sexta-feira, 6 de junho de 2008

Leitura para matar a sede.

DIÁRIO dos ROEDORES DE LIVROS – 31.05.2008 – sábado - Escrito e vivido por EDNA FREITAS.

Nosso quadro de voluntários efetivos estava somente com 50%: eu e Célio. Ana e Tino continuavam representando os Roedores no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens no Rio de Janeiro. Dessa forma, além de nosso assistente Daniel, escalamos dona Emília e Jardson para nos ajudar. E foram ótimos!

Em nosso primeiro momento orientei as crianças a folhearem os livros. Observando o que gostam, enfim, sentindo o livro. Algumas acharam até que tínhamos livros novos. Expliquei a mudança de nosso olhar sobre as coisas, a cada dia. Disse-lhes também que tinha uma surpresa para eles: alguém iria contar uma história. Quem? Quem? Todos perguntaram. Apresentei-lhes dona Emília como a nossa contadora de histórias do dia. Foi aplaudida por todos. Ela contou uma história de "antigamente", como ela mesma disse. Em intervalos diferentes, acabou contando três histórias.

Seguimos escalando quem gostaria de contar alguma história já ouvida anteriormente ou alguma que tenha sido lida por eles nas semanas anteriores. Vitória contou uma história que ouvira de alguém. Deysiane fez uma mediação ótima do livro O LIVRO! Mostrou que quando a mediadora já conhece a história, tudo fica mais claro e gostoso de ouvir. Marcela leu A BOCA DO SAPO. Daniel, por sua vez, contou sobre o livro da minhoca (TEM UM CABELO NA MINHA TERRA), o mais solicitado nos últimos dias. Fiquei impressionada com a Wanessa e sua leitura de DEUS ME AMA COMO SOU. Ela aprendeu direitinho como se faz a mediação. E demonstrou conhecer muito bem o livro escolhido.

Célio, inicialmente, entregou um livro a dona Emília que escolheria uma criança para ganhá-lo como prêmio por bom comportamento. Foi a própria dona Emília que ganhou o livro, pela votação da maioria. Depois, Célio tirou mais três livros da “cartola” que premiaram Jardson, Wanessa e Deysiane. Foi uma alegria geral.

Com estas demonstrações de puro prazer no ato de ler, senti que estamos no caminho certo. Servimos leitura feito água de beber. E agora, a leitura é-nos ser-vida, também, feito água de beber. Ouvir toda as crianças lerem pelo simples prazer de ler, valeu por tudo. Em O PRAZER DO TEXTO, Roland Barthes está muito certo quando nos diz que o texto é um jogo de sedução. Tudo pode acontecer. Aqui, no Roedores de Livros, não temos dúvida de que as crianças foram seduzidas pelo texto. E ler, hoje, é um grande prazer. Valeu!

Obrigada Célio, dona Emília, Daniel, Jardson, e todas as crianças que, empenhadamente contribuíram para que o nosso dia de hoje fosse um show de leitura. Wanessa, valeu! Ana e Tino, voltem logo. Nosso efetivo de voluntários é ainda muito pequeno. Sinto que nosso projeto acontece redondo quando estamos os quatro. E quem mais vier será sempre muito bem-vindo. Sempre.

Muita emoção pra pouca pontaria.

Eram quase 11h da manhã do último dia do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens quando encontrei O Matador (Wander Piroli, com ilustrações de Odilon Moraes, Leitura). Foi na “praça de alimentação”. Sinceramente, eu achava que nada mais me surpreenderia naquele fim de jornada, depois de oito dias em meio a tantos livros. Eu estava cansado. Dali a três horas eu embarcaria de volta para Brasília. Mas ao encontrar O Matador, senti um arrepio percorrer a espinha. Uma sensação aguda como aquele frisson de quando o carro encontra uma inclinação súbita. Foi inesquecível.

Ele estava ali, ao alcance dos olhos, mas não pôde vir para casa comigo. Só havia aquele exemplar. Eu não estava preparado para tanta emoção. Minha infância também foi marcada por uma vontade enorme de matar passarinho, assim como faziam meus primos no sítio da minha avó. Assim como faziam meus amigos da Vila Santana, no interior da Bahia. A mesma vontade d’O Matador. Não tinha nada contra as aves. Queria era ser como os outros. Pura fraqueza. Mas a minha pontaria sempre foi um fiasco.

Fui percorrendo as páginas esverdeadas do livro que parecia contar a minha história. Frases curtas, pousadas na folha como um pássaro a fugir das pedras lançadas pelas baladeiras. Odilon Maraes – guardião d’O Matador – fez as ilustrações e o projeto gráfico do livro. Seu olhar brilha ao falar do livro. Está apaixonado pelo projeto que começou a partir da indicação de Ângela Lago para que ele fosse o artista responsável por ilustrar o texto maravilhoso de Wander Piroli.

