quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Prazer em ler - Roedores em Sampa!!!

Faz frio. Muito frio em São Paulo. O termômetro marca 12º Celsius. Mas nosso coração bate forte, esquentando a alma. Estamos mais uma vez bebendo na fonte. Eu e Ana Paula participamos do Seminário Prazer em Ler de Promoção da Leitura, evento capitaneado pelo Instituto C&A em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Hoje foi o primeiro dia. No palco principal, Teresa Columer, Angela Lago, Graça Lima, Ana Maria Machado. Nos bastidores, novos amigos e reencontros. Muito bom notar que a amizade plantada no Salão do Rio de Janeiro em maio passado já oferece deliciosos frutos. No meio de tudo, encontramos o sempre querido Renato Alencar, que tanto nos acolheu com sua simpatia quando os Roedores de Livros acontecia na Biblioteca Comunitária T-Bone. Mas nossa anfitriã neste evento é, sem dúvida, a Hilariana. Menina-fada desbravadora. Encantada com o universo das letras. Descobre aos poucos o poder transformador das histórias. A força de um bom trabalho tendo o livro como ferramenta. Divide tudo conosco. É a mágica que faz da divisão uma soma. Por aqui, estamos todos aprendendo. Teremos ótimas histórias para contar. Até a volta com fotos, fatos e muito mais. Agora vou correr para as cobertas. Enquanto escrevia este texto, deixei o Antes do Depois do professor Bartolomeu me esperando... ele me convida a deitar palavras no travesseiro. É sempre um carinho na alma. Inté!!! Abraços de letrinhas direto da terra da garoa.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Papa-figo na Ceilândia...

Ainda é muito recente e intensa a sensação de ver a garotada chegar com o livro na sacola dos Roedores. Desde então os primeiros momentos são de compartilhamento das histórias descobertas. No último sábado, 18/08, ouvi frases do tipo:

- Olha o que tem de legal no "meu" livro!!!
- Ah, a história do meu foi assim!!!

Enquanto isso, eu só de olho no que seria para mim o melhor dia do ano do projeto!!! Por vários motivos. Um deles foi notar o engajamento dos outros roedores. A preocupação com os "detalhes" que tanto frisamos nas reuniões e que as vezes são esquecidos. O papa-figo que a Juliana trouxe junto com as quadras de advinhas do Ricardo Azevedo deixou o grupo atento, envolvido. É isso: envolvimento!!! Acho que até os meninos não deram tanto trabalho nesta semana. Isso tem diminuído a cada encontro. A literatura tem aplacado a indisciplina.Disciplina. Uma das crianças não apareceu. Talvez por conta da minha exigência por disciplina. Outra, pela primeira vez não foi repreendida durante as três horas do projeto. Talvez por conta da minha exigência por disciplina. Não sei como avaliar isso. Vou esperar a semana que vem e espero encontrar todos na Pró Gente!!!
A oficina de artes foi outra felicidade. Vilma e Luciana deixaram todos pintarem o sete, o oito, o saci, a mula e outras fantasias. A experiência com tinta e pincel parece ter ampliado o sorriso de todos. Acredito - por algumas dificuldades motoras que notamos - que muitos não desfrutam do prazer de desenhar e pintar em casa e na sala de aula. Eles brincaram bastante com cores, pincéis. Comparavam os trabalhos. Tinha sempre um olho espiando para ver se estava melhor ou pior... enfim, a oficina foi um show!!! Para encerrar, gostaria de falar dos bastidores. Além da Edna e do Célio, que nem sempre aparecem nos comentários, mas que têm fundamental importância para o desenvolvimento das nossas idéias, nada disso seria possível na Ceilândia sem o empenho e doação dessas três maravilhas aí abaixo. Representando a Pró Gente que nos recebe com toda a atenção devida temos - da direita para a esquerda - a Tita, que nos ensina as entrelinhas, os cuidados do trabalho com as crianças daquela região (vocês não imaginam como são tortuosos os caminhos), a Néia e sua filha, imprescindíveis para o sucesso do lanche e da limpeza do espaço. Meninas, obrigada de coração. Sabemos das dificuldades - tantas. Sabemos o quanto seria fácil dizer: - NÃO!!! Obrigada pelo SIM que nos abraça, fortalece e transforma a vida de todos em volta.
Ih, eu ia me esquecendo... todo mundo levou livro para casa!!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Os vizinhos de Cora Coralina...

Hoje pela manhã vi na TV que em alguns estados do Brasil, como Goiás, São Paulo e também no Distrito Federal comemora-se no dia 20 de agosto o DIA DO VIZINHO. O Brasil inteiro deveria lembrar também que esta é a data do natalício de CORA CORALINA e agraciar a programação com a doce poesia desta poeta-doceira goiana. A nós, Roedores de Livros, cabe lembrar que esta comemoração foi uma sugestão de Cora aos governantes do seu tempo. Ela costumava dizer que o vizinho “é mais que parente, pois é o primeiro a saber das coisas que acontecem na vida da gente”. Como forma de homenageá-la, decidiram que o DIA DO VIZINHO seria comemorado no dia do seu ANIVERSÁRIO. É certo que Cora morava no interior e que aqueles eram outros tempos. Para lembrar, aproveito para postar fotos da nossa última visita ao Museu Casa de Cora na Cidade de Goiás – um local imperdível onde a poesia ultrapassa os limites do papel e alcança o olhar pleno de horizontes. O poema abaixo está numa moldura pendurada na parede do quintal da casa de Cora e conquistou nossos corações (Eu, Lucia Elena, Anna Claudia Ramos e Tino Freitas) naquela visita. Uma dica: se o guia parecer apressado, não lhe dê ouvidos. Tenha paciência para absorver toda a sabedoria que impera no lugar. Uma sabedoria simples de quem sabe cultivar os amigos, de quem ainda dá bom dia ao vizinho.
Minha Poesia... Já era viva e eu, sequer nascida.
Veio escorrendo num veio longínquo de cascalho.
De pedra foi o meu berço.
De pedra tem sido meus caminhos.
Meus versos: pedras quebradas no rolar e
Bater de tantas pedras
Em torno, o abandono.
Aninha, a menina boba da casa.

Foi uma ex-escrava que me amamentou no
Seio fecundo.
Eram seus braços prazenteiros e generosos que
Me erguiam, ainda rastejante, e Aninha
Adormecia, ouvindo estórias de encantamento.

Minha madrinha Fada...
Eu era Aninha Borralheira.
Era ela que me tirava das cinzas e me calçava
Sapatinhos de cristal.
Me vestia. Me carregava na Procissão.
Eu dormia na cadeirinha de seus braços.
E sonhava que era um anjo de verdade
Aconchegada na nuvem macia de seu xale.

Toda melhor lembrança da minha pueria
Distante está ligada a essa antiga escrava.

No tarde da minha vida assento o seu nome
Na pedra rude do meu verso: Mãe Didi.

Cora Coralina.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Poeta, a canção e o amor dos elefantes.

Foi no tempo dos LPs. Lá em casa havia um disco do Paulo Diniz numa capa escura que destacava a silueta do seu rosto. Morávamos na Bahia. Tinha uns oito anos. Era algo como um “The Best Of”. Ainda hoje posso cantar de cor músicas como Pingos de Amor, Quero Voltar Pra Bahia, Um Chope Pra Distrair, O Meu Amor Chorou... mas tinha uma que chamava mais atenção: contava a história de um tal de José. A letra era diferente das outras. Umas palavras que soavam estranhas para mim. Sabia que o personagem estava sofrendo. Curioso, quis saber de quem era a música. Bem, a música era do Paulo Diniz mas a letra era de um tal Carlos Drummond de Andrade. Achei o nome bonito. Imponente. De gente importante. Mais tarde descobri que era poeta. Gostava mais do Vinícius, do Quintana... mas Drummond sempre esteve ali ao meu lado. Ele costumava dizer que “sentimos saudade de momentos de vida e momentos de pessoa”. Hoje – lembrando a passagem de 20 anos sem Drummond – senti esta saudade inteira. Lembrei de pai, de mãe, de amigos distantes e do velho som Gradiente tocando o LP do Paulo Diniz. Engraçado... aquilo mexeu com meus oito anos.


Tempos depois, já adulto, descobri um conto de Drummond para crianças. Não, não era poesia. Ou era? HISTÓRIA DE DOIS AMORES (Record, com ilustrações de Ziraldo) conta a história do elefante Osborne e do “pulgo” Pul que resolveu se instalar nas orelhas do paquiderme. A partir daí vivem aventuras no mundo animal. Guerras, intrigas, sete anos de paz e, enfim, a procura por um grande amor. O livro fala principalmente sobre a amizade. Socorrer o amigo nas horas difíceis, usar da franqueza mesmo correndo o risco de perder o amigo e reconhecer quando se está errado. Algo em comum entre você e seu amigo do peito? Pois é assim que seguem juntos a pulga (ou melhor, o pulgo) Pul e o elefante Osborne até encontrarem cada um a sua cara-metade. Ziraldo arrebenta nas ilustrações. Dá um banho de originalidade ao criar seus elefantes com bocas na perna, ou pernas na boca, enfim. Espero que vocês já tenham encontrado “um amor tão bonito como a luz das estrelas e o perfume das violetas”. O meu amor eu encontrei. É um amor como o dos elefantes de Drummond e Ziraldo. Você não a conhece? Está aqui embaixo na foto que registra aquela manhã cinzenta do dia em que encontramos o poeta em Copacabana. Ele estava com frio. Oferecemos o casaco. Ele aceitou. Falamos sobre a infância. Ele disse: “A criança imita o adulto e este, a criança. Ao brincar com a criança, o adulto está brincando consigo mesmo”. Deixamos o poeta ali na calçada. Engraçado... aquilo mexeu com meus trinta anos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A mais malvada das malvadíssimas mulheres...

Quando estávamos no Rio de Janeiro fomos conhecer um sebo indicado pela Mariana Massarani. Chama-se Beta de Aquarius e fica no bairro do Catete, pertinho do Flamengo, onde estávamos hospedados. Lá, parecia que o tempo havia parado. Uma aura mística envolvia o lugar. Talvez fosse a presença de Ísis, a gata siamesa que estava sempre ao lado do simpático proprietário Antônio. Ela parecia personagem saída do filme MIB (Homens de Preto). Olhava para nós como se buscasse os livros da nossa mente. Encantados pela aura do local e seus habitantes, mergulhamos naquela floresta de livros em busca de alguma preciosidade. Encontramos a primeira edição da Bolsa Amarela, entre outros títulos que insistiram em mudar para Brasília. Nestes, um chamou mais atenção que os outros: A PIOR MULHER DO MUNDO (Fernando Hinojosa, Nova Fronteira).
Não, não era nenhum especial do Guinnes e sim uma história espetacular sobre injustiça, maus tratos e esperteza para se livrar das adversidades. O livro conta a história de uma mulher malvada, “a mais malvada das mulheres malvadíssimas do mundo”. Maltratava os filhos, os animais, os cidadãos daquele local. Todos tinham medo dela. Seu prazer era provocar o outro. Incomodar. Ferir. O conto segue até que um dia a população descobre um meio de “derrotá-la” usando da sabedoria do homem mais velho do povoado. O mexicano Fernando Hinojosa é um premiado escritor de literatura infantil no seu país com livros publicados no mundo inteiro. Neste livro, criou um texto que, lido em voz alta para as crianças, provoca interjeições. ARGH!!! UI! NOSSA!!! CARACA!!!
As ilustrações do Rafael Barajas são extensões do texto. Carregam a mesma força do beliscão na bochecha e do limão pingando no olho. Na edição brasileira os desenhos estão em preto e branco mas é fácil imaginar as cores das malvadezas da pior mulher do mundo. Não pense que é um livro politicamente correto. Mas é aí que está o seu encanto. Se seu filho (assim como os Roedores de Livros) se diverte cantando Atirei o Pau no Gato e O Cravo Brigou com a Rosa, vai devorar este livro. Vai odiar a pior mulher do mundo. Vai ler a história até o fim para descobrir como ela foi enganada. E vai crescer e se tornar um cara legal assim como o menino maluquinho. E se você está no Rio de Janeiro, corre lá no catete para conhecer a Ísis e o Antônio. Com certeza você encontrará um livro com o desejo de ser adotado. E o precinho, ó... vale a pena!!! That´s all, folks.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Funcionário da Fantasia Pública...

Atenção, atenção!!!
Entra em cena o CAPITÃO JONAS RIBEIRO – FUNCIONÁRIO DA FANTASIA PÚBLICA!!!

Depois de uma apresentação-declaração-de-amor de Íris Borges numa brincadeira com os títulos de seus livros, Jonas Ribeiro assumiu a PALAVRA no auditório da Escola Parque 308 Sul e encantou cerca de 300 pessoas que lotavam aquele local na última segunda, 13 de agosto, ávidas por dicas sobre como se tornar um grande contador de histórias.

Eis algumas dicas condensadas daquele bate papo:
Antes de tudo, é preciso um trabalho diário com a PALAVRA, em casa, sem a presença do público. Pesquisar as nuances, o perfume, as cores de cada história. Ler sempre. Conversar bastante. Não entregar o “discurso” pronto. Deixar espaços. Estar sempre atento às sutilezas. Reciclar para não ficar ultrapassado. Renovar o repertório.

Passado este momento, Jonas nos presenteou com uma história tibetana conquistando o silêncio de todos. No conto, a personagem materna perdia a visão pouco a pouco. Enquanto isso, era fácil perceber olhares envoltos na emoção da PALAVRA. Jonas Ribeiro era todo fábula. A história dançava na sua voz, nos seus gestos, por todo o auditório. Provocou suspiros. Arrancou aplausos ao fim de 15 minutos. O público estava no bolso.

Depois, com a ajuda do inseparável baú repleto de lenços, Jonas nos apresentou sua bruxa Cremilda provocando risos e a participação de todos durante a história. Tiradas geniais com a do GLOSS e a de que “todo professor adora transformar garrafa PET numa obra de arte” provocaram aplausos espontâneos além de vários “iuhús” na platéia. Jonas Ribeiro encanta. Distribui abraços, beijos, autógrafos. Como num passe de mágica guarda a noite e o tempo no seu baú. Cria uma viagem no tempo. Saímos todos crianças de lá. Mais sapecas, peraltas, felizes.
Na platéia, foto acima, parte dos Roedores de Livros: Eu, Tino, Edna e Luciana. Encontramos ainda muitos contadores de histórias da cidade... e a cada dia descobrimos mais gente se engajando nesta lida!!! Na foto abaixo, Míriam (elogiada publicamente por Jonas acerca da sua performance no último sábado), Aldanei e Teresa. Conversa vai, conversa vem, parece que vamos nos encontrar no SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CONTADORES DE HISTÓRIAS promovido pelo SESC do Rio de Janeiro no final deste mês. Motivo para obedecer a mais um “mandamento” de Jonas Ribeiro para ser um bom contador de histórias: conhecer outros trabalhos, reconhecer talentos, se envolver com os gigantes pois, convivendo com estes, pode-se agigantar também, compartilhando erros e acertos. Sabido este Capitão Jonas!!! Gigante este funcionário da fantasia pública!!! Seguimos aprendendo. Iuhúúúú!!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A casa encantada de Íris e suas histórias fabulosas...

Íris Borges é a literatura infanto-juvenil em Brasília”. Assim escreveu Lourenço Cazarré em “O Livro das Feiras do Livro de Brasília”. Pois foi na casa desta mineira de Coromandel que na noite do último sábado (11/08), Eu e o Tino compartilhamos histórias, sorrisos, projetos, amigos e uma vista maravilhosa onde as estrelas encontravam as luzes de Brasília.
A casa guarda encantos em cada cômodo, objeto, gato, livro. Segundo Íris, foi planejada, construída e decorada para abrigar escritores, contadores de histórias e muita, muita inspiração. Pois foi cercado desta aura literária que o sarau ganhou forma e as histórias foram encontrando seus cômodos: Tino dividiu seus gansos na cozinha, Carleuza sacou a bruxa Miséria embaixo de uma mangueira, Simone emocionou a todos com Todas as Noites do Mundo contada na cama da anfitriã, Iclélia começou com um poema e arrebatou com a fabulosa Pele de Bode, recitada na biblioteca. Na sacada, Aldanei encantou com uma história sobre pai e filho e quase todos nos “molhamos” com a areia que saiu da sua imaginação. Por fim, Míriam sacou mais uma maravilha com o califa Harun al-Rashid no enredo.
Depois, todos nos abrigamos sobre o céu, as estrelas e o calor de uma linda fogueira para uma sessão de piadas. Ainda entre os convidados, Abadia e seu esposo (Sítio Geranium), João, sua esposa e filho, além de Mel (uma menina maravilhosamente sapeca) e Antônio (filho da Alda). Um mestre na arte de contar histórias, Jonas Ribeiro teve seu dia de espectador. Sua presença, sempre inspiradora, foi mais uma estrela a iluminar nosso céu naquela noite.
Alta madrugada, hora de voltar para casa. Deixamos para Íris um mundo de sonhos e desejos. A literatura infantil ganhou uma noite de gala. Estou certa de que os espíritos dos Grimm, Andersen, Perroult e Sherazade alimentaram o fogo daquela fogueira. Bruxas, princesas, duendes e dragões estiveram conosco na noite de sábado. Você não acredita? Que pena. Nós acreditamos. Hatuna Matata!!!

Colhendo fantasias...

No últino sábado, 11/08, levamos nosso Baú Criativo para o projeto na Ceilândia. Dentro, envelopes com diversos objetos (recortes, brinquedos, etc...) que "pescados" aleatoriamente pelas crianças serviram para a criação de uma história. Com o objetivo de exercitar a fantasia, uma após a outra, as crianças sentadas em círculo descobriam o conteúdo do seu envelope e encaixavam o mote na história que fora contada até então.
Daí, surgiu um gigante num jardim que encontrou um monstro que o transformou num caranguejo. Lá pelas tantas apareceu um macaco que comeu o crustáceo, se se casou com o monstro (!!!) e foram felizes para sempre... Durante a criação, alguma dificuldade dos meninos para desenvolver o enredo zás trás, porém, muitos risos com as soluções encontradas.
Enquanto isso, na sala da fantasia, Juliana apresentava o pau de chuva para as crianças. Não sem antes falar sobre o bandeirante Anhanguera e contar a Lenda do Guaraná. Saímos todos um pouco mais indígenas.
O Tino, com seu novo chapéu, voltou a se apresentar para o grupo, que se mostrou mais afinado com canções como Sai Preguiça, Marinheiro Só, Maracangalha, entre outras. Tem coisa nova vindo por aí...
Ao final, muita gente querendo levar livros para casa. Dos quase trinta empréstimos da semana passada, dois esqueceram de trazer e dois faltaram. Foi surpreendente. Lembramos que não existe multa e estes dados servem só como controle interno do projeto. That´s all, folks.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Anjos que explicam mas não se explicam...

No final do majestoso filme “O ano em que meus pais saíram de férias” o menino Mauro, personagem principal da trama diz:
- Exílio é quando o pai da gente atrasa tanto, mas tanto, que nem aparece em casa.
Naquele momento tive a certeza que a frase era da Adriana Falcão. Esperei os créditos e... SHAZAM... lá estava ela como colaboradora do roteiro. É impressionante como alguns autores e ilustradores conseguem desenvolver um estilo próprio. Estas explicações pinçadas da mente criativa da autora me conquistaram desde que descobri o MANIA DE EXPLICAÇÃO (tenho falado tanto deste livro que em breve farei uma resenha). Depois veio o LUNA CLARA & APOLO ONZE. Até que ela resolveu agrupar várias de suas sacadas geniais no PEQUENO DICIONÁRIO DE PALAVRAS AO VENTO. O Tino, por sua vez, cuida com muito carinho da edição de A MÁQUINA com ilustrações de um tal Rinaldo (é a com capa branca, não com a capa do filme), que desde a primeira vista o deixou com uma pulga atrás da orelha que só saiu ontem.

Pois é: Adriana Falcão esteve em Brasília, a convite do Conjunto Nacional, para falar sobre seus livros, sua carreira de escritora e outras mumunhas. Lá descobrimos algumas afinidades. Não gostamos de decidir nada. Quando possível, preferimos delegar essa responsabilidade – ou culpa – para outros. O Tino, a exemplo da Adriana, leu O ESTRANGEIRO também aos 17 anos (presente de um amigo). Livro que desatarraxou uns parafusos da sua cabeça.

