Eu sei, vários blogs e sites anunciaram aos quatro ventos, mas não resisti a ressoar a notícia pois é impossível ficar indiferente ao MEMÓRIAS DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL, site que entrou no ar nesta terça, 14 de abril de 2009. O conteúdo já é surpreendente com biografias e entrevistas em vídeo com personalidades da nossa literatura. Estão lá Tatiana Belinky, Angela-Lago, Heloísa Prieto, Marina Colasanti, Jorge Miguel Marinho, Ricardo Azevedo, Rogério Andrade Barbosa e Bartolomeu Campos de Queirós, entre outros feras.
O site informa que este "é um projeto que se constitui por fragmentos de memória que, reunidos, compõe um mosaico vivo e dinâmico. Aqui, a Ruth, a Ângela, o Ziraldo, a Tatiana, a Ana Maria, e outros tantos, aparecem não como escritores ou ilustradores ou editores ou promotores de cultura, que são, mas como pessoas do mundo que narram, como nós narramos, um pouco do que viveram, de sua infância e descoberta, de suas alegrias e dores de viver e fazer. Aparecem-nos aqui como pessoas quaisquer, em suas singularidades, oferecendo-nos a palavra que diz suas vidas, suas memórias antigas e recentes, seus fazeres e sonhares".
Devo confessar que o tempo parou ao meu redor enquanto assistia aos depoimentos de tantas personalidades. Desejamos vida longa a esta iniciativa. Em tempos de Big Brother, uma espiadinha neste site é muito pouco. Coloque já entre os seus preferidos e não pare de espiar, pois a equipe promete muitas novidades. Hatuna Matata.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Bússola de encontrar anjo.
Vez em quando o funcionário do Correios aparece por aqui com envelopes que não contém contas a pagar - ainda bem! Destes, alguns são livros, encomendados nos sebos on line ou em sítios internacionais. Mas há dias em que o envelope contém livros que chegam até nós como presente para o acervo do Projeto ou para nossa biblioteca particular. Muitas vezes, para os dois. Normalmente o campo destinatário está preenchido com o nome da Ana Paula. Nestes casos, deixo-o fechado em cima da cama e espero pacientemente que ela retorne do trabalho. Gostamos de abrir o envelope juntos. Dividimos a surpresa de descobrir qual história veio morar conosco. Ela, começa a ler o final do livro. Eu, começo por ler os dados de catálogo da publicação.
Ano passado, recebemos um email de uma jornalista pedindo nosso endereço pois queria enviar um livro para possível resenha. Contou maravilhas do livro e – em outras palavras - que nós não nos arrependeríamos da leitura (nunca deixamos um livro para trás)... enfim. Explicamos que não resenhamos todos os livros, que há tantos bons livros que gostaríamos de compartilhar aqui no blog mas não o fazemos principalmente por que não temos tempo para a demanda e que se ela, mesmo sem esta certeza, ainda desejasse nos enviar o presente, ele seria muito bem vindo. Dias depois, o rapaz do correio apareceu com a boa nova.
O livro, APANHANDO A LUA... (Rosane Villela, com ilustrações de Luiz Maia, Paulinas) esperou por nossos olhos durante meses. Ficou ali, pacientemente, ao alcance das mãos, mas só veio de fato encantar meus olhos há algumas semanas. E devo confessar: o livro é muito, MUITO bom. São 11 histórias curtas de palavras de longo alcance. Eu posso ainda agora imaginar a minha Dona Menina igual a do menino do livro, com um xale, debruçada na janela, a encher meu juízo de fantasias. Noutra história, a menina Laura, tem medo da noite que, acordada pelos latidos dos cães da rua, passeia em seu quarto com seus “chinelos tlec-tlec-tlectantes”.
A autora desenvolve uma prosa poética muitas vezes melancólica, como na história da menina cujas bonecas ficam trancadas na prateleira, pois são importadas e delicadas demais para servir de brinquedo. Serviam somente para os olhos da menina. “Mas com sua boneca de plástico não havia queixas. Era uma boneca cheia de nãos. Não era bonita, não tinha cabelo, não era do estrangeiro e, principalmente, não vivia na estante”. Algumas histórias acabam se alinhavando a outras numa costura quase invisível. Nem precisava disso para o livro se mostrar belo, pois a obra já contava com o traço sensível de Luiz Maia. Mas Rosane Villela quis assim. Ficou mais saboroso. Tipo o café espresso com chantilly salpicado de canela em pó que me aquece o paladar enquanto escrevo estas linhas.
Mas é quando a prosa poética da autora encontra com a sua criatividade que o livro ganha nota 10. E são vários estes momentos. Como quando a avó do menino ganha uma bússola de encontrar anjo feita por ele “quando a mãe foi se encontrar com o pai lá no céu”. A avó, que tinha o olhar distante, disse que o menino era um solucionador, ao que ele respondeu: “Sou PER-GUN-TA-DOR, e não SO-LU-ÇO-NA-DOR. Seu olhar é que está com SO-LU-ÇO-NA-DOR. Por isso, você está assim”. Quer mais uma provinha? Então aqui vai: Chove muito na terra do menino enlameando tudo. Ele, a seu modo, pede em oração para que a chuva pare de cair. Depois desabafa: “Acho que pedi com muita força, porque uma lágrima minha caiu. Acho que ela caiu, quando eu dizia: - Pai nosso que estais no céu, clareia ele pra mim. Parece que Deus gostou. Meu sol apareceu lá fora e o mar de lama foi embora”.
Rosane produz uma literatura que escorre pelas páginas e molha os olhos de quem lê com mais atenção. Mergulhei em sua prosa e emergi mais bonito. Apanhamos a sua lua que agora brilha em nossa estante. Uma pena que seu livro chegou até a toca dos Roedores de Livros por meio de uma divulgação particular. Pelo correio. Porque temos um blog que trata a literatura infantil e juvenil com carinho e respeito. Digo uma pena porque deve ter muita coisa boa por aí, que não chega aos leitores por não aparecer nas estantes das livrarias, que não alcança a grande mídia, que passa despercebida por mim, por você, por tantos outros. Mas, ao mesmo tempo, que bom que Apanhando a Lua... pode refletir sua luz por estas plagas. Este espaço é, também, um veículo para novas descobertas. Pequeno, singelo e verdadeiro. Com o intuito de revelar aos nossos leitores as emoções com que alguns livros nos arrebatam. Que siga assim. Hatuna Matata.
P.S. O livro tem uma curiosidade peculiar. Lançado no segundo semestre de 2008, quando muitos livros estampavam na capa a informação que tal obra já estaria de acordo com o NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO, Apanhando a Lua... apresenta o seguinte texto impresso na capa: “Este texto segue o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)”.
Ano passado, recebemos um email de uma jornalista pedindo nosso endereço pois queria enviar um livro para possível resenha. Contou maravilhas do livro e – em outras palavras - que nós não nos arrependeríamos da leitura (nunca deixamos um livro para trás)... enfim. Explicamos que não resenhamos todos os livros, que há tantos bons livros que gostaríamos de compartilhar aqui no blog mas não o fazemos principalmente por que não temos tempo para a demanda e que se ela, mesmo sem esta certeza, ainda desejasse nos enviar o presente, ele seria muito bem vindo. Dias depois, o rapaz do correio apareceu com a boa nova.
O livro, APANHANDO A LUA... (Rosane Villela, com ilustrações de Luiz Maia, Paulinas) esperou por nossos olhos durante meses. Ficou ali, pacientemente, ao alcance das mãos, mas só veio de fato encantar meus olhos há algumas semanas. E devo confessar: o livro é muito, MUITO bom. São 11 histórias curtas de palavras de longo alcance. Eu posso ainda agora imaginar a minha Dona Menina igual a do menino do livro, com um xale, debruçada na janela, a encher meu juízo de fantasias. Noutra história, a menina Laura, tem medo da noite que, acordada pelos latidos dos cães da rua, passeia em seu quarto com seus “chinelos tlec-tlec-tlectantes”.
A autora desenvolve uma prosa poética muitas vezes melancólica, como na história da menina cujas bonecas ficam trancadas na prateleira, pois são importadas e delicadas demais para servir de brinquedo. Serviam somente para os olhos da menina. “Mas com sua boneca de plástico não havia queixas. Era uma boneca cheia de nãos. Não era bonita, não tinha cabelo, não era do estrangeiro e, principalmente, não vivia na estante”. Algumas histórias acabam se alinhavando a outras numa costura quase invisível. Nem precisava disso para o livro se mostrar belo, pois a obra já contava com o traço sensível de Luiz Maia. Mas Rosane Villela quis assim. Ficou mais saboroso. Tipo o café espresso com chantilly salpicado de canela em pó que me aquece o paladar enquanto escrevo estas linhas.
Mas é quando a prosa poética da autora encontra com a sua criatividade que o livro ganha nota 10. E são vários estes momentos. Como quando a avó do menino ganha uma bússola de encontrar anjo feita por ele “quando a mãe foi se encontrar com o pai lá no céu”. A avó, que tinha o olhar distante, disse que o menino era um solucionador, ao que ele respondeu: “Sou PER-GUN-TA-DOR, e não SO-LU-ÇO-NA-DOR. Seu olhar é que está com SO-LU-ÇO-NA-DOR. Por isso, você está assim”. Quer mais uma provinha? Então aqui vai: Chove muito na terra do menino enlameando tudo. Ele, a seu modo, pede em oração para que a chuva pare de cair. Depois desabafa: “Acho que pedi com muita força, porque uma lágrima minha caiu. Acho que ela caiu, quando eu dizia: - Pai nosso que estais no céu, clareia ele pra mim. Parece que Deus gostou. Meu sol apareceu lá fora e o mar de lama foi embora”.
Rosane produz uma literatura que escorre pelas páginas e molha os olhos de quem lê com mais atenção. Mergulhei em sua prosa e emergi mais bonito. Apanhamos a sua lua que agora brilha em nossa estante. Uma pena que seu livro chegou até a toca dos Roedores de Livros por meio de uma divulgação particular. Pelo correio. Porque temos um blog que trata a literatura infantil e juvenil com carinho e respeito. Digo uma pena porque deve ter muita coisa boa por aí, que não chega aos leitores por não aparecer nas estantes das livrarias, que não alcança a grande mídia, que passa despercebida por mim, por você, por tantos outros. Mas, ao mesmo tempo, que bom que Apanhando a Lua... pode refletir sua luz por estas plagas. Este espaço é, também, um veículo para novas descobertas. Pequeno, singelo e verdadeiro. Com o intuito de revelar aos nossos leitores as emoções com que alguns livros nos arrebatam. Que siga assim. Hatuna Matata.
P.S. O livro tem uma curiosidade peculiar. Lançado no segundo semestre de 2008, quando muitos livros estampavam na capa a informação que tal obra já estaria de acordo com o NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO, Apanhando a Lua... apresenta o seguinte texto impresso na capa: “Este texto segue o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)”.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Arnaldo Antunes lança CD para Crianças... e adultos, ora bolas.
A primeira vez que ouvi uma canção do Arnaldo Antunes para o público infantil foi em 1997, quando estava grávido do Pedro. Naqueles dias sua música DORME (do CD Canções de Ninar, da Palavra Cantada) embalava o sonho da gente por um mundo melhor para as novas gerações. Aquele disco surgiu para mim como um oásis no deserto musical da música para crianças no Brasil. 12 anos depois, pouca coisa mudou. A Palavra Cantada continua lançando seus discos maravilhosos, a Adriana Calcanhotto fez o espetacular Partimpim (e gravou SAIBA, de Arnaldo), o Hélio Ziskind continua arrebentando e...
Bem, a boa nova acabei de pescar no twitter da Revista Crescer. A jornalista Cristiane Rogério, que tem feito uma cobertura excelente sobre o universo cultural da criança, postou uma video reportagem sobre o novo disco do ex-titã, ao lado dos parceiros igualmente geniais Edgar Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto. Acima, reproduzo o vídeo gravado por Cristiane e postado originalmente no SITE DA REVISTA CRESCER. Ela também escreveu um texto sobre o novo disco, que se chamará PEQUENO CIDADÃO. Você o encontra AQUI.
Por enquanto, ficamos na vontade. Quando o CD chegar por aqui, a gente conta mais. That's all, folks.
P.S. Não posso deixar de falar do excelente CD SONHO DE CRIANÇA, de Hélio Contreiras - uma produção independente, esgotada, rica em letra e música, que reuniu um time de excelentes músicos de Brasília. Sorte de quem tem.
Bem, a boa nova acabei de pescar no twitter da Revista Crescer. A jornalista Cristiane Rogério, que tem feito uma cobertura excelente sobre o universo cultural da criança, postou uma video reportagem sobre o novo disco do ex-titã, ao lado dos parceiros igualmente geniais Edgar Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto. Acima, reproduzo o vídeo gravado por Cristiane e postado originalmente no SITE DA REVISTA CRESCER. Ela também escreveu um texto sobre o novo disco, que se chamará PEQUENO CIDADÃO. Você o encontra AQUI.
Por enquanto, ficamos na vontade. Quando o CD chegar por aqui, a gente conta mais. That's all, folks.
P.S. Não posso deixar de falar do excelente CD SONHO DE CRIANÇA, de Hélio Contreiras - uma produção independente, esgotada, rica em letra e música, que reuniu um time de excelentes músicos de Brasília. Sorte de quem tem.
Literatura de Cordel em Bologna
Chapbook, Littèrature Du Colportage, Lubok, são termos usados em diversos países para o fenômeno conhecido no Brasil como Literatura de Cordel. Com raízes na Península Ibérica medieval, o Cordel desembarcou no Brasil no início da colonização, trazendo para os trópicos um tipo de literatura repleta de reis, cavaleiros, amores impossíveis e animais fantásticos.
Durante séculos, foi na tradição oral, em versos, que estas histórias foram disseminadas, principalmente até o final do século 19, época em que passaram a ser impressos em encadernações baratas e vendidas aos milhares em feiras populares.
Na segunda metade do Século 20 o Cordel ganhou o respeito das Academias de Letras. Vários livros de importância cultural e histórica foram publicados em Cordel. Atualmente, esta literatura popular em versos está conquistando as escolas e os jovens leitores. A prova disso está nos livros infantis em Cordel publicados recentemente, cujo estilo novo não se distancia das suas origens.
Este é o texto central da página do Catálogo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) distribuído nos estandes da Feira do Livro para Crianças de Bolonha (Itália), acontecida na semana passada. Apresentada por Jô Oliveira, ilustrador talentoso, meu Mestre nas aulas no Instituto de Artes na UnB (Universidade de Brasília), nossa Literatura de Cordel foi representada por 11 livros (dois deles resenhados aqui). Esta feira é reconhecida como o principal evento de negócios em torno do livro infantil. Não é uma feira como costumamos ver por aqui, com pais passeando com seus filhos pelos corredores, comprando livros. É, sim, um grande negócio entre editoras, agentes literários, autores e ilustradores. É lá, principalmente, que o Brasil vende seus livros para o exterior e vice-versa. Esperamos que a Literatura de Cordel faça o caminho de volta e conquiste o mercado internacional. A FNLIJ faz um trabalho importante de divulgação dos livros brasileiros lá fora. Todo ano se faz presente com seu catálogo na Feira de Bolonha. A página do catálogo, reproduzida acima (clique sobre a imagem para vê-la em tamanho maior), põe a Literatura de Cordel em DESTAQUE (Highlights) e encerra suas informações com uma breve biografia de Jô Oliveira (artista ímpar quando o assunto é ilustração dos folhetos de origem medieval.
Jô Oliveira – Estudou Artes Gráficas no Rio de Janeiro e em Budapeste. Alguns de seus trabalhos foram publicados na Itália e em outros países. Ilustrou vários livros para diversas editoras brasileiras e seus desenhos estampam vários selos da ECT, empresa postal brasileira. Dois deles foram premiados como O MELHOR DO MUNDO, Prêmio Asiago, Itália.
Por falar em selos, dia desses, recebi uma carta cujo envelope veio com um selo novo do Jô Oliveira representando o BOI, personagem principal do Calendário Lunar Chinês em 2009. Lindo, lindo, lindo. Mas, acima, reproduzo o conjunto de selos que encontrei por acaso numa banca de revista em Copacabana, em 2007. Apreciem sem moderação. A arte de Jô é popular. E é também requintada. O Brasil está bem representado. Hatuna matata.
P.S. O texto em laranja sofreu - literalmente - uma livre tradução através do meu inglês macarrônico, mas acho que dá para o gasto.
Durante séculos, foi na tradição oral, em versos, que estas histórias foram disseminadas, principalmente até o final do século 19, época em que passaram a ser impressos em encadernações baratas e vendidas aos milhares em feiras populares.
Na segunda metade do Século 20 o Cordel ganhou o respeito das Academias de Letras. Vários livros de importância cultural e histórica foram publicados em Cordel. Atualmente, esta literatura popular em versos está conquistando as escolas e os jovens leitores. A prova disso está nos livros infantis em Cordel publicados recentemente, cujo estilo novo não se distancia das suas origens.
Este é o texto central da página do Catálogo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) distribuído nos estandes da Feira do Livro para Crianças de Bolonha (Itália), acontecida na semana passada. Apresentada por Jô Oliveira, ilustrador talentoso, meu Mestre nas aulas no Instituto de Artes na UnB (Universidade de Brasília), nossa Literatura de Cordel foi representada por 11 livros (dois deles resenhados aqui). Esta feira é reconhecida como o principal evento de negócios em torno do livro infantil. Não é uma feira como costumamos ver por aqui, com pais passeando com seus filhos pelos corredores, comprando livros. É, sim, um grande negócio entre editoras, agentes literários, autores e ilustradores. É lá, principalmente, que o Brasil vende seus livros para o exterior e vice-versa. Esperamos que a Literatura de Cordel faça o caminho de volta e conquiste o mercado internacional. A FNLIJ faz um trabalho importante de divulgação dos livros brasileiros lá fora. Todo ano se faz presente com seu catálogo na Feira de Bolonha. A página do catálogo, reproduzida acima (clique sobre a imagem para vê-la em tamanho maior), põe a Literatura de Cordel em DESTAQUE (Highlights) e encerra suas informações com uma breve biografia de Jô Oliveira (artista ímpar quando o assunto é ilustração dos folhetos de origem medieval.
Jô Oliveira – Estudou Artes Gráficas no Rio de Janeiro e em Budapeste. Alguns de seus trabalhos foram publicados na Itália e em outros países. Ilustrou vários livros para diversas editoras brasileiras e seus desenhos estampam vários selos da ECT, empresa postal brasileira. Dois deles foram premiados como O MELHOR DO MUNDO, Prêmio Asiago, Itália.
Por falar em selos, dia desses, recebi uma carta cujo envelope veio com um selo novo do Jô Oliveira representando o BOI, personagem principal do Calendário Lunar Chinês em 2009. Lindo, lindo, lindo. Mas, acima, reproduzo o conjunto de selos que encontrei por acaso numa banca de revista em Copacabana, em 2007. Apreciem sem moderação. A arte de Jô é popular. E é também requintada. O Brasil está bem representado. Hatuna matata.
P.S. O texto em laranja sofreu - literalmente - uma livre tradução através do meu inglês macarrônico, mas acho que dá para o gasto.
sexta-feira, 27 de março de 2009
José Mauro Brant em Brasília.
Gente, se vocês ainda não conhecem o JOSÉ MAURO BRANT, posso dizer que ele é um grande ATOR, um genial CONTADOR DE HISTÓRIAS. Difícil sair indiferente das suas apresentações. Portanto, aproveito o espaço para convidá-los a assistir ao monólogo FREDERICO GARCÍA LORCA: PEQUENO POEMA INFINITO, em cartaz neste final de semana no TEATRO DA CAIXA (Setor Bancário Sul - Brasília). Os Roedores de Livros estarão por lá no sábado à noite. Cliquem na imagem acima para mais informações ou liguem no (61)32066456. Para os que não conhecem o trabalho de Brant e não possam assisti-lo neste final de semana, recomendamos o livro Enquanto o sono não vem e o CD Contos, Cantos e Acalantos.
terça-feira, 24 de março de 2009
Se isso não é uma caixa... é o quê?
Ano passado ficamos loucos quando descobrimos NOT A BOX (Antoinette Portis) na estante da livraria. Sem hesitação, ele veio correndo aqui para casa. Um livro perfeito para brincar com a imaginação do leitor, que participa de um jogo simbólico onde o que aparece não corresponde exatamente à realidade. Ótimo para mediação. Aliás, já rabalhamos com ele no projeto (veja aqui). Ontem, buscando fontes para um novo trabalho, encontrei o tal livro adaptado para vídeo. Reproduzo-o abaixo para que tenham uma idéia da delícia contida no livro. Por aqui, só importado. Mas vale apenas pedir no site da livraria cultura ou direto no amazon.
Outras dicas de livros nesta linha do jogo simbólico: MARIETA (Julieta Raimunda da Selva Amazônica da Silva e Souza) da Mariana Massarani, editado pela Manati; LILI, PEDRO E O PEIXE CAÇADOR DE TESOUROS (Angelika Glitz, Brinque Book). O genial Maurice Sendak escreveu e ilusrou um clássico do gênero que, em breve, estará nas telas de cinema, chamado WERE THE WILD THINGS ARE (veja aqui e aqui), mas este, também, só importado. That`s all, folks.
Outras dicas de livros nesta linha do jogo simbólico: MARIETA (Julieta Raimunda da Selva Amazônica da Silva e Souza) da Mariana Massarani, editado pela Manati; LILI, PEDRO E O PEIXE CAÇADOR DE TESOUROS (Angelika Glitz, Brinque Book). O genial Maurice Sendak escreveu e ilusrou um clássico do gênero que, em breve, estará nas telas de cinema, chamado WERE THE WILD THINGS ARE (veja aqui e aqui), mas este, também, só importado. That`s all, folks.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Mariana Massarani trabalhando...
Nem sempre a gente tem acesso às etapas do TRABALHO do ilustrador. A gente pega o livro pronto e muitas vezes esquece que o artista do livro infantil cria a partir do texto, faz um rascunho para ser aprovado pela editora (ou, também, pelo autor - quando tem sorte), faz o desenho pra valer e depois - se for o caso - pesca as cores no arco-íris. Por isso, a gente mostra aqui uma parte da arte de MARIANA MASSARANI tomando forma de livro.
No primeiro, o desenho ainda em PB. Depois, um recorte do primeiro, já colorido.
Neste outro, o trabalho acontecendo (meio PB, meio Color). Tudo pescado lá no site da MARIANA MASSARANI. Vale sempre uma visita. Ah... e um recadinho para ela: - Querida, o Tino, sortudo, está quase sem parafusos de felicidade...
No primeiro, o desenho ainda em PB. Depois, um recorte do primeiro, já colorido.
Neste outro, o trabalho acontecendo (meio PB, meio Color). Tudo pescado lá no site da MARIANA MASSARANI. Vale sempre uma visita. Ah... e um recadinho para ela: - Querida, o Tino, sortudo, está quase sem parafusos de felicidade...
sábado, 21 de março de 2009
Formigas na estante dos Roedores de Livros.
Normalmente a gente só presta atenção às formigas quando elas entram pela casa e descobrem o depósito de açúcar destampado. Fora desta situação tão comum, as formigas levam uma vida de muito trabalho, disciplina e nenhuma atenção do bicho homem. Às vezes, acontece algo diferente, inusitado e, mais uma vez, somos convidados a olhar com mais atenção para estes pequenos seres. Vejam o que aconteceu comigo nesta semana: encontrei formigas na livraria.
Não, não foram aquelas da conhecida fábula. Elas estavam em outro livro. Pequenino, ali, empilhado na prateleira, procurando um leitor como quem caça um doce, Formigas (Elaine Pasquali Cavion, ilustrações de André Neves, Paulus) me tomou o olhar. Não resisti e trouxe para a nossa biblioteca. Como não sou egoísta, convido-os a fazer o mesmo.
É o primeiro livro de Elaine Pasquali Cavion. Seria de bom tom dizer que a ilustração de André Neves salvou um texto de iniciante. Mas não é isso o que acontece. Na publicação, os dois conversam como bons e velhos amigos. Elaine demonstra intimidade com as palavras. Brinca com elas. O texto é ÓTIMO. Assim como as ilustrações – irreconhecíveis para quem está acostumado com os últimos trabalhos de André. O artista ousou sair do seu estilo e o fez com a competência que o transformou num dos maiores nomes da ilustração para livros infantis.
A história é sobre uma formiga que sai dos padrões e as consequencias dos seus atos. Durante um passeio numa tarde quente de verão, algo lhe chama a atenção. O jovem inseto não hesita em sair da fila de operárias. Descobre um livro aberto próximo ao seu caminho e vai ao seu encontro. Lá, percebeu a palavra folha: “Era tão verde essa palavra, tão cheirosa, tão suculenta... tão... folhosa que depressa colocou a palavra nas costas e voltou para junto da sua fileira”.
Logo há uma grande confusão entre os pequenos animais. Enfim, com a anuência da formiga-líder, todas vão ao livro, descobrir as palavras que são devidamente escolhidas e carregadas para o formigueiro. Mas, o que fazer com as palavras? Servirão para alguma coisa? No inverno, durante a visita da cigarra, é certo que haverá novidades por lá. Uma história surpreendente. Divertida. Criativa.
O texto apresenta-se recortado ora em parágrafos inteiros, ora em frases curtas. Às vezes, uma frase escorrega pela página que, noutro momento está preenchida apenas por uma palavra. Muitas vezes texto e ilustração contam juntos a história. Esse recorte criativo dá mais agilidade à leitura. Há uma passagem que acho muito divertida: a joaninha encontra com a fila de formigas e, por ser educadíssima, diz “Boa Tarde” para cada uma das 794 formigas. Fiquei me imaginando na entrada de um shopping dizendo “Bom Dia” para todo mundo que fosse passando. Surreal. Mas, pensando bem, deveria ser assim.
Formigas é um grande livro num formato pequeno e não muito usual: 16cm x 11,5 cm. Combina perfeitamente com o universo a que se destina (o das formigas, dos leitores mirins e dos leitores adultos atentos às miudezas da vida). Agora, o que não combina com a bela prosa poética de Elaine e com o trabalho artístico de André, é o acabamento final. O livro, produto que transporta a PALAVRARTE, poderia custar um pouco mais para brindar o leitor com uma capa dura e papel mais espesso. Daria mais “respeito” ao conteúdo. Por exemplo, André Neves, em vários momentos usa de papel reciclado para compor a sua ilustração, textura que se perde na mão do leitor com o papel escolhido pela editora. Por favor, não entendam que o livro é ruim. Longe disso. Mas poderia ser melhor.
Na livraria, custa incríveis R$ 12,00 (DOZE REAIS). Vejo por aí muitos livros que não contém a metade do talento de Formigas por muito mais dinheiros. Valeria à pena a editora aprender com os insetos de Elaine a carregar a palavra com mais atenção. Tenho certeza que este investimento não acarretaria um aumento significativo no preço final. Talvez o valor final, por livro, chegasse a uns R$ 20,00 (VINTE REAIS). Eu pagaria muito mais pelas formigas de Elaine Cavion e André Neves. Seja bem vinda, menina. Suas formigas deixaram nossa estante mais poética. Hatuna Matata.
Não, não foram aquelas da conhecida fábula. Elas estavam em outro livro. Pequenino, ali, empilhado na prateleira, procurando um leitor como quem caça um doce, Formigas (Elaine Pasquali Cavion, ilustrações de André Neves, Paulus) me tomou o olhar. Não resisti e trouxe para a nossa biblioteca. Como não sou egoísta, convido-os a fazer o mesmo.
É o primeiro livro de Elaine Pasquali Cavion. Seria de bom tom dizer que a ilustração de André Neves salvou um texto de iniciante. Mas não é isso o que acontece. Na publicação, os dois conversam como bons e velhos amigos. Elaine demonstra intimidade com as palavras. Brinca com elas. O texto é ÓTIMO. Assim como as ilustrações – irreconhecíveis para quem está acostumado com os últimos trabalhos de André. O artista ousou sair do seu estilo e o fez com a competência que o transformou num dos maiores nomes da ilustração para livros infantis.
A história é sobre uma formiga que sai dos padrões e as consequencias dos seus atos. Durante um passeio numa tarde quente de verão, algo lhe chama a atenção. O jovem inseto não hesita em sair da fila de operárias. Descobre um livro aberto próximo ao seu caminho e vai ao seu encontro. Lá, percebeu a palavra folha: “Era tão verde essa palavra, tão cheirosa, tão suculenta... tão... folhosa que depressa colocou a palavra nas costas e voltou para junto da sua fileira”.
Logo há uma grande confusão entre os pequenos animais. Enfim, com a anuência da formiga-líder, todas vão ao livro, descobrir as palavras que são devidamente escolhidas e carregadas para o formigueiro. Mas, o que fazer com as palavras? Servirão para alguma coisa? No inverno, durante a visita da cigarra, é certo que haverá novidades por lá. Uma história surpreendente. Divertida. Criativa.
O texto apresenta-se recortado ora em parágrafos inteiros, ora em frases curtas. Às vezes, uma frase escorrega pela página que, noutro momento está preenchida apenas por uma palavra. Muitas vezes texto e ilustração contam juntos a história. Esse recorte criativo dá mais agilidade à leitura. Há uma passagem que acho muito divertida: a joaninha encontra com a fila de formigas e, por ser educadíssima, diz “Boa Tarde” para cada uma das 794 formigas. Fiquei me imaginando na entrada de um shopping dizendo “Bom Dia” para todo mundo que fosse passando. Surreal. Mas, pensando bem, deveria ser assim.
Formigas é um grande livro num formato pequeno e não muito usual: 16cm x 11,5 cm. Combina perfeitamente com o universo a que se destina (o das formigas, dos leitores mirins e dos leitores adultos atentos às miudezas da vida). Agora, o que não combina com a bela prosa poética de Elaine e com o trabalho artístico de André, é o acabamento final. O livro, produto que transporta a PALAVRARTE, poderia custar um pouco mais para brindar o leitor com uma capa dura e papel mais espesso. Daria mais “respeito” ao conteúdo. Por exemplo, André Neves, em vários momentos usa de papel reciclado para compor a sua ilustração, textura que se perde na mão do leitor com o papel escolhido pela editora. Por favor, não entendam que o livro é ruim. Longe disso. Mas poderia ser melhor.
Na livraria, custa incríveis R$ 12,00 (DOZE REAIS). Vejo por aí muitos livros que não contém a metade do talento de Formigas por muito mais dinheiros. Valeria à pena a editora aprender com os insetos de Elaine a carregar a palavra com mais atenção. Tenho certeza que este investimento não acarretaria um aumento significativo no preço final. Talvez o valor final, por livro, chegasse a uns R$ 20,00 (VINTE REAIS). Eu pagaria muito mais pelas formigas de Elaine Cavion e André Neves. Seja bem vinda, menina. Suas formigas deixaram nossa estante mais poética. Hatuna Matata.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Sobre amizades e seus sabores.
Capítulo 01.
Sempre gostei de cozinhar. É certo que comecei muito mal: aos 13 anos, sozinho e com fome, coloquei um pacote de macarrão numa panela com água fria, acendi o fogo e esperei ele ficar vermelho. O resultado final não foi interessante. Depois aprendi alguns segredos e informalidades. Acho que um almoço é ótima ocasião para encontrar amigos e colocar a conversa em dia enquanto o fogo faz sua mágica nos ingredientes. Quem participou dos almoços que promovi sabe que a comida é muito boa. Mas o encontro é sempre mais gostoso.
Capítulo 02.
Rob perdeu a mãe, vítima de um câncer. Mudou-se com seu pai para uma cidade do interior onde não consegue fazer amigos na escola. Pior que isso: seus colegas se divertem ao provocá-lo no ônibus, na sala, no recreio. Ninguém dá trégua ao menino. Nem mesmo o diretor da escola. Como forma de se proteger, ele guarda seus sentimentos numa mala bem fechada. Sofre calado. Suporta todo o tipo de intempéries sem reação e assim a vida segue seu curso.
Capítulo 03.
Antes da comida chegar ao prato há toda uma dedicação do anfitrião: escolher os convivas, o menu, sair para as compras, separar os melhores ingredientes, uma boa bebida, pães ou grãos ou queijos para o antepasto, bebidas para antes durante e depois e ainda, quem sabe, um doce de saideira (nunca fui bom em fazer doces - a não ser pudim – e aí fazia um mix de bombons de chocolate).
Capítulo 04.
Sistina tem este nome em homenagem à Capela italiana homônima, local do primeiro encontro dos seus pais, num encontrão casual enquanto adimiravam A Criação de Adão, afresco de Michelângelo no teto daquela construção. Acabou de mudar-se com sua mãe para a mesma cidadezinha do interior e é a nova aluna da classe de Rob. A mãe dela descobriu que era traída pelo pai e sua secretária. Também não consegue fazer amigos na escola. Quando está com a razão, não perde uma briga por nada. Mesmo que se machuque muito ao final de cada embate.
Capítulo 05.
Dia desses fui convidado por uma amiga para um almoço daqueles que há muito não me dou ao trabalho de fazer. Perguntei a mim mesmo o motivo de tanto silêncio entre o meu fogão e a sala de estar. Não encontrei uma resposta que me convencesse. Aceitei o convite, certo de retribuí-lo em breve. Sei o quanto ela se dedicou para transformar cada detalhe em realidade. Coisas de quem gosta de cozinhar para os amigos. Bem, eu só cozinho para quem considero amigo de fé, irmão camarada. Acho que é assim também com ela.
Capítulo 06.
Rob e Sistina se tornam amigos embora ambos tenham medo de confessar suas verdades mais íntimas um para o outro. O tempo fez com que aprendessem a ser francos. A verdade dói para ambos. Rob precisa aprender a abrir a mala e soltar seus sentimentos. Sua mãe não vai mais voltar. Sisitina precisa aprender a controlar sua raiva. Seu pai também não vai mais voltar. Os dois aprendem a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que os dois aprenderam a amar.
Capítulo 7.
A última fatia de pão desaparecia da cesta no início do almoço quando um amigo desencontrou o outro em meio a ações e palavras disparadas de uma mala fechada e uma boca aberta. A carne ao molho tão desejada, a salada especialmente rica em perfumes, cores, sabores e o risoto tipicamente italiano sofreram com tal desencontro. O cafezinho passado na hora servido com um bolo de laranja que quase devorei sozinho também poderiam estar mais apetitosos. O encontro, ou melhor, o desencontro foi encerrado com uma, duas, três ou quatro rodadas de um licor excepcional. Mas nem tanto. Afinal, houve um desencontro dos que aprenderam a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que aprenderam a amar.
Capítulo 8.
Coincidências à parte. Li O Tigre (Kate di Camilo, Martins Fontes) na noite logo após o tal almoço. No premiado livro, Rob e Sistina terminam como dois grandes amigos, aprendendo a enfrentar seus medos. O Tigre – ironicamente – foi o elo que os reuniu novamente. O texto é impecável. A autora de A História de Despereaux descreve com incrível esmero os sentimentos que borboletam em seus personagens infantis. Um bela história sobre confiança, amizade e como enfrentar as perdas. Ah, meus dois amigos já se perdoaram. Nem deu tempo de enferrujar as palavras. Entre os verdadeiros amigos não cabem distâncias. Eles sabem disso. E, assim como no livro, um Tigre foi o elo deste desejado reencontro da vida real. Vocês não imaginam a minha felicidade em poder dizer que esta história também terminou bem, apesar dos arranhões. Agora, o livro volta para a estante, meus amigos dormem sem rancores e eu fico aqui matutando… quem sabe, o próximo almoço seja aqui em casa. Hatuna Matata.
Sempre gostei de cozinhar. É certo que comecei muito mal: aos 13 anos, sozinho e com fome, coloquei um pacote de macarrão numa panela com água fria, acendi o fogo e esperei ele ficar vermelho. O resultado final não foi interessante. Depois aprendi alguns segredos e informalidades. Acho que um almoço é ótima ocasião para encontrar amigos e colocar a conversa em dia enquanto o fogo faz sua mágica nos ingredientes. Quem participou dos almoços que promovi sabe que a comida é muito boa. Mas o encontro é sempre mais gostoso.
Capítulo 02.
Rob perdeu a mãe, vítima de um câncer. Mudou-se com seu pai para uma cidade do interior onde não consegue fazer amigos na escola. Pior que isso: seus colegas se divertem ao provocá-lo no ônibus, na sala, no recreio. Ninguém dá trégua ao menino. Nem mesmo o diretor da escola. Como forma de se proteger, ele guarda seus sentimentos numa mala bem fechada. Sofre calado. Suporta todo o tipo de intempéries sem reação e assim a vida segue seu curso.
Capítulo 03.
Antes da comida chegar ao prato há toda uma dedicação do anfitrião: escolher os convivas, o menu, sair para as compras, separar os melhores ingredientes, uma boa bebida, pães ou grãos ou queijos para o antepasto, bebidas para antes durante e depois e ainda, quem sabe, um doce de saideira (nunca fui bom em fazer doces - a não ser pudim – e aí fazia um mix de bombons de chocolate).
Capítulo 04.
Sistina tem este nome em homenagem à Capela italiana homônima, local do primeiro encontro dos seus pais, num encontrão casual enquanto adimiravam A Criação de Adão, afresco de Michelângelo no teto daquela construção. Acabou de mudar-se com sua mãe para a mesma cidadezinha do interior e é a nova aluna da classe de Rob. A mãe dela descobriu que era traída pelo pai e sua secretária. Também não consegue fazer amigos na escola. Quando está com a razão, não perde uma briga por nada. Mesmo que se machuque muito ao final de cada embate.
Capítulo 05.
Dia desses fui convidado por uma amiga para um almoço daqueles que há muito não me dou ao trabalho de fazer. Perguntei a mim mesmo o motivo de tanto silêncio entre o meu fogão e a sala de estar. Não encontrei uma resposta que me convencesse. Aceitei o convite, certo de retribuí-lo em breve. Sei o quanto ela se dedicou para transformar cada detalhe em realidade. Coisas de quem gosta de cozinhar para os amigos. Bem, eu só cozinho para quem considero amigo de fé, irmão camarada. Acho que é assim também com ela.
Capítulo 06.
Rob e Sistina se tornam amigos embora ambos tenham medo de confessar suas verdades mais íntimas um para o outro. O tempo fez com que aprendessem a ser francos. A verdade dói para ambos. Rob precisa aprender a abrir a mala e soltar seus sentimentos. Sua mãe não vai mais voltar. Sisitina precisa aprender a controlar sua raiva. Seu pai também não vai mais voltar. Os dois aprendem a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que os dois aprenderam a amar.
Capítulo 7.
A última fatia de pão desaparecia da cesta no início do almoço quando um amigo desencontrou o outro em meio a ações e palavras disparadas de uma mala fechada e uma boca aberta. A carne ao molho tão desejada, a salada especialmente rica em perfumes, cores, sabores e o risoto tipicamente italiano sofreram com tal desencontro. O cafezinho passado na hora servido com um bolo de laranja que quase devorei sozinho também poderiam estar mais apetitosos. O encontro, ou melhor, o desencontro foi encerrado com uma, duas, três ou quatro rodadas de um licor excepcional. Mas nem tanto. Afinal, houve um desencontro dos que aprenderam a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que aprenderam a amar.
Capítulo 8.
Coincidências à parte. Li O Tigre (Kate di Camilo, Martins Fontes) na noite logo após o tal almoço. No premiado livro, Rob e Sistina terminam como dois grandes amigos, aprendendo a enfrentar seus medos. O Tigre – ironicamente – foi o elo que os reuniu novamente. O texto é impecável. A autora de A História de Despereaux descreve com incrível esmero os sentimentos que borboletam em seus personagens infantis. Um bela história sobre confiança, amizade e como enfrentar as perdas. Ah, meus dois amigos já se perdoaram. Nem deu tempo de enferrujar as palavras. Entre os verdadeiros amigos não cabem distâncias. Eles sabem disso. E, assim como no livro, um Tigre foi o elo deste desejado reencontro da vida real. Vocês não imaginam a minha felicidade em poder dizer que esta história também terminou bem, apesar dos arranhões. Agora, o livro volta para a estante, meus amigos dormem sem rancores e eu fico aqui matutando… quem sabe, o próximo almoço seja aqui em casa. Hatuna Matata.
terça-feira, 10 de março de 2009
O Bicho Papão Leitor de Márcia Széliga mora na toca dos Roedores de Livros.
Pois é... acabou de chegar... e a gente tá assim meio bobo... O rapaz dos Correios buzinou e o Tino pensou que eram uns livros da Estante Virtual que ele está esperando, mas não era. Na verdade, o envelope veio de Curitiba e foi enviado pela autora e ilustradora Márcia Széliga: Uma ilustração exclusiva para os Roedores de Livros!!! Uma pintura em acrílica sobre tela colada em papelão. Absurdamente linda!!! Foi batizada como Bicho Papão Leitor. A língua azul do monstro encantou a todos. Vai já para a moldura e fará companhia aos trabalhos de outros grandes ilustradores que aquecem a toca dos Roedores de Livros.
A ilustração não chegou aqui por acaso. Foi um presente de outro amigo da casa: JONAS RIBEIRO. Ele está com um NOVO SITE no ar. Bonito, ágil e com algumas novidades. Entre elas, um link chamado PALETA que leva para um mural com ilustrações exclusivas feitas para o site, sempre tendo a LEITURA como tema. Os originais dos artistas serão doados a grupos, instituições e afins que lidam com o livro. O Roedores de Livros foram agraciados com a obra inicial. A cada dois meses, uma nova ilustração convida-nos a visitar o site de Jonas. Mas lá, além de conhecer sua obra, o visitante pode ainda fuçar o CHÁ DAS CINCO, em que o autor entrevista outras personalidades do mundo do livro. Se você desejar, lá você vai descobrir um pouco mais sobre a ilustradora.
Nós conhecemos a Márcia "Chéliga" (é como se pronuncia seu sobrenome diferentão) na Feira do Livro de Porto Alegre edição 2008. Naqueles dias, conversamos pouco, mas percebemos sua rotação suave, calma, que orbita aos poucos em torno da gente. Simpática e atenciosa com todos. Ela ilustrou alguns livros de Jonas Ribeiro como O Perfume do Mar (Salesiana). Além de ilustrar, Márcia também escreve para crianças. Nós gostamos muito de Do Céu ao Céu Voltarás (Cortez) livro que conta com seus desenhos e suas palavras. Belíssimo.
Daqui do coração do Brasil deixamos o nosso MUITO OBRIGADO a Jonas Robeiro e a Márcia Széliga. Vida longa à fantasia que brota da cuca fresca de vocês. Hatuna Matata.
A ilustração não chegou aqui por acaso. Foi um presente de outro amigo da casa: JONAS RIBEIRO. Ele está com um NOVO SITE no ar. Bonito, ágil e com algumas novidades. Entre elas, um link chamado PALETA que leva para um mural com ilustrações exclusivas feitas para o site, sempre tendo a LEITURA como tema. Os originais dos artistas serão doados a grupos, instituições e afins que lidam com o livro. O Roedores de Livros foram agraciados com a obra inicial. A cada dois meses, uma nova ilustração convida-nos a visitar o site de Jonas. Mas lá, além de conhecer sua obra, o visitante pode ainda fuçar o CHÁ DAS CINCO, em que o autor entrevista outras personalidades do mundo do livro. Se você desejar, lá você vai descobrir um pouco mais sobre a ilustradora.
Nós conhecemos a Márcia "Chéliga" (é como se pronuncia seu sobrenome diferentão) na Feira do Livro de Porto Alegre edição 2008. Naqueles dias, conversamos pouco, mas percebemos sua rotação suave, calma, que orbita aos poucos em torno da gente. Simpática e atenciosa com todos. Ela ilustrou alguns livros de Jonas Ribeiro como O Perfume do Mar (Salesiana). Além de ilustrar, Márcia também escreve para crianças. Nós gostamos muito de Do Céu ao Céu Voltarás (Cortez) livro que conta com seus desenhos e suas palavras. Belíssimo.
Daqui do coração do Brasil deixamos o nosso MUITO OBRIGADO a Jonas Robeiro e a Márcia Széliga. Vida longa à fantasia que brota da cuca fresca de vocês. Hatuna Matata.
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