Segundo o Horóscopo Chinês, ontem, 07 de fevereiro, teve início o ano do rato. O rato e os outros onze animais do zodíaco chinês, segundo a lenda, foram as únicas espécimes que se despediram de Buda antes que este deixasse a vida terrena. O roedor, que não tem na China as conotações negativas atribuídas a ele no Ocidente, foi o primeiro a se despedir de Buda, já que chegou confortavelmente até ele montado no boi (o segundo a chegar) e saltou correndo de seu lombo quando o ruminante estava chegando. Dizem que este signo carrega consigo a abundância e a prosperidade. O Tino nasceu num ano do rato (já faz algum tempo...) e, como bons roedores (de livros), esperamos que este seja um ano para comemorarmos novas conquistas no universo da leitura. Que a prometida prosperidade se transforme em mais bibliotecas, mais acesso ao livro e mais apoio a quem, de fato, trabalha com o incentivo à cultura em geral.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
O Ano do rato!!!
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
O nome dela é BIDDY
Foi assim que você conheceu essa história? Bem... no princípio, ela não era exatamente assim. A aventura de Chapeuzinho Vermelho vem dos contos da tradição oral, destinada aos adultos dos povoados, concebidos para o entretenimento noturno. Neste contexto, A História da Avó, compilada no século XIX, falava de uma menina que sem querer, comeu a carne e bebeu o sangue da sua avó, ficou nua a pedido do lobo, mas, ao final, deixa-o a ver navios, pois usando de esperteza, foge para sua casa. Com a publicação de Contos de Outrora em 1697, livro do francês Charles Perrault, manteve-se a essência dos contos da tradição oral porém, cortando e/ou modificando alguns elementos, censurando o que poderia chocar, dando a estas historias um ar mais popular, que chegaria a um público mais abrangente. Os contos tratavam de valores morais como gentileza, paciência, obediência e respeito. Seguindo esses preceitos, há sempre um prêmio, uma recompensa. Caso contrário, há uma punição. Quem transgride as regras se expõe ao perigo. Ao final de cada história, Perrault colocava uma moral. Neste livro estão as primeiras versões em texto de A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, Barba Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Cinderela, Riquete do Topete e O Pequeno Polegar. Simplesmente uma das obras primas da literatura universal. No texto original de Perrault, a história de Chapeuzinho Vermelho acaba na hora em que ela é devorada pelo lobo. Ponto. Simples assim. A versão que descrevi no início deste texto data de 160 anos depois, e foi escrita pelos irmãos Grimm, adaptada do original francês.
Contos de Outrora pode ser encontrado numa edição recente da editora Landy com tradução de Renata Cordeiro e ilustrações do genial Gustave Doré. Estão lá todas aquelas maravilhosas histórias recolhidas em texto pela primeira vez. Há ainda uma introdução falando sobre os contos, a importância da obra e de seu criador.
Em
É claro que a história de Chapeuzinho Vermelho sofreu inúmeras adaptações. Autores do mundo inteiro apropriaram-se da menina e do lobo. Poderia fazer uma lista maior, mas quero me prender a três livros onde o conto ganha cores brasileiras.
É imprescindível falar de Fita Verde no Cabelo – Nova Velha Estória, conto de Guimarães Rosa, publicado originalmente no livro Ave, Palavra, mas que em 1992 ganhou uma edição própria da editora Nova Fronteira com ilustrações incríveis de Roger Mello. O projeto gráfico valoriza um cinza esverdeado – nunca preto. A menina e o lobo ganham um texto poético do escritor mineiro que conversa com a sensibilidade artística do ilustrador candango. Anjos barrocos, moinhos, o interior de Minas, “velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam”... tudo é novo para o universo tradicional de Chapeuzinho Vermelho. Guimarães Rosa exige do leitor um pouco mais de atenção. Suas frases nunca são óbvias. E isso é ótimo! Saia da mesmice e surpreenda-se com este livro.
Agora, para se ter uma idéia da força que esta história tem, não deixe de ler Nove Chapeuzinhos, livro de Flávio de Souza, publicado pela Companhia das Letrinhas em 2007. O autor já havia brincado com o conto no livro Que História é Essa (1995). Lá, confessa que Chapeuzinho Vermelho é a sua favorita, explica que ela não usa um chapéu e sim um capuz... por fim, revela o nome que Perrault deu a sua personagem mais famosa e que não consta em nossas traduções: BIDDY.
