terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A piscina de Coca-cola de Ondjaki

Foi numa segunda feira. Entrei na livraria procurando a última edição do João Teimoso (texto lindo demais do Luiz Raul Machado com ilustrações da Graça Lima) quando me deparei com um livro exposto na seção de lançamentos, cuja capa me chamou a atenção. Um close mostrava os pés de duas crianças que se dependuravam num muro. Sob seus pés o título em vermelho: OS DA MINHA RUA (Ondjaki, Língua Geral). Peguei o livro e fui em busca do João Teimoso. Pausa para o café e para descobrir a primeira história do livro: O vôo do Jika. Pronto, estava fisgado pelo texto saboroso do angolano Ondjaki. Angolano? Pois é, as coincidências começaram ali, na origem do autor e, consequentemente, no ambiente onde as histórias se passavam: as ruas de Luanda. Há dias que eu procurava algo para presentear uma nova amiga, Joana Abreu, que partiria em breve, de férias, para Luanda, capital de Angola, país africano. Naquele dia, trouxe Os da minha rua para minha casa.

Na terça, fazendo minha leitura diária do jornal Correio Braziliense, li ao final da matéria sobre a presença de Paulo Lins em Brasília a seguinte nota:

Ondjaki - Finalista do Prêmio Portugal Telecom e um dos maiores escritores angolanos da atualidade, Ondjaki estará hoje em Brasília para lançar, às 19h, no Café com Letras, seu mais recente livro, Os da minha rua, e autografar sua obra anterior, Bom dia, camaradas.

Quase não acreditei em mais esta coincidência. À noite, fui lá encontrar a anfitriã Luiza (propietária do Café com Letras) e conhecer o autor africano (foto abaixo). Eu já tinha lido A televisão mais bonita do mundo, o Kazukuta e Jerri Quan e os beijinhos na boca. Ondjaki é um autor jovem. Talvez por isso, suas impressões da infância vivida em Luanda se pareçam em muito com as de minha meninice no interior da Bahia. Ao vivo, esbanjou simpatia com todos e nos presenteou com relatos engraçadíssimos sobre noites de autógrafos e outras aventuras. Eu havia levado mais um exemplar – o da Joana – para ele autografar e confessei que não tinha terminado a leitura, mas adorado a forma como ele escondia no texto a surpresa acerca do Kazukuta e compartilhei minhas lembranças da novela O Bem Amado, amareladas pelo tempo. Ele abriu um sorriso e senti que fomos cúmplices em tantas outras descobertas de menino que habitavam aquele livro.
A semana passou corrida com as obrigações que tínhamos com o Firimfimfoca – que encerrava a primeira temporada naquele final de semana. Só pude retomar a leitura de Os da minha rua na outra segunda, a bordo de um avião que me levaria para Fortaleza. Ondjaki me encantava com algumas frases: “Matabichávamos devagar” foi uma delas. “Tia Rosa fez-me uma festinha nas bochechas” foi outra. Algumas verdades chegavam carregadas de metáforas: “A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais-velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar”. Mas nada é mais fantasiosamente infantil que a piscina de coca-cola do tio Victor. Ela simplesmente encantou a todas as crianças presentes na casa de Ondjaki, que descreveu: “dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e a assustar os mosquitos”. Os meus também brilharam com aquela intensidade. Experimente: feche os olhos e mergulhe na piscina de coca-cola do tio Victor. Sinta as bolhas estourando pelo corpo. Ah, eu fui até a lua.
Quando voltei, o piloto anunciou que estávamos a 9mil metros de altura. Eu continuava absorto nas histórias do angolano. Traziam um quê de oralidade, muita criatividade e um português encantador. De fato, literatura. Ali, recordei minha fascinação com a novela Roque Santeiro e sua trilha sonora. Saboreei mangas verdes com sal. O primeiro beijo tímido, quase roubado. Minha infância feliz. Algumas lágrimas, sim. Lágrimas como aquelas que escorreram do meu rosto ao ler O portão da casa da tia Rosa e reconhecer a força que a música de Roberto Carlos exercia no menino Ondjaki e ainda exerce em mim. Ainda tocam na minha cabeça aquelas frases finais da canção do Rei: “por mais que eu faça, não adianta, você nem nota a minha existência; e os dias passam correndo, vou acabar te perdendo, e os dias passam correndo, vou acabar te perdendo...” O disco é aquele em que Roberto Carlos está de chapéu branco deitado numa rede. Desde aquele tempo eu já gostava de ouvir suas canções. Minha infância também teve a trilha sonora de Roberto Carlos. Mas, depois de ler Os da minha rua, percebo que mesmo distantes, Ondjaki e eu vivemos situações parecidas. Talvez parecidas com a infância de tantos outros meninos e meninas pelo mundo afora. Duvida? Então procure nas páginas deste livro. Descobrirá, enfim, mais um fã do poeta Manoel de Barros: “um livro o ensinou a não saber nada – agora já sabe" (in O Guardador de Águas).

