quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Roedores de Livros no Correio Braziliense
Jardim das maravilhas
Acompanhadas por suas sacolas azuis, em que guardam os livros, as crianças chegam aos poucos à Creche Comunitária da Ceilândia. É sábado de manhã - "dia de história e lanche", fazem coro. A professora Edna Freitas, do grupo Roedores de Livros, traz uma caixa de contos e fábulas. "Vamos montar a casa no jardim?" As crianças prontamente saem para ajudá-la a abrir um tapete no gramado e espalhar livros de lobos, príncipes, princesas e dragões. A imaginação se encarrega de fantasiar as paredes e a porta de entrada para a "casa da leitura".
As crianças - 14, entre 8 e 12 anos de idade - esperam ansiosamente pela tia Ana. Artista plástica responsável pelo projeto Oficinas Pedagógicas na Secretaria de Educação do GDF, Ana Paula Bernardes, 39 anos, não gosta do título de contadora de histórias. Prefere o termo mediadora da leitura. Quando ela chega, as crianças se aproximam para ouvir a história do ursinho apavorado e do menino que tem medo do ridículo.
Começa a diversão da palavra escrita até a chegada do músico Tino Freitas, 37 anos, para contar causos com a ajuda de notas musicais. Na roda, meninos e meninas escutam, perguntam, brigam pelo próximo livro a ser lido. Ao final, depois do lanche, levarão para casa um livro e prepararão a leitura para os colegas no próximo encontro.
Esse encantamento pela literatura, visível no comportamento da turminha, é resultado de um trabalho de cinco anos dos Roedores de Livros. No começo, o grupo contava histórias no Açougue Cultural T-Bone. Há dois anos, mudaram as atividades para Ceilândia, onde continuam conquistando a atenção da garotada. "Se a história for boa, ela põe todo mundo no bolso", acredita Tino. Até os pais de algumas crianças já ouviram os Roedores e se emocionaram. "Isso porque todo mundo guarda a infância dentro de si", acrescenta o músico.
Para Ana, as historinhas permitem que as crianças deem asas à fantasia, melhorando o raciocínio. "Também vemos que há uma maior socialização entre elas. Alguns bem calados tornaram-se os mais falantes", observa. O objetivo dos Roedores de Livros é familiarizar as crianças com a leitura, permitindo-lhes uma melhor interação com bibliotecas e livrarias. "O amor pelo livro precisa ser incentivado", constata Ana, enquanto fecha a caixa com livros e dá o último aviso às crianças: "Sábado que vem tem mais".
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Roger Mello em Brasília
domingo, 4 de outubro de 2009
Um crocodilo, um elefante e um tigre encontram o peixe-boi-marinho.
“Em abril, quando vi pela primeira vez esses livros na feira de Blogna, na Itália, em meio a milhares de outros títulos, fui tomada por uma paixão fulminante. Não conseguia pensar em mais nada. Os livros de Anushka se adornaram do meu coração. Só queria trazê-los para junto do meu travesseiro, para a minha casa, para as crianças do meu país. E tinha que ser pela Manati, porque só a Silvia Negreiros conseguiria garantir o capricho fráfico, o requinte do texto e a alegria que a gente sentia acariciando os livros. São jóias, são obras de arte que tivemos o privilégio de trazer para as crianças e os adultos do Brasil.”
O vídeo abaixo é um dos hits do youtube e mostra o processo de criação dos livros da Tara Books. Caso deseje ver mais fotos dos livros traduzidos pela Manati, CLIQUE AQUI.
12 de outubro - DÊ LEITURA DE PRESENTE!!!
P.S. Clique na imagem para visualizar o texto de forma legível.
sábado, 26 de setembro de 2009
IVAN ZIGG em Brasília!!!
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Os pequenos livros das grandes coisas
OS PEQUENOS LIVROS DAS GRANDES COISAS
Os títulos infanto-juvenis crescem, mas não se dedicam só aos jovens.
Por Rosane Pavam.
