sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fnac Brasília - 07 de outubro 2007

Pois é... chegamos ao segundo dia daquele fim de semana especial. O domingo na Fnac foi repleto de crianças que se aglomeraram com seus pais e avós para enfrentar aquela maratona de narrativas, canções e ilustrações.
O Tino e a Juliana, como bons anfitriões, abriram os trabalhos. As cores do Flicts, o cheirinho d'A Menina que queria ser gambá e outras especiarias foram devoradas por olhares famintos.
Ivan Zigg e Ana Terra trouxeram o UFA! para aquela tarde. Junto com eles a hilária história de Dona Miúda que ficou entalada Na Porta da Padaria. O casal desenhou e convidou a todos para uma canja no refrão do repente de Ivan: nham, nham, nham, nham, nham... Ana Terra desfilou alguns contos populares como O Sapo e o Boi e O Velho, o Menino e o Burro. Enquanto ela contava, Ivan desenhava a história ao vivo, arregalando a meninada que ia descobrindo as surpresas das histórias.
Ainda teve O Menino Que Chovia, texto genial declamado com bóias, guarda-chuva e muito talento. Ivan e Ana conquistaram as crianças e os Roedores de Livros. Saímos naquele domingo com a certeza da cumplicidade em divertir com qualidade. Ficamos com saudades. Queremos mais!!! That's all, folks!!! Ufa!

Fnac Brasília - 06 de outubro 2007

Aquela tarde estava especialmente gostosa para todos. Era o início de uma programação de 10 dias voltada para a criançada. Uma programação feita com esmero. Diversão e inteligência aliados. Riso solto no ar. Foi assim. Primeiro, Tino Freitas e Juliana Maria desenrolaram o novelo, tiraram o rabanete do chão, ensinaram o beijo da minhoca e fizeram ainda mais até que...
... entrou nossa convidada especial daquela tarde: Ana Terra. E desfilou talento, poses, caras e bocas contando a história de Zé Burraldo do ótimo livro Histórias de Bobos, Bocós, Burraldos e Paspalhões, de Ricardo Azevedo...
... finalizamos juntos cantando com os pais, avós e crianças. A canção? Ah... um tema universal que já vem no DNA do brasileiro: Felicidade, de Lupiscínio Rodrigues, conterrâneo da gaúcha Ana Terra. Pausa para água, livros e então...
... chegou Ivan Zigg com seu figurino impecável arrancando olhares curiosos em saber o conteúdo da sua maleta (a segurança da Fnac também quis saber... hehehe). Risos, muitos risos e, antes de dizer uma palavra, Ivan já tinha todos na palma da mão!!! Impressionante. A performance De A a Zigg mostrou não só o talento do ilustrador - que já conhecíamos - mas apresentou um Ivan contador de histórias, compositor e dançarino (hehehe) de mão cheia...
Ao final, a hipersupermegaaultra contagiante canção da caveira que pôs todo mundo de pé, dançando ao som da canção de Zigg, que ainda teve fôlego para uma seção de desenhos autografados... UFA!!! Ufa? Não, UFA foi só no dia seguinte, mas eu conto no próximo post.

P.S. A canção da caveira e outras criações bem bacanas estão no CD que Ivan Zigg está produzindo e que os Roedores de Livros ouviram de primeira mão. Úm trabalho gostoso de ouvir. Nota 10. Aguardem que em breve chegará para todos!!!

Impressões ZiggAnas Roedoras...

Já estamos no final de outubro e não mostramos os frutos das nossas atividades na semana das crianças... Então, vamos lá!!! Na sexta, dia 05 de outubro, acordamos com uma página inteira do suplemento Fim de Semana do jornal Correio Braziliense dedicada às apresentações de Ivan Zigg, Ana Terra e Roedores de Livros.
Naquela manhã, durante o café da manhã, sorrisos pela conquista e espectativa para um passeio inesquecível a Pirenópolis (GO) onde Tino, Ana Terra e Ivan recarregariam as baterias para os dias seguintes. Eu não pude ir mas, pelo que soube, a viagem foi rápida e rica em ótimas sensações.
Abaixo, um recorte do texto que fala sobre a apresentação Direto da estante pro alto falante zás trás num instante tem gosto de bombom em que a Juliana e o Tino desfilam histórias, canções e alegrias. Para ler as reportagens é só clicar nas imagens que elas aparecem num tamanho maior, legível.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A rua está do lado errado...

Havia um pé de tangerina no meio do caminho. Havia. Não há mais.

Eu ADORO tangerinas. Desde pequenininha quando vim morar aqui tinha uma época do ano em que Seu Humberto (que morava em frente de casa) trazia baldes com tangerinas colhidas do pé que ficava no terreno da sua casa. Antes, eu namorava a florada branca, espiava os frutos verdes ganharem seu colorido e enchia os olhos de desejo. A boca guardava uma vontade que explodia num sorriso quando Seu Humberto chegava com suas tangerinas. Confesso que eu gostava de sentir no nariz o aroma e os respingos das cascas furadas por meus dedos ávidos por seus gomos. Ah, era uma farra deliciosa. O tempo testemunhou minha infância e adolescência e as visitas de Seu Humberto e suas tangerinas.
Nossa rua é formada por gente mais velha, que chegou aqui no início da construção de Brasília. Amigos de meu pai viram seus filhos crescerem brincando conosco. Uma rua solidária, como poucas em grandes capitais. Vez em quando alguém mais idoso diz adeus e parte para o lado misterioso da vida. Foi assim com Seu Humberto há uns dois anos. Ele já era viúvo. Na casa, ficou a saudade, o pé de tangerina e o Beto, amigo da minha meninnice, que herdou do pai a generosidade de deixar a cada safra um balde repleto da fruta para mim e os daqui. Foi assim por pouco tempo. Ao retornar de uma viagem de uma semana, descobri que o Beto vendera a casa e se mudara para um apartamento. Começaram a derrubar a antiga construção e a levantar uma nova. A rua se mobilizou. Queriam saber se o novo proprietário manteria vivo o pé de tangerina. Pelo jeito, não era só eu a apreciar os frutos. Cresceram os rumores de que a árvore mais antiga da rua sobreviveria àquela construção que brotava vertiginosamente em frente da minha casa. No fundo, ficava em mim o consolo de, se não iria mais provar os frutos, pelo menos namoraria as flores e as tangerinas com meu olhar guloso. Não foi bem assim. Num fim de tarde primaveril em que os Flamboyants coloriam Brasília com seus vermelhos e laranjas meu pé de tangerina de estimação foi arrancado. Suas raízes ganharam o solo da minha memória onde buscam nutrientes no meu olhar saudoso. Para fugir da tristeza entrei no mundo de saudades e sentimentos d'A CASA DOS BENJAMINS (Socorro Acioli, ilustrações de Daniel Diaz, Caramelo). O livro tem como personagens uma menina curiosa, uma casa amarelada pelo tempo e quatro benjamins (fícus benjamim). Não havia muro. Entre a rua e a casa, só as quatro frondosas árvores, guardiãs daquele lar. A menina quer conhecer a história daquele misterioso lugar. Compartilha com sua professora os medos, os sonhos. Ganha coragem e a companhia de uma velhinha simpática que a convida para conhecer os segredos da casa. Viaja no tempo.
Conhece um lugar repleto de árvores e peixes. Antigos personagens daquele mesmo lugar. Além da casa, a menina só reconheceu os Benjamins. Descobriu que a velhinha ao seu lado era a escritora Rachel de Queiroz. Conheceu a história por trás do mistério. “Quem deixa livros no mundo não morre nunca” diria Raquel. Mas a frase que eu guardei no coração foi a resposta para o motivo dos Benjamins no meio da rua: “Porque as árvores vieram primeiro, a rua é que está no lugar errado”. Ao fim do encanto com a visita e suas descobertas, a menina descobre que “tudo estava como antes. As casas com grades e muros. As árvores dentro das casas. As ruas asfaltadas e sem árvores. Os quintais sem açude, sem pomares, sem espaço para o vento passar”.
O livro é inspirado num espaço real. Uma casa em Fortaleza onde Rachel de Queiroz escreveuseu romance de estréia, O Quinze. As belas ilustrações de Daniel conversam com um fundo fotográfico e com as folhas dos benjamins de que fala a história. Dão ainda mais beleza às palavras de Socorro. Flagram a cumplicidade que os dois carregam. Ilustrador e escritora são, antes de tudo, amigos. Daqui de longe fico amiga dos dois por dividirem comigo esta história repleta de sentimentos. Fim do livro e eu também desencantei e dei de cara com a realidade. Minha rua parecia aquela com grades e muros. Agora, sem pé de tangerina. Alguma coisa me diz que a rua está do lado errado.
P.S. A primeira foto é o registro daquele entardecer sem o pé de tangerina. Depois, capa do livro da Socorro Acioli e detalhe de uma ilustração do miolo. Daniel Diaz é clicado numa performance ao vivo no Salão do Livro Infantil da FNLIJ e, por fim, Socorro e eu num momento de descontração em terras cariocas.

sábado, 20 de outubro de 2007

Pequena observação sobre o Dia Mundial do Poeta.

Dizem por aí que 20 de outubro é o dia mundial do Poeta. Queria deixar aqui a lembrança de um livro muito bacana que descobri recentemente. Chama-se Pequenas observações sobre a vida em outros planetas (Ricardo Silvestrin, ilustrações da Mariana Massarani, Salamandra). Não é nenhum lançamento e é repleto de grandes sacadas interplanetárias com a língua portuguesa. Em suas páginas, a poesia e a diversão estão casadas tanto no texto muito gostoso de Silvestrin quanto nas ilustrações moleques de Mariana Massarani. O autor visita os planetas Poft, Nasus, Gugus e Argh, para citar alguns. A ilustração abaixo corresponde ao Planeta Deserto.Difícil escolher um poema só, mas em virtude da data vou cair na obviedade de citar o PLANETA POESIA.

No Planeta Poesia,
quando um fala "Bom dia",
o outro diz "Como vai a tua tia"
Todo mundo é poeta,
do mais sábio
ao mais pateta.
Um simples "Boa tarde"
é seguido de "covarde",
"alarde", "arde".
E é isso o dia inteiro,
e é assim todo dia.
Só de pensar, me dá azia.

P.S. Conversando com a Ana Terra sobre literatura infantil, fiquei sabendo que este livro foi publicado antes pela Editora Projeto na coleção Rimas Tiras, com ilustrações do Gauzzelli. Essa coleção é genial. Tem outros títulos divertidos como Boneco Maluco, de Elias José.

Nosso parabéns a tantos poetas que plantam maravilhas para colhermos poesia. Viva a poesia todos os dias. Hatuna Matata.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

- Que bagunça é essa?

O sábado 06 de outubro foi um dia diferente no projeto. Primeiro porque continuávamos sem energia (mas isso não seria novidade). Depois, porque, mudamos a estrutura dos acontecimentos tradicionais. Recebemos vários convidados e por isso, não fizemos a mediação de leitura, mas ouvimos muitas histórias. Aldanei, Simone e Míriam, juntaram-se ao Tino e a Juliana para o último ensaio do Firimfimfoca antes da estréia na Fnac. Na platéia, além dos olhares atentos da garotada, Ana Terra e Ivan Zigg também se divertiam com as histórias de Sylvia Orthof e com as canções que o Tino preparou para cada uma delas. Nossos meninos estavam meio tímidos no início. Talvez a presença de Ana e Ivan. Talvez a presença das meninas do Firimfimfoca. A coisa foi demorando para engrenar quando, de repente, a porta do salão se abre subitamente e entra o Jardesson gritando: - Que bagunça é essa aí?... risos e a descontração de volta ao seio dos Roedores de Livros. O Firimfimfoca se mostrou forte, mas carente de alguns ajustes. Dicas que Ivan, Ana Terra e eu discutimos com todos ao final da apresentação.
Depois do lanche, tinha mais. Aldanei apresentou O Saco, história clássica de um livro do Ivan Zigg em parceria com Marcello Araújo. Nosso ilustre visitante adorou a surpresa e posou para o clique abaixo ao lado dos objetos que Aldanei utilizou na contação.
Nossos meninos e meninas gostaram das histórias. Na oficina de artes, fizemos barangandão (sempre um sucesso). Depois todos foram para casa brincando e com um livro emprestado. E foi assim.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Furando sombras, descobrindo labirintos...

Zubair nunca foi um bom corredor, as coisas é que correm. Muros correm, palmeiras carecas correm, minaretes, cercas, postes correm, um homem parado de muleta corre, janelas pegando fogo correm. Desta vez a sirene gritou só de implicância. Depois emendou num chiado, como um marimbondo preso no labirinto do ouvido. Zubair fez uma curva fechada e guardou o ouvido no bolso. Agora é correr.
Enquanto Zubair - o menino - corria, eu descansava os olhos em cada palavra do autor, cada ilustração. Zubair e os labirintos (texto e ilustrações de Roger Mello, Cia das Letrinhas) – o livro – exige cuidado. Cuidado no sentido de atenção. É um livro acima da média. O olhar é surpreendido pela forma, pelo enredo e por suas ilustrações. O livro são dois. Os dois são um. Mas não pense que ler Zubair e os labirintos é uma tarefa difícil como tentar sair de um labirinto. Zubair só pede atenção. Um lugar em silêncio para ouvir as bombas, o coração do menino, o medo da cidade que corre, corre, corre.
Zubair tem ainda suas entrelinhas. Fala sobre o histórico saque ao Museu de Bagdá nos dias da guerra. Peças de valor incalculável como vasos da Mesopotâmia, esculturas assírias de marfim, cerâmicas do cemitério real da cidade de Ur ficaram à mercê de vândalos e oportunistas. O menino Zubair corre, sobre os destroços se encanta com um tapete dobrado, toma-o para si e corre dos mísseis, de um soldado da coalizão e de um miliciano. Enfim, um lugar seguro para Zubair e seu precioso tapete. Hora descobrir que “desembrulhado uma duas três vezes, o tecido espesso abraçava um livro que se lia: Os treze labirintos”. Um susto!!! Eu havia desembrulhado o livro três vezes e descoberto outro: Os treze labirintos. Esperto esse Roger Mello. Esperto e surpreendente pois o novo livro convida para uma leitura inversa da ocidental. Não do texto, mas das páginas. Forma que o autor inventou para nos aproximar do universo de Zubair.
O novo livro apresenta os labirintos. Drops da genialidade do autor. O papel laranja guarda belíssimas ilustrações em preto. Eu diria que os labirintos estão nas palavras, mais que nos desenhos, embora alguns sejam as duas coisas. Eu adorei. O primeiro labirinto guarda um bom enredo. O terceiro foi escrito para o riso dos adultos – perfeito! O oitavo e o nono pontuam pela forma disforme (!!!). O décimo labirinto – o das sombras – é uma brincadeira com palavras ao melhor estilo Lewis Carrol. E por aí seguem os olhos de Zubair e os meus. Roger me faz rir com tantas descobertas. Será que tem mais? Onde estará o décimo terceiro labirinto? Bem, acho que dei atenção demais para o livro, estou viajando nas possibilidades. Descobri que quando a última página do livro laranja se encontra com o livro-tapete uma terceira história se completa. Putzgrila!!! Vou ler de novo.
É hora de guardar o ouvido no bolso para me encantar com o primeiro parágrafo reproduzido no início deste texto. Descansar os olhos nas ilustrações coloridas que mostram uma Bagdá em guerra (num estilo que lembra o lindo trabalho do autor no livro Meninos do Mangue). Descobrir o menino Zubair correndo entre as ruas repletas de destroços. “Zubair fura sombras enquanto corre”. Roger Mello deve furar sombras enquanto imagina suas histórias. Eu continuo procurando o décimo terceiro labirinto...

P.S. A primeira foto é a capa do livro, seguida do terceiro labirinto. Depois, Ana Paula brinca com os segredos gráficos de Zubair. Na última foto, Roger Mello apresenta o boneco de Zubair na Feira do Livro de Brasília (2007).

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Poeira das estrelas...

Domingo passado resolvemos desligar um pouco do mundo e ir ao cinema. Fomos assim, sem saber o que assistir. Várias salas destacavam o Tropa de Elite, mas, definitivamente não era esse tipo de filme o que procurávamos. Um cartaz que nos chamou a atenção foi o do Stardust – O mistério da estrela. No elenco, Michelle Pfeiffer e Robert DeNiro chamaram minha atenção. Em algum lugar estava escrito UM CONTO DE FADAS PARA ADULTOS. Sem dúvida alguma, aquela foi a nossa escolha.
O enredo repleto de tramas paralelas que se encontram aqui e ali só enaltecem o talento de Neil Gaiman autor do texto originalmente publicado como o romance ilustrado STARDUST. Gailman é o autor da série Sandman – uma pérola dos quadrinhos. Mas no nosso universo da literatura infantil teve publicado pela rocco dois títulos igualmente geniais: Coraline (que está em fase de adaptação para o cinema) e Os lobos dentro das paredes. Estes livros não protegem as crianças de sustos e arrepios. Vai muito além dos padrões. Gailman escreve contos de fadas sem os "cuidados" das adaptações que os tradicionais contos europeus sofreram de Disney. Mantém o susto e instiga a fantasia. Mas vou deixar os comentários dos livros para uma outra hora. Agora quero falar do filme.
Um mundo fantasioso está além dos muros do povoado de Muralha. Um rei no seu leito de morte dita a profecia que revelará seu sucessor. Três velhas feiticeiras se alimentam da juventude no coração de uma estrela. Um jovem apaixonado busca a prova do seu amor. Fura-neve é o nome de uma flor européia com pétalas brancas que deu o nome original do conto que hoje conhecemos como Branca de Neve. Esta e outras referências aos tradicionais contos de fadas (como uma carruagem parecidíssima com uma abóbora) aparecem sutilmente por toda a trama. Acho que não preciso dizer mais nada. Vão ao cinema. De preferência numa sessão mais tarde. A nossa, vespertina, foi dublada. Mas não diminuiu a atuação de DeNiro que surpreende como o capitão de um navio que navega no céu. Gostosas risadas. Por fim, não é um conto de fadas só para adultos. Levem as crianças. Aproveitem para, depois do cinema, passar numa livraria e comprar um livro do Neil Gaiman. Pura fantasia.

Uma simplicidade e uma beleza que espantam a tristeza...

Alguns livros carregam uma simplicidade e beleza que até assustam. Não podem ser assim tão bons! Podem, sim!!! Alguns dias são mais ímpares que outros. Plantam em nós uma semente de tristeza ou alegria especial, diferente, inexplicável. Foi num dia desses, ímpar, quase primo, que encontrei O Sapo Está Triste (Texto e ilustrações de Max Velthuijs, tradução de Mônica Stahel, Martins Fontes). Acho que estava com saudade. Um momento de extrema solidão. Daquela solidão que nem amigo, nem pai, nem mãe, conseguem resolver. Aquele nó na garganta. Lágrimas querendo fugir dos olhos sem saber como. Pois foi assim. Encontrei o livro também numa tristeza. Esquecido, ou melhor, espremido no meio de tantos outros, escondido na prateleira. Acho que esperava por mim. Saltou na minha tristeza. Fomos juntos ao café. Nas suas páginas, em frases curtas, diretas, a história de um sapo que estava triste, sem motivo aparente. Vontade de chorar. Uma tristeza aguda, imune aos afagos do ursinho. O amigo rato insiste, insiste, insiste até que... A história termina com o sapo rindo e cercado de amigos. Eu ainda estava no café. Minhas lágrimas não suportaram a força do livro. Derramaram toda a tristeza e embaçaram as lentes dos óculos. Respirei fundo, pedi outro café. Enxuguei a saudade e as lentes. Fui apreciar as ilustrações do autor. O livro é lindo também por seus desenhos. Têm a simplicidade e beleza de uma bela canção tocada num violino. De repente, eu também estava sorrindo. A saudade ficou presa no tempo daquela tarde. Eu, o sapo e seus amigos seguimos para casa onde saltamos vez em quando em busca de novos olhares. Não precisa estar triste para se encantar com suas páginas. Elas encantam por si. Eu é que desencantei da saudade. Ela chega vez em quando. Deixo ela ficar por um tempo, depois ela se vai. Os mais próximos percebem: “o Tino está triste”. Mas assim como no livro, me cerco de cores e amigos (pessoas, livros, discos), choro um pouquinho e volto ao “normal”. Alguns livros carregam uma simplicidade e beleza que até assustam.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Tino e Ana Paula por Ivan Zigg

Gente... hoje completou uma semana de atividades infantis produzidas pelos Roedores de Livros acontecendo na livraria Fnac Brasília e na Praça Central do Parkshopping (só hoje passaram cerca de mil pessoas por lá - entre pais, avós e crianças). Mas ainda vamos em frente até o domingo, 14. A programação prima pela qualidade e começamos com a presença de Ivan Zigg e Ana Terra sábado e domingo, 06 e 07 de outubro com os espetáculos De A a Zigg e UFA!, ambos com casa cheia, platéia atenta e feliz. Depois o Firimfimfoca, nossa homenagem a Sylvia Orthof foi apresentado para 200 crianças de escolas, creches e abrigos infantis. Na última quinta, uma sessão aberta ao público foi marcada por olhos e ouvidos atentos, risos soltos, gargalhadas e aplausos. Para começar a falar destes dias loucos de pouco tempo para dormir e escrever por aqui, destaco a ilustração acima que o Ivan Zigg deixou no nosso O Elefante Caiu. Eu e Tino de forma descontraída, felizes. Assim estão estes dias: risonhos. Cansativos também! Por isso, deixo um boa noite a todos e a promessa de em breve retomar as postagens. Muitas novidades vêm por aí. Hatuna Matata!!!

P.S. Quer bisbilhotar um pouco da visita de Ana Terra e Ivan Zigg no Planalto Central? Clique no Blog da Ana e no Blog do Zigg e procurem por lá.