Nestes dias, andei mergulhada em alguns livros que, coincidentemente, tratam sobre as diferenças entre os seres e os relacionamentos decorrentes destas diferenças. Antes de qualquer coisa, não é necessário ser diferente para gostar dos livros. E nem pense que servem (que palavra chata para os livros) para promover uma relação mais sadia entre os povos... Eles são a garantia de
ótimas histórias. Um presente para o seu tempo.
Desligue a TV, busque um lugar confortável e se deixe levar por estas histórias fantásticas!!!
Em primeiro lugar, o livro
DE REPENTE, NAS PROFUNDEZAS DO BOSQUE (
Amos Oz, Cia das Letras) é ESPETACULAR. O texto do autor, israelita, fala sobre um lugar em que não existem bichos. Isso mesmo: nem pássaros, nem gatos, cachorros, cupins, nem peixes, mosquitos, nem nada. Só gente!!! O sumiço dos bichos aconteceu há tanto tempo que os mais velhos nem se lembram como eram os animais. Uns poucos ainda lembram, mas evitam comentar com as crianças. Mas uma professora insiste em contar como eram os animais e, no meio de tantos incrédulos, duas crianças (Mati e Maia) dividem um segredo e passam a buscar os animais além do limite do bosque da sua cidade natal. Por que os bichos sumiram? Por que ninguém fala sobre o assunto? As crianças dominam o enredo, que prima pela descrição de personagens únicos. As respostas vão surgindo e nós vamos nos encantando a cada página... de repente, rapidinho, você - PLOFT - leu todas as 140 páginas de uma vez só. Este livro é novinho em folha. Saiu há cerca de um mês nas livrarias e você encontra fácil, fácil por aí.
Outro livro repleto de seres fantásticos e muita fantasia é
A TERRA DOS MENINOS PELADOS de
Graciliano Ramos (Record). É, aquele mesmo do famoso
VIDAS SECAS que o Tino tanto adora (leu QUATRO VEZES em momentos diferentes da vida e quando estivemos no MASP em 2005 e ele viu o quadro
RETIRANTES de
Cândido Portinari, chorou em silêncio). Não é um livro novo. Foi lançado originalmente em 1939 (!!!) e conta uma aventura na vida de Raimundo, um menino que tinha a cabeça pelada e um olho preto e outro azul e, por este motivo, era alvo de chacota da turma. Um dia ele descobriu Tatipirum, um país mágico repleto de crianças com um olho de cada cor, e cigarras que flutuam sobre LPs, entre outras criaturas. Neste país, Raimundo descobre novos amigos e novos valores. A capa do livro reproduzida acima remete a 33ª edição com capa e ilustrações internas do nosso queridíssimo
Roger Mello. Os traços de Roger ao lado do texto de Graciliano compõe uma edição primorosa. Razão mais que suficiente para reforçar nossa idéia de que
ler é um prazer. Ah, não sei se você lembra, mas a TV Globo produziu um
especial infantil e veiculou entre dez/2003 e jan/2004. Foi um ótimo especial, mas prefira o livro. Obrigatório para a sua estante ou para a do seu filho.
Outro livro bem legal é
UM DIA SEM COR (IBEP-Nacional) de
Valéria Belém com ilustrações de
Adriana Mendonça. Voltado para leitores mais jovens, conta a história de um menino que nasceu sem cor num mundo repleto de cores. O garoto cresce e sofre com a sua "diferença". Inteligente, usa da sua sabedoria para modificar tudo ao seu redor em prol unicamente da sua satisfação e deixa o mundo inteiro à mercê dos seus atos. Enfim, uma criança o convida a "endireitar" o mundo e o homem sem cor descobre que pode usar sua inteligência a favor de todos, inclusive dele mesmo. Fica um alerta para a editora: as
ilustrações PRIMOROSAS de Adriana Mendonça mereciam destaque na capa da edição. São, de fato, um presente para os olhos das crianças e dos adultos com alma infantil. Não é um livro fácil de achar, mas a editora (IBEP-Nacional) tem investido numa melhor distribuição. Procure com atenção ou peça para o vendendor encomendar. Vale a pena! Hatuna Matata.