sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Uma parte ajuda no todo...

Pois bem! No último sábado, 22 de setembro, encontramos apenas 16 crianças no Projeto. É que a Néia havia conseguido um passeio para a Água Mineral (parque com piscinas naturais) no mesmo horário e algumas crianças aproveitartam o calor e a oportunidade para se refrescar desta seca sufocante. As chances de um bom passeio são poucas para esta meninada... então seguimos com poucas crianças, mas seguimos!
Eu levei o mosaico de Kirigame feito com algumas rendas de papel criadas pelas crianças no sábado anterior. Penduramos na parede da sala de leitura. Todos gostaram muito. Bacana saber que uma parte de cada um serviu para um todo muito bonito.
Juliana vestiu meu gorro e contou O Duende da Ponte, uma história que gostamos muito, repleta de adivinhas absurdas que testam a esperteza - ou a falta de - do duende. Brincamos com as adivinhas e todos ficamos ligados na aventura. Na oficina de artes abri contando A Galinha Ruiva para introduzir uma nova ave de origami. As crianças pintaram o papel e aos poucos foram descobrindo o animal. Na foto acima Wendel, Ítala e Guilherme exibindo suas criações.
O lanche foi pipoca e suco. Na hora da foto, um flagra da Lisianny, coitada, que, de tanto fazer galinha, se amarrou num milho e atracou-se com a pipoca!!! Esqueceu que tinha mãos e saiu bicando pipoca pra lá, pipoca pra cá!!! Ê, trabalheira e diversão... Tô fraca, tô fraca, tô fraca...
No final, antes da música, um bate papo para saber se alguém tinha algo para contar sobre os livros que têm lido. Deixamos todo mundo à vontade e apenas três crianças falaram das suas leituras. Foram relatos simples que mostraram um entendimento da leitura. Acreditamos que fuçando mais um pouco vamos conseguir mais atenção das crianças para o que lêem. Esperamos que no sábado que vem tenhamos novas descobertas. That´s all, folks.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Bastidores pipocando de felicidade...

Este 27 de setembro poderia durar uma semana!!! Está sendo um dia SUPER!!! Cheio de grandes novidades que pipocaram felicidade durante o dia inteiro. Como não posso compartilhar tais novidades com vocês, pois são coisas de bastidores, resolvi postar essas fotos tiradas pela Edna no último sábado, pois são cliques dos bastidores do último sábado, 22/09. Diferente das que costumamos postar por aqui, as fotos da Edna captam o olhar dos adultos. Mostram o peito pipocando de felicidade. Valeu, Edna.

Bem, na foto acima, ninguém pode dizer que eu não visto a camisa dos Roedores de Livros (hehehe).

Nesta outra, Tino e Juliana descobrem os Nove Chapeuzinhos de Flávio de Souza (livro novo). Parece muito legal!!!
Aqui, uma pausa na fantasia. Wanessa de duende, Lisianny pensando na morte da bezerra, Tiago pegando um colo emprestado, além de um bate papo informal lá no cantinho...
Neste close, o Tino em ação... pena que não dá para ouvir! Mas é a música nova que ele fez ali mesmo, minutos antes, e que todo mundo aprendeu e cantou junto!!!
Essa não é de bastidores dos adultos, mas é um clique da Deysiane na hora que a gente cantou de surpresa os parabéns para ela!!! Olhem bem... é um misto de felicidade e timidez... estou certa de que seu coraçãozinho estava a mil por hora. Assim como o meu e o do Tino nesta quinta...
Bem, antes que alguém pense que vem um roedorzinho de livro por aí... nanananadica de nada!!! Mas, parece que outros muitos roedores vão circular em busca de livros por aí afora... Dá uma vontade de abrir a janela do carro no eixão, colocar a cabeça pra fora e gritar: -uhúúúúúúú!!!

P.S. As fotos estão aquareladas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Olhos acesos, sorrisos abertos...

