quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Edição especial do concurso "Mãos da Cidadania"!!!

O jornal Correio Braziliense, na edição da última sexta-feira (21 de novembro), trouxe encartada uma edição especial apresentando os 14 finalistas do concurso MÃOS DA CIDADANIA. A premiação era justamente a publicação de reportagem sobre tais projetos. Acima, fac-símile da página que se reportou aos ROEDORES DE LIVROS. Para conhecer o conteúdo da reportagem é só clicar sobre a imagem que ela se abrirá num tamanho propício à leitura.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Roendo uma "Pérola" no almoço.

Depois da festa da semana anterior, a manhã do sábado, 18 de outubro, se encheu de Roedores de Livros. O frio se agigantava na Ceilândia, acompanhado de uma fina garoa e, mais uma vez, nossas atividades ganharam as dependências da nossa pequena, porém aconchegante, sala. Casa cheia. Para conter um pouco a agitação da turma que resolveu brincar com as almofadas o Tino introduziu um pouco de música mais calma. Alecrim, Dona Aranha e outras canções seguiram até que a atenção da turma pudesse estar voltada - em quase sua totalidade - para nossas leituras.
Aqui cabe um parêntese. Notamos que a cada semana, algumas das crianças que frequentam o projeto há mais tempo têm aparecido com familiares, aumentando nossa turma. Imagino que eles queiram dividir entre os irmãos, irmãs, primos e primas a delícia de passar as manhãs de sábado conosco. Pelo menos é assim que vejo. Na foto acima, Wanessa recebe o carinho da pequenina irmã durante a mediação. Naquela manhã, também recebíamos a primeira visita da irmã de Deysiane. Fecho o parêntese.
A mediação foi muito boa. Enquanto Eu, Edna e Ilse resolvíamos alguns trâmites burocráticos do projeto, Tino começava a leitura de Quem quer este rinoceronte? e a atenção das crianças foi transferida para os desenhos de Shel Silverstein que salpicavam bom humor ao seu texto. Bingo: as almofadas estavam esquecidas sob as cabeças e bumbuns da turma. O livro era o centro do mundo naqueles minutos de fantasia.
Depois, um conto acumulativo foi crescendo na voz do Tino e ganhou também a voz das crianças que iam compreendendo o ritmo do texto e se sentindo à vontade para entrar na história. Foi assim que O Presente de Aniversário do Marajá fez o maior sucesso!
Por fim, Em cima e embaixo encantou a todos primeiro por seu formato que sugeria uma leitura diferente da tradicional. Depois, não é novidade: histórias em que a esperteza vence a preguiça estão entre as preferidas de todas as crianças. Pelo menos, o sentido de "justiça" continua fazendo sucesso e servindo de condutor entre a fantasia e o mundo real.
Quase meio dia, as crianças já deviam estar a caminho de casa. Ao sair para o carro, cansados e felizes como sempre desde 2006, vimos a cena reproduzida na foto acima: Deysiane, sentada no topo do escorregador do parque em frente à creche, lia as primeiras páginas de um dos livros da Coleção Pérola, que desde a sua cehgada ao nosso acervo, tem feito um secesso tremendo entre as meninas. Não deu para esperar chegar em casa. A leitura começou ali mesmo. Reparem na sacola azul descansando por sobre um dos pneus que cercam o parque. Esperava pacientemente a hora de abrigar o livro que Deysiane devorava com apetite voraz. O almoço dos Roedores de Livros, naquele começo de tarde, foi ainda mais saboroso.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Vem cá brincar com Elias José!!!

O sol descansava no Guaíba naquela segunda-feira, 10 de novembro, quando comecei a tocar os primeiros acordes de RIMA PRA POETA, canção que fiz em homenagem ao nosso querido ELIAS JOSÉ. Era um encontro de escritores, ilustradores, editores, livreiros, professores, admiradores, AMIGOS do poeta que há poucos meses foi conhecer as estrelas. A palavra mais repetida naquela noite foi GENEROSIDADE. E quanto Elias José foi generoso!!! Muitos falaram ao microfone de seus encontros com o Poeta, outros escolheram poemas de Elias José. Muitos se calaram entre lágrimas de emoção e de saudade. Entre os presentes, Silvinha, sua esposa, e a filha Lívia. Ao final, novamente ao som da música Rima pra Poeta, o público se confraternizou e brincou numa roda que cantava repetidamente o refrão: "Vem cá / achar uma rima pra Poeta / Vem cá / Brincar com Elias José". Brincamos todos. EMOCIONANTE!!!

Para os que quiserem recordar aquele encontro ou para os que quiserem conhecer a música, tomei a liberdade de fazer um clipe com fotos tiradas por amigos, a ilustração que Elma fez em homenagem ao Poeta e capas de livros de Elias José. Assistam e brinquem conosco.