Legenda das imagens deste post:
01) Capas dos livros Contos de Outrora e de Chapeuzinho Vermelho, com detalhe de uma ilustração de George Hallensleben;
02) Capa de Chapeuzinho Vermelho versão irmãos Grimm e detalhe de ilustração de Susanne Janssen;
03) Capa do livro Chapeuzinho Vermelho e outros contos por imagem e detalhe de ilustração de Rui de Oliveira;
04) Capa do livro Fita Verde no Cabelo e detalhe de ilustração de Roger Mello;
05) Capa do livro Nove Chapeuzinhos.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Tapetes contam mais histórias em Brasilia!!!
O Tino aprendeu a fazer chuva depois de assistir ao Cadu contar a história de Paulautte, o hipopótamo numa sessão do grupo Tapetes Contadores de Histórias em 2007. Eu aprendi mais técnicas para melhor contar histórias no curso que fiz com a Rosana Reátegui em 2006. Em 2008, mais uma vez em Brasília, reencontramos o grupo em mais uma temporada patrocinada pela Caixa Cultural.
De terça a sexta, o grupo conta histórias diversas. Em fevereiro, de terça a sexta, as sessões acontecem as 10h, 14h e 15h. Se não tiverem grupos agendados, você pode bater um papo com o grupo e escolher as histórias. Eles são de uma gentileza imensurável!!! Ainda às sextas, 19h, para adultos, tem o espetáculo Divinas y Humanas. Sábados e domingos, também as 19h, eles apresentam O Mundo de fora pertence ao mundo de dentro, também só para adultos (é espetacular e o Tino vai escrever um tópico sobre esta apresentação). Sábados e domingos, 16h, Bicho do Mato é uma coleção de histórias para crianças a partir dos 3 anos. O Rei que ficou cego, encenado num cenário gigante repleto de surpresas cênicas, acontece também aos sábados e domingos, 17h.
Muito se diz que contar histórias com outros recursos – além do livro – não serve como incentivo à leitura. Fica “apenas” no segmento da pura e simples diversão. Ao ver pais e filhos juntos lendo os livros e procurando viver as histórias também nos “tapetes”, fica claro que foi daquele universo de letras, frases, parágrafos, capítulos, enredos que brotaram as linhas que teceram tanta beleza. Imagino que o grupo carioca faz um trabalho que, despido da formalidade didática, deixa no visitante a sensação de que o livro também é uma delícia. Mas esta é uma longa discussão que não cabe na mala deste texto.
P.S.1. Para visitar a exposição e assistir as histórias é necessário descalçar os sapatos. Portanto, meias confortáveis são recomendadas. Como o visitante deve ficar agachado e/ou sentado para vivenciar as histórias, em nome do conforto, calças e bermudas também são bem vindas.
P.S.2. Na segunda foto, da esquerda para a direita, Andrea, Helena, Rosana, Warley e Eu. Ao fundo, o incrível cenário da história O Rei que ficou cego. Na última foto, detalhe do livro de pano El Misterio de las islas de Pachacamac, feito por artesão peruanos. Este e outros títulos estão à venda no local.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Cinco Marias
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Cofrinhos e Aviões de Papel
Fotos das oficinas na Fnac Brasília - Parte I
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Autógrafos e reconhecimento...
A era dos neobaixinhos
Sucesso da dupla Palavra Cantada, de música infantil educativa, e fracasso de Xuxa na TV e no cinema parecem ser um sinal de que os pais hoje buscam produtos culturais de melhor qualidade para as crianças
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Super Xuxa luta contra o baixo astral: a apresentadora perdeu seu programa diário na Globo e camela para chegar a 300 mil espectadores no cinema, resultado chocho para quem contava bilheteria em milhão. A rainha dos baixinhos não manda no reino dos neobaixinhos, filhos de uma geração politicamente correta, que vêem programa educativo na TV paga, cantam música de qualidade, ouvem falar sobre aquecimento global, aprendem a reciclar lixo e até lêem poesia.
Nessa nova era -em que pais parecem estar mais preocupados com o consumo cultural das crianças- nomes como o duo musical Palavra Cantada, antes restritos a filhos de "moderninhos" e "intelectuais", ganham o grande público.
A dupla mescla a formação clássica de Sandra Peres, 44, e a popular de Paulo Tatit, 52, e tem a proposta de criar canções infantis de qualidade. Começou em 1994 vendendo CDs pelo telefone e correio. Em um esquema totalmente independente, sem o apoio de uma grande gravadora, atingiu a marca de 14 títulos lançados com 1,4 milhão de cópias vendidas e prepara a turnê do CD "Carnaval", que inclui shows no litoral e no Citibank Hall de São Paulo, em 2 e 3 de fevereiro. O álbum tem a participação de Arnaldo Antunes e seu filho, Bras, e de Mônica Salmaso. Para este ano, a dupla negocia um programa de TV com um canal fechado e um aberto.