O menino ficou amigo do passarinho, mas o passarinho morreu na varanda. Outro garoto matou o bichinho, que agora pia em seu coração. Estes argumentos carregados de violência e sexualidade orientam os livros de Bartolomeu Campos de Queirós e Wander Piroli. Suas histórias, intituladas Até Passarinho Passa (Moderna) e O Matador (Leitura), abrigam-se sob a categoria infanto-juvenil. Mas quem garante que um adulto não precisará delas?
A literatura infanto-juvenil é o mais sério caso enre as ficções brasileiras. Ela ultrapassa as fronteiras etárias e orienta a produção adulta. Faz seis décadas que somos aproximadamente o mesmo leitor desde a adolescência. Ou nos infantilizamos a ponto de exigir, dos escritores, a linguagem do início de nossas vidas, ou os jovens cresceram rápido demais e invadiram o terreno da imaginação adulta.
“Quando eu tinha 12 anos, não lia literatura infanto-juvenil. Eu lia Tchekov”, afirma Nelly Novaes Coelho, a mais respeitada teórica brasileira a abordar essa produção. “Depois de O Reizinho Mandão, da Ruth Rocha, disse ao meu marido que a ditadura acabaria logo, já que até a literatura juvenil zombava dela”, conta. Ela leu o livro em 1977 e o AI-5 foi revogado no ano seguinte.
Nelly crê que toda literatura obedece a um impulso criador ligado ao erotismo. Se o sexo está cerceado na sociedade, como no Brasil no início do século XX, a elaboração mental cresce. Solto o erotismo, não é preciso recorrer à extrema organização de ideias para se relacionar com o mundo.
“A literatura infantil hoje, ao contrário daquela de 40 anos atrás, está cheia de besteirol, mas deixa estar”, raciocina Nelly. “Vivemos uma transição esperando que um novo sistema, tão eficiente quanto aquele racional e literário, se imponha. A criança de hoje tem um mundo mágico à sua disposição, fundado em tecnologia. Vai ler por que? Na minha infância, havia muita literatura, mas a magia se reduzia ao Ford Bigode estacionado na rua.”
Para Nelly, de 87 anos, não se pode pensar em literatura, hoje, senão como uma tradição necessitada de incentivos escolares. Mas ocorre de os próprios professores não a conhecerem. A capacitação desses profissionais toma um enorme tempo na vida de um esritor como Luiz Raul Machado, que orienta grupos no Rio. É preciso que os professores aprendam a gostar de ler, ou a literatura morrerá, ele diz.
A batalha pela aquisição de leitores não tem trégua também no mercado editorial, já que as vultosas compras governamentais de títulos infanto-juvenis sustentam muitas casas publicadoras. A Câmara Brasileira do Livro informa que entre 2007 e 2008 os títulos para crianças com até 10 anos cresceram 14,02%. A partir de 11 anos, 41,88%. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, de 2007, é a mãe de família a principal responsável pela indicaçào dos livros a seus meninos com até 10 anos. Na faixa etária entre 11 e 13, a criança lê principalmente o que a escola exige. A partir dos 14 anos, escolhe. Mas lê menos do que antes.
Há quem ligue a perda desse leitor à simplificaçào promovida por educadores e editoras. “O conceito infanto-juvenil é questionável”, acredita Elisabeth Maggio, autora de O Senhor dos Pesadelos. “A ideia contida no conceito é que os jovens terão uma literatura mais fácil e digerível para estimulá-los a ler e que, com o tempo, farão a transição para uma literatura adulta. Mas nem sempre acontece assim. Os leitores acabam estacionando na tal da literatura de transição, e quando têm de ler o Machado de Assis pela primeira vez, é um choque.”
