No início da semana saímos eu, Pedro e Júlia para dar uma volta na Livraria Cultura. As "crianças" procuravam por Naruto, Capricho e outros heróis - facilmente encontrados nos primeiros 5 minutos na revistaria. Depois, fui garimpar as novidades enquanto os dois se esparramavam nos puffs em frente à TV na seção infantil. Marcamos para dali a meia hora no café do andar superior. Pontualmente estavávamos todos tomando um café ao lado de alguns livros, mas o que conquistou a todos nós acabou ficando na loja por causa do preço - e não do conteúdo.
O tal livro, BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO (Ilustrações de Daniel Bueno) é um lançamento da Cosac & Naify e tem chamado a atenção de toda a mídia por receber o rótulo de infantil e ser de autoria de um dos pilares da poesia concreta no Brasil, Décio Pignatari. Parêntesis: dia desses minha amiga Denise confessou ter em sua biblioteca um artigo raro - primeira edição do cultuado Galáxias de outro concretista, Haroldo de Campos. O livro segue do início ao fim sem pontuação fértil de neologismos e genialidade (leia um trecho). Fecha o parêntesis. Não é costume neste blog escrever sobre um livro que não foi lido na sua íntegra, mas o café que tomei ao lado das crianças e de Bili foi merecedor destas linhas. Aliás, merece muito mais que estas poucas palavras.
Não dá para rotular o livro como infantil. Vai além disso. É um playgroud onde o leitor (seja ele adulto ou criança) é convidado a dar loops, cair de grandes alturas enfim, voar com as palavras. Júlia e Pedro se interessaram primeiro pelo formato do livro. Grandão (30cm x 15cm), com uma capa que "veste" o livro por inteiro e convida logo o olhar curioso para conhecer o conteúdo. Eu já tinha dado uma olhada no livro e enlouquecido com o projeto gráfico de Luciana Facchini sobre ilustrações de Daniel Bueno. Aliás, o projeto - belo e inteligente - é uma maravilha e deveria ser creditado na capa por sua importância ao brincar junto com as palavras de Pignatari.
Fui tomando o café enquanto os meninos folheavam a obra, descobrindo algumas das suas delícias. Ora sorriam, ora maravilhavam-se. Em determinado momento (há duas páginas que encontram-se dobradas) discutiam se deviam ou não desdobrar as páginas. Desdobramos. Surpresa!!! Havia texto escondido por lá. Deixei os meninos brincando com Décio, Daniel e Luciana e fui ao caixa levar outras delícias. Mas estou economizando para trazer BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO na minha próxima visita. Vale cada centavo. É a palavra lapidada com beleza e inteligência. Capaz de encantar crianças e adultos. E isso, definitivamente, não se encontra todo dia por aí. Hatuna Matata.
P.S.1 Hoje saiu no Caderno C do jornal Correio Braziliense uma resenha - mais técnica e precisa - sobre o livro. Para ler o texto de João Paulo é necessário clicar sobre a imagem da resenha (acima). Se vocês quiserem descobrir mais coisas, recomendo uma passadinha na livraria mais próxima. Se não der para levar o livro para casa, leve - como eu, Pedro e Julia - a sensaçào de ter apreciado uma obra de arte.
P.S.2 Saiu uma entrevista com Décio Pignatari na revista BRAVO! Ali também você encontrará mais informações sobre o livro e seu autor.
2 comentários:
Oooopa! TO indo buscar sua encomenda, Tino... vou dar uma fuçada pra ver se encontro este por lá.
Beijos
estou o bili aqui em casa...
doido para começar a ler...
eu, fissurado por poesia concreta,
tenho que me render às delícias do livro infantil do décio.
só a encadernação já valeria a leitura... aliás, esse é um tipo de livro que se lê desde a livraria... nos tipos.
adorei o blog...
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