"O sucesso do Palavra Cantada reflete uma tendência de mudança na concepção da infância", opina a educadora Gisela Wajskop, diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades.
Ela conta que foi convidada a dar uma palestra na Globo, anos atrás, quando a emissora acreditou que poderia transformar o programa da Xuxa em algo educativo. "O problema é que a Xuxa nunca teve essa imagem", analisa Wajskop.
Para a educadora, os pais, "que antes deixavam os filhos dançar na boquinha da garrafa, começaram a ficar mais críticos". "Isso tem a ver também com a melhoria da escolaridade no país e com os resultados negativos da geração cujos pais delegaram a educação a babás, enquanto trabalhavam para ganhar mais, achando que assim os filhos seriam felizes", afirma.
Em sua opinião, "a classe média passou a intuir que o consumo de produtos culturais mais educativos poderia melhorar a formação dos filhos, raciocínio antes mais restrito à elite".
Wajskop também aponta a "pressão da mídia" e iniciativas como a do Palavra Cantada. "Eles insistiram na marginalidade e na qualidade e criaram um espaço antes inexistente."
Tatit conta que ainda hoje, apesar do sucesso, o "dinheiro é muito apertado" e é preciso correr atrás de patrocinadores para CDs e shows. Peres lembra que tudo ficou mais difícil com a pirataria -sim, pais politicamente corretos também copiam CDs no computador.
"Nós mesmos produzimos e gravamos o nosso CD, e o Palavra Cantada só continua a existir em razão da venda dos discos. O show mal se paga."
Som das loiras
Apesar das dificuldades, Peres afirma que hoje há um mercado de música para criança, o que nem existia quando eles começaram. "A música infantil era a que chegava pela TV, cantada pelas apresentadoras. Hoje tem muita gente fazendo música infantil de qualidade."
Quem também faz sucesso nesse mercado é Hélio Ziskind, autor de sucessos do programa "Cocoricó", da Cultura, que iniciou a carreira ao lado de Tatit, no grupo alternativo Rumo.
Para Tatit, o Palavra Cantada já atingiu o topo dentro de um esquema independente. "Sabemos que, para crescer mais, precisamos ir para a televisão." Canções como "Sopa" e "Rato" só chegaram à periferia, no início desta década, graças à veiculação de clipes do Palavra Cantada na TV Cultura.
Na opinião de Peres, as crianças gostam "do humor e da poesia das músicas", que não devem ter "intenção de criar modismos". Tatit diz que, ao compor, preocupa-se "menos com o que vai dizer e mais com como dirá". "Busco construir uma sintaxe que as convença."
Além disso, o que ajudou foi a parceria com escolas, que usam as músicas da dupla nas aulas. "Os professores são a nossa rádio. As crianças chegam em casa cantando, e os pais vão atrás de nossos CDs", afirma Peres.
As escolas têm mesmo sido uma das responsáveis pelo surgimento dos neobaixinhos. "Os educadores percebem cada vez mais a importância de preservar a cultura, o folclore, de resgatar cantigas de roda e brincadeiras antigas", diz Silvia Amaral, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Ela faz duas importantes ressalvas: "Esse movimento ainda não é tão intenso na rede pública e nem todos os pais têm essa preocupação com qualidade".
Comentário
Crianças não rejeitam boas novidades
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Se há algo de arrogância quando se fazem generalizações sobre o gosto do público, no caso específico das crianças, há uma verdadeira incompreensão. O "gosto" delas é mais misterioso e mais flexível do que se imagina.
Na TV, qualquer coisa que pareça minimamente colorido, agitado e barulhento atrai a atenção e é capaz de grudá-las na frente do aparelho. Isso explica, em parte, o longo reinado das apresentadoras loiras, de modos sedutores e merchandising pesado.
Mas não deixa de ser verdade que programas com teor educativo mais bem elaborado, maior sofisticação visual e narrativa e referências culturais mais amplas também podem funcionar quando são oferecidos. Todas as vezes em que a TV apostou em atrações nessa linha, como a TV Cultura nos anos 80 e 90, a resposta foi melhor do que se esperava.
Isso porque crianças gostam de conhecer coisas novas e não rejeitam a priori, como fazem muitos adultos, aquilo que é mais desafiador.
