quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sementes da sabedoria de um povo.

Contar uma boa história não é uma tarefa fácil. Escrever uma boa história também não. Agora, escrever uma boa história como se estivesse contando numa roda de ouvintes é para poucos. No Brasil, alguns autores conseguem essa proeza com maestria. Rosane Pamplona e Ricardo Azevedo, por exemplo, são mestres em repousar nos livros os contos e lendas vivos de há muito na oralidade. Escrevem como se soprassem as maravilhas em nossos ouvidos. Nos últimos anos, um nome tem conquistado a atenção dos Roedores de Livros nessa seara do reconto, que é tão tentadora e tão difícil ao mesmo tempo: Ilan Brenman.

Dia desses nos encontramos em São Paulo. Foi no lançamento de mais um livro seu, cercado de boas histórias nascidas lá no antigo oriente, mas que – assim como o povo judeu – já pertencem aos quatro cantos do mundo: LENDAS JUDAICAS (Salesiana). Ilustrado com muita beleza por Renato Moriconi, cercado de um belo projeto gráfico, o livro guarda em suas páginas belíssimas histórias cheias de sabedoria que encantam olhos e ouvidos de todas as idades. Digo isso porque em recente roda de histórias para adultos promovida pelo grupo Tapetes Contadores de Histórias e numa apresentação para um grupo de 30 crianças tive a atenção, a surpresa e os aplausos de todos ao contar a minha história predileta deste livro, chamada O TALMUD.

Nessa lenda, um homem procura um rabino para que este lhe ensine todo o conteúdo do Talmud (conjunto de livros que guardam a sabedoria do povo Judeu). O rabino, por sua vez, diz ao homem que a tarefa nao é tão simples assim. É preciso de muita sabedoria e dedicação para compreender todo o Talmud. O homem insiste com o sábio, dizendo possuir as qualidades necessárias para tanto. Nesse momento, o rabino conta uma pequena história para mostrar ao homem que sabedoria não se encontra em toda esquina. Ficou curioso? Procure no livro. Garanto que você vai gostar.

Assim como O TALMUD, outras histórias como O TZADIK e O REI DAVI, O PRÍNCIPE SALOMÃO E O OVO COZIDO encantam desde aquele que se propõe a uma leitura solitária (que eu adoro) até os que gostam de uma leitura compartilhada (que eu adoro, também). As ilustrações de Moriconi ora ocupam as páginas duplas por completo, prendendo a atenção do leitor com cores ocres e texturas; ora dividem espaço com o texto num uso perfeito dos espaços em branco que, muitas vezes, surgem a partir dos desenhos. Ilan Brenman escreve com o talento de um grande contador de histórias. Somados ao de um grande escritor. Talento que esbanja em outro livros como O TURBANTE DA SABEDORIA (ilusrações de Samuel Casal, Edições SM) e AS 14 PÉROLAS DA ÍNDIA (ilustrações de Ionit Zilberman, Brinquebook). Seu LENDAS JUDAICAS é um livro especial. Feito com esmero. Bonito. Universal. Sem fronteiras. Merecedor do selo LIPTI dos Roedores de Livros (Livro Ilustrado Para Crianças de Todas as Idades). Rosane Pamplona e Ricardo Azevedo estão em boa companhia. Hatuna Matata.

P.S. Acima, num click do simpático Ivson, Eu, Ilan, Renato e Ana Paula, no lançamento do LENDAS JUDAICAS na Livraria da Vila (Shopping Cidade Jardim, Sampa).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cinco ouvintes.

Pouca gente e muito sol na manhã de sábado, 25 de julho, na Ceilândia. As férias da garotada ainda estavam valendo e a gente perdeu a aposta de fazer o projeto acontecer num período em que antes, a gente também tirava férias. Na verdade, não perdemos nada. Ganhamos cinco ouvintes atentos para as histórias que escolhemos para aquele dia.

Nosso encontro começou com Raquel lendo NOITE ESCURA (Dorothee de Monfreid, Martins Fontes) para a turma, que não havia acompanhado sua leitura na semana anterior. Foi visível a melhora da sua leitura e seu traquejo em jogar com o livro. Conhecer a história é fundamental para que a mediação funcione a contento. Depois, o Tino começou a mediação com PINOTE, O FRACOTE. JANJÃO, O FORTÃO (Fernanda Lopes de Almeida, il. Alcy Linares, Ática) que logo conquistou a atenção da garotada com os abusos do personagem Janjão.

Depois, a brincadeira rolou solta com O LIVRO DA COM-FUSÃO deliciosa e engraçada parceria entre Ilan Brenman e o ilustrador (Brinque Book). O livro é uma grande brincadeira de juntar palavras e criar novos bichos sonoros e visuais. Demais. A mediação terminou com a leitura de ANJINHO (Eva Furnari, Ática), outro livro que brinca com a imaginação dos leitores e que eu e o Tino ADORAMOS por diferentes motivos.

Por fim, a turma foi fuçar na CAIXOTECA. Leram um pouco por lá e levaram outros livros para casa. Decidimos fazer uma pausa no sábado seguinte. Oportunidade para organizar o acervo, fazer um levantamento dos livros emprestados, perdidos, além de cadastrar as novas aquisições. Hatuna Matata.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SHOW DE LANÇAMENTO DO "JUÍZO" na Livraria Cultura (Brasília)


Será neste DOMINGO, 23 de Agosto, no auditório da LIVRARIA CULTURA (Casapark - Brasília), 17h, o lançamento do livro CADÊ O JUÍZO DO MENINO? (Tino Freitas, ilustrações de Mariana Massarani, Editora Manati). Na programação, show com músicas e histórias + sessão de autógrafos. Entrada franca. Limitada à lotação do auditório. Nos vemos lá. Hatuna Matata!!!

(Clique sobre a imagem para umamelhor visualização)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cadê o juízo do menino?... encontraram na revista Crescer.


Olá Pessoal. Cadê o Juízo do Menino? (livro do Tino Freitas, roedor deste blog, ilustrado pela Mariana Massarani, Manati) continua se desparafusando por aí. Desta vez foi na edição de agosto da REVISTA CRESCER (Editora Globo). Para ver o texto de forma legível, BASTA CLICAR SOBRE A IMAGEM ACIMA.
E se você estiver em Brasília, não esqueça: LANÇAMENTO DO LIVRO, neste DOMINGO, 23 de Agosto, no auditório da LIVRARIA CULTURA, 17h. Show com músicas e histórias + sessão de autógrafos. Entrada franca. Hatuna Matata!!!

domingo, 16 de agosto de 2009

Antes de Ser Livro

Desde o dia 11 de agosto e até o próximo dia 24, acontece a exposição ANTES DE SER LIVRO, com os rascunhos e originais que MARIANA MASSARANI produziu para o livro CADÊ O JUÍZO DO MENINO? (Tino Freitas, Manati), na Livraria Cultura (Casapark, Brasília). Abaixo, você pode assistir a um vídeo da exposição. E o lançamento do livro, em Brasília, acontece no próximo domingo, 23, as 17h, também na Livraria Cultura. Apareçam. Hatuna Matata.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Uma passagem para sampa e outra para o mundo da fantasia.

Tem dias em que o acaso nos premia com surpresas saborosas. Agora, imagine você, o quão saboroso foi para um roedor de livros ir comprar uma passagem para a Terra da Garoa e dar de cara com uma viagem ao mundo da fantasia? Pois é, foi o que se deu comigo, ao ter que resolver uns râmites burocráticos no aeroporto. Uma longa espera me fez dar uma volta na livraria do lugar e, que delícia, lá havia uma seção de livros infantis. Confesso que tive que garimpar - mas adoro fazer isso - para descobrir algo instigante. Mas valeu MUITO à pena.