Wander quem? Não se assuste, amigo leitor, se você não lembra dele. Há mais de 20 anos que não é editado nenhum texto novo deste escritor morto em 2006 aos 75 anos. A literatura Infantil também não lembra dele. Foi esquecido por não tratar as crianças com diminutivos e fantasia barata. Odilon, premiado ilustrador e escritor, aceitou o desafio e cuidou d’O Matador com carinho. Deu um banho de sensibilidade que tornou a edição uma preciosidade. Piroli usa do real para tocar fundo no coração do leitor. Odilon brinca com as cores, ou melhor, com a quase ausência delas. É tudo um verde quase sépia cor de passado.

O texto deixa uma marca no peito da gente. Odilon parece cúmplice do autor. Deixa marcas além do suporte de papel. No conjunto, é uma literatura que fica impressa na alma. Carrego desde então a força de suas palavras pousadas a esmo na folha. No final, o menino que - como eu - não conseguia matar passarinho, surpreende. Me deixou a dúvida de que aquela não seria a minha história. Ou seria? O que posso dizer é que O Matador foi o livro que mais me emocionou em meio a tantos títulos que descobri em oito dias de Salão do Livro.

Hoje, passei na livraria para ver se o encontrava. Não havia chegado ainda. Não tenho pressa. Como diria Lygia Bojunga, “o livro espera por nós”. O Matador me espera para tomarmos outro café. Me espera para dividir comigo as suas dores. Para me oferecer suas páginas com a calma necessária para que o frisson demore um pouco mais. Me espera, enfim, para que possamos juntos voar por entre as armadilhas do dia-a-dia. Deixo aqui o meu muito obrigado tardio e sincero a Wander Piroli por me emocionar tanto. A Odilon, o meu abraço e a minha cumplicidade. Nossa pontaria sempre foi um fiasco. Hatuna Matata.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Artimanhas para pescar olho de criança.

Salmo Dansa e Maurício Veneza são mestres na arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Mas no Salão FNLIJ do Livro mostraram também uma criatividade acima da média na hora de apresentar seus talentos ao vivo, frente a um público crítico e sincero: as crianças.
Em sua performance, Salmo Dansa, que fez as belíssimas ilustrações da coleção Outro Lado da História (Scipione) com textos de Júlio Emílio Braz, foi além do desenho e criou uma escultura de papel que surpreendeu aos presentes. A ave de Salmo ganhou penas, cresceu no arregalar dos olhares curiosos, ganhou vôo na minha imaginação e, por fim, ganhou aplausos. O artista carioca, de malas prontas para uma temporada na Alemanha, fez uma apresentação original para ficar registrada como um dos grandes momentos do salão.
Maurício Veneza é de uma simplicidade que assusta. O papo com ele segue mansinho e, de repente, a gente vê que a tarde passou em um minuto. Gostamos muito de alguns desenhos seus, como os que fez para os livros O Presente de Ossanha e Contos Africanos para Crianças Brasileiras. Não conheço muito dos livros escritos por ele, mas gosto bastante de Embola, Enrola e Rola, livro com trava-línguas bem originais. Mas eu passei uma hora em pé, ao lado do Espaço Petrobrás (vejam na foto acima) admirando a desenvoltura do ilustrador carioca com as crianças. Depois de uma breve apresentação do seu trabalho, Maurício Veneza resolveu brincar com o público. Pediu para cada criança falar o seu nome e a partir da letra inicial ele criou um desenho. No começo, a turma estava meio tímida, mas depois da terceira criança, todos mergulharam na brincadeira e, antes que o ilustrador começasse seu desenho, já havia três ou quatro sugestões da platéia. Depois de desenhar muito usando quase o alfabeto inteiro como ponto de partida, Maurício Veneza foi cercado por crianças que queriam um desenho, um autógrafo, um abraço. Retribuiu com sorrisos e paciência. Tenho certeza que a brincadeira continuou na casa de cada um. Eu, vez em quando, me pego brincando por aqui. Valeu, Maurício.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um rinoceronte cheio de poesia...