O sucesso mais ou menos surpreendente da turma do "Cocoricó" e do grupo Palavra Cantada, bem como do canal Discovery Kids, por exemplo, apontam para uma nova onda de entretenimento infantil mais "inteligente" que, espera-se, dure mais do que império de Xuxa.
Enquanto isso...
Recebi o convite virtual para o lançamento do novo CD do palavra cantada e lá está escrito: Autógrafos apenas no CD "Carnaval Palavra Cantada"... Nossos heróis musicais estarão cansados dos fãs com os CDs antigos? Só interessa vender o CD novo? E quem adora o grupo mas não pode comprar o CD naquele dia?
A Fnac, aqui em Brasília, faz o seguinte: quem comprou o produto em questão (livro ou CD) na loja, tem o direito de receber os autógrafos primeiro. Outras pessoas recebem os autógrafos logo depois.
Eu estou longe de fazer o sucesso da dupla - longe mesmo - mas espero continuar com tempo e paciência para atender aos baixinhos que pedem autógrafos em seus cadernos, mãos, livros e folhas soltas depois das apresentações que faço. O artista deve estar acima do produto. Sempre!!!
sábado, 26 de janeiro de 2008
Boa Esperança, número 13.
Bete é um jogo inspirado no basebol. São duas duplas. Uma no ataque, outra na defesa. Quem defende usa tacos. Dois círculos de giz com uns
Quem nos tirou da rua foi o vídeo game. Numa mesma semana eu ganhei um Odissey e o Riva ganhou um Atari. A turma passava o sábado na minha casa e o domingo na casa de Riva. É certo que eu e ele passávamos as noites aprimorando os conhecimentos em horas de River Raid, Come Come, Senhor das Trevas e Asteroids. Por um tempo, a rua ficou vazia de gente. Sem bola batendo nos muros, sem o som dos tacos, sem infância. A turma se escondeu em frente à TV. Depois, cada um seguiu seu rumo. Hoje, estamos em latitudes diferentes. Há dois anos visitei a rua da minha meninice. Daquela Boa Esperança, restaram só as lembranças. As casas perderam a cor, as árvores e os amigos. Até o asfalto perdeu o viço. Está cheio de buracos. Mesmo assim, ao fechar os olhos, pude ouvir o som dos tacos batendo para desespero da dupla de ataque.
Estas e outras lembranças acordaram com a leitura do livro MÃE DA RUA (Ettori Bottini, Cosac Naify). O autor desfila uma crônica da sua infância na São Paulo dos anos 50 e 60, além de apresentar um manual de instruções para jogos como bola de gude, jan ken po e taco (é como ele chama o Bete), entre outras brincadeiras. É um livro para meninos. Futebol, carrinho de rolimã e revólver de feijão não faziam parte do universo feminino daqueles tempos. O texto emociona desde o início. O capítulo A Turma é de arrepiar os cabelos da unha. O projeto gráfico é um primor. Fotos e ilustrações nos remetem a um tempo distante, medido na frase que abre o livro, em que a mãe grita para o filho: - Vai brincar na rua, moleque!!! Ettori Bottini tem um olhar aguçado que já rendeu belos e premiados trabalhos na área das artes gráficas. Neste primeiro livro, seu olhar não sensibilizou o papel com imagens. Ele foi além: fotografou parte da infância com palavras. As imagens ficam por conta de cada leitor. Para mim, ele fotografou a rua Boa Esperança e uma turma de meninos que, embora distantes, sabem-se amigos. Hatuna Matata.
P.S. Dia desses, cozinhando o corpo e a mente nas águas quentes das piscinas termais do Goiás, ensinamos os meninos a jogar "palitinho" com pedrinhas. Sucesso total! E viva a cultura infantil!
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Férias e Protetor Solar...
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Mais oficinas para crianças na Fnac
Mais uma vez, a Ana Paula vai coordenar oficinas infantis na Fnac Brasília. Tudo de graça, com material incluso e a garotada pode levar o que fizer para casa. No jornal, divulgam as oficinas de fantoches (21/01), cofrinho (22/01) e cinco marias (24/01), mas a programação se estende com mais duas atividades: aviões de papel (23/01) e traca-traca (25/01). Sempre as 16h30. Vagas limitadas mediante inscrição prévia na bilheteria da Fnac Brasília ou pelo telefone 21052000. Confira a programação completa no site da Fnac.
Para uma melhor visualização dos recortes, basta clicar sobre a imagem.