Revistas para crianças...

Quando eu era pequeno - lá pelos anos 80 - e morava no interior da Bahia, tinha o hábito de comprar uma coleção infantil que vinha com histórias de Ruth Rocha, Joel Rufino dos Santos, Ana Maria Machado e Sylvia Orthof. Vinha também com um compacto, que era um mini LP, com músicas da MPB que se relacionavam com a história. Chamava-se TABA e rendeu vários números. Por ser distribuída em bancas, chegou nos rincões do Brasil. Hoje, virou artigo de colecionador. Atualmente a Recreio vem cumprindo o papel de ser uma revista semanal para crianças abordando temas atuais, passatempos, contos, cultura, história e outros assuntos que a tornam inclusive um instrumento para pesquisas escolares. A revista - indicada para leitores entre 6 e 11 anos - traz sempre um brinde colecionável e as crianças se envolvem com o conteúdo, muitas vezes comprando a revista só pelo brinde. Depois, divertem-se com seu conteúdo, é claro. Particularmente não gosto do papel usado na impressão (com o manuseio, a criança rasga fácil suas páginas), mas talvez este material consiga manter o preço da revista (R$ 9,95) mais acessível (!!!) ao público.
Uma boa notícia no que se refere a revistas para crianças é o lançamento de dois títulos da Editora Magia de Ler: Toca - a revista dos pequenos e Peteca - Ler, aprender e brincar. A primeira, é voltada para crianças de 1 a 4 anos e a segunda, para crianças de 4 a 8 anos. Ou seja, cobre um hiato no que se refere a revistas para crianças. Ainda não as vi em bancas de Brasília, nem sei se esta é a proposta - espero que sim. Nossos exemplares chegaram até a toca dos Roedores de Livros através do Instituto C&A, parceiro da editora nestas publicações. Mas as revistas são uma grata surpresa. O conteúdo é produzido por profissionais de renome quando o assunto é literatura infantil, o que faz crescer em nós o desejo de vida longa a esta iniciativa.
Toca - a revista dos pequenos (21cm x 21cm, 24 páginas) apresenta uma história escrita e ilustrada por Suppa, uma seção chamada Explica pra mim falando sobre a importância de escovar os dentes e outra chamada Você Sabia?, com ilustrações de Giles Eduar. Conta pra mim apresenta a história Cada Macaco no Seu Galho escrita por Renata Cajado e ilustrada por Maria Eugênia. Outra seção, chamada Quadrinho, apresenta o personagem Babu, de Gilles Eduard. A revista ensina ainda a fazer um picolé de goiaba, traz uma ilustração para colorir, além de outras seções como Brinca comigo? e Vocabulário. Ao final, os personagens de Lila e Piopi, criados por Florence Breton brincam de adivinha. As histórias são curtas e muito coloridas e, assim como quase todo o conteúdo da revista, pede a companhia dos pais - o que torna esta experiência ainda mais agradável para os pequenos. Pais também podem aprender com o conteúdo da revista. Eu, por exemplo, fiquei sabendo a origem da areia da praia.
Peteca - Ler aprender e brincar vem num formato um pouco maior que a Toca (23cm x 24cm, 36 páginas) apesar de manter uma estrutura muito parecida. Começa com uma história de Tereza Yamashita e Luiz Bras, ilustrada por Ellen Pestili. Uma seção nova chama-se O mundo dos sentimentos que nesta edição fala sobre o choro. A Curiosidade Micro fala sobre os cinco sentidos com textos e ilustração de Elizabeth Teixeira. Curiosidade Macro conta uma breve história sobre a formação de diversas línguas em ilustrações de Maria Eugênia para o texto de Juliana Geve. Há ainda Poesia, com o poema A festa na livraria de Renata Cajado com ilustrações de Cécile de Filippi; o espaço para receitas em que ensina a fazer biscoitos de queijo; uma seção chamada Eu sei ler sozinho com a história de Leleu escrita por Carla Caruso como uma carta enigmática; a seção Quadrinho (outra vez com a colaboração de Gilles Eduar); História, em que a Mariana Massarani faz um esboço colorido, divertido e informativo sobre o descobrimento do Brasil. Viagem pelo mundo fala sobre a Federação Russa. Joguinho apresenta uma brincadeira com a língua do P e outra brincadeira: O que falta na salada? Gostei muito do Cultura Geral. O texto fala de Mozart. Mas, principalmente, do compositor criança num texto agradável aos pequenos leitores. Mais um ponto para a revista. Ao final, mais uma adivinha com personagens de Florence Breton.

As revistas têm tiragem inicial de 5 mil exemplares cada e o apoio do Instituto C&A aparece discreto num cantinho da capa. Não apresentam publicidade interna e a impressão é feita num papel muito bom. Mais resistente ao manuseio infantil. O ponto fraco é o preço final ao consumidor. A Toca sai por R$ 16,00 e a Peteca custa R$ 18,00. Definitivamente não é um preço popular. Sabemos da qualidade do produto e do talento de seus colaboradores, mas devemos ainda pensar que o consumidor final - o brasileiro - terá dificuldades culturais e econômicas de adquirir revistas infantis a este preço. As edições serão trimestrais e, se você não encontrou as revistas pertinho de casa, podem ser compradas na internet diretamente no site da editora Magia de Ler. Passe por lá. No mais, desejamos vida longa a esta iniciativa e que outras possam frutificar com qualidade, fantasia e boa literatura. That´s all, folks!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Lata vazia é a que faz mais barulho...

Há 10 anos, o 5 de dezembro pasou a ser uma data muito importante para mim: é o aniversário do meu filho Pedro. Normalmente nos encontramos em Fortaleza, como fizemos neste ano. Os dias que antecedem são cercados da vontade de acertar no presente. E o brinquedo sempre chega acompanhado de um livro. Pedro Tino adora ver o tempo passar na fantasia de uma boa leitura. Geramente demoro a escolher um livro para ele. Este ano a escolha foi rápida e certeira: O LIVRO PEDRIGOSO PARA GAROTOS (Con e Hal Iggulden, tradução de Maria Beatriz de Medina, publicado pelo selo Galera, da editora Record).
Me apaixonei pelo livro desde o primeiro contato. Me lembrou o exemplar do Manual do Escoteiro Mirim de capa azul e cadeado - em volume único - que eu tinha quando na flor dos meus 10 anos. Me encantou desde o título. Logo nas primeiras páginas fala sobre canivetes e caixas de fósforos. Depois, ensina a fazer estilingue (baladeira) e arco e flecha. Pedro avançou o olhar curioso nas páginas do livro. Ficou ali uns bons minutos. Gostou do presente.
O livro surpreende pelo conteúdo. De forma sutil e inteligente convida o leitor a abandonar o controle remoto da TV e o Joystick do videogame. Mistura a fórmula para escrever com tinta invisível e dicas sobre gramática, geografia e história. Ah, tem ainda turbinados aviões de papel, ensina como fazer uma pilha, um carrinho de rolimã e outras coisas que vão mexer com a curiosidade das crianças. Acho que você também vai gostar.
Os autores são dois irmãos ingleses com pouco mais de 30 anos. Por isso, acho improvável que els tenham indicado os livros do Pedro Bandeira como o segundo ítem da seção LIVROS QUE TODO GAROTO DEVERIA LER. Certamente, a tradutora interferiu na obra, dando ares tupiniquins a algumas seções. Na maioria das vezes, acerta na medida. Apresenta frases de Machado de Assis, convida para uma leitura de um trecho de Os Sertões (Euclides de Cunha) e cita Amyr Klink como um dos grandes aventureiros. O livro fala ainda sobre piratas, jogos e outras curiosidades que fazem a imaginação do leitor dar pulos de alegrias.
Nesta manhã do dia 05 de dezembro, eu e meu filho, deitados na rede, nos entregamos as delícias ofertadas pelos irmãos Iggulden. Logo no início, pausa para falarmos sobre a expressão Lata vazia faz mais barulho que consta na carta de introdução ao livro. Depois, seguimos enchendo nossa lata com nós, longitudes, dinossauros e silêncios. O único som que nos embalou foi o canto de um bem-te-vi que pousou curioso na varanda. Ah, vez em quando o armador rangia na parede e eu esticava o sorriso por sobre os cabelos de Pedro. A vida é boa!!! Hatuna Matata.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Na praça, no ônibus, no avião...

Não sei se vocês já passaram por situação parecida, mas as pessoas acham estranho ver um adulto lendo livros ou revistas infantis. Leio sempre que posso. Gosto muito. No ônibus, na praça, no avião... Pois esta manhã aconteceu de novo... Havia encontrado o Rogério de Andrade Barbosa no saguão do aeroporto... conversamos sobre o ABC do Continente Africano e outras mumunhas. Depois, cada um seguiu seu caminho. Eu seguia para Fortaleza - de onde escrevo agora. No avião, fui terminando de ler um livro surpreendente do angolano Ondjaki - que postarei em breve por aqui - quando a aeromoça passou distribuindo uma revista para crianças. Interrompi minha leitura e pedi a revista. A moça sequer me olhou nos olhos e seguiu em frente dizendo que era uma revista PARA CRIANÇAS e que se eu estivesse a fim de uma leitura ela traria a revista PARA ADULTOS da companhia. A aeromoça desapareceu no corredor. Pelo que pude ver as crianças que receberam a revista não conseguiram sequer folheá-la e já os pais a esqueciam no guarda volumes. Não posso afirmar o conteúdo da revista, mas imagino... E certamente a aeromoça tem como cultura o fato de que um adulto não pode ler nada para crianças. Talvez porque o que se escreve para elas são bobices e uma pessoa adulta não pode desfrutar deste desprazer. Ponto para mim, que terminei o livro do Ondjaki. Ademais, continuo lendo Eva Furnari, Roger Mello, André Neves, Bia Hetzel, Sylvia Orthof... na praça, no ônibus, no avião...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Da natureza do amor...

Estes dias eu flanava num sebo quando encontrei uma edição do livro UM AMOR SEM PALAVRAS de Marina Colasanti publicado pela Melhoramentos, publicada em 1995, que pertenceu ao menino João Paulo que, na época, cursava a 4 “A”. O livro estava abandonado à procura de uma paixão, de algum amigo, de alguém que deitasse os olhos em seus escritos e o levasse para uma casa nova. Dei sorte. Meu olhar se encantou mais uma vez com as belas palavras de Marina Colasanti. Me apaixonei à primeira vista. Li, reli e ainda me encanto com ele. Aqui em casa não tenho problemas em declarar estas paixões literárias. Ana Paula não sente ciúmes. Se apaixona por eles também. Conversamos sobre os livros, nossos filhos, nossos planos, nossas dificuldades... enfim: conversamos. Mas, será possível o amor sobreviver ao silêncio? Pois esta é a grande questão levantada por Marina neste livro que tem a sombra de uma árvore como personagem principal.
Sua relação apaixonada com a árvore começava nos primeiros raios de sol. Viviam juntas, apesar de origens diferentes. “A semente trazida por vento ou bico de pássaro que havia originado a árvore não era responsável pela sombra. A semente da sombra era o sol”. No seu ofício de sombra, acolhia o gado, insetos, mantinha a terra fresca para as minhocas e dava guarida a um sapo. “Ela era o lençol escuro sobre o qual os camponeses vinham se deitar quando o sol estava alto, e onde comiam seu pão, espalhando as migalhas que as formigas viriam buscar mais tarde”. Num início de primavera nasceu uma desconfiança: a árvore não gostava dela. Senão, porquê tanto silêncio? A partir daí foi deixando seu ofício de lado até decidir abandonar a árvore e procurar outro local para sombrear. Fugiu numa noite “que é quando as sombras ficam invisíveis e se movimentam livremente”. Ganhou nova morada. Após um tempo teve notícias de sua antiga árvore. Um pássaro ali, uma brisa aqui, um grilo acolá... todos contavam como sua antiga morada estava passando sem a sombra. Não estava sendo fácil a vida daquela árvore silenciosa. As notícias fizeram renascer o amor e a vontade de estar ao lado da sua primeira grande amiga. E assim fez. Sem deixar no ar nenhuma palavra, árvore e sombra se reencontraram. “Nada parecia ter mudado. A árvore ondulou seu galhos. E, se olhou para a sombra, o fez apenas como se olhasse sua própria imagem, como se visse sua silhueta refletida num espelho. Nem por isso pesou mais o manto da sombra. (...) Era da natureza da árvore voltar-se mais para o céu do que para a terra. Era da natureza da sombra estar colada no chão e ocupar-se de pequenos seres. Era da natureza de ambas viverem assim lado a lado sem trocar uma palavra. E talvez, fosse da natureza do amor existir mesmo sem palavra alguma”.

Faz quatro dias que minha querida sombra foi dar uma volta rápida por São Paulo. Não, não brigamos. Nem pense nisso. Está lá aprendendo mais sobre o mundo dos livros. Neste período, nenhuma outra sombra ocupou seu lugar. E eu espero ansioso seu breve retorno. Nosso amor não é tão silencioso quanto o dos personagens de Marina Colasanti. Não é essa a nossa natureza. Mas, mesmo quando o silêncio impera, nosso olhar pousa um no do outro como se fosse um beijo. E eu sinto o seu amor. Da mesma forma como sinto um estrondoso amor silencioso por amigos que não vejo há tempos. Mas é um amor que sobrevive ao silêncio. Ainda bem!!!

Quanto àquele pequeno leitor, o João Paulo, já deve estar com uns 20 anos. Espero que lembre da árvore e sua sombra que um dia entraram na sua sala de aula e que fugiram para um sebo em Brasília. Hoje, pertencem ao nosso jardim, onde descansam roedores, leitores, amigos e amores. A obra também mudou de casa. Agora é publicada pela editora Global, e é facilmente encontrada na internet. As ilustrações também são da autora. Deite os olhos e aprecie sua sombra, ouça o barulho das folhas brincando nos galhos. Apaixone-se por Marina Colasanti. Hatuna Matata.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Um até logo repleto de saudade...

Deixei passar quase um mês para postar nosso último encontro em 2007 com a turma do projeto. Não queria escrever tudo o que passou na minha cabeça naquele sábado, 03 de novembro, pois tornaria essa despedida mais dolorosa do que foi. Em virtude da venda da sede da OnG Pró Gente que acolhia os Roedores de Livros e as crianças nas manhãs de sábado, tivemos que adiantar o encerramento das nossas atividades em três semanas. Quando chegamos ao local, um vazio sem tamanho. Faltavam os móveis e o clima de saudade era visível em todos. A grande ausência foi a da estante da sala de leitura. Vocês que acompanharam nossas atividades durante este ano viram aquela estante ficar repleta de livros. O projeto arecadou amis de 400 livros infantis e juvenis. Livros que estão conosco, aguardando um novo local para pousar suas aventuras. No lugar da estante descobrimos uma porta. Na foto acima, uma montagem com dois momentos extremos: a imagem da esquerda é de fevereiro quando fechamos a parceria com a Pró Gente. A estante escondia a porta que agora "enfeita" a parede da sala.
Juliana levou alguns livros para contar. Os meninos adoraram Sete Histórias para Sacudir o Esqueleto (Angela Lago, Cia das Letrinhas). Sacudiram o esqueleto e as risadas. A manhã ficou mais alegre. Alegrou ainda mais com a leitura de Uma Girafa e Tanto (Shel Silverstein, Cosac & Naify). Todo mundo em cima do livro. Ainda bem!!! Depois, cada um com seu livro, escolhidos do nosso baú. No flagrante acima, as Facécias (Câmara Cascudo, Global) acordaram nos braços dos meninos.
Na oficina de artes, montamos um mosaico surpresa. Cada criança coloriu um quadrado da forma que imaginava ser melhor. Depois, juntamos as peças e formamos figuras coloridíssimas. Uma delas, foi nosso roedor mais famoso.
Ainda tivemos que aplicar o questionário final para posterior avaliação das crianças. E assim, foi nosso último dia de atividades este ano. Estamos trabalhando para conquistar um novo espaço - inicialmente na Ceilândia - que possa acolher nossas crianças, nossos livros e a nossa fantasia cada vez mais real de levar a literatura, o prazer da leitura a todas as crianças.

Por fim, o Tino teve a árdua tarefa de dispersar o clima de nostalgia daquela manhã com muita música. No vídeo abaixo, gravado em baixa resolução, um pouquinho dos nossos meninos e meninas espantando a preguiça. Que em 2008 possamos espantar muitas outras coisas. Hatuna Matata.



