quarta-feira, 4 de junho de 2008
Desenhar não é coisa só de criança...
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Um balanço do Salão FNLIJ do livro.
Para se ter acesso a este mundo de livros, pagava-se apenas R$ 3,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal). Um valor ínfimo se você imaginar que na maioria das editoras participantes a gente conseguiu um desconto de 20% na compra de livros. Em algumas, foi mais difícil. A Cia das Letras, por exemplo, dificultou o tal desconto em nossas aquisições. No final, deu tudo certo, mas poderiam evitar a burocracia que não tivemos, por exemplo, na Editora SM e na Girafinha. Lá os descontos já estavam na lista, independente de o comprador ser ou não professor. Por falar na categoria, professores da rede pública que trabalham nas salas de leitura receberam da prefeitura um cartão com cerca de R$ 500,00 em créditos para investirem no acervo. Fica a dica para que em 2009 façam como em 2007 onde todos os estandes ofereciam descontos para qualquer visitante.
As atividades especiais aconteceram no Espaço FNLIJ de Leitura, a Biblioteca FNLIJ e o Espaço Petrobras. O estande do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) também promovia encontros em que os indígenas faziam pintura no corpo das crianças, ilustravam ao vivo e contavam histórias. Havia ainda um espaço dedicado à Itália, país homenageado neste Salão. Lá, uma exposição com livros e ilustrações de publicações infanto-juvenis italianas. Tudo muito bonito de se ver.
Durante os finais de semana, os dois mil metros quadrados dedicados à literatura eram ocupados principalmente por pais e filhos. Um público surpreendente. Durante a semana, os corredores ficam repletos de crianças. MESMO!!! Muita gente. Segundo o site oficial do Salão, o público presente superou em 10 mil o índice de 2007. Em alguns momentos ficava difícil percorrer os corredores. Mas a estrutura com banheiros, água de graça e praça de alimentação deu conta do recado. Parabéns à organização.
Por fim, não cansamos – eu e Ana Paula – de exultar a FNLIJ por conseguir distribuir UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA VISITANTE na hora da saída. Grátis!!! No Salão do Livro da FNLIJ, crianças e Jovens tiveram o direito a levar para casa um livro próprio para sua idade. E não foram títulos vagabundos, não. A cada instante, bons livros, de ótimas editoras, transformavam a surpresa em sorrisos e ganhavam o olhar de todos na saída do Salão. Que estas ações, misto de competência, organização, planejamento e respeito para com o livro, seus agentes, professores, pais e crianças se multipliquem por todo o país. Nossas crianças e jovens merecem a devida atenção. O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens é, de fato, o melhor evento do gênero. Voltaremos no ano que vem. That’s all, folks!!!
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O Chileno, o Roedor e o Sanduíche de Pernil...
Apesar de tanta admiração, tanto eu como o Tino achávamos que ele seria um senhor sisudo, fechado, de difícil aproximação. Talvez pelas fotos nas orelhas dos livros. Talvez fosse uma impressão sem motivo. Gente, já no sábado à tarde, encontramos Cárcamo esbanjando simpatia pelos corredores do Salão. Primeiro foi se chegando, descobrindo outros ilustradores, abraçando velhos amigos, trocando idéias. Nos apresentamos. Gostou do nome do projeto. Achou importante a iniciativa. Marcamos o encontro da noite no Cervantes. Reduto da boêmia informal carioca. Lá, num encontro memorável com mais de 20 pessoas, Cárcamo, Tino e Marcelo desfilaram um repertório incrível de piadas e aquela impressão do ilustrador sisudo foi para o espaço.
Depois de alguns sanduíches de pernil e muito papo, Cárcamo nos presenteou com um pouquinho do seu enorme talento. Inspirado no tema do projeto, o ilustrador criou ali, no papel que cobria nossa mesa no Cervantes, uma caricatura que brincava com o Tino assumindo a forma de um roedor. Criatividade e talento que trouxemos na mala. Obrigado querido. Daqui, do Planalto Central, aguardamos a concretização daquele novo livro. Pois é... além de simpatia, o homem é cheio de ótimas idéias. Hatuna matata.
Foto 01 - Cárcamo, Tino e Marcelo no Salão do Livro.
Foto 02 - Eu, com o chapéu de Ivan Zigg, e Cárcamo.
Foto 03 - A ilustração de Cárcamo para o Tino.