Outra coisa bacana deste encontro foi descobrir que tanto talento passa por um doloroso “processo de criação” quando o livro é por encomenda. Segundo ela, normalmente passa por três tentativas iniciais de resolver de uma forma mais simples:
1) Será que tem algo que já escrevi que pode servir?
2) Devolver o dinheiro depositado pela editora...
3) Se matar...

Adriana é capaz de passar a noite procurando a melhor palavra para determinada frase. Às vezes, seus anjos entregam a frase inteira de uma vez. Esses anjos...

O fato é que ela tem graça e talento de sobra. Eu, Tino e Célio, os Roedores de Livros presentes ao encontro, saímos de lá ainda mais fãs. Depois de autografar nossos livros (num bate papo informal em que a pulga do Tino se esfacelou no chão: Rinaldo, o ilustrador daquela belíssima edição de A MÁQUINA é, sim, marido de uma amiga em comum, Germana Accioly... mais do que isso não posso dizer), sessão de fotos e a lembrança do momento em que o meu sapo-príncipe-cearense, num misto de nervosismo e timidez, pediu o microfone e disparou para a escritora uma explicação para o termo ADRIANA FALCÃO: - É quando 400 páginas parecem 60 minutos ou quando a leitura se torna tão gostosa quanto um bolo de chocolate. Esses anjos...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sacolas e livros na Cidade de Deus do DF...

Livros: "onde moram as histórias", segundo Adriana Falcão. Objetos da maior importância para que nosso projeto ajude a formar crianças aptas a viver suas fantasias. Capazes de vencer seus medos. Agentes da sua própria mudança social. No último sábado, 04 de agosto, colocamos em prática mais um desafio a que nos propusemos ao trazer os Roedores de Livros para a Ceilândia: Criar uma Biblioteca Infanto-Juvenil e proporcionar o empréstimo de livros para as crianças. Nosso acervo ainda é tímido, porém, vigoroso. Estamos quase com 400 títulos. O mais importante: as crianças estão a fim de conhecê-los. E neste sábado, levaram os primeiros livros para casa.
A Pró Gente estava repleta de crianças. Dividi as turmas e, enquanto uns ouviam as peraltices de Pedro Malasartes com a Juliana, o Tino e a Luciana; outros faziam origamis com Célio e Vilma, eu batia um papo informal com um terço da garotada. É triste saber que as palavras "tiro", "baculejo", "polícia", "cigarro" entre outras façam parte do vocabulário principal de muitos dos nossos pequenos. Um deles me perguntou se no projeto não passava vídeo pois ele tinha um muito bom em casa e queria trazer para assistir com todos: Cidade de Deus!!! Cadê a infância destes meninos?
Talvez por isso, o fascínio com o contato com o livro esteja tão latente em TODOS. A hora da leitura primeiro vira uma farra com a escolha dos livros. Precisamos descobrir um jeito mais simples, porém ainda acredito que a livre escolha do que se quer ler é muito importante. Escolhido o livro, é a hora da leitura, de compartilhar descobertas e de pedir ajuda quando não conhecem uma palavra, por exemplo.
Não costumo colocar o lanche em nossos posts, mas quero lembrar que o projeto é VOLUNTÁRIO e necessita de APOIO FINANCEIRO para manter principalmente o lanche e o material das oficinas. Alimentamos cerca de 40 pessoas por sábado. Não é fácil!!!
Por falar em apoio, foi graças à iniciativa da nossa querida ALESSANDRA BERNARDES (CASA OLÍMPICA e MARLESKA CONFECÇÕES), que podemos oferecer às crianças nossa tão desejada Sacola de Livros. Assim, eles podem levar os livros da biblioteca para casa com todo o cuidado. Ficou fashion. Usamos como tema a ilustração que o JÔ OLIVEIRA nos presenteou em 2006. Todos adoraram. E o primeiro dia de empréstimo de livros foi um sucesso!!! Querida Alê, muito obrigada por mais esta força. Em breve, quem sabe, venderemos a sacola dos Roedores de Livros para ajudar nos custos do projeto. Saímos da Pró Gente depois do meio dia tomados de uma alegria só. Alegria? Pois é, segundo Adriana Falcão, alegria "é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro". Seguimos em frente com o bloco na rua!!! A la la ÔÔÔÔÔ!!!