Roedores de Livros na Vitrine da Leitura em Porto Alegre.

Um dos motivos para estarmos na Feira do Livro de Porto Alegre foi o convite da Câmara Rio-Grandense do Livro para que apresentássemos o projeto na VITRINE DA LEITURA, um espaço localizado na Biblioteca do Cais onde projetos de leitura dão uma mostra das suas atividades. Na manhã da segunda-feira, 10 de novembro, abrimos o nosso painel e ficamos à disposição do público curioso por conhecer nossas ações.
Sempre por perto, cuidando de nós, dos livros da Biblioteca do Cais e de outras tantas coisas, estava a Graça Artioli. Seu carinho enraizou no coração da gente. Foi um dos grandes presentes que trouxemos da viagem à Porto Alegre. Graça veio leve, com seu riso farto, num cantinho do coração dos Roedores de Livros. Obrigada por tudo.
Outras queridas que passaram na Vitrine da Leitura naquela segunda foram a pernambucana Lenice Gomes (escritora e contadora de histórias) e a Gabriela Gibrail (Coordenadora da Flipinha). E ficou a certeza de que tem muita gente boa trabalhando para que o livro e o prazer em ler esteja cada vez ao alcance de mais pessoas.
De Caxias do Sul veio a Elaine Pasquali. Nos conhecemos no Salão do Livro da FNLIJ, que aconteceu no Rio de Janeiro, em maio passado. Este ano, ainda nos encontramos no seminário do PNLL em Sampa e agora, mais um encontro, desta vez no seu estado natal. Ela está com um livro no prelo. Chama-se Formigas e é ilustrado por André Neves, que também assina o belíssimo projeto gráfico (vimos o arquivo). Ainda vai dar muito o que falar. Esperamos ansiosamente encontrar as formigas de Elaine nas livrarias o quanto antes.
Por fim, nós dois. Eu e ele. Ele e eu. Tino e Ana Paula. Parte dos Roedores de Livros. Boa parte da outra parte estava ali atrás, no painel. Foi uma manhã e uma tarde de muitas visitas, muito bate papo. É sempre muito bom compartilhar nosso trabalho com outras pessoas ligadas à educação e cultura em torno do livro. Aprendemos um pouco e passamos outro tanto da nossa pequena, porém intensa, experiência com Mediação de Leitura junto à crianças. Hatuna Matata!!!

A Fada que é uma Jóia!!!

Dia desses a toca dos ROEDORES DE LIVROS recebeu uma pequena jóia de papel em forma de livro. Foi o carteiro quem trouxe. Veio embalado com um carinho incomum: papel de seda azul, papelão ondulado e linha guardavam um conteúdo igualmente raro e belo. A literatura encontrou a arte gráfica e daí nasceu A FADA INFLADA. O livro é uma produção independente da Rabiola, auto-intitulada fábrica de livros. O texto é da Luíza Leite, que assina as ilustrações ao lado da Tatiana Podlubny, também responsável pelo encantador projeto gráfico.

O livro, pequeno apenas no formato (14cm x 16cm), conta a história de Fada, filha de Mãe Feiticeira e Pai Mago, uma menina como tantas outras, cheia de disposição para viver a sua meninice mas, às vezes, indisposta para seguir os caminhos que a levariam ao futuro sonhado por seus pais. Um dia a Fada, cansada de tantas cobranças, ficou cheia. Inflou. Subiu. Sumiu no céu. Descobriu o espaço vazio onde tudo cabia. E voltou para casa.

Eu adoro fadas. Adoro que adoro. E, no Brasil, pouca gente brincou com tanto talento com este personagem mágico quanto Sylvia Orthof. Em seus livros, criou a UXA, sua personagem mais famosa. Da sua cuca mirabolante também saíram a Fada Fofa e a Fada Lá de Parságada. Sempre brincando com as palavras e com a imaginação dos leitores. Não foi diferente com a Fada Inflada de Luíza e Tatiana. O texto, recortado em frases curtas, passeia pelo espaço do papel e brinca de pula-pula na fantasia da gente. Gosto, por exemplo, quando a autora joga com as palavras revelando que “Aos poucos, aquele futuro riscado num papel feito um mapa foi deixando fada enfadada”. O jogo continua: “Quando Fada quicou no teto, ficou realmente encafifada”.

Entrei no jogo. Gostei da brincadeira. Meus olhos não cansam de pousar nas ilustrações. Traços com cara de infância, inflados com aquarelas. Tudo feito com muito bom gosto. Fora do comum. Um dos melhores livros que li este ano. De repente, o fim. Uma página salta na minha mão!!! Defeito de fabricação? Nada disso. Apenas mais uma delicadeza desta produção independente: uma folha com adesivos. Meu lado criança se inflou mais ainda. ADOREI a surpresa!!!

As autoras contam que “tudo começou com a idéia de fazer alguns exemplares encadernados à mão, para dar de presente aos amigos. Depois surgiu a vontade de multiplicar não só as páginas como o número de livros. Quem sabe 50, 60... ah vamos fazer logo 100! Nossa, mas isso significa imprimir mais de 2700 páginas em casa! A matemática estava ficando complicada. Como é impossível deter o impulso de um broto rompendo a casca, confiamos que a própria cria apontaria o caminho: imprimir o livro em gráfica”. Para chegar a produto final, fizeram até um Vale Fada, vendendo o livro antecipadamente para os amigos, amigos dos amigos, vizinhos dos amigos dos amigos... até que A Fada Inflada nasceu bonita e com saúde para, quem sabe, ganhar olho de menino mundo afora.
O fato de não ser apadrinhado por nenhuma editora formal deu ao livro um caráter mais artesanal. Não tem ISBN, nem código de barras e, é claro, não está nas grandes livrarias. Mas você o encontra à venda no blog A FADA INFLADA, que divulga o livro. Vale a visita e o investimento. Até o preço é bacana: vinte pilas! Compre sem medo. E arranje um lugar bacana na estante. Aqui em casa, vez em quando a Fada infla e voa da estante para o quarto, para a mesa do computador, dá umas voltas de carro e retorna para o lado de Uxa e Fofa. Talvez o mundo do livro não tenha dado ouvidos à Fada Inflada. Ainda. Mas a dupla Luíza e Tatiana apostou na história e a transformou numa jóia rara. Ganhamos nós, leitores! Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Roedores de Livros, Tchê!!!

De 31 de outubro a 16 de novembro aconteceu a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre, o maior evento do setor, realizado a céu aberto, no continente americano. Eu e o Tino fomos convidados a algumas participações na programação de lá e vimos uma tremenda organização que deve servir de espelho para as tantas feiras do livro que acontecem pelo Brasil. A partir desta postagem ofereceremos aos leitores deste Blog um pouco do que observamos nos dias em que os Roedores de Livros andaram pelos vários corredores construídos na Praça da Alfândega e à beira do apaixonante rio Guaíba.
Foi a nossa primeira vez na Feira de POA. Embora todo mundo falasse bem e tudo o mais, não imaginávamos o que seria o tal do "tudo o mais". Há uma ilha no meio da praça para colhermos as informações sobre onde se encontra os livros de tais editoras. Isso porque são mais de 150 barracas repletas de livros (veja aqui o MAPA ADULTO e o MAPA INFANTIL). Todas seguindo um mesmo padrão estético, feitas de madeira, reforçando a idéia de "feira". A distribuição das barracas fica por conta da Câmara Rio-Grandense do Livro, presidida por João Carneiro. Um sorteio define qual o espaço que cada livreiro ou distribidor ocupará. Além de bonita, a feira é democrática.
Fica difícil imaginar que uma feira de tal porte sobreviva "apenas" da venda de livros ao consumidor final. Sem os tão afamados vales-livros distribuídas pelas secretarias de educação municipais tão presentes em outros eventos do gênero. Mas a Feira de Porto Alegre - aberta ao público, sem cobrança de ingressos - vendeu neste ano mais de 400 mil livros sem o tal apoio institucional. Um número expressivo. Sinal de que o povo gaúcho tem uma relação intensa com a cultura da leitura. Em qualquer dia da semana vimos muita gente circulando nos corredores, comprando livros, participando das oficinas, das outras atrações paralelas (o estado homenageado - Pernambuco - truxe uma extensa programação cultural) e das sessões de autógrafos.
Foram lançados mais de 800 livros durante a feira. As sessões de autógrafos ficavam concentradas num setor exclusivo, com uma barraca ao lado vendendo exclusivamente os livros que participariam daquela programação. Todo dia o acervo era trocado recebendo os novos lançamentos. Alguns títulos saíam deste circuito (os infantis, por exemplo) tinham seu espaço no Cais), mas a maioria dos lançamentos aconteceram ali. Um número expressivo de autores locais, além de convidados de todo o Brasil, transformavam aquele local num emaranhado de filas para autógrafos. Bonito de se ver.
Incrível também a atenção que a produção da Feira prestou aos convidados (autores, ilustradores e demais convidados). Desde a acolhida no aeroporto, ao acompanhamento na feira e outras carícias, tudo nos pareceu rico em cuidados. Sem muito espaço para reclamações. Como não acompanhamos muito a programação adulta, acho imprescindível, neste primeiro momento, exultar o trabalho de SÔNIA ZANCHETTA, Coordenadora da Área Infantil e Juvenil da Feira. Ela parece ter o domínio da coisa. Chama todos pelo nome, sabe os atalhos para resolver os imprevistos (é claro que eles acontecem) e - como vocês podem ver na foto acima, ao lado do Tino - exibe um sorriso largo e sincero mesmo no últmo dia da Feira. Ela está ali, acima de tudo, por amor ao universo da literatura. Paixão e trabalho unidos formando um evento de sucesso. Bonita de se ver e de conviver. Valeu, Sônia.
Por fim, deixo vocês com o gostinho de acompanhar aqui, nas próximas postagens, alguns encontros maravilhosos, o relato de algumas oficinas, a exposição Traçando Histórias, a homenagem ao Poeta Elias José, o trabalho da Confraria das Letras em Braile, a Biblioteca do Cais, nossa participação na Vitrine Literária, o projeto Asteróide e outras visitas paralelas à feira. Esta última foto retrata a delícia diária de ver o sol se esconder no Guaíba a cada final de tarde, ali, em frente aos armazéns cheios de livros e amigos na Feira do Livro de Porto Alegre. Bonito de se viver. Já sentimos saudade. Voltaremos. Hatuna Matata.