De volta à toca dos roedores de livros
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Premiando...
segunda-feira, 21 de abril de 2008
1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte IV
Tudo começou aos sete anos, quando Reinações de Narizinho acordou a imaginação da menina-futura escritora. Foi um encontro adiado, porém arrebatador para a criança que não se dava bem com tantos livros de princesas de mundos tão tão distantes. A brasilidade que permeia o texto de Monteiro Lobato encantou o olhar infantil de Lygia que se descobriu curioso pela literatura. Tempos depois, sua paixão foi por Raskólhnikov, personagem principal de Crime e Castigo, livro de Dostoievski. As angústias, as verdades, as ações daquele jovem estudante balançaram o coração da jovem Lygia. Mas a atmosfera dos contos de Edgar Allan Poe
A quarta paixão, Lygia não revela nem sob tortura. É inconfessável! Diz que foi um daqueles autores “profissionais” que seguem uma fórmula mágica para escrever seus livros e encantar seus leitores. A tal literatura barata. Foi uma longa paixão que provocou intrigas com uma amiga crítica literária que afirmava ao referir-se aos tais livros: - Isso é uma AZIA INTELECTUAL... Para curar só LENDO UM BICARBONATO! Não foi preciso. Um dia, ávida para beber da nova versão para a velha fórmula do tal autor, foi surpreendida por um texto diferente, quase uma descrição de uma viagem. A paixão acabou. Ufa!!!
Depois desta longa aventura, foi a vez da poesia encantar a moça. O livro Cartas a um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke foi uma paixão avassaladora. Seguia com Lygia por todos os caminhos. Iam ao cinema, aos cafés... Era companhia certa para um caso a três (Lygia, o livro e um jovem apaixonado). Foram meses até que num acidente, Rilke morreu afogado no arpoador.
Para curar a dor da perda, o jovem apaixonado apresentou os Poemas de Alberto Caeiro. Nada poderia ser mais atraente. Fernando Pessoa - o autor por trás de Caeiro - estaria para sempre atrapalhando aquela relação pois ambos, Lygia e o jovem, eram loucos pelo poeta português.
Nesta última foto, Roedores de Livros e Lygia Bojunga, no Salão de Goiás. Um papo delicioso e o desejo de um reencontro em maio, no Salão da FNLIJ. Para ver mais sobre Lygia Bojunga em nosso blog, clique AQUI e AQUI.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Flagrante: Roedores de Livros em Ação!!!
domingo, 13 de abril de 2008
1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte III
Nelson Cruz acaba de relançar pela Cosac & Naify e com novo projeto gráfico os livros Dirceu e Marília (na foto acima, a primeira edição, pela Formato), Bárbara e Alvarenga e Chica e João, todos centrados em personagens históricos de Minas Gerais. Eles fazem parte da coleção Histórias para Contar Histórias onde o autor e ilustrador passeia com talento pelos caminhos do tema que defenderia nesta noite: “Ilustração, história e ficção”. Nelson Cruz abordou seu tema com maestria explicando o trabalho minucioso de pesquisa que realizou para produzir o ótimo livro No Longe dos Gerais. Ficou nítida sua paixão pela obra literária de Guimarães Rosa, inspiração para seu livro e que o levou a percorrer o interior de seu estado natal refazendo a viagem original do autor de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. Mostrou fotos da viagem que serviram aos estudos iniciais para as ilustrações do livro. E pedindo atenção aos primeiros rabiscos, mostrou ao público todo o trabalho para chegar a um resultado final. O público - formado por educadores, ilustradores e curiosos - assistia a tudo com uma expressão de encanto. É muito fácil pousar os olhos e descansar a fantasia num livro pronto, mas, para chegar a um produto de qualidade, às vezes é preciso muito trabalho para que as idéias ganhem forma no papel. Só sentimos a falta do riacho que entrava pela sala e saía pela cozinha nas ilustrações de Nelson. Ele conta que se emocionou muito ao beber da água ali, agachado no chão da cozinha. Por causa da forma que tomou o projeto gráfico, a cena tão bem trabalhada e vivida emocionalmente pelo artista, foi cortada exatamente no ponto do riacho (fato que deixou Nelson em silêncio por uma semana enquanto analisava o boneco do livro deixando a editora à espera do seu “ok”). Nada não! O livro – mesmo sem o riacho correndo dentro da casa – ficou uma maravilha e ganhou o prêmio de Melhor Projeto Editorial de 2004 pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Fim da explanação: aplausos e olhos voltados para Marilda Castanha.
