários momentos); doando a sua torcida pelo sucesso do projeto (e isso acontece das formas mais distintas possíveis); enfim, essa é mais uma etapa daquilo que um dia nos moveu a sair de casa nas manhãs de sábado com uma caixa de livros no banco do carro: SIM, É POSSÍVEL INCENTIVAR A LEITURA NA COMUNIDADE, COM AFETO E LIVROS. E que possamos seguir com essa certeza!

domingo, 1 de setembro de 2013

Diferentes leituras. Leitores diferentes. Um mundo mais fácil de ser lido.

Há várias formas de ler o mundo. Mas, dizem, a melhor forma de começar é conhecendo a si mesmo: seus limites, seus desejos, a amplitude do seu amor. Enfim. Antes que esse post fique um tanto assim filosófico, queria dizer da delícia que é ver que nossas crianças gostam desse lance de ler o mundo. E quem pensa que estar no Roedores de Livros é "apenas" o sinônimo de uma leitura de livros, está redondamente enganado.
Por exemplo, há algumas semanas, nossa roedora mais nova (a Dayla Duarte) vem recebendo as crianças com um pouco do universo da YOGA. Ontem (sábado, 31/08), foi ela aparecer na sala que a turma disse: - Vamos fazer um pouco de Yoga? Eu que, por motivo de trabalho, estive viajando por alguns finais de semana, ouvi aquilo com um certo estranhamento (não sabia que a Yoga estava presente em nossas atividades).
Pois foi a Dayla assumir a postura do Lótus para todo mundo se equilibrar. Ou tentar... Alguns segundos e... postura da Árvore... mais um tempinho... postura da Tartaruga... e eu ali, olhando e clicando, mas doidinho pra participar também. A gente ainda não tem taaaaaaaaaanta flexibilidade e equilíbrio, mas é apenas o início. Foi muito legal e todo mundo entrou para a mediação de leitura mais concentrados.

Conhecemos a Dayla em 2007 ou 2008... não tenho tanta certeza... foi na seção infantil de livros da Livraria Cultura do Casapark (Basília) - aliás, temos uma saudade ENORME da equipe da qual ela fazia parte. Em junho de 2008, ela e Aline Casulari (outra querida) visitaram nosso projeto (olha aí o registro desse encontro (Wanessa, Aline e Dayla - da esquerda para a direita). Ninguém sabia ainda, mas ali a gente estava regando a semente que agora floresce todo sábado, conosco, no projeto. Seja bem-vinda, Dayla. Você, a yoga, os biscoitos de trigo integral, as aquarelas que amamos e, claro as leituras, tantas, que você tem a ofertar às nossas crianças. O mundo é grande e quanto mais a gente oferecer ferramentas para uma leitura mais ampla, melhor! Hakuna Matata!!!

P.S. E sábado que vem eu vou fazer a postura da baleia (deve ter, né?! e se parece mais comigo)!!!