domingo, 16 de novembro de 2008

Dia das Crianças, livros, sacolas e alegrias...

Véspera do dia das crianças, o sábado, 11 de outubro, exigiu uma coordenação bem antecipada para que nossas crianças tivessem uma manhã repleta de boas surpresas. Duas semanas antes enviamos emails para a rede mais íntima de amigos solicitando uma colaboração em reais para que as idéias se transformassem em algo palpável. Lembro ao leitor deste blog que o projeto ROEDORES DE LIVROS é mantido, provido, fomentado por seus integrantes, pessoas físicas, voluntários e patrocinadores únicos. Nunca esquecendo de mencionar que a CRECHE COMUNITÁRIA DA CRIANÇA cede uma sala para abrigar o acervo literário do projeto e as nossas atividades semanais. Mas para o dia das crianças pensamos em algumas ações que pesariam muito no bolso se fôssemos contar apenas com o nosso investimento. Por isso, o pedido para a colaboração dos amigos. E os amigos que já conhecem o projeto nos ajudaram sim a tornar aquele encontro ainda mais encantador.
Chegamos cedo para preparar a recepção com um delicioso bolo e salgadinhos e refrigerantes. A turma foi aparecendo aos poucos, sem desconfiar das novidades. E nós, ainda pensávamos que o quórum seria menor pois a escola ao lado promovia um evento gratuito para as crianças. Qual nada. Nossas crianças encheram a sala de meninices. Desde a tradicional guerra de almofadas (sim, elas chegaram à nossa pequena biblioteca) até a interação com as histórias escolhidas para a mediação. O sucesso daquela manhã foi o livro AS CARTAS DE RONROROSO (Hianyn Oran e Sarah Warburton, Salamandra). A tropa ficou atenta às trapalhadas do gato Ronroroso no trabalho de convencer a sua bruxa a não desistir de ser o que de fato era. O livro é rico em ilustrações e em cartas e bilhetes que saem do livro ou se desdobram das páginas, sempre acompanhados de um texto bem ágil. O ponto alto foi a hora de lançar o feitiço final. As crianças repetiram as palavras apontando para o Tino como se ele fosse a vítima. Todos embarcamos na história. Uma delícia. Por falar em delícia, depois da mediação, hora do lanche que foi devorado e repetidamente devorado. Huuummmmmm!!!


Após a barriga cheia, veio a hora de mais uma surpresa. Antes, já havíamos entregue almofadas e um super lanche. Abri uma caixa repleta de livros novos. Alguns doados por editoras, outros comprados para o acervo do projeto. A turma sentou-se em círculo e eu fui tirando um a um, cerca de 50 livros. Apresentei os títulos, falei um pouco sobre cada um, sempre pedindo a atenção da turma para as aquisições.
Depois que todos estavam dispostos no centro da sala, informei que, naquela manhã, cada um tinha que escolher UM livro dos novos para empréstimo. Foi uma chiadeira só. Não porque teriam que escolher do acervo recém-chegado. Mas porque seria somente um livro. Com chiado ou sem chiado, o fato foi que cada um escolheu bem o seu livro. Só depois que cada um estava com um exemplar novo nos braços, informamos que aquele seria nosso presente do dia das crianças. Ou seja: CADA CRIANÇA GANHOU UM LIVRO ESCOLHIDO POR ELA MESMA. Elas não esperavam por isso. Foi uma festa. Valeu demais!!!