Rubem Alves diz que é preciso desaprender para ganhar novos conhecimentos. É preciso esquecer os paradigmas para novos avanços. Não é um exercício fácil. Eu, por exemplo, nunca gostei de livros que nasceram de filmes, desenhos animados e outras mídias sem papel. Tão certo como dois e dois são quatro, estes livros não merecem repousar nos meus olhos nem testar a resistência da estante aqui de casa. Devem haver exceções, mas não lembro agora. Assim pensava eu até me deparar com crianças de olhar aceso e sorriso aberto em cima de uns livros sobre uns personagens que eu havia visto de relance num programa vespertino de TV. As páginas pareciam pular nos olhos daqueles pequenos, sentados no chão acarpetado de uma dessas grandes livrarias. Resolvi pegar um dos três livros da série para uma rápida leitura enquanto saboreava um café. Não tinha dúvidas de que seria um livro repleto de imagens e cores. Mas o texto era de uma simplicidade e inteligência absurda que acabei trazendo Charlie e Lola – Eu Sou Muito Pequena para a Escola (Lauren Child, Editora Ática) para casa.
Charlie tem sete anos e Lola, quase cinco. São irmãos. Na história, o irmão mais velho tenta convencer a menina de que ela já é grande o suficiente para ir à escola. Lola discorda e se derrama em explicações. Charlie, rebate cada justificativa com argumentos criados à altura para conquistar a personalidade teimosa da irmã. Ao final, a pequena convida seu amigo invisível (Soren Lorensen) e descobrem a escola como um lugar de novos amigos e saberes. O tema é interessante e só a forma como a autora o desenvolve já valeria uma resenha. Mas o livro ainda é LINDO!!! As ilustrações se mesclam com texturas e fotos numa gigantesca e genial colagem. Surgem de todos os cantos das páginas. As palavras passeiam pelo texto em círculos, linhas sinuosas. Voam como borboletas num céu de papel. Tudo é muito BELO!!! Outra coisa que não passa despercebida é a ausência física de adultos na história. Charlie e Lola são retratados num mundo quase que exclusivamente infantil. A presença dos mais velhos naquele universo é minimamente sugerida nos diálogos. Também acho difícil imaginar um irmão com a paciência e sabedoria de Charlie mas, lembrem-se, este é um mundo de fantasia! Por isso, embarque sem preconceitos! A autora e ilustradora Lauren Child publicou várias histórias de Charlie e Lola pelo mundo mas, no Brasil, até hoje foram publicados apenas três: Eu Não Quero Dormir Agora e Eu Nunca Vou Comer um Tomate, além do título resenhado acima. Todos abordando temáticas que permeiam a vida dos pequenos.
Depois de ler o livro, me entreguei aos prazeres de também assistir aos desenhos animados exibidos na TV Cultura de segunda a sexta, às 17h45. Se vocês – como eu – não podem estar em casa sempre neste horário, ou se por aí não dá para assistir a TV Cultura, invista uns reais comprando os DVDs da série. A animação segue a idéia do livro com ilustrações em 2D, texturas, fotos e filmes. Ops... pois é... a animação segue a idéia do livro, sim. O livro veio primeiro. Eu é que não sabia. Não deu para me despir ainda daquele paradigma, mas estou aberto às novas descobertas. Charlie e Lola é para ser lido com as crianças, de preferência. Mas estou certo de que seu filho vai se divertir lendo sozinho. Você também vai descobrir diálogos incríveis numa leitura solitária. Ou simplesmente vocês, juntos ou não, acenderão o olhar e soltarão o riso nas páginas coloridas desta coleção repleta de humor, criatividade e infância. Pegue um leite rosa na geladeira, o livro na estante e... huummmm... delicie-se com mais esta leitura!!! Ah, o precinho é bem legal também. Hatuna Matata!!!

P.S. Tem um site bem legal. Em inglês!!!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A peleja entre o cangaceiro o cavaleiro e o roedor...

A primeira vez que vi Lampião & Lancelote (Fernando Vilela, Cosac & Naify) foi na Feira do Livro de Brasília de 2006. Fiquei louco com as gravuras, o tamanho do livro... mas o preço me assustou e, embora ele gritasse por mim no stand da distribuidora, não lhe dei ouvidos. Confesso que dei uma olhadinha de leve no texto mas tive preguiça e fiquei com aquela idéia de que era somente um livro bonito. Devo desculpas ao Fernando Vilela.
Um ano depois, no mesmo stand, no último dia da Feira do Livro, resolvi atender aos apelos do livro e trouxe-o para casa. Deixei-o na cabeceira da cama por uns dias e hoje pela manhã armei uma rede cearense, presente de meu querido pai, e deitei os olhos com a devida atenção que os lendários personagens mereciam. Não cedi à tentação do balanço da rede. Rasguei o plástico e deitei o livro sobre meus braços. Deitamos todos: a rede, no quarto; eu nela; o livro em mim; meus olhos no livro. Devo desculpas ao Fernando Vilela. O livro é um brinde para o olhar. Os detalhes em prata e cobre saltam das folhas e dão movimento às cenas. Mas o livro não é só imagem e é aí que ele surpreende!!! O texto demonstra pesquisa, cuidado, precisão. Parece que cada palavra foi entalhada no poema com a benção do cordelista Leandro Gomes de Barros.
O livro trata do fictício encontro-duelo entre o cangaceiro Lampião e o cavaleiro inglês Lancelote. Munido de vasta pesquisa iconográfica e literária, o autor desfila estilos. Ao retratar o bravo cavaleiro dos tempos medievais Fernando usa setilhas, ou seja, sete versos de sete sílabas e rima em ABCBDDB. Quando o mote é nordestino ele usa das sextilhas, com rimas em ABCBDB. A prosa também aparece em 10 das quase 50 páginas que contam a aventura. Galopa ao lado de Lancelote em terras inglesas, é envolta no feitiço de Morgana e encontra com Lampião em pleno sertão potiguar. A poesia retoma seu lugar e, a exemplo dos grandes duelos da Literatura de Cordel, difama o adversário, conta vantagens, desemboca em desafio. O que vem daí? Dicas da cultura popular medieval e nordestina. Um duelo sem fim onde o leitor sai ganhando sempre. Ops... quase sempre!!! Para que o trabalho de Fernando Vilela coubesse num livro, a editora apostou num formato ousado. Capa dura, cores especiais e um tamanho fora dos padrões (70cm x 24cm o livro aberto). Este cuidado deixou o livro a um custo acima da média (R$ 49,00). É, também, um objeto frágil. Com todo o cuidado que empreendi para sua leitura, fui surpreendido por um afastamento entre as páginas 16 e 17. O livro não manteve sua integridade numa primeira leitura feita por um adulto. Imagine nas mãos de uma criança!!! É para ser manuseado com extremo cuidado.
Devo desculpas a Fernando Vilela. Quando estivemos com ele em maio na entrega dos Prêmios da FNLIJ eu estava encantado com seu trabalho no livro-imagem A Toalha Vermelha e pequei por ignorância. Achei – sem ter lido – que Lampião e Lancelote seria um trabalho menor. Que nada!!! Lampião e Lancelot é um grande livro. Por suas proporções desafiadoras para um livro infantil. Pelo espetacular trabalho gráfico merecidamente premiado. Pelo texto cuidadoso, repleto de poesia e história. Se você, como eu, já encontrou com este livro e achou que ele seria apenas um livro lindo, entregue-se também aos prazeres escondidos em suas palavras. É nelas que Fernando Vilela faz seus melhores desenhos. É a literatura de cordel tratada com esmero. Um susto nos sentidos! Uma beleza que esconde sua melhor qualidade: ser uma ótima história para crianças de todas as idades!!!
Deixo aqui um petisco para abrir o apetite de vocês:

De um velho mandacaru
Tirou do miolo um cordel
Invocou o Santo Nás
Que movimentou o céu
Abriu um oco no centro
E pôs todo mundo dentro
Destas folhas de papel

Por fim, caso você tenha uma queda por temas medievais, pelejas e cordéis, procure nos sebos ou nas feiras populares o livreto A Batalha de Oliveiros com Ferrabraz. São 101 décimas do paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o poeta maior da Literatura de Cordel, narrando um embate entre franceses e turcos. Uma leitura prazerosa e sem desculpas.

domingo, 23 de setembro de 2007

20 mil pageloads...

Queridos amigos, em junho deste ano comemoramos 10 mil page loads em 13 meses de blog. Naquela data, publiquei um post falando da nossa felicidade de termos um público querido dividindo nossas felicidades e angústias acerca do universo cultural infantil. Lógico que o alvo principal é dividirmos as conquistas do projeto que desenvolvemos na Ceilândia, mas as dicas de livros e outros assuntos têm conquistado novos amigos neste mundo virtual. Três meses depois, mais uma vez num domingo, surpreendentemente, atingimos a marca de 20 mil pageloads. Isso nos dá a idéia de umj público crescente a fim de descobrir, discutir, compartilhar as nuances da literatura infantil e as possibilidades de multiplicar o prazer da leitura seja com seus filhos, seja com outras crianças.
Obrigado pela visita. A casa é nossa. Sejam bem vindos e tragam os amigos. That's all, folk's!

sábado, 22 de setembro de 2007

Firimfimfoca...

Você ainda não sabe o que é?
Firimfimfoca!!! Firimfimfoca!! Firimfimfoca!
Está nascendo... roendo a casca.
Aguarde as cenas dos próximos capítulos!!!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sábado, Sorrisos, Poeira e Livros...

Ansiosos e saudosos eu e Tino nos juntamos ao Célio, Edna e Juliana para mais um encontro com as crianças na Ceilândia. Foram duas semanas de recesso e estávamos movidos pelas novidades que tínhamos a apresentar: livros novíssimos doados diretamente do Rio de Janeiro, além de algumas aquisições que fizemos em sebos (falo disso noutro post).
Na sala de contação, Juliana arregalou os olhos e a curiosidade da turma contando No Sítio (Marie Albinais, Scipione) divertindo a todos desdobrandos aquelas páginas incríveis com bichos em tamanho natural. Outras histórias se seguiam enquanto eu e Célio ensinávamos o KIRIGAMI para as crianças. Esta é uma técnica que mistura dobradura com recortes e, naquele sábado, as crianças produziram vários papéis rendados que montarei em breve num painel que ficará exposto na sala de artes. Enquanto isso, o cheirinho do cachorro-quente (lanche patrocinado por nossa querida amiga Ana Rita) estava tomando conta de todos os espaços. É que a Néia faz mágicas na cozinha da Pró-Gente. Tudo fica muito mais gostoso, cheiroso, colorido. Foi um lanche daqueles!!!
Foi aí que resolvi dar prosseguimento a mais uma etapa do projeto Roedores de Livros. Munida de 30 novos livros para o acervo do Projeto, fui apresentando um por um e instigando o desejo das crianças por novas histórias. Até então, os livros pop-ups eram os campeões de saída. Nada mal. Já serviria como um ótimo começo para que as sacolas ficassem cheias. A partir desta semana resolvemos que além de contar histórias, vamos destacar alguns livros (e graças, estamos com bons títulos por lá – sempre precisando de mais). Apresentá-los às crianças. Elas terão sempre o livre arbítrio de escolher qual livro levar para casa. E, com as dicas, vão se interessar por novas histórias. Deu certo neste primeiro dia. Tínhamos três A Mula Sem Cabeça que saíram galopando nas sacolas. Contos de Enganar a Morte já está com três reservas para as próximas semanas!!! O Príncipe Sem Sonhos e A Princesa Tiana e o Sapo Gazé além do Quem tem medo de quê foram disputadíssimos. Não pude esconder meu riso solto no meio daquela poeira seca e vermelha que, de tantos redemoinhos, deveria ser uma sacizada. Na Ceilândia, meninos vêm e vão carregados de livros toda manhã de sábado. É uma pequena mágica que fazemos misturando vontade, livros, cachorros-quente, gente, paciência, crianças e fantasia.
Para finalizar, a Edna anotava os livros que foram escolhidos e guardava-os nas sacolas que viajariam certamente naquela mesma tarde pelo mundo não tão fantástico de cada um daqueles meninos que aprendemos a chamar de nossos. Da sala de leitura, ouviam-se as vozes: Tino matava a saudade cantando com os meninos: - Eu vou pra Maracangalha!!! Eu vou... Nós vamos! Com Amália, Jaderson, Wanessa, Guilherme, Deysiane e tantos outros... de chapéu de palha, uniforme branco e sacola com livros!!! Hatuna Matata!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Uma dica da Mariana Massarani...

Foi numa manhã de segunda numa livraria em Botafogo, no Rio de Janeiro. Tínhamos acabado de encontrar uma edição do Cavaleiro das Sete Luas de Bartolomeu Campos de Queiroz quando Mariana Massarani entrou na loja com um sorriso estampado no rosto e uma penca de livros nos braços. Foi aquela farra. Um reencontro desejado, que aconteceu aos 48 minutos do segundo tempo. A seção infantil era uma tortura. Tinha uns mil livros num cantinho que não dava dois metros quadrados. Mas somos ou não somos Roedores de Livros? Fomos à luta. Foi um desfalque nas últimas economias. Apenas algumas notas na carteira. A dona da livraria não aceitou nosso cheque pré-datado, pois era de Brasília (!!!). Ana Paula olhava para os livros e para mim e dizia: - você vai levar todos estes? Foi então que Mariana apareceu com mais um livro e perguntou: - vocês já viram este? É S E N S A C I O N A L!!! Dei de presente para o filho de uma amiga e ela quase me mata depois de ler o livro!!! (risos) Caramba, não podia deixar de trazer aquela indicação para casa!!! Olhei para a Ana Paula meio que dizendo: - só mais este, ta?! Que bom que ela topou. Na verdade, ela topa sempre!!! Mas é importante perguntar. Faz parte do charme da relação. Não dava mais para olhar livro nenhum. O orçamento não permitia. Resolvemos atacar o café na entrada da loja. Conversas sobre a Bolívia e outras coisas o que não interessam para a literatura infantil. Mas que foram engraçadas foram!!! O café estava ótimo. Pausa para fotos (a primeira foi no balcão, Ana em primeiro plano, eu e Mariana – que tirou a foto - no espelho da parede), chegou a hora de pagar os preciosos livros. O jeito foi raspar o restinho do especial no cartão de débito. Tudo bem, estamos vivos! Mariana levou pra casa Um Papai Sob Medida que é ilustrado por uma figura que ela adora: Anna Laura Cantone. Beijos, abraços e a promessa de um breve reencontro!!!
Aí, léguas distante daquele abraço, mas ainda com o perfume do café, tirei do matulão aquele livro indicado pela Mariana - NA BEIRA DA ESTRADA (Jules Feiffer, Cia das Letrinhas) - e fui descobrir seus segredos. Se você acha que cantar “atirei o pau no gato” e “o cravo brigou com a rosa” vão fazer do seu filho um menino pior que os outros, definitivamente não leve este livro para casa! Explico: Qual o pai ou a mãe que nunca viveu a situação dos pais de Richard quando, numa viagem de carro mais longa, teve que ameaçar: “Se você não se comportar aí atrás eu deixo você aqui mesmo, na beira da estrada!!!”. Pois é... Richard aprontou tanto na viagem que seu pai cumpriu a promessa. Aquela viagem de apenas duas horas parecia uma eternidade para os dois irmãos ficarem sentados no banco de trás. Pai e mãe preocupados com a estrada, a solução infantil foi começar a brincar. Brincadeira no banco de trás do carro quase sempre se confunde ou se transforma em briga. Incomoda os adultos. Eu também já fui autor de ameaças daquele tipo em viagens que fizemos com as crianças pelo interior do Goiás e do Ceará. Mas nunca deixei ninguém na rua. Isso fica para o mundo da fantasia. No caso do pai de Richard, a solução foi deixar o menino na beira da estrada. Mas o fim da história não é bem aquele que você possa imaginar, pois, definitivamente, esta não é uma história comum.
Com ilustrações em preto e branco do autor e tradução de Eduardo Brandão, o enredo é contado pela ótica de Richard, que não vê nada demais no que fez, e se mostra orgulhoso o suficiente para seguir em frente com sua birra. A criança é auto suficiente o bastante para morar na beira da estrada. Lá, a vida passa, e o menino adolesce, cresce, vira homem e no fim, reconcilia-se com a família também de forma inusitada. Como o livro foi feito para ser lido por crianças e não é um livro pedagógico (oba!!!), não pense que o importante é aprender ou mostrar alguma lição. Não procure entender como Richard sobreviveu as dificuldades. Apenas divirta-se com a história. Este é o fim principal deste livro muito bacana. Bacana como a Mariana. Ou como se jogar no chão e gritar -MIAU depois de cantar “atirei o pau no gato-to...”. Não sei se você vai gostar, mas com certeza seu filho vai curtir muito.
P.S. Na foto acima, depois de brincadeiras, brigas, ameaças e um rodízio de Pizza, nossos Pedros e Júlia desmaiam no banco de trás numa saudosa Fortaleza de janeiro de 2005.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Brinquedos e badulaques com Rubem Alves