No meio da estante amarrotada de poucas boas ideias literárias, um título me chamou a atenção: CHAPEUZINHO VERMELHO. Um livro grandão, esverdeado, com um MENINO na capa dura, acompanhado do subtítulo UMA AVENTURA BORBULHANTE. Nada tradicional. Do jeito que eu gosto. Estacionei a curiosidade ali mesmo e fui descobrir as delícias daquela descoberta, enquanto dois vendedores olhavam para mim com aquele jeito de quem diz: - Vai levar ou vai ler aqui mesmo? Li ali mesmo e depois levei para casa, pois era certo que o livro seria um presente e tanto para Ana Paula.

O livro, CHAPEUZINHO VERMELHO: Uma Aventura Borbulhante, dos irmão Lynn e David Roberts (Zastrás) é uma deliciosa paródia da hostória original. Desta vez, a personagem é o menino Tomaz. A autora (Lynn) ambientou o enredo no século XVIII e a família de chapeuzinho era formada por pioneiros ingleses vivendo na América do Norte. O ilustrador (David) caprichou nos detalhes de época (perucas, roupas, mobília) mostrando cuidado em sua produção. A construção é a mesma: uma criança leva uma encomenda para a avó e encontra com o lobo. Mas são irresistíveis as soluções escolhidas para recontar. Há toda uma nova decoração e o ambiente familiar apresenta-se com o frescor de uma casa nova para o leitor de qualquer idade. Simplesmente fantástico. Resolvido o problema com a passagem, retornei para casa duplamente feliz: passagem para Sampa e, no meio do caminho, uma parada de surpresa no mundo da fantasia.

O post poderia ter terminado no parágrafo acima, mas nem eu nem Ana Paula descansamos ao saber que Chapeuzinho Vermelho fazia parte de uma trilogia escrita pelos irmãos Roberts que ainda incluía Cinderela e Rapunzel. Fucei na internet e encontrei um comentário sobre o primeiro no blog da Cristiane Rogério (LER PRA CRESCER). Nada mais. Silêncio em torne de uma produção tão criativa e bem acabada. No dia seguinte encontrei RAPUNZEL: Um Conto de Fadas Fabuloso na livraria perto de casa. E ainda estava em promoção. E descobri que era tão bom quanto o primeiro. Eu e Ana Paula nos divertimos descobrindo as sutilezas do texto e das ilustrações.

A história se passa nos anos 70. Rapunzel é uma jovem que vive isolada do mundo, num apartamento no alto de um prédio velho. Órfã, vive com sua tia que a mantém trancada em casa, cercada de discos e revistas. O elevador vive enguiçado e do seu apartamento até o térreo são centenas de degraus. Para descer e subir do apartamento para a rua a malvada tia de papunzel, que trabalha como merendeira numa escola da cidade, usa as tranças da sobrinha. Um dia um jovem roqueiro apaixona-se por Rapunzel e a história segue o fio tradicional porém, com novas cores e sabores.

Como na releitura de Chapeuzinho Vermelho, a história de Rapunzel ganha ares históricos. São cabelos os mais variados, referências a discos de rock, homens usando sapatos de salto, roupas como coletes e calças boca de sino, o incrível mobiliário, tudo referência cultural dos anos 1970. Uma viagem ao túnel do tempo. Mas, antes de tudo, uma história muito bem contada. Para todas as gerações.

Ainda não vimos a Cinderela dos irmãos Roberts, desta vez ambientado nos anos 1920. Enquanto isso não acontece, seguimos relendo os dois primeiros, e descobrindo novos detalhes como, uma referência - em ambos, ao clássico que, em breve, deve compartilhar um espaço na estante de casa. Irresistivelmente obrigatório na estante dos apaixonados por boas histórias. E aí, pronto para a viagem? Agora, de volta do século XVIII e dos anos 1970, deixo este texto para fazer as malas para a São Paulo de hoje. Hatuna Matata.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Histórias à Milanesa

O sol imperava na manhã de sábado, 18 de julho, na sede campestre "no limite" dos Roedores de Livros, na Ceilândia (DF). O céu azulzinho e sem nuvens despejava seus raios ultravioletas superquentes e hiperbronzeantes sobre nós. Meio das férias. Dia de ficar em casa ou ir para a Água Mineral (um balneário público destas bandas do planalto). Para alguns poucos corajosos, dia de Roedores de Livros ao ar livre. Para completar a "prova" a poeira fina e vermelha insistia em pousar em tudo ao redor. Além de cozinhar o juízo da gente, as histórias saíram deliciosamente à milanesa.