terça-feira, 27 de novembro de 2007

Firimfimfocando na mídia - parte II


Queridos amigos Roedores de Livros. O Firimfimfoca recebeu o fotógrafo Carlos Vieira lá no Teatro Caleidoscópio para uma seção de fotos. O motivo foi a reportagem publicada no SUPER, caderno infantil do jornal Correio Braziliense, publicada no último sábado, 24 de novembro. A foto escolhida é esta aí de cima. A reportagem está reproduzida abaixo:
Fada carioca
Espetáculo Firimfimfoca , do grupo Roedores de Livros, mostra que histórias de Sylvia Orthof são pura diversão
Você já ouviu falar sobre Sylvia Orthof ou já leu algum de seus livros? Ela é considerada uma das mais importantes escritoras infantis brasileiras, apesar de não ser tão conhecida. A autora carioca, que morou em Brasília entre 1960 e 1968, escreveu mais de 100 livros e não eram só histórias para crianças. Sylvia foi autora de peças teatrais, deu aulas no curso de artes cênicas da UnB e dirigiu programas de teatro de bonecos para TV. Mas são os livros infantis seus mais importantes troféus. Em 2007, faz dez anos que Sylvia faleceu. Em setembro, ela faria 75 anos.
Para quem não conhece e quer se encantar com essa escritora, e para quem já leu seus livros e se apaixonou, o grupo Roedores de Livros apresenta, hoje e amanhã e no fim de semana que vem, a peça Firimfimfoca — histórias de uma fada carioca, no Teatro Caleidoscópio (Comercial da 102 do Sudoeste, bloco C, subsolo), sempre às 18h.
O espetáculo é uma contação diferente das histórias de Sylvia A fada lá de Parságada, A bruxa Uxa e o elefantinhozinhozinhozinho, Foi o ovo? Uma ova!, Sua avó, meu basssê, Maria vai com as outras, O sapato que miava, O bisavô e a dentadura, Fraca Fracola e Galinha D’Angola. Antes de cada conto, o músico Tino Freitas, integrante do Roedores de Livros, vai cantar uma música feita por ele mesmo, introduzindo o tema da história, sem entregrar o ouro, é claro.
A primeira vez do pum
O grupo Roedores de Livros, formado por Aldanei Andrade, Juliana Maria, Míriam Rocha, Simone Carneiro, Ana Paula Bernardes e Tino Freitas, conta história e realiza oficina de artes plásticas desde 2006. Tino lembra que, todas as vezes que eles contam uma história de Sylvia, a reação da meninada é diferente:
— Ela escreve muito bem para crianças.