Quando o frisson foi se amansando, revelamos a última surpresa daquela manhã, não sem antes fazer todo um suspense. Confeccionamos novas sacolas de tecido, mais resistentes, mais bonitas e personalizadas, para que também sirvam de passaporte para o empréstimo dos livros. Gente, os olhos de todos brilharam ao receber cada um a sua sacola. Naquele dia, as crianças saíram dos ROEDORES DE LIVROS com a sacola recheada de novidades. E nós, renovados e agradecidos a todos os amigos que ajudaram com suas colaborações. Um lanche reforçado, novos livros (para as crianças e para o acervo) e novas sacolas fizeram toda a diferença. E, por fim, é sempre bom saber e sentir que não estamos sozinhos neste trabalho. Há muitos ROEDORES DE LIVROS invisíveis por aí. Em nome das nossas crianças e da equipe do projeto, deixo aqui um sincero e maiúsculo MUITO OBRIGADA!!! Fiquem com o nosso sempre apertado abraço de letrinhas. Hatuna Matata!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Reportagem no Correio Braziliense

Daqui de Porto Alegre, vimos na internet que saiu uma reportagem sobre o projeto Roedores de Livros no Correio Braziliense, edição de domingo passado, 09/11. A repórter apareceu por lá no sábado passado no final da manhã e colheu as informações que reproduziu com alguns equívocos. Nosso projeto não tem a menor intenção de educar formalmente as crianças. Mexemos com uma outra coisa: CULTURA e FANTASIA. Não promovemos Rodas de Leitura. O que fazemos é um pouco mais sério: é uma MEDIAÇÃO DE LEITURA, em que o livro é usado como instrumento principal para despertar o prazer em ler. Depois da mediação, o contador vai embora, mas o leitor fica ciente de que a história ficou no livro e ele pode retomar o encanto do enredo através da sua leitura. Quem nos recebe com muito carinho, doando uma sala para as nossas atividades é o CENTRO COMUNITÁRIO DA CRIANÇA, desde o início de 2008. No mais, para conhecerem o conteúdo da reportagem, é só clicar sobre a imagem acima. Há distorções na fonte, pois não foi escaneada e sim baixada no site do jornal. Mas o texto está como foi disposto na página do diário.

Ah, o gancho da reportagem foi a nossa indicação para o PRÊMIO MÃOS DA CIDADANIA que divulgará os vencedores numa revista especial encartada no jornal no final deste Mês. Se vocês quiserem votar, cliquem na imagem que abre a coluna à direita do blog.

Ói nóis em Porto Alegre!!!

Os Roedores de Livros foram convidados a participar da Feira do Livro de Porto Alegre, apresentando um histórico do nosso trabalho, contando histórias e participando também da homengagem póstuma ao querido Poeta ELIAS JOSÉ. É a nossa primeira vez por aqui e - por enquanto - só podemos afirmar que é uma coisa fora dos padrões. Positivamente incrível!!! Depois, com mais calma, falaremos de tudo. Por enquanto, deixamos aqui a foto do pernambucano mais gaúcho do planeta: André Neves. Ele, que mora por aqui há uns 10 anos e é o nosso cicerone. Estamos juntos pra lá e pra cá nestes dias maravilhosos. Nosso projeto tem despertado a curiosidade de novos amigos queridos, velhos amantes da literatura. Até mais. Hatuna Matata!!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O LIVRO DO ANO DE FICÇÃO - PRÊMIO JABUTI.


Renata Nakano, no Blog Resumo do Cenário, espalhou por aí e a gente comemora e dá mais uma sopradinha. O grande Prêmio Jabuti premiou como O LIVRO DE FICÇÃO DO ANO um título de LITERATURA INFANTIL!!! Foi o MARAVILHOSO livro O MENINO QUE VENDIA PALAVRAS de Ignácio Loyola Brandão (com ilustrações de Mariana Newlands, editora Objetiva).

É um prêmio a ser comemorado por todos!!! O espaço que a "grande mídia" oferece à Literatura Infantil é minúsculo. Por isso, o fato do Jabuti (premiação de maior relevância no cenário nacional) citar um livro do gênero como o melhor do ano certamente faz um barulhinho bom.

Parabéns a Ignácio, a Mariana, a Objetiva e à Literatura Infantil!!!

Para ler o comentário de Renata Nakano, CLIQUE AQUI.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sejam Bem Vindos!!!