Por falar em juízo, foi o livro do Tino (Cadê o Juízo do Menino?) que abriu a sessão de histórias. A turma se divertiu com as rimas de situaçòes inusitadas e passamos um bom tempo procurando os parafusos que a Mariana Massarani perdeu ao ilustrar a aventura. Diversão para uma bela manhã de férias.

Depois, Rebeca pediu para ler Quando vem a lua (Antônio Ventura, Cosac Naify) onde os brinquedos ganham vida e a história dialoga com o belo trabalho da ilustradora Josely Vianna Baptista. Rebeca ainda não lê com fluência, mas mostrou iniciativa e atenção na leitura e conseguiu se fazer entender. Um prêmio para nós e para ela, que nos acompanha há pouco mais de três meses.

Incentivada pela iniciativa da xará, outra Rebeca leu - bem mais à vontade - o livro Noite Escura (escrito e ilustrado por Dorothee de Monfreid, WMF Martins Fontes). Talvez por participar do projeto há mais tempo (temos foto da Rebeca ainda moleca numa visita em 2006), ela foi mais dinâmica na sua mediação. Voz mais alta, leitura quase sem atropelos e o jogo com o livro - que ajuda a trazer o ouvinte para a história - foram o destaque daquela mediação. Ao final, aplausos para uma aventura cheia de onomatopeias, bichos ferozes e um final inesperado. Valeu, Rebeca.

Depois, Tino divertiu a todos com sua leitura da nova edição de Uma História com Mil Macacos (Ruth Rocha, ilustrações de Cláudio Martins, Salamandra). Uma palavra mal dita pode atrapalhar um bocado. E, RuthRocha, esbanja talento com suas palavras bem escritas para olhos e ouvidos atentos de leitores de todas as idades.

Por fim, Tino apresentou uma de nossas últimas aquisições: As Horrorosas Maravilhosas (Elias José, com ilustrações de Rosinha Campos, bordadas por Iane Costa, DCL). O texto do querido e saudoso poeta-escritor dá nova vida ao conto popular das três fiandeiras e, naquela manhã, com um público predominantemente feminino, a história ganhou ainda mais força.

Ao final da manhã, um set de brincadeiras, afinal, com o juízo derretendo, também eu, Edna (nós na foto) e Tino desabrochamos a infância nas asas de uma plástica borboleta desatarrachadora de sorrisos. Sol a pino, histórias à milanesa. Sorrisos, que beleza! Roedores de Livros bronzeados. Hatuna Matata!!!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais duas desparafuzices na blogosfera...

Gente, meus parafusos andam soltos por aí... desta vez encontrei dois se multiplicando no BLOGSTÓRIAS ESSENCIAIS (de Fátima Campilho) e no CONTOS, CANTOS E ENCANTOS (de Alessandra Roscoe). CLIQUE AQUI para ler o que uma poetou e CLIQUE AQUI para ler as impressões da outra. Obrigado, meninas. Seguimos felizes, perdendo e encontrando o juízo por aqui, por ali, por acolá. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Histórias para ler...

Hoje à tarde, na loja de uma grande rede de livrarias em Brasília, procurando um livro em meio às estantes na seção de Literatura Infantil, encontrei a referência "HISTÓRIAS PARA LER" entre outras como "POR SOBRENOME DO AUTOR", etc... Por um momento, pensei que - numa livraria - encontraria, de fato, histórias para ler. Não necessitaria de tamanha explicação.
Ah, o livro que eu procurava? Encontrei noutra livraria.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Entrevista com Tino Freitas...

Nesta terça o LIVROS PARA UMA CUCA BACANA, site da Revista Crescer, publicou uma entrevista comigo. Lá eu conto alguns segredos dos bastidores do livro Cadê o Juízo do Menino, falo do projeto Roedores de Livros e outras coisas desparafusadas. Para ler a entrevista, basta CLICAR AQUI. Hatuna Matata.