Marilda Castanha também teve os premiados livros Pindorama e Agbalá relançados com novos projetos gráficos e incorporados à coleção Histórias para Contar Histórias da editora Cosac e Naify. Nossa relação de amor com a obra de Marilda vem de alguns anos: O embrião dos Roedores de Livros começou a se formar depois que Ana Paula me apresentou o livro O Rei da Fome (Marilda Castanha, Ediouro, capa na foto acima). Adubei suas idéias, ela resolveu pôr a mão na massa e cá estamos. Temos uma paixão por este livro. Mas esta história fica para outra hora. Vale agora dizer que sua fala foi sobre “Ilustração, linguagem, processo de criação”. Centrada nos relançamentos e de forma descontraída, Marilda falou das minúcias que envolveram a criação de Pindorama, dos seus estudos para descobrir cores formas e texturas para os projetos, do trabalho para chegar à forma e cores do navio negreiro de Agbalá. Pindorama nasceu depois de um convite para expor seu trabalho num importante seminário de ilustração em Bratislava, na Europa. Em sua apresentação, vimos estudos que resultaram nas ilustrações maravilhosas destes livros, descobrimos alguns “segredos” escondidos em detalhes dos desenhos, as alegrias e angústias da criação e tantas outras confissões nos tornaram (Marilda e o público) quase íntimos. Depois daquele encontro, arregalamos o olhar para outras ilustrações dela e tentamos descobrir os segredos ali pintados. Fim da apresentação, o bate papo rolou solto até que a produção disse que seria impossível continuarmos. Bem, todos foram para suas casas.
Ana Paula, Eu, Marilda Castanha e Nelson Cruz seguimos para o hotel onde o papo se desenrolou até depois da meia-noite. Eu já estava virando abóbora e as histórias seguiam o curso normal. Que delícia. Nelson e Marilda são como nós: apaixonados pelo que fazem, de vida simples e de uma sinceridade que empata com o bom humor. O que falamos até depois da meia-noite? Nem te conto!!! Mas que renderam boas risadas, renderam!!! Aguardem nova edição do premiado Pula Gato e um novo livro - com um tema há muito esquecido - do Ernani Ssó ilustrado pelo Nelson Cruz. Tem mais novidades por aí, mas vamos deixar que os bons ventos as apresentem. Para encerrar, uma montagem com o carinho que os dois deixaram em nossos livros. Hatuna Matata.
Ainda temos mais para contar sobre o Salão do Livro de Goiás. Aguardem!!!
quinta-feira, 10 de abril de 2008
1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte II
Nosso primeiro encontro literário em Goiânia foi no elevador do hotel. Ele saía com uma pasta na mão e nós entrávamos com malas, cuias e livros. “Professor”, disse o Tino, "vai devagar que já já a gente chega lá no auditório! É só o tempo de despejar a matula”. E foi mesmo. Pegamos um táxi e seguimos para o Centro de Convenções de Goiânia. Conseguimos chegar no início da palestra “Armadilhas para a formação de leitores : didatismo, sistema cultural dominante e políticas educacionais” proferida pelo escritor, ilustrador e pesquisador Ricardo Azevedo que, sem querer, havia atendido ao pedido do Tino e “esperou” a nossa presença para começar sua fala.
Começou afirmando que, de uma forma geral, as escolas não sabem bem o que fazer com os livros de ficção e de poesia em sala de aula. Para elas, o livro de literatura deve ser tratado como um livro didático, com suas soluções equacionadas e respostas exatas. Há uma necessidade de que o conteúdo destes livros não germinem a fantasia e sim, tenham serventia prática no mundo real. A escola quer uma resposta prática para a questão “para que serve a literatura?”. É necessário que a literatura caiba no didatismo, no utilitarismo. A literatura, para a maioria das escolas, não serve como mero instrumento da fantasia. Lembrei de uma palestra do professor Bartolomeu Campos de Queirós em que ele falava da necessidade da escola de medir o conhecimento. De repente ele saiu com a pérola: “- Quero ver a escola medir qual criança é mais feliz na hora do recreio”. Ricardo Azevedo criticou veementemente esta postura didática reforçando a idéia de que é preciso mudar esta situação.