A rosa desabrochou no jardim da Creche Comunitária da Criança naquela manhã de sábado, 04 de outubro. Inspiração bonita e perfumada para o primeiro dia em que o projeto aconteceria na sala da biblioteca. Fazia frio lá fora e, embora as almofadas ainda não estivessem prontas, a melhor opção foi usufruir do espaço que nos foi oferecido no início do ano e que, até então, servira "apenas" como sala para nossas estantes recheadas, porém sempre famintas, de livros.
A sala não ficou tão cheia de crianças. Apareceram uma dúzia de roedores de livros mirins. Mas, de fato, estava cheia de histórias. No início, todos estranhamos a "casa nova". Era muito menor se comparássemos ao jardim onde acontecíamos até então. Tino espalhou um pouco de música antes de começarmos a mediação e a sala pareceu maior. A seleção de livros deu liga e pescou a meninada. Comecei escolhendo um livro do acervo do projeto. Ali mesmo, na estante, ao alcance dos olhos e das mãos. Nada melhor do que Sylvia Orthof e a sua Maria Vai com as Outras para inaugurar as leituras. Logo, logo, os "também" do texto ganhavam as vozes e as "marias" roedoras seguiam o enredo comigo até que uma feijoada despertou algumas gargalhadas. E a hora do almoço ainda estava longe.
Uma das músicas que o Tino fez para o Firimfimfoca (espetáculo que mistura contação de histórias e teatro) chama-se "Eu não, eu nada" e começa com uma frase chocante para os ouvidos adultos: "Se você come cocô". Mas as crianças adoram!!! É a canção que introduz a história Maria vai com as outras no espetáculo. Pensando nisso, o livro escolhido para a mediação seguinte foi Da Pequena Toupeira que Queria Saber quem Teria Feito Cocô na Cabeça Dela. A história é muito boa e as ilustrações atiçam a curiosidade do leitor. Foi divertidíssimo!!!
Terminei minha mediação com o livro-mistério Quem Matou Honorato, o rato. A cada página as crianças iam juntando as pistas e, ao final, o Ariel adivinhou o desfecho. Foi uma surpresa para todos.
Então, o Tino pescou do nosso acervo Um Papai Sob Medida e a turma se identificou com a história da filha que relata a busca da sua mamãe, uma heroína imbatível, por um novo marido, repleto de qualidades. A vida não é tão perfeita assim. E o livro, demonstra isso de uma maneira muito sutil.
Por fim, a imagem acima foi escolhida por alguns motivos. Se você já acompanha nosso blog há algum tempo, verá que paredes e teto cercam o que acontecia antes sob o céu azul e um amplo jardim. Para nós ficou a certeza de que nosso cantinho está garantido com sol, chuva, frio ou calor. Os Roedores de Livros acontecerão ali - no jardim ou na sala - independente da meteorologia. Para 12 crianças. Para 30!!! De qualquer forma, ali, na Creche Comunitária da Criança, quem quiser se chegar para uma aventura semanal no universo dos livros, dará com os olhos na frase estampada na foto e escancarada em nossos braços abertos: SEJAM BEM VINDOS!!! Hatuna Matata.

O Saci Roedor de OHI.


Em 31 de outubro de 2006, ganhamos de presente do Ohi o Saci Roedor reproduzido acima. Aproveito a data para relembrar este momento e convidá-los a conhecer mais sobre sacis e sobre o trabalho deste ilustrador no link daquela data. Viva o DIA DO SACI!!! Hatuna Matata!!!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Roedores de Livros selecionado para o prêmio Mãos da Cidadania

Queridos amigos, nesta quinta, 30 de outubro, o jornal Correio Braziliense publica em seu caderno Cidades a relação de 14 projetos selecionados para a final do prêmio MÃOS DA CIDADANIA, uma iniciativa daquele jornal que busca divulgar ações voluntárias no Distrito Federal, divididas em cinco categorias: Educação, Cultura, Tecnologia, Saúde e Esporte. Nosso projeto ROEDORES DE LIVROS aparece como um dos selecionados na categoria CULTURA. A divulgação do nosso trabalho em meio a outras ações igualmente importantes já vale como premiação, pois dá mais visibilidade ao projeto junto ao público local. E essa visibilidade pode significar mais conquistas futuras e até - quem sabe - servir de inspiração para que outras pessoas se sintam motivadas a agir em prol da sociedade. Parabéns ao Correio Braziliense pela iniciativa. Lembramos ainda que será aberta uma votação para que os internautas escolham os melhores projetos em cada categoria, a partir de amanhã, no site MÃOS DA CIDADANIA. Em breve, postaremos mais informações. Hatuna Matata.

P.S. Para ler a reportagem, basta clicar sobre a imagem acima.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Aprendendo com as crianças e a chuva.

Diário dos roedores – dia 27.09.2008 – por Edna Freitass

Desde que entrei para os Roedores de Livros percebo que as crianças têm muito a nos ensinar. O dia 27 de setembro foi mais um dia de aprendizagem. Amanheceu chovendo muito forte no distrito federal. Depois de mais de 100 dias de seca, a água não pingava: jorrava do escuro céu molhando o Guará, a Ceilândia e Sobradinho. Cidades distantes entre si, mas que abrigam a base dos Roedores de Livros. Era muita chuva. Ana Paula ligou e conversamos acerca do temporal que caia e especulamos se o projeto aconteceria ou não naquela manhã tempestuosa. Irmos até Ceilândia naquele aguaceiro era um risco até de um possível acidente de carro. Mas adúvida maior era outra: será que as crianças sairiam de casa para ir ao projeto?