E o motivo de tanto sucesso: escrevia na linguagem da garotada, colocava no papel o que vinha na cabeça, sem se controlar. Não teve medo de colocar em seus livros palavras que toda criança fala, mas que nunca aparecia nos livros infantis, como “pum” e “bumbum”. Brincar com as palavras e inventar outras, era sua maior diversão. Ela mesma quem criou a palavra que dá nome ao espetáculo, e deve ser usada assim: “Que Firimfimfoca!”. Sylvia também não gostava de fazer personagens somente bonzinhos ou super- do- mal. Uxa, de A bruxa Uxa e o elefantinhozinhozinhozinho, por exemplo, ora era fada, ora bruxa.
No final de Firimfimfoca, Tino apresenta o principal motivo para a criançada conhecer as história de Sylvia Orthof:
— O livro da Sylvia é como a hora do recreio. A gente nunca cansa de brincar, a gente nunca pára no meio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Firimfimfocando na mídia - parte I

Neste final de semana, a estréia do Firimfimfoca fez um barulho gostoso na mídia brasiliense começando com a reportagem acima, de página nteira, publicada no jornal Correio Braziliense da última sexta, 23 de novembro.
Para ler a reportagem na íntegra, é só clicar sobre a imagem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Firimfimfoca no ar... estréia no Teatro!!!

A Sylvia Orthof escreveu,
A Mariana Massarani ilustrou,
A Elvira Matilde vestiu
E o Tino musicou

Aldanei leva o gato no sapato
Juliana leva Sua Avó pra pescar
Miriam leva Maria ao churrasco
Simone leva o bisavô pra almoçar

Tem mais história no meio
E o riso solto no ar
Parece a hora do recreio
A gente gosta é de brincar

Estréia neste fim de semana
O nosso FIRIMFIMFOCA
Convidamos você para ouvir

Histórias de uma fada carioca!

Pois é... gente, o FIRIMFIMFOCA - Histórias de uma fada carioca estréia em TEATRO neste sábado em curtíssima temporada de dois finais de semana. Será aqui em Brasília no Teatro Caleidoscópio. Unimos a contação de histórias com elementos teatrais e música. Tudo em torno de OITO histórias infantis escritas por Sylvia Orthof. A apresentação conta com a direção de Joana Abreu. No elenco, Aldanei Andrade, Juliana Maria, Míriam Rocha e Simone Carneiro, além do Tino Freitas, que escreveu a trilha sonora e toca no espetáculo. Eu assumi a parte burocrática da coisa. Enfim, aquilo que o pessoal chama de Produção Executiva. O cartaz, os marcadores e o programa contam com ilustrações da Mariana Massarani e no figurino, elementos da Elvira Matilde. Está tudo muito lindo. Visualmente, emocionalmente e firimfimfocamente. As histórias são ótimas e o Teatro é aconchegante. Viva Sylvia Orthof!!! Vida longa para suas histórias!!! Seguimos aprendendo. Hatuna Matata!!!
Outras informações no Blog do Firimfimfoca.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

André Neves em Brasília

O ilustrador e escritor André Neves passou 03 dias em Brasília divulgando seus livros e falando sobre a importância da ilustração para o olhar da criança. Na quinta feira, 08 de novembro, convidado pela Editora Projeto, André esteve presente na comemoração dos 21 anos da Oficina Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação do Governo do Distrito Federal, onde foi recebido carinhosamente pelos professores dos cursos e por professores-alunos concludentes do curso A Arte de Contar Histórias. A maioria foi ao encontro fantasiada de personagens da literatura, o que deu um colorido especial ao local. Alguns professores contaram histórias e encantaram os espectadores. Mímica, música, fantasias, objetos... vários recursos desfilaram pelo palco do auditório da Escola Normal. Havia no ar toda uma espectativa sobre como seria André Neves e sua palestra. Enfim, chegou o momento. Sônia preparou uma belíssima apresentação crcada de poesias e referências ao trabalho do nosso querido convidado que - como podem conferir na foto acima - recebeu as merecidas loas meio sem graça. Ao assumir o microfone André começou dizendo: "- Bem que me disseram que Sônia é exagerada nas palavras..." Que nada, André. Você é merecedor de todas elas.
Bem, a casa estava cheia de bruxas, vovós, mosqueteiros, esqueletos, fantasmas e outras sortes de personagens. André passou a falar sobre sua origem pernambucana, seus primeiros passos como ilustrador, o momento em que passou a escrever seus livros e a força que a ilustração tem sobre o olhar infantil (e dos adultos também). De início, recitou o poema As Flô de Puxinanã do genial poeta paraibano Zé da Luz. Ali ele começou a mostra uma face até então desconhecida para a maioria: a de contador de histórias. André esbanjava simpatia e já conquistara os sorrisos e a atenção do público. Note ao fundo da foto acima que há uma esposição na parede. São as ilustrações do Ler é Pra Cima em que a editora Projeto comemora seus 15 anos de atividades.
Em seguida, nosso convidado propôs uma adivinhação. Mostrou que uma história pode ser contada sem texto, "apenas" com a força da imagem. Mostrou uma adaptação feita por ele para um livro de imagens francês: Le Pettit Chaperon Rouge. Incrível a concepção. Toda desenhada por pontos coloridos, aos poucos identificamos chapeuzinho vermelho, o lobo, a vovó, a floresta, a acabana e o caçador. Houve ainda a leitura do ótimo Um Pé de Vento, escrito e ilustrado por André Neves, que mostrou ainda uma faceta até então desconhecida pelos Roedores de Livros: a de Contador de Histórias. Usando como fundo as ilustrações dos livros-imagem Quando os tan-tans fazem tum tum (Ivan Zigg, Paulinas) e Sai da Lama, Jacaré (Graça Lima, Paulus) André fez uma leitura repleta de onomatopéias, efeitos sonoros vocais e frases curtas. Os livros pareciam sair da cabeça de um menino elétrico. Virou um livro animado. E põe animado nisso. Um show de interpretação. Ficou explícito que um bom livro de imagens oferece leituras diversas. Cada leitor descobre elementos particulares - distintos, até - que seguem até o desfecho de uma mesma história.

Ao final deste dia SUPER, nosso convidado ainda teve paciência e simpatia para atender aos vários pedidos de fotos e autógrafos que se estendia por uma longa fila. Ainda hoje, duas semanas após o encontro, a turma comenta do prazer que foi dividir aquele dia com André Neves. Que não demore a se repetir. Hatuna Matata.