Seguindo o roteiro do texto que escreveu para a palestra, o escritor fazia a sua leitura e, vez em quando, olhava discretamente para o visor do relógio que estava posicionado no lado inferior do pulso esquerdo. O tema era polêmico e o risco de ultrapassar os limites do tempo previsto era alto. Agora falava da cultura ocidental preocupada na formação do indivíduo em detrimento do coletivo. As pessoas estão cada vez mais sozinhas e a escola promove esta individualidade. Ricardo indagou: “- Como construir uma sociedade equilibrada formando centros do mundo?” E seguiu afirmando: “A solidariedade é uma questão de inteligência social”. “O homem não funciona sozinho. Ele passa a ser Homem quando se relaciona com outros homens, pois é um ser dialógico”. Por fim, falou sobre as diferentes formas de se estudar o mundo, lembrando que na ciência oriental, o cientista senta-se ao lado da flor para “conhece-la”. Por outro lado, o cientista ocidental precisa “destruir” a flor para que possa saber sobre ela.
Hora do público se manifestar. O papo seguiu mais como um desabafo dos ouvintes do que como um confronto das idéias apresentadas por Ricardo Azevedo. A maioria – senão, todos – concordava com o olhar crítico do pesquisador. Mas se falou também que em algumas escolas – poucas, ainda – esta visão didática estava perdendo sua força. Esperamos que contagie outros centros de ensino.
terça-feira, 8 de abril de 2008
1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte I
terça-feira, 25 de março de 2008
Slão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Nunca se viu tanta gente!!! Parte II
Anna Claudia Ramos também constou na Programação Geral mas daí a confusão: no papel, suas palestras seriam das 9h as 11 e das 14 as 16 do dia 06 de setembro. Na internet, ainda está lá o horário da segunda palestra: das 11h30 as 13h30. Resultado, auditório lotado na primeira sessão e na segunda, uma confusão com gente chegando aos poucos até que dois terços estivessem ocupados.
O mesmo aconteceu com Roger Mello. Eu e Ana Paula estávamos assistindo a palestra de Elias José (abandonado pela equipe da feira, salvo pela divulgadora da Paulus) quando chegou Roger ciceroneado por sua mãe. Tinham lido no JORNAL que o lançamento de Zubair e os labirintos seria das 11h30 as 13h30. Na internet estavam divulgando das 17h30 as 19h30 (o folheto com a programação não havia saído ainda). Confusão geral. Ninguém da produção da feira soube informar qual o horário correto. Na dúvida, Roger desfilou talento, bom humor, gentileza e competência em duas sessões. A primeira para um auditório com meia lotação. A segunda restrita a 20 atentos e encantados ouvintes. Anna Claudia Ramos não pode fazer a gentileza que transbordou em Roger Mello porque, como qualquer mortal, precisava almoçar. No mais, eu comprei as águas e servi aos autores citados, segurei microfone para Roger poder mostrar os encantos gráficos da boneca do livro Zubair, apresentei Anna Claudia Ramos à platéia – deveria ter apresentado Roger e Elias – e ainda tive que levar Anna Claudia Ramos ao aeroporto pois o motorista que deveria fazer o trajeto não estava no local no horário combinado. A palestra dela acabou as 16h e o vôo foi marcado para as 17h30. Foi uma correria!!!
Eu não conhecia a premiada escritora portuguesa ALICE VIEIRA. Desejei conhecê-la mas, além de não poder participar dos seus encontros na feira (disseram que foram ótimos), não encontrei seus dois livros publicados no Brasil pela SM: Contos e Lendas de Macau e Os olhos de Ana Marta. Talvez tenha sido incompetente na minha busca. Mas o premiado livro infantil de Thiago de Mello AMAZONAS: No coração encantado da floresta também não apareceu na feira. Zubair, de Roger Mello, não chegou a tempo. A DCL não levou o livro Nos Bastidores do Imaginário, tema da palestra de Anna Claudia Ramos, para seu estande. Enquanto isso, o release de divulgação da Feira do Livro informa que “no meio da semana a grade de programação da Feira era voltada ao público infantil. Muitas peças de teatro, contação de história e oficinas lúdico-pedagógicas, com brincadeiras relacionadas a atividades literárias”. Não, não foi fantasia. Foi, sim, a programação infantil da 26ª FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA. Parabéns!!! Nunca se vendeu tanto livro. E, se estes livros estivessem por lá, teriam vendido muito mais.
P.S. Deixo aqui meu abraço ao amigo Lourenço Flores dono da livraria Esquina da Palavra. Sem lancheiras de livros, fantoches, jogos ou tapetes de EVA, deixou seu estande assim (foto acima) na manhã do primeiro sábado da feira.
Deve ter vendido todo estoque de livros fantásticos!!!
P.S. Esqueci de dizer que houve ainda (eu não vi, mas o release diz que houve) a incrível “mostra de cinema português”!!! (...)
Sensacional essa Feira do Livro, não foi?!
Nunca se viu tanta gente!!! Parte I
Não tenho competência para falar sobre a programação adulta da feira pois, embora seja leitor de Mirisola, amigo de Lira Neto, fã de Moacyr Scliar e das biografias de Paulo César Araújo, não me sinto à vontade para falar sobre eles, além de não ter acompanhado de perto esta programação. Deixo claro ainda que os Roedores de Livros não participaram da feira neste ano – ao contrário do que aconteceu em 2006 - o que pode dar vestígios a interpretações de que o que escrevo aqui tenha um cunho pessoal. Não é. A intenção deste texto é o de alertar a todos (inclusive ao grupo responsável pela Feira do Livro de Brasília) que não se faz um evento cultural pensando somente em números. Atenção, cuidado e respeito vêm sempre em primeiro lugar.
No primeiro parágrafo do tal email, destaca-se que “nunca se viu tanta gente. Todos os corredores da Feira ficaram congestionados por pessoas interessadas em saber as novidades do mundo literário”. Fala-se de meio milhão de pessoas, um número, sem dúvidas, expressivo. Fala-se no aumento das vendas e no fim de 10 dias, parece que isso é o que importa. Estivemos lá no primeiro dia. Passeamos pelas instalações. Tudo muito assustador para quem tem uma relação de proximidade com o livro. O release que ora recebo diz que “Os maiores visitantes da Feira do Livro de Brasília foram os alunos das escolas públicas e particulares” para logo depois arrematar: “De acordo com registros fotográficos, ônibus escolares enfileiraram-se na via que dava acesso a Feira e chegava a quase 1 km. As escolas participaram do projeto "Ler é legal", criado há 3 anos pela Câmara do Livro em parceria com a Secretaria de Educação do DF. O projeto permite que alunos e professores de ensino fundamental e médio do DF possam adquirir livros durante a Feira do Livro de Brasília. Um dos objetivos do projeto é ampliar o universo multiplicador de conhecimento e criar oportunidade de negócios, já que as Feiras de Livros tornam-se vitrines da cultura, capazes de promover os livros e aumentar o interesse pela leitura; oferecer ao público visitante a oportunidade de acesso as mais importantes obras dos autores nacionais e internacionais”.
Aproveitando a deixa, meus registros fotográficos neste post mostram as vitrines que ofereciam “as mais importantes obras dos autores nacionais”. São lancheiras de livros, fantoches, tapetes de EVA, máscaras, jogos. Predominantes nos estandes da feira. Impedidos de comprar outros itens que não fossem livros com os “Legais” do Governo, driblava-se a norma com gritos nos corredores engarrafados de crianças: - compre um livro e ganhe um fantoche!!! Durante a semana, a visitação descontrolada de alunos tornou a feira quase impossível de se transitar. “Parecia Natal”, diria o release da assessoria de imprensa. Se você é adulto e sabe como ficam os shoppings às vésperas do natal, imagine o que pode escolher uma criança, ou um professor responsável por mais de 30 delas num corredor repleto, entupido de gente. Como parar para escolher um livro? Melhor parar no stand de um dos personagens que mais trabalhou na feira: o Tinácio, que com talento e simpatia pintava o rosto das crianças. Talvez o momento mais feliz para a garotada.
Podemos dizer que esta pode ter sido também a feira da água. Lembro a todos que passamos por um momento de extrema seca em Brasília com a umidade do ar ficando muito abaixo dos 20% durante nossas tardes. NÃO HAVIA ÁGUA À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO. Nos dias em que acompanhei Elias José, Roger Mello e Anna Claudia Ramos a produção não providenciou sequer água para eles. Tínhamos que entrar no shopping para comprar água. E o que fazer com as crianças da periferia? Eles podem até dizer que tinha água por lá. Mas nos cinco dias em que freqüentei o local... só pagando!!! Nunca se vendeu tanto livro... e água!!!