Na última terça, 11 de setembro, Brasília recebeu uma visita ilustre do mundo das letras e da educação. O professor Rubem Alves destilou suas impressões sobre a arte de ensinar para um público formado por professores da rede particular. Convidado por uma editora, se desfez do possível capuz de mero vendedor que este evento poderia sugerir, para – inclusive – brincar com o conteúdo gramatical obrigatório dos programas escolares como dígrafos e afins: “dígrafos não servem pra nada!”.
Nós roemos um buraquinho na parede e conseguimos entrar no recinto. Não podíamos perder as palavras do criador de metáforas geniais sobre educação como “País dos dedos gordos” e “Urubus e sabiás”. O encontro foi repleto de pequenas histórias como a de quando sua filha voltou do primeiro dia de aula. Ansioso, o pai perguntou: - Como é a sua professora? Resposta da pequena sensível: - Ela grita!!!
Daí, contou que a primeira aptidão que um bom professor precisa oferecer: gostar de crianças. A primeira coisa que deve professar: ensinar a VER. O educador enumerou as três etapas da vida – e isso vale para todos os mortais: Ensinar o que sabe; ensinar o que não sabe e o esquecimento. Deve-se esquecer o que aprendeu. Esquecer para lembrar. Confuso? Para explicar melhor, citou os Mestres do Zen Budismo que se dedicam a dar rasteira no pensamento das pessoas para que, sem as amarras dos “paradigmas” possam repensar. Ou seja, a teoria do Zen Budismo se encarrega de desensinar. Citou o paradigma medieval de que a terra era o centro do universo. Para que fosse aceita a idéia de Galileu Galilei de que a terra gira em torno do sol, foi preciso que a comunidade científica esquecesse a teoria até então em voga.
E tome histórias e poemas a encantar o público. O professor, que descobriu a poesia aos 40 anos, deitou palavras de Fernando Pessoa naquela tarde. “Pensar é estar doente dos olhos”. Depois, o primeiro slogan da coca-cola em Portugal, pelo poeta português: “A princípio estranha-se. Depois, entranha-se”. Vale para a literatura, não vale?

A história que mais gostei foi a de que o homem carrega duas caixas enquanto viaja pela vida. Na mão direita, uma caixa com objetos úteis, que Rubem Alves chamou de ferramentas. Extensões do corpo que servem para fazer algo, até então impossível de se fazer só com nossos recursos corporais ou coisas que podemos fazer mas com as ferramentas usamos de menor esforço. São melhorias do corpo. Na mão esquerda, o homem carrega outra caixa. Esta, repleta de objetos inúteis que o professor chama de brinquedos. Não servem pra nada, a não ser para nos dar prazer. As ferramentas são meios de vida, mas, sozinhas, não nos dão razão para viver. Na verdade, aprendemos a usar as ferramentas que abrem a caixa dos brinquedos. Nossa verdadeira razão de vida.

Rubem Alves desfilou seu “quarto de badulaques” repletos de dicas culturais. Falou de música clássica, citou o filme O Segredo de Beethoven, os livros de arte da editora Taschen, sua paixão pelo quadro Mulher de Azul Lendo uma Carta de Vermeer e pelas flores e caveiras de Georgia O’Keeffe, que nós também amamos. Livros? Rubem Alves despejou elogios à obra de Mia Couto, disse que gostou muito de O Caçador de Pipas e lembrou de uma obra de Milan Kundera chamada O Livro do Riso e do Esquecimento. Use a ferramenta da internet para descobrir estes brinquedos. É o que estamos fazendo por estes dias.
Por fim, Rubem Alves disse que o professor precisa ser educado para dar ouvido às crianças. Além de educar o olhar, é preciso educar o ouvir. O professor deve ser como uma mãe que garante, no seu silêncio observador, a mansidão do espaço da criança. Esta é, por fim, a essência da educação.
Chegamos famintos e saímos fartos. Devoramos os morangos que aquela tarde quente e seca nos ofereceu. Deliciosos. Brincamos muito naquele auditório. Se você ainda não conhece a obra de Rubem Alves não se intimide. Descubra “O País dos dedos gordos”, “Urubus e Sabiás” e outras de suas metáforas geniais no livro “Estórias de quem gosta de ensinar”. Depois de picado pelas palavras do professor você vai sentir uma vontade incontrolável de brincar com outros livros. Não é preciso ver Rubem Alves para se encantar por sua paixão pela educação. Leia e se apaixone também. Como diria o palestrante ao encerrar a sessão: “o pensamento tem gozo só de imaginar”.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Nunca se viu tanta gente!!! Parte II

Sem dúvida a Feira do Livro de Brasília em 2007 recebeu um público expressivo de crianças e de pais em busca de mimos literários para seus filhos. A seguir vou citar as principais atrações da feira para as crianças do Distrito Federal, segundo a listagem apresentada pela prórpia organização: A escritora portuguesa Alice Vieira, Gabriel, O Pensador (lançando seu livro de 2005, Um Garoto Chamado Rorbeto e que a apresentadora oficial insistia em ler ROBERTO) e Roger Mello. O poeta Elias José aparece escondidinho no que eles chamam de “Programação dos Contadores de História”. Não aparecem na Programação Infantil, mas estão na Programação Geral o indígena paraense Daniel Munduruku e o genial amazonense Thiago de Mello. Juntos, apresentaram o “Talk Show: Um papo Irado” (Sic). Não pude ir, mas adoraria ver um papo irado com Thiago de Mello. Acho que perdi um dos momentos mais interessantes da feira. Você não foi? Que pena... parece que tinham uns 10 ouvintes. Para aumentar o público convidaram uma turma inteira de crianças que teve que sair no meio do papo irado pois o ônibus estava indo embora.
Anna Claudia Ramos também constou na Programação Geral mas daí a confusão: no papel, suas palestras seriam das 9h as 11 e das 14 as 16 do dia 06 de setembro. Na internet, ainda está lá o horário da segunda palestra: das 11h30 as 13h30. Resultado, auditório lotado na primeira sessão e na segunda, uma confusão com gente chegando aos poucos até que dois terços estivessem ocupados.

O mesmo aconteceu com Roger Mello. Eu e Ana Paula estávamos assistindo a palestra de Elias José (abandonado pela equipe da feira, salvo pela divulgadora da Paulus) quando chegou Roger ciceroneado por sua mãe. Tinham lido no JORNAL que o lançamento de Zubair e os labirintos seria das 11h30 as 13h30. Na internet estavam divulgando das 17h30 as 19h30 (o folheto com a programação não havia saído ainda). Confusão geral. Ninguém da produção da feira soube informar qual o horário correto. Na dúvida, Roger desfilou talento, bom humor, gentileza e competência em duas sessões. A primeira para um auditório com meia lotação. A segunda restrita a 20 atentos e encantados ouvintes. Anna Claudia Ramos não pode fazer a gentileza que transbordou em Roger Mello porque, como qualquer mortal, precisava almoçar. No mais, eu comprei as águas e servi aos autores citados, segurei microfone para Roger poder mostrar os encantos gráficos da boneca do livro Zubair, apresentei Anna Claudia Ramos à platéia – deveria ter apresentado Roger e Elias – e ainda tive que levar Anna Claudia Ramos ao aeroporto pois o motorista que deveria fazer o trajeto não estava no local no horário combinado. A palestra dela acabou as 16h e o vôo foi marcado para as 17h30. Foi uma correria!!!
Eu não conhecia a premiada escritora portuguesa ALICE VIEIRA. Desejei conhecê-la mas, além de não poder participar dos seus encontros na feira (disseram que foram ótimos), não encontrei seus dois livros publicados no Brasil pela SM: Contos e Lendas de Macau e Os olhos de Ana Marta. Talvez tenha sido incompetente na minha busca. Mas o premiado livro infantil de Thiago de Mello AMAZONAS: No coração encantado da floresta também não apareceu na feira. Zubair, de Roger Mello, não chegou a tempo. A DCL não levou o livro Nos Bastidores do Imaginário, tema da palestra de Anna Claudia Ramos, para seu estande. Enquanto isso, o release de divulgação da Feira do Livro informa que “no meio da semana a grade de programação da Feira era voltada ao público infantil. Muitas peças de teatro, contação de história e oficinas lúdico-pedagógicas, com brincadeiras relacionadas a atividades literárias”. Não, não foi fantasia. Foi, sim, a programação infantil da 26ª FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA. Parabéns!!! Nunca se vendeu tanto livro. E, se estes livros estivessem por lá, teriam vendido muito mais.
P.S. Deixo aqui meu abraço ao amigo Lourenço Flores dono da livraria Esquina da Palavra. Sem lancheiras de livros, fantoches, jogos ou tapetes de EVA, deixou seu estande assim (foto acima) na manhã do primeiro sábado da feira.

Deve ter vendido todo estoque de livros fantásticos!!!

P.S. Esqueci de dizer que houve ainda (eu não vi, mas o release diz que houve) a incrível “mostra de cinema português”!!! (...)

Sensacional essa Feira do Livro, não foi?!

Nunca se viu tanta gente!!! Parte I

Tinha resolvido não falar sobre a Feira do Livro de Brasília de 2007 até receber por email a avaliação divulgada pela assessoria do evento contratada pela Câmara do Livro do Distrito Federal. Antes, quero deixar claro que sei das dificuldades financeiras e imagino o jogo de cintura que a organização deve ter feito para driblar as dificuldades. Mas acredito que com um bom planejamento e mais respeito com o leitor e com o autor (e isso não envolve dinheiro) a feira de 2008 pode ser melhor.
Não tenho competência para falar sobre a programação adulta da feira pois, embora seja leitor de Mirisola, amigo de Lira Neto, fã de Moacyr Scliar e das biografias de Paulo César Araújo, não me sinto à vontade para falar sobre eles, além de não ter acompanhado de perto esta programação. Deixo claro ainda que os Roedores de Livros não participaram da feira neste ano – ao contrário do que aconteceu em 2006 - o que pode dar vestígios a interpretações de que o que escrevo aqui tenha um cunho pessoal. Não é. A intenção deste texto é o de alertar a todos (inclusive ao grupo responsável pela Feira do Livro de Brasília) que não se faz um evento cultural pensando somente em números. Atenção, cuidado e respeito vêm sempre em primeiro lugar.
No primeiro parágrafo do tal email, destaca-se que “nunca se viu tanta gente. Todos os corredores da Feira ficaram congestionados por pessoas interessadas em saber as novidades do mundo literário”. Fala-se de meio milhão de pessoas, um número, sem dúvidas, expressivo. Fala-se no aumento das vendas e no fim de 10 dias, parece que isso é o que importa. Estivemos lá no primeiro dia. Passeamos pelas instalações. Tudo muito assustador para quem tem uma relação de proximidade com o livro. O release que ora recebo diz que “Os maiores visitantes da Feira do Livro de Brasília foram os alunos das escolas públicas e particulares” para logo depois arrematar: “De acordo com registros fotográficos, ônibus escolares enfileiraram-se na via que dava acesso a Feira e chegava a quase 1 km. As escolas participaram do projeto "Ler é legal", criado há 3 anos pela Câmara do Livro em parceria com a Secretaria de Educação do DF. O projeto permite que alunos e professores de ensino fundamental e médio do DF possam adquirir livros durante a Feira do Livro de Brasília. Um dos objetivos do projeto é ampliar o universo multiplicador de conhecimento e criar oportunidade de negócios, já que as Feiras de Livros tornam-se vitrines da cultura, capazes de promover os livros e aumentar o interesse pela leitura; oferecer ao público visitante a oportunidade de acesso as mais importantes obras dos autores nacionais e internacionais”.
Aproveitando a deixa, meus registros fotográficos neste post mostram as vitrines que ofereciam “as mais importantes obras dos autores nacionais”. São lancheiras de livros, fantoches, tapetes de EVA, máscaras, jogos. Predominantes nos estandes da feira. Impedidos de comprar outros itens que não fossem livros com os “Legais” do Governo, driblava-se a norma com gritos nos corredores engarrafados de crianças: - compre um livro e ganhe um fantoche!!! Durante a semana, a visitação descontrolada de alunos tornou a feira quase impossível de se transitar. “Parecia Natal”, diria o release da assessoria de imprensa. Se você é adulto e sabe como ficam os shoppings às vésperas do natal, imagine o que pode escolher uma criança, ou um professor responsável por mais de 30 delas num corredor repleto, entupido de gente. Como parar para escolher um livro? Melhor parar no stand de um dos personagens que mais trabalhou na feira: o Tinácio, que com talento e simpatia pintava o rosto das crianças. Talvez o momento mais feliz para a garotada.
Podemos dizer que esta pode ter sido também a feira da água. Lembro a todos que passamos por um momento de extrema seca em Brasília com a umidade do ar ficando muito abaixo dos 20% durante nossas tardes. NÃO HAVIA ÁGUA À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO. Nos dias em que acompanhei Elias José, Roger Mello e Anna Claudia Ramos a produção não providenciou sequer água para eles. Tínhamos que entrar no shopping para comprar água. E o que fazer com as crianças da periferia? Eles podem até dizer que tinha água por lá. Mas nos cinco dias em que freqüentei o local... só pagando!!! Nunca se vendeu tanto livro... e água!!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

24 horas de histórias para contar...

Depois de São Paulo, parada obrigatória no Rio de Janeiro para conferir a Maratona de Contos: 24 horas de contação de histórias!!! Das 18h de sábado às 18h de domingo, no Espaço SESC (Copacabana). Entrada franca, só era preciso paciência para entrar. Depois de lotado o auditório, só entra um quando outro sai. Foi assim que, lá pela meia noite adentramos naquele Tetaro de Arena. Gente com travesseiros, outros ligados no café... olhos sempre atentos. Brasília estava lá: Miriam, Aldanei e Teresa. A Carleusa também estava, mas tinha saído na hora da foto acima. Nós, só bicando um lugar na platéia para apreciar um número incrível de contadores de histórias de várias partes do planeta. Alguns excelentes atores, outros, enfadonhos. Mas, nos interessava mais os contadores que usavam a palavra como principal instrumento, refletindo textos da literatura infantil, mesmo que encantasse também aos adultos.
Neste perfil, da meia noite de domingo até as quatro da manhã, o destaque foi Regina Machado. Autora dos livros O Violino Cigano e outros contos de mulheres sábias, A formiga aurélia e outros jeitos de ver o mundo e o genial Nasrudim, Regina encantou a todos com três histórias do tempo das mil e uma noites. Foi aplaudida de pé, as duas da manhã, sob pedidos de bis. Naquela madrugada, encontramos nossa querida Lenice Gomes (na foto abaixo) que, devido a um acidente impensável, não pode desfilar seu talento contando suas sacadas folclóricas. Passavam das quatro da manhã quando cruzamos as ruas iluminadas de Copacabana, exaustos, felizes. Um pouco de sono para dar espaço para os sonhos contarem novas histórias.
Onze da manhã... dormimos demais!!! Engolimos o café de uma vez e corremos para o SESC. Todo mundo lá. Aldanei só descansara 60 minutos. Devorou 23 horas de histórias. Tinha a força dos jovens apaixonados. Grande Alda. Mas eu queria falar de uma dupla genial, os mestres de cerimônia da maratona: os atores Álvaro Assad e Marcio Moura (integrantes do Centro Teatral e Etc e tal) dominaram a cena com entradas hilárias plenas de interação com o público. De pijamas, de toalhas, de mestres cuca... impecáveis na arte de entreter com inteligência.
O domingo carioca apresentava suas cores quentes, mas nós não víamos o tempo passar naquela arena. Principalmente quando fomos surpreendidos com a apresentação de Ana Luisa Lacombe. Numa homenagem à Sylvia Orthof, contou a trilogia da galinha: “Foi o ovo, uma ova”, “Galo, galo, não me calo” e “Mudanças no galinheiro mudam as coisas por inteiro”. As crianças tiveram crises de riso que contagiaram a todos. Lacombe mostrou que o bom contador, estuda sua história e encanta, mesmo respeitando o texto literário. Que show!!! De lambuja, contou "Se as coisas fossem mães". Após cada história, sempre apresentava o livro de origem.
Boa parte do Firimfimfoca (nosso espetáculo-surpresa que está quase saindo do ovo) estava presente naquela arena. Adoramos. Depois daquela apresentação, feita sob medida para nós, fãs de Sylvia Orthof (agora, fãs da contadora carioca radicada em São Paulo), não perdemos tempo: convidamos Ana Luisa Lacombe para uma canja em breve na Capital Federal. Assim, deixamos a maratona felizes e ansiosos para retornar em 2008 para a Cidade Maravilhosa que, mesmo no interior de um teatro arena nos presenteou com maravilhas.