Após muita conversa, chegamos a conclusão de que seria quase certo de que elas não iriam até lá. Assim, cancelei a encomenda que havíamos feito para o lanche. Mas, combinei com a Ana Paula que ela e o Tino não precisavam ir. Eu e Ilse iríamos até Ceilândia, aproveitando a possível ausência das crianças para organizar o acervo da nossa biblioteca. Com a falta de pessoal, algumas burocracias necessárias ficaram de lado e aquela seria uma oportunidade de fazer um levantamento dos empréstimos, ver quais livros não haviam sido devolvidos, conferir os títulos, etc. Quarenta minutos depois, ao chegarmos ao centro comunitário, o pátio estava vazio de gente e cheio de água. Naquele momento, a chuva só pingava como uma torneira mal-fechada. Normalmente quando chego, sempre encontro algumas crianças brincando no parquinho. E ele também estava vazio. Pensei, é claro, que todas as crianças decidiram ficar em casa. Naquele clima era, de fato, tentador ficar na cama, sob o cobertor. Ilse e eu descemos do carro, pegamos todo o material para fazermos a catalogação dos livros. Nos dirigimos para a porta principal da creche. O segurança se antecipou e abriu a porta para nós.
De repente... Surpresa!!! Não acreditei no que via. Ali na sala de recepção havia 12 crianças, sentadas num sofá. Empilhadas feito pingüins espantando o frio. E como fazia frio. O assento era pequeno para tantas crianças, seus casacos e guarda-chuvas. Nos olharam com um ar de felicidade. Imediatamente pensei na ação que deveria tomar. O lanche já estava cancelado. Ana Paula não havia aparecido para fazer a mediação. O que fazer? O jeito foi improvisar: pedi desculpas e expliquei que, por alguns motivos importantes, o projeto não aconteceria naquela manhã como de costume. Apenas faríamos a devolução dos livros e o empréstimo dos novos. Em poucos minutos, já sem a chuva, as crianças voltaram para suas casas.
Ilse e eu ficamos com o nosso coração apertado. Eu me senti tão abalada que sequer fotografei as crianças, a chuva... a situação. Pouco depois, assim que iniciamos as atividades de catalogação, outra surpresa: Ana Paula chegou. O Tino havia ficado em casa, mas ela, assim que a chuva diminuiu de intensidade, resolveu enfrentar a distância e o asfalto escorregadio. Ficamos nós três e os livros. Sem as crianças. Organizamos a quase-bagunça, planejamos algumas ações para breve mas, principalmente, saímos de lá com mais uma lição na bagagem. Lição que, mais uma vez, aprendemos com as crianças do projeto: enquanto hesitávamos entre ir ou não ao projeto, principalmente na dúvida sobre a presença das crianças naquela manhã chuvosa, 12 crianças foram para lá com a CERTEZA de que estaríamos esperando por elas. Elas enfrentaram a preguiça de uma manhã fria e tempestuosa para nos encontrar e ouvir histórias. Isto sim é que é uma ótima história para contar!
P.S. Ah... e não adianta São Pedro insistir. Depois da lição aprendida, pode vir chuva, granizo ou neve, que estaremos a postos!!!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A vida alegre de uma encontradora de coisas.