Milu Leite, finalista do Prêmio Jabuti por O Dia em Que Felipe Sumiu, condena a pressão por enquadrar a literatura como “mais uma maneira” de educar as crianças. “Essa pressão vem de algumas editoras, pais e escolas, não das crianças, os leitores.” Bartolomeu Campos de Queirós tem sua visão particular desse universo. “A sociedade confunde infância com o superficial, o raso, o vazio. Mas a infância é o lugar das perguntas, dos medos, das dúvidas, das alegrias, mas também das tristezas.”
O Nobel de Literatura Isaac Bashevis Singer, autor de Histórias para Crianças (Topbooks), enumerou em 1978 suas razões para escrever para esse público. “Na época de hoje, quando a literatura para adultos se deteriora, bons livros infantis são a única esperança, o único refúgio. Muitos adultos leem e apreciam livros infantis. Escrevemos não só para crianças como para seus pais. Eles, também são crianças sérias.”
Responsável por títulos destinados às escolas, Maristela Petrilli de Almeida Leite, da Editora Moderna, diz não discriminar temas, embora oriente a linguagem destinada a seus leitores. “O texto tem de ter qualidade e ser prazeroso. Não cai bem o palavrão. Se puder substituí-lo por outra expressão, o autor deve fazê-lo.”
Lilia Schwarcz iniciou, em 1992, a publicação de infantis pela Editora Companhia das Letras. Ela reconhecia a seriedade desse mercado e das publicações da área no Brasil, mas, mãe de crianças, achou por bem dar a face de sua editora aos títulos para jovens. Publicou os livros de Babette Cole, apresentou autores como Dr. Seuss, pediu ao ilustrador brasileiro Odilon Moraes para desenhar sem cores um clássico como Pinóquio, de Carlo Collodi. As ousadias ampliaram seu público.
Em uma livraria, títulos como esse Pinóquio ou Av. Paulista, de Carla Caffé, que integra a coleção Ópera Urbana, da Cosac Naify, podem confundir um leitor. Ele será uma criança se achar que aquele livro infanto-juvenil lhe foi destinado?
A confusão não ocorre por acaso. Em alguns casos, é estimulada. A editora Isabel Lopes Coelho quer que os livros da Cosac diluam as fronteiras entre adultos e pequenos. Não há outra maneira, a seu ver, de formar um bom leitor. Os livros da editora são especialmente pensados sob o aspecto do design, como se as categorias etárias se distinguissem também pelo repertório gráfico, absorvendo elementos da arquitetura ou do cinema conforme a idade avança.
domingo, 6 de setembro de 2009
Um Parafuso a mais para a literatura.
Queridos amigos, o livro CADÊ O JUÍZO DO MENINO? (Tino Freitas, ilustrações de Mariana Massarani, Manati) segue conquistando leitores. Desta vez, foi parar no blog do DOBRAS DA LEITURA, sítio que nós aqui do Roedores de Livros estamos sempre de olho pois Peter O'Sage, Renata Nakano, Luiz Sposito e outros colaboradores sempre falam com propriedade do universo da Literatura Infantil e Juvenil. Peter escreveu a resenha. Brinca com a palavra TINO (no caso, ora substantivo, ora nome do autor). Seu olhar crítico alcança horizontes ainda não percebidos por outros leitores. Obrigado Peter. Tino manda abraços musicais. Eu, deixo aqui a saudade de molho e um até breve. E, para quem quiser ler a resenha, é só CLICAR AQUI.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
oitocentos e poucos. São muitos. Queremos mais.
Nosso acervo foi construído por doações de amigos; de editoras; de desconhecidos que colaboraram nas campanhas que fizemos em escolas, livrarias e shoppings centers; autores e ilustradores... e alguns que nós compramos em sebos. A biblioteca do projeto possui exclusivamente livros infantis e juvenis. Alguns informativos, outros de poesia. Fantasia para criança nenhuma botar defeito. Lá, as histórias dos irmãos grimm e de Andersen convivem com algumas histórias contadas por barbies. As recriações de Ricardo Azevedo e Câmara Cascudo dividem o espaço com as aventuras de Pérola e Judy Moody. Enfim. 800 e poucos livros em três anos e meio de projeto. Uma conquista e tanto. Mas ainda falta. Livros são sempre bem vindos. E nossa meta para 2010 é conseguir um lugar maior que as nossas caixas de papelão pois os livros precisam estar mais à vista das crianças. Chegaremos lá. Hatuna Matata!!!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Sementes da sabedoria de um povo.