domingo, 9 de setembro de 2007

Esse coelho e essa ovelha pertencem a Júlia Bernardes

Quando Júlia tinha quatro anos ganhou um coelho de pernas longas que virou seu melhor amigo. Dormiam juntos, comiam juntos. Juntos brincavam, dormiam, amavam. Um ano depois, o coelho ganhou um nome: Dudu. Depois de batizado, o amor e o grude entre eles só aumentou. Foram incontáveis as vezes que o coelho sofreu acidentes e precisou dos meus cuidados de avó. Costurei suas pernas, bumbum, orelhas, braços... Um dia Dudu foi gravemente ferido: perdeu um dos olhos. Júlia sofreu, chorou e me pediu para guardá-lo, protegendo-o de outras avarias mais graves. Outro dia, passeando com o pai numa dessas lojas de departamentos minha princesa trouxe outra criatura para casa. Era uma ovelha. Paixão imediata. Chamou-o de Gugu. Não importa a diferença entre os espécimes. Definitivamente são parentes. O caçula foi à escola, viajou, sofreu várias avarias e, na terceira tentativa, casou-se com a porquinha Beatriz, que faltou duas vezes a cerimônia. Recentemente houve um breve desentendimento entre Dudu, Gugu e minha filha. Ela quis a companhia de um certo ursinho que falava, andava, cantava, dançava e tudo o mais. Não havia espaço para os três. Pena para os mais velhos. Sofri com o desapego. Lembrei de uma canção MARAVILHOSA do Palavra Cantada chamada Antigamente. Investi uma boa quantia para que Júlia, depois de uma semana de puro encanto, abandonasse aquele amor de verão trancado na caixa em cima da estante. Está lá até hoje. Dudu e Gugu voltaram para a cama da minha princesa. Ainda estão lá. Estou certa que vigiam o sono de Júlia todas as noites. Viajam com ela pelos planetas, florestas e continentes. Nada podem separá-los. São cúmplices.
Assim são a menina Emília e seu coelho Stanley. Amigos inseparáveis que sofrem com o assédio da poderosa Rainha e seu séqüito. Ela usa e abusa do poder real. Quer porque quer o coelho de Emília. Sente inveja do amor que vê transbordar entre os dois. Acredita que o coelho pode lhe trazer a felicidade. Exige que Emília troque-o por todos os brinquedos do mundo. A menina não cede. Nada pode comprar seu inseparável coelho de pelúcia. Não se compra um amor. Pelo menos no mundo da criança. Um dia, Sua Majestade seqüestra Stanley. A partir daí, Emília sai em busca do seu amigo e, de forma surpreendente, ensina a Rainha como conquistar um parceiro fiel para viajar no mundo da fantasia. O livro ESSE COELHO PERTENCE A EMÍLIA BROWN (Cressida Cowell, com ilustrações de Neal Layton, Martins Fontes) carrega a simplicidade de uma história encantadora para todas as idades. É uma pancada no universo capitalista em que os brinquedos são descartáveis. As crianças se identificam com a menina e seu brinquedo preferido. Todos já tivemos um. Guardamos em nosso íntimo as aventuras de pelúcia de tantos animais, as Fofoletes, os Falcons e tantos outros companheiros de infância que nos ajudaram a trilhar os caminhos da fantasia. É por resgatar a cumplicidade entre o brinquedo e a criança que este livro emociona a todos. É um sucesso aqui na toca dos Roedores. Leve pra casa você também. Quem sabe possa tornar-se seu livro de estimação. Não tenha dúvidas: você vai se apaixonar por ele.

A traça no traço de Jô Oliveira...

Foi no 7 de setembro. O Pavão Misterioso de Arievaldo Viana e Jô Oliveira ganhava os céus de Brasília. Os Roedores de Livros fomos abraçar os amigos e certificarmos o vôo certo, ligeiro, daquela máquina fabulosa feita de palavras, rimas e belíssimas ilustrações. Aí, aconteceu. Foi de uma surpresa que nos imprimiu um riso bobo na face que até agora "morde" as orelhas. Nosso querido ilustrador pernambucano brasiliense nos presenteou com o original do Roedor que fez ano passado e que hoje é estampado - em versão preta e branca - na sacola dos Roedores de Livros. Se o Pavão já valeu o dia, o roedor original, então... Mas aí, Jô conseguiu surpreender mais: apareceu com uma traça roedora de livros, de chita, voraz... Um verdadeiro Lepisma Saccharina. Mais um presente para integrar nossa futura exposição de originais que conta, além do talento de Jô Oliveira, com ilustrações de Eva Furnari, Biry, Ohi, Laura Castilhos, entre outros. Aproveitamos para agradecer a todos pelo carinho de sempre e, nesta ocasião, nosso sempre afetuoso abraço de letrinhas ao Jô. O Tino deixa o convite para um café com espuma de leite!!! Huummm!!! Hatuna Matata!!!