Não tive a oportunidade de ler PÍPPI MEIALONGA aos 10, 12 ou 15 anos. Acho que a personagem seria uma companheira e tanto naqueles anos. Certamente não existia um exemplar na biblioteca da minha escola (li quase tudo de lá). Mas a personagem do clássico livro que a sueca Astrid Lindgren publicou em 1946 me encantou em 2002. Aquela leitura transportou meus pensamentos para os anos em que minha infância fazia fronteira com a adolescência quando, de certa forma, eu estava sozinha no mundo. Sozinha com minhas idéias, com meus sonhos. Lembrei que vez em quando queria ficar só por um bom tempo, livre para brincar o tempo que quizesse, tomar banho de três em três dias, comer fora de hora e ter quantos bichos de estimação coubessem na minha vontade. Coisas de criança.
A vida de Píppi é um pouco fora dos padrões: mora na Vila Vilekula na companhia de um cavalo e do Sr. Nilson, seu macaco de estimação. E os seus pais? Sua mãe havia morrido quando ela ainda era um bebê e seu pai, um capitão de navio que sumiu depois de uma tempestade, sobrevivera ao naufrágio e, desde então, se transformou no rei dos canibais de uma ilha distante. Antes de sumir, deixou uma arca cheia de moedas de ouro para a filha que passou a ser dona do seu nariz, embora toda a cidade estranhe aquela situação. Quando a coisa parece que vai desandar, ela diz: “não se preocupem comigo, eu sempre dou um jeito”. E ela dá mesmo.
Píppi tem um jeito especial de se vestir, é forte o suficiente para carregar seu cavalo nos braços e – acima de tudo - é uma exímia contadora de histórias. Afinal de contas, viajou o mundo inteiro no navio de seu pai. Quando seus vizinhos, os pequenos irmãos Tom e Aninha, tentam colocar um pouco de realidade na vida fantasiosa de Píppi, ela sempre sai com uma tirada incrível. Depois diz que não faz mal mentir um pouco. E afirma que “no Congo Belga não há uma única pessoa que diga a verdade. Todo mundo mente o tempo todo.” O texto - com tradução direto do sueco por Maria de Macedo - é genial, repleto de bom humor e frases cheias de genialidades infantis que nos fazem retornar aos tempos de meninice. O capítulo que relata sua ida à escola é o meu favorito. Mas o livro todo é delicioso. Passaporte direto para a infância feliz, sem preconceitos, sem dogmas, sem tritezas. Assim, a vida é boa. Mais ainda quando se é criança.
Há alguns dias, acompanhando as tarefas da escola de minha filha Júlia, vi que ela carregava a Píppi Meialonga à tiracolo. A mesma edição de capa laranja, com ilustrações de Michael Chesworth, que eu havia descoberto em 2002. Perguntei se a professora tinha mandado ela ler aquele livro e ela respondeu que não. “Eu que escolhi este”, disse a minha menina. Fiquei pensando no que se passava no fundo dos seus olhos enquanto lia a história de uma menina inteligente, poderosa e capaz de jogar um menino do chão para o topo de uma árvore. Advinhando meus pensamentos, Julia disse – apertando seus olhinhos cor de jabuticaba e segurando um riso sarcástico: “estou adorando”. Não pude deixar de compartilhar meu sorriso com o dela.
Passadas algumas semanas, Píppi esteve novamente em nossas vidas. Eu passeava numa livraria com o Tino quando me deparei com a novíssima edição brasileira que conta com a mesma tradução da anterior, porém num acabamento de luxo que conta com capa dura, sobre capa, um formato maior, papel especial e com ilustrações coloridíssimas de Lauren Child (aquela que também escreve e ilustra Charlie e Lolla e Clarice Bean). O projeto gráfico possibilita que, muitas vezes, texto e ilustração façam parte de uma mesma linha do enredo. Não é só ilustrar o que está escrito e sim fazer parte da história. Confesso que num primeiro momento achei tudo a cara dos personagens tradicionais da ilustradora, mas aos poucos fui pescando as sutilezas. A nova edição é um primor. Veio correndo aqui para casa e o Tino foi, enfim, conhecer a famosa aventura da menina superindependente.
No meio disso tudo, Júlia apareceu com um trabalho da escola que pedia para que o aluno criasse algo sobre algum livro que tivesse lido este ano. Não foi surpresa a escolha dela: Píppi Meialonga. Aí eu improvisei uma peruca cor de cenoura, um vestido colorido, os sapatões do Tino agasalhando meias do Fluminense (sim, ela é uma fiel tricolor). Minha menina tinha o seu Sr. Nilson de pelúcia agarrado ao seu pescoço. A noite anterior à apresentação foi uma festa aqui em casa. Píppi reinou mais uma vez, 60 anos depois, incorporada por todos nós, encantados com sua história fantástica.
É incrível pensar que a Imprensa Oficial da Suécia, ao receber os originais do livro em 1944, recusou sua publicação e ainda recomendou por escrito: “Esperamos que isto não seja mostrado ao Comitê de Bem-Estar da Criança”. Um ano depois, Astrid enviou seu texto para um concurso de uma editora. Ganhou o primeiro lugar e a publicação no ano seguinte. Píppi hoje mora no coração de crianças e adultos em mais de 70 países. Experimente brincar com seus filhos de fazer biscoitos de canela à moda Píppi ou de personificar os “encontradores de coisas” pela estrada a fora. E se você achar que isso pode ser um problema, inspire-se na pequena Píppi. Ela sempre dá um jeito. Hatuna Matata!!!
P.S. Enquanto escrevia este texto, o CD do VINCE GUARALDI TRIO, A BOY NAMED CHARLIE BROWN descia gostoso por meus ouvidos, recheando-os com os maravilhosos temas instrumentais que ouvíamos nos geniais desenhos do SNOOPY e sua turma.