Dia desses nos encontramos em São Paulo. Foi no lançamento de mais um livro seu, cercado de boas histórias nascidas lá no antigo oriente, mas que – assim como o povo judeu – já pertencem aos quatro cantos do mundo: LENDAS JUDAICAS (Salesiana). Ilustrado com muita beleza por Renato Moriconi, cercado de um belo projeto gráfico, o livro guarda em suas páginas belíssimas histórias cheias de sabedoria que encantam olhos e ouvidos de todas as idades. Digo isso porque em recente roda de histórias para adultos promovida pelo grupo Tapetes Contadores de Histórias e numa apresentação para um grupo de 30 crianças tive a atenção, a surpresa e os aplausos de todos ao contar a minha história predileta deste livro, chamada O TALMUD.
Assim como O TALMUD, outras histórias como O TZADIK e O REI DAVI, O PRÍNCIPE SALOMÃO E O OVO COZIDO encantam desde aquele que se propõe a uma leitura solitária (que eu adoro) até os que gostam de uma leitura compartilhada (que eu adoro, também). As ilustrações de Moriconi ora ocupam as páginas duplas por completo, prendendo a atenção do leitor com cores ocres e texturas; ora dividem espaço com o texto num uso perfeito dos espaços em branco que, muitas vezes, surgem a partir dos desenhos. Ilan Brenman escreve com o talento de um grande contador de histórias. Somados ao de um grande escritor. Talento que esbanja em outro livros como O TURBANTE DA SABEDORIA (ilusrações de Samuel Casal, Edições SM) e AS 14 PÉROLAS DA ÍNDIA (ilustrações de Ionit Zilberman, Brinquebook). Seu LENDAS JUDAICAS é um livro especial. Feito com esmero. Bonito. Universal. Sem fronteiras. Merecedor do selo LIPTI dos Roedores de Livros (Livro Ilustrado Para Crianças de Todas as Idades). Rosane Pamplona e Ricardo Azevedo estão em boa companhia. Hatuna Matata.
P.S. Acima, num click do simpático Ivson, Eu, Ilan, Renato e Ana Paula, no lançamento do LENDAS JUDAICAS na Livraria da Vila (Shopping Cidade Jardim, Sampa).
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Cinco ouvintes.
Nosso encontro começou com Raquel lendo NOITE ESCURA (Dorothee de Monfreid, Martins Fontes) para a turma, que não havia acompanhado sua leitura na semana anterior. Foi visível a melhora da sua leitura e seu traquejo em jogar com o livro. Conhecer a história é fundamental para que a mediação funcione a contento. Depois, o Tino começou a mediação com PINOTE, O FRACOTE. JANJÃO, O FORTÃO (Fernanda Lopes de Almeida, il. Alcy Linares, Ática) que logo conquistou a atenção da garotada com os abusos do personagem Janjão.
Depois, a brincadeira rolou solta com O LIVRO DA COM-FUSÃO deliciosa e engraçada parceria entre Ilan Brenman e o ilustrador Fê (Brinque Book). O livro é uma grande brincadeira de juntar palavras e criar novos bichos sonoros e visuais. Demais. A mediação terminou com a leitura de ANJINHO (Eva Furnari, Ática), outro livro que brinca com a imaginação dos leitores e que eu e o Tino ADORAMOS por diferentes motivos.
Por fim, a turma foi fuçar na CAIXOTECA. Leram um pouco por lá e levaram outros livros para casa. Decidimos fazer uma pausa no sábado seguinte. Oportunidade para organizar o acervo, fazer um levantamento dos livros emprestados, perdidos, além de cadastrar as novas aquisições. Hatuna Matata.