Não é todo dia que a gente comemora o CENTÉSIMO livro publicado. Portanto, hoje, nosso querido amigo JONAS RIBEIRO está em festa!!! Nós não poderemos ir, por questões geográficas. Mas, se você estiver em Sampa, apareça para conhecer os livros e compartilhar da alegria de Jonas com um, doi, três abraços. O convite acima é aberto a todos. Basta clicar na imagem que ela é ampliada de forma a ser possível ler as indicações para a festa!!! Daqui deste Planalto Central, desejamos mais alegria e inspiração para que Jonas possa escrever outros tantos livros. Hatuna Matata!!!
Na semana passada a Revista Veja surpreende com uma matéria de capa sobre a descoberta do prazer da leitura por uma nova geração. O texto apresenta exemplos de leitores que mergulharam nesse universo a partir de livros "menores" (segundo os críticos) como Harry Potter, a série Crepúsculo, ou A Cabana e a partir daí passaram a descobrir livros "melhores". Vale MUITO a leitura. Há ainda mais de uma centena de dicas de livros. Parabéns à Veja.
NESTE LINK você acompanha a íntegra da reportagem, publicada no blog TUDO SOBRE LEITURA.
A coluna PAINEL DAS LETRAS, da jornalista Josélia Aguiar (Folha de São Paulo), publicou ontem duas notas cujo conteúdo referia-se à Literatura Infantil e que reproduzo nas imagens desse post. A primeira, destaca a Feira de Bologna, que começa hoje. Muitos amigos por lá. Daqui, desejamos sucesso nos negócios. A outra fala de um segmento que vem crescendo a cada ano e que promete sacudir o mercado do livro: as vendas porta a porta. Clique sobre as imagens para ampliá-las.
Descobri esse vídeo no PINPOLHICES e achei importante multiplicar por aqui. Vale a pena ver Edney Silvestre, Ilan Brenman, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, entre outros, conversando acerca da LIJ. Enjoy. Hatuna Matata!!!
"Não me lembro exatamente quando enviamos uns dos nossos infantojuvenis para o Roedores de Livros, pois gostamos muito do projeto. Queríamos contribuir com nossas histórias. E foi assim que o Tino Freitas entrou em contato conosco, noAchados & Perdidos. De lá pra cá, temos nos ciberencontrado aqui e ali. Agora o Tino colocou as suas histórias também no papel, e nos enviou os seus dois livros mais recentes, muito criativos e saborosos por sinal. E assim resolvi fazer esta minientrevista. Que bom que ele topou! Se deliciem com as respostas criativas e provocantes desse super-roedor de livros."
O texto acima abre a entrevista que a escritora TEREZA YAMASHITA fez com o Tino, publicada hoje no blog ABRAÇOS DOBRADOS. Ele fala sobre... bem, CLIQUEM AQUI e descubram. Hatuna Matata!!!
O SUPER! - suplemento infantil do jornal Correio Braziliense publicou no último sábado, 21/08, uma reportagem bem bacana sobre o livro Brasília de A a Z (il Kleber Sales, Salesiana). Para ler a reportagem na íntegra, basta clicar sobre a imagem e aguardar pelo download da página original. Hatuna Matata!!!
A querida Stela Maris Rezende teve sua história A menina guardiã dos segredos de família como a grande vencedora do 6º Prêmio Barco a Vapor, das Edições SM, anunciado na noite de ontem (23 de agosto). Saiba mais no blog Resumo do Cenário.
Replicando email enviado há pouco por Benita Prieto:
Boniface Ofogo Nkama, nascido na República dos Camarões e radicado na Espanha desde 1988, nosso convidado para o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias que acontecerá na próxima semana, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, foi impedido de entrar no Brasil, no aeroporto de Confins/BH, pela Polícia Federal que alegou falta de visto, no dia 23/07/2010(sexta-feira), vindo de Madri em voo da TAP.
(Leia AQUI o email na íntegra, publicado no blog Resumo do Cenário).
"Encontramos com frequência professores que sentem medo de poesia. Não da poesia que leem, imersos em um mundo de sons e de ritmos, de metáforas e de verdades. Mas da poesia que querem ensinar. Antes, como leitores, velejavam destemidos em um mar de versos de antigos e novos poemas. Mas empalidecem diante desses mesmos poemas, caso estejam na frente de seus alunos nas salas de aula. Essa edição número 8 de Tigre Albino foi produzida pensando nesses professores. Ou melhor, pensando em todo leitor, mas especialmente nesses professores. Alguns vivendo em pequenas localidades, cheios de entusiasmo e estão sempre buscando a melhor maneira de contagiar seus estudantes com o gosto pela poesia."
Assim começa o texto de abertura da nova edição do TIGRE ALBINO, revista eletrônica de Poesia, que apresenta textos de Maria Antonieta Cunha, Ana Maria Machado, o relato da experiência da professora Rosângela Silvelli com a poesia em sala de aula, entre outras delícias boas de conhecer, de descobrir. Clique AQUI e boa viagem. Hatuna Matata!!!
Gente, a discussão em torno do "fim do livro" ganhou uma reportagem com profundidade na revista ÉPOCA NEGÓCIOS de março (nas bancas). Vale a pena comprar a revista e mergulhar na matéria ESCRITO EM BITs do repórter Carlos Rydlewski. No link anterior há um trecho da longa reportagem e abaixo, copio um aperitivo para os mais curiosos. Então, passem na banca mais próxima e leiam o que Jeff Bezos, Roberto Irineu Marinho, Paulo Coelho, Roberto Civita, Luiz Schwarcz, Otavio Frias Filho e Ruy Mesquita entre outros têm a dizer sobre o assunto.
"Estamos no ano 2050, na metade do século 21. Com surpresa, um grupo de crianças numa escola escuta o seguinte relato. No passado, descreve o professor,os homens usavam extensas porções de terra para plantar florestas. Após sete anos – mas esse prazo poderia ser três ou quatro vezes maior –, a mata nesses locais eraderrubada e suas toras, transportadas por centenas de caminhões até grandes usinas. Ali, produzia-se um artigo chamado papel. Disposto em bobinas, esse produto atravessava o mundo em porões de navios. A viagem só terminava em amplos parques gráficos, onde, embebido em toneladas de tinta, era usado para a produção de jornais, revistas e livros. Essas publicações também passeavam bastante. Impressas, embarcavam em aviões, caminhões, peruas, bicicletas ou mesmo em sacolas até a porta da casa dos consumidores. E um detalhe: no caso dos jornais, toda essa imensa engrenagem era movida para a divulgação de notícias do dia anterior. Era como continuar a erguer um palácio, mesmo enquanto o rei era deposto. No dia seguinte, tudo recomeçava."
Curioso(a)? Leia na revista o conteúdo integral. Hatuna Matata.
Pessoal, esse post não tem fotos para não correr o risco de maquiar a força do texto que Bia Hetzel publicou ontem à noite no blog da editora Manati. Bia é sinônimo de inteligência no meio literário. Inteligência que transborda no texto ao qual este post faz referência, em que ela "responde" a pergunta: - O QUE FAZER PARA TORNAR SEUS ALUNOS LEITORES?
Nós assinamos embaixo. Valeu, Bia!!!!!!!!!
"Leitura é um vício. Um ótimo vício. Professor tem que usar a tática do traficante: dar amostra grátis; contar o "barato" que a leitura provoca nele e nos outros; mostrar que a pessoa que lê ganha carteirinha de uma tribo irada, que se enturma com uma galera da hora..."
Olá, pessoal. Para quem estiver em Brasília nessa quinta, 04/03, e gosta de Literatura Infantil, nós nos reuniremos com outros tantos amigos em torno do lançamento do livro ROSA MORENA (Callis) de Íris Borges com ilustrações de Jô Oliveira.
O encontro se dará na Biblioeca Demonstrativa de Brasília (EQS 506/507) com atividades com alunos de instituições particulares a partir das a partir das 15h. Os autores vão autografar a partir das 18h. Clique sobre a imagem para ficar a par de toda a programação. Os Roedores de Livros estarão por lá.
Um homem apaixonado por livros. Um grande leitor. Um grande colecionador. José Mindlin nos deixa aos 95 anos. Em 2009 ele e sua esposa doaram o acervo particular - o mais importante do Brasil - à Universidade de São Paulo (USP). O bibliófilo faleceu na manhã deste domingo (28/02) no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, com falência múltipla dos órgãos devido a uma pneumonia. Mais informações no site ÚLTIMO SEGUNDO de onde recebemos a informação e copiamos a foto acima, em que ele exibe um exemplar de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Para quem deseja se aproximar um pouco da paixão que José Mindlin os Roedores de Livros recomendam dois livros que foram lançados recentemente e escritos como uma mini biografia pelo próprio Mindlin: REINAÇÕES DE JOSÉ MINDLIN (Ática, 2008) - voltado para o público infantil (mas nós adoramos também) e...
NO MUNDO DOS LIVROS (Agir, 2009) - histórias MARAVILHOSAS de quem era apaixonado por livros e como ele fazia para conseguir obras raras num tempo em que não havia internet e outras facilidades do mundo moderno.
Conheci MAURÍCIO LEITE na Feira do Livro de Brasília há alguns anos. Havia um grupo de crianças com o olho grudado no livro que ele apresentava. De repente ele fisgou também o meu olhar e me vi menino, encantado com a sua "leitura". Foi um encontro rápido. Mas que ainda reverbera na minha memória afetiva. Maurício Leite ganhou o mundo. Viaja por vários países com sua mala repleta de livros, brinquedos e fantasia. É um dos MESTRES no campo da mediação de leitura (Ops, ele se diz PROMOTOR, e não mediador). Não é fácil encontrar referências ao seu trabalho na internet pois ele parece não ter tempo para o mundo virtual. Prefere o contato direto com as crianças nos rincões desse mundão. Por isso, achamos que é válido o convite para que você conheça um pouco mais do trabalho e do pensamento deste leitor apaixonado, promotor da leitura, encantador de meninos chamado MAURÍCIO LEITE. A entrevista foi concedida à Lucila Rupp da equipe do INSTITUTO C&A e você, após a leitura, não ficará indiferente ao que ele relata ali.
A seguir, publico apenas um aperitivo da entrevista, que está no site do INSTITUTO C&A.
Instituto C&A – Como você define seu trabalho? ML – O que tento fazer de uma forma menos poética e mais científica é despertar nas pessoas o gosto pela leitura. Sem blá-blá-blá, teatrinho, bonequinho, dancinha... O objeto principal do meu trabalho é o livro.
Instituto C&A – E é possível formar um leitor? Há caminhos a serem seguidos? ML – Acho que sim. Para isso, tem que ter livros e um plano de trabalho, um programa para o livro. Tem que saber até onde você vai levar esse leitor. Eu trabalho com a criança como se fosse o último dia da minha vida, porque não sei quanto tempo vou ter ali para alimentar aquela fome de livro e de leitura nela. Faço o trabalho como se fosse a última vez. Mais do que ficar falando da importância de ler, é fundamental sentir na pele o prazer e o gosto da leitura. Não vejo outras palavras quando se vai trabalhar com leitura: prazer e gosto. É sempre importante lembrar que a literatura não é uma coisa técnica. É arte e é prazer. E você não pode dar um prazer mecânico. Você não pode dar uma coisa que não tem. Se não aconteceu com você, não pode acontecer com outro. Não é verdadeiro.
A seguir reproduzimos a entrevista que a pesquisadora, ensaista e tradutora LIGIA CADEMARTORI deu ao jornalista Severino Francisco, publicada no caderno Diversão & Arte do jornal CORREIO BRAZILIENSE edição de 24 de janeiro de 2010. Lígia, que em tempos idos escreveu O QUE É LITERATURA INFANTIL? para a Coleção Primeiros Passos (Brasiliense) está com um novo livro na praça: O PROFESSOR E A LITERATURA - Para pequenos, Médios e Grandes (Autêntica) em que aborda as relações do professor com a literatura e sobre as relações entre professores e alunos com a mediação da leitura. Vale à pena ler o que ela tem a dizer. (A foto abaixo foi reproduzida a partir do arquivo em PDF da entrevista e é de autoria de Daniel Ferreira)
“LER É UMA AVENTURA”
A gaúcha Lígia Cademartori, colaboradora do Correio, radicada em Brasília há mais de 20 anos,é uma das mais importantes pesquisadoras da história da leitura no Brasil. Mas, antes de tudo,é uma leitora apaixonada, uma dependente química dos livros. Ela se revolta com o fato de queos professores quase sempre são colocados na condição de instrumentos dos projetos deleitura e não de sujeitos pensantes. Lígia acaba de publicar O professor e a literatura parapequenos, médios e grandes, em que defende uma visão original e polêmica da leitura em umaera do bombardeio dos meios de comunicação de massa e do império do consumo. Ela sustentaque detestar um livro pode ser algo bem interessante e o importante é ler com paixão.
Você escreve sobre muito sobre os desafios para a formação de leitores. Mas, afinal, como se tornou uma leitora?
Eu não poderia deixar de serleitora porque nasci em uma casade leitores. Meu pai era um empresário apaixonado por filosofiae poesia,e a minha mãe devoravaromances e gostava de cinema. Omeu pai era o que chamo de leitordependente, ou seja, aquele quenão vive sem leitura. Quando estava para morrer, sobrevivendo na base do soro, perguntei se elenão precisava de alguma coisa.Então ele me pediu para abrir umjornal e se aproximar dele para que pudesse ler. Argumentei queele não podia, pois estava tomando soro e ele respondeu: “Fazersoro sem ler enlouquece”.
Mas viver em uma sociedade de consumo sem ler também não enlouquece?
Olha, estamos vivendo uma situação perturbadora: não somosmais do que consumidores. Você éum consumidor classe A, B ou C. Éterrível, mas desde o instante emque chegam à escola, as criançassão avaliadas pela marca do tênisou da mochila. Todos procuramse adequar aos padrões do consumo para sobreviver. Quem não seenquadra é excluído, pois a sociedade de consumo é bastante totalitária e intransigente.
Qual a responsabilidade da escola nesse processo? Ela não poderia ter uma postura menos passiva em relação ao mundo do consumo?
As crianças já nascem com umapauta de consumo e a escola é umcenário desse processo. A escolajá produziu símbolos, já foi referência, mas, hoje, ela só repercute o que ocorre no mundo da mídia. Mas, para que elainterfira naformação das crianças é precisoque os professores sejam leitores,é preciso que eles não se rendamà pauta do consumo e ao grandejogo de interesses que envolve omercado editorial. A literatura éuma provocação e um convitepara o ser, para a sua singularidade, para ouvir a sua voz.
É possível transmitir a paixão pela leitura sem gostar de ler?
Eu perguntei a um professor que estava indicando alguns livros: “Você gostou?” E ele respondeu: “Ainda não li”. Que critério está comandando essa escolha? Muito possivelmente o da publicidade. É preciso conceder aos alunos a liberdade de se manifestar com franqueza sobre a sua experiência de leitura. Deixa eles dizerem que detestaram, que odiaram, que acharam um saco. Não gostei dá uma discussão fantástica. Não gostar é um efeito tão importante quanto gostar. A função da literatura não é formar consensos, é colocar os sentidos em tensão. Qualquer coisa que não seja a apatia é boa.
Como despertar o interesse pelo livro em uma sociedade da informação, sob um bombardeio vertiginoso de estímulos e seduções?
Hoje, as escolas de primeiro e segundo graus têm muito mais livros do que há 30 ou 40 anos. No entanto, não podem concorrer com a velocidade e o processo avassalador da informação instantânea. O professor tem de saber que não vai entrar pela porta da frente, mas sim pela fresta. Na era da velocidade ele vai propor: pare com tudo, vamos fazer a experiência lenta, mas essencial da leitura. Ela é uma aventura do sentido.
O que Monteiro Lobato poderia fazer se estivesse vivo?
Monteiro Lobato não concorreu com os meios de comunicação. A minha geração sempre teve a literatura por perto. Só existiam o livro, o rádio e a eletrola. O Lobato formou toda uma geração de leitores com novos valores. Ele era um racionalista, formou uma geração de crianças críticas e irreverentes. Lobato insinuou, sem que os pais percebessem, uma moral relativa, que rompia com as ideias prontas e a moral absoluta.
Você acha que é possível estabelecer uma relação espiritual com os autores que a gente lê nos livros?
Certa vez, quando eu trabalhava em uma instituição do governo, relacionada aos livros, recebi um telefonema e a voz do outro lado da linha se identificou: “Eu sou filha do Monteiro Lobato”. Eu disse para ela: “Eu também”. A minha maneira de ver o mundo foi muito influenciada pelo espírito crítico do Lobato.
Tivemos uma produção de literatura infanto juvenil de alta qualidade com a Ruth Rocha e a Ana Maria Machado. Elas não fizeram a cabeça de várias gerações de crianças?
São autoras que tiveram uma função muito importante porque a obra delas questionou muito os valores opressivos de um país que vivia sob uma ditadura militar. Elas fizeram a sátira e a crítica do poder em uma sociedade autoritária. Mas a literatura dirigida às crianças e aos adolescentes não fala mais das relações do poder.
O que mudou e quais são os traços marcantes da nova literatura para crianças e adolescentes?
Eu detecto mudanças em dois aspectos: no plano formal e nos temas. No plano formal, o desenho e os textos passaram a ter a mesma importância. As imagens não se limitam mais a serem ilustrações do texto. É como se as imagens narrassem uma história e o texto outra. Essa tendência é bastante significativa em uma cultura em que a imagem ocupa um espaço avassalador no imaginário das crianças. E, neste sentido, valeria a pena citar dois nomes: Fernando Vilela e o brasiliense Roger Mello. Em nossa sociedade eminentemente visual, em que tudo passa pela tevê, a nova literatura seduz pela imagem. O brasiliense Roger Melo é um dos maiores ilustradores do mundo. É uma grife em qualquer bienal internacional do livro. O outro aspecto interessante na literatura do século 21 é a tendência a ver e respeitar as diferenças. Você não vê o outro como objeto do seu olhar, mas como sujeito. Uma obra como Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela, aproxima diferentes culturas diferentes e aparentemente distantes. Aprender a ver o outro é o traço essencial dessa nova literatura.
Por que a sua ênfase nos clássicos?
Questiono o absolutismo do conceito de literatura juvenil. O exemplo do que ocorreu com o escritor Luiz Rufatto me parece muito bom. Ele tinha 12 anos, morava em uma cidadezinha do interior de Minas, passou por uma biblioteca, mas não estava à procura de nenhum livro. Uma bibliotecária lhe indicou um livro russo de leitura adulta que, a princípio, não tinha nada a ver com a realidade imediata dele, em vez de replicar o que se passa na tevê. O livro teve um enorme impacto em sua sensibilidade e despertou sua veia de escritor. Sou capaz de apostar que o livro da Feiurinha, escrito pelo Pedro Bandeira, que serviu de base para o filme da Xuxa, estará na maioria das listas de livros a serem indicados nas escolas. A literatura também virou um item do consumo e do mercado. Por isso, eu tenho reivindicado, quixotescamente, que o professor leia para que ele mesmo seja capaz de fazer a sua lista.
Você escreveu um livro preocupada com a relação didática dos professores com os alunos e, ao mesmo tempo, afirma que nem todos serão leitores. Não é uma contradição?
Sou filha única e todas as minhas notas em matemática eram ruins, ficavam abaixo da média em outras matérias. Os meus pais contrataram os melhores professores de matemática, mas não adiantou, não consegui me apaixonar por aquilo. Tenho uma amiga que fica acordada até de madrugada, no gelo do Rio Grande do Sul, para fazer cálculo. Ela é louca por aquilo. Fui também aluna medíocre de música e abandonei o piano no dia em que a professora disse que, a partir dali, eu teria de me dedicar cinco horas por dia. Eu perguntei: e que tempo terei para ler? Ela disse: você não terá. A escola tem a obrigação de dar competência textual aos alunos, ensinar a ler e a escrever. Mas a paixão pela leitura também é uma vocação.
A que leitor se refere quando afirma que nem todos serão leitores?
Há o sujeito que lê eventualmente, que está de férias e compra um livro para ler na praia. Mas estou falando de gente que não pode viver sem ler.
Ler também cria dependência química?
Sim, tem gente que não consegue viver sem ler, não consegue parar de ler.
O Roland Barthes afirma que da mesma maneira que existe um obscurantismo do saber existe um obscurantismo do prazer. Ou seja: há prazeres que desconhecemos. Você concorda?
Concordo plenamente, é um prazer que exige iniciação, mas acho também que a leitura é uma aventura da subjetividade. A leitura é doação de sentido. Quem dá o sentido é quem se emociona, é o sujeito. Nem sempre essa aventura será do prazer. Ela pode ser dolorosa. E também você precisa admitir que algumas pessoas não têm esse prazer. O nosso magnífico poeta João Cabral de Melo Neto destestava música e teatro. Mas por causa disso, ele criou uma poesia toante, uma antimúsica, uma poesia a palo seco.
Por que abandonar o programa Big Brother Brasil para ler um livro?
A diferença é a da brutalidade e a do requinte de percepção. O Big Brother não tem nada de reality show, nada de realidade como o nome anuncia. É um teatro grotesco. A gente pega um livro e consegue ter uma interpretação da realidade, um modelo do mundo, com o qual você pode concordar ou discordar, mas que vai te ajudar a entender melhor a existência. A boa literatura permite sempre que você ouça a sua própria voz.