Foi numa das esquinas do Salão. Não sei se fui eu que o encontrei ou se foi ele. Nos reconhecemos na hora. Hermes Bernardi Jr. vinha assistir ao lançamento do livro As Marias de Anna Claudia Ramos que acontecia no Espaço de Leitura. Ana Paula já estava entretida com a Elma - que ilustrou As Marias - e deu um "oi" de longe. Hermes estava ali colhendo os frutos dos seus "filhos" Planeta Caiqueria, Casa Botão e E um rinoceronte dobrado. Aproveitou para plantar novas histórias no solo fértil das editoras presentes no Salão.
Depois da muvuca, reunimos a turma para as fotos e Hermes foi ao hotel buscar uma caixa no hotel para a apresentação que faria logo mais ao lado do ilustrador Guto Lins. Nem acreditei quando ele falou que na caixa havia um rinoceronte dobrado. Durante o lançamento do livro, Hermes e Guto falaram dos caminhos que levaram a esta parceria. A sala ia se enchendo. O autor atiçou o público a recitar poemas. Roger Mello caprichou, Anna Claudia Ramos esqueceu o seu, mas logo depois recitou. Eu não resisti e mandei uma quadra clássica:
Lá vem a lua saindo
Redonda como uma vara
Não é lua, não é nada
É um gato se afogando.
(Risos)
Foi então que Hermes e Guto finalmente desdobraram o rinoceronte da caixa. Foi festa para os olhos das crianças e adultos. Para melhorar a interação - que já estava boa - Hermes convidou a todos para escreverem poemas no seu animal de tecido. Foi uma farra. Todos no chão escrevendo. E o rinoceronte foi ganhando uma alma poética. Lindo, lindo, lindo.
Depois de tudo, hora dos autógrafos. Hermes, que tem um olho bom para enxergar onde mora o moleque dentro de cada um, apresentou mais uma surpresa: um carimbo com o animal que dá título ao seu delicioso livro. Mãos sapecas - como a de Fátima Campilho, do Blogstórias Essenciais - ganharam mais um carinho de Hermes. O cara é mesmo uma caixinha de surpresas. De ótimas surpresas.

P.S. Na primeira foto, da esquerda para a direita, Rogério Andrade Barbosa, Águeda (Salesiana), Jô Oliveira, Ana Paula, Hermes e eu.
Na segunda foto, eu ouço o rinoceronte dobrado recitar poemas de dentro da caixa de Hermes. poemas
Na terceira foto, Hermes Bernardi Jr. e Guto Lins desdobram o rinoceronte.
Na quarta foto, a turma começa a escrever no rinoceronte.
Na quinta foto, Hermes carimba o rino na mão de Fátima Campilho.

No mais, como diria Ivan Zigg... Alguma coisa se encaixa...

Os Roedores de Livros já escreveram sobre livros de Hermes. Clique aqui para conhecer nossa opinião.

Outro Clicks ilustrados...

No lançamento do seu belíssimo Sai Pra Lá, a autora e ilustradora Ana Terra esbanjou simpatia com a garotada que, no final, pediu que ela desenhasse a si mesma. Com muito bom humor, a gaúcha começou pelo nariz e arrancou interjeições da platéia. Depois, com o capricho no vestido, a turma aplaudiu a performance.
Não conhecíamos Caulus pessoalmente. No dia da sua apresentação levávamos na sacola A Última Flor Amarela, O Princípio e o Fim, ambos de sua autoria (texto e ilustrações) e uma nova edição do clássico Boi da Cara Preta com textos de Sérgio Capparelli e ilustrações de Caulus. Ficou clara a sua decepção com o cuidado da editora com esta nova edição em que a lombada do livro deu lugar a grampos e as fontes da capa cobriam parte da ilustração. Em cena, brincou bastante com as crianças com "pegadinhas" através dos seus desenhos.
Elma se apoderou das tintas de André Neves para desenhar um índio e uma onça que agradaram em cheio as crianças que lotavam o Espaço de Leitura da FNLIJ. De repente, uma surpresa daquelas. Uma criança perguntou a ela se algum dia havia passado pela sua cabeça a idéia de desistir de ser ilustradora. Elma se emocionou ao lembrar do nascimento do seu neto em 2007 e das diversas circunstâncias que, naquela ocasião, a motivaram a desistir da sua arte. Coisa passageira para a autora de A Princesa Anastácia, pois a vovó (hehehe) está cheia de projetos e a cada dia apresenta trabalhos mais bonitos. Mas que a sua emoção arrepiou a todos, arrepiou.
Nós não conhecíamos o Marcello Araújo, mas desde que comecei a trabalhar com Literatura Infantil, O Saco (livro dele e de Ivan Zigg) anda sempre comigo. Os dois se juntaram no Salão para o lançamento da Coleção 1, 2, 3 e já! Enquanto Ivan entretia a garotada com sons engraçadíssimos a partir das histórias, Marcello seguia desenhando. Ali, todos tínhamos 10 anos de idade. Uma maravilha!
Para finalizar, os elefantes de Rosinha Campos. Ela, que tem um livro-imagem muito legal chamado Branca, trabalhou muito fazendo a mediação entre os ilustradores e as crianças presentes no Espaço de Leitura, mas deixou sua arte impressa nos painéis do Salão em várias performances.

Desenhar não é coisa só de criança...

O local mais concorrido do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi o Espaço de Leitura FNLIJ. Era lá que aconteciam - entre outras coisas - as performances dos ilustradores. É curioso ver o artista criar na hora, no meio de uma barulