quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Tão bom que fiquei chato!

Recentemente descobri o livro Historinhas em Versos Perversos (Roald Dahl, com ilustrações de Quentin Blake, Salamandra) e fui acometido da chatice de quem adora um livro e sai espalhando para todos, sejam amigos ou estranhos. Na sessão de literatura infantil na livraria, eu não podia ver alguém próximo, com aquela cara de dúvida dobre qual livro levar, que eu chegava de mansinho com os versos perversos em mãos e lia uma história. Pronto. As dúvidas sumiam da vista do leitor e ele saia folheando o exemplar em direção ao caixa. Não foram poucas as vezes que li para os amigos em casa ou num café (sim, o livro passeou por dias na minha maleta). Geralmente, eu contava duas histórias de uma vez só: Chapeuzinho Vermelho e o Lobo e Os Três Porquinhos. As minhas preferidas.
Bem, depois desta revelação você deve ter torcido o nariz dizendo: - Ah, mas estas histórias o mundo inteiro já conhece!!! Pois é! E esta é a graça maior e a grande sacada de Roald Dahl. O autor reconta estas e mais quatro histórias em versos e rimas, tudo com muito ritmo, porém, fora do script que todos conhecemos. O príncipe de Cinderela tem mania de cortar cabeças e a nossa pobre heroína se casa com um vendedor de geléias. João, aquele do pé de feijão, não gostava de tomar banho e fedia como um gambá, por isso o gigante sentia o cheiro dele de longe. Em Branca de Neve, o tal espelho mágico vira um oráculo para que os anões apostem nas corridas de cavalos. E Cachinhos Dourados se transforma numa menina mimada, enxerida, ranheta, ladrona e esperta. Mas não pense que eu estraguei as surpresas do livro. Há muito com o que se surpreender.

A tradução cuidadosa de Luciano Vieira Machado mantém o humor e a sagacidade do texto original, lançado em 1982. Parceiro de Roald Dahl numa trilha de sucessos literários, assim como Roberto e Erasmo Carlos são na música, o ilustrador Quentin Blake não deixa a desejar e compõe com maestria os espaços destinados aos desenhos. Só sinto que a edição em português não tenha o cuidado gráfico da edição inglesa. Nesta, há mais ilustrações e o formato é maior. O mais intrigante é que, se a língua inglesa não for uma barreira para você e seu filho, a edição importada sai por quase o mesmo preço da nacional. Mas estas comparações não diminuem, de forma alguma, a força que este livro tem em encantar adultos e crianças.

Experimente uma leitura em voz alta. O ritmo, as rimas e o novo enredo que Roald Dahl imprime às velhas histórias são capazes de viciar. Mas tome o cuidado para não se transformar num cara chato que aborda as pessoas indecisas no meio da livraria. Esse papel já é meu!!! Hatuna matata!

6 comentários:

Dante Accioly disse...

O livro é legal mesmo.
Mas você não é chato.
É o cara genial que desencava essas maravilhas para nós!!!!!
Hatuna matata!

Manoel Gonçalves (Manogon) disse...

Cara, sei bem como é isso, pois eu também sou de fazer isso (talvez não tanto a ponto de abordar a pessoa na livraria ou andar com ele na bolsa). Os livros Um dia desses (http://blogdodesabafodemae.blogspot.com/2008/01/um-dia-desses.html), Receitas Nojentas Idéias Bolorentas e Cabelinhos nos Lugares Engraçados são exemplos do que estou falando. Até hoje os recomendo. O primeiro eu lia para a minha filha mais velha e agora leio para a caçula, com vozes e gestos e tudo o mais que tenha direito.
Valeu pela dica.

Abraços.

Anônimo disse...

Acho que eu quero te encontrar numa livraria Tino... kkkk!
Roald Dahl? 10!!
Beijos da Pinpolha

Anônimo disse...

Oi, Tino
Adorei suas sugestões. Vou procurar os livros de que vc falou.
Gratíssima,
Marisa

marisa disse...

Oi, Tino
Fui à livraria e comprei o "Historinhas...".Adorei! Muitíssimo grata pela sugestão!
Abraço
Marisa

marisa disse...

Oi, Tino
Fui à livraria e comprei o "Historinhas...".Adorei! Muitíssimo grata pela sugestão!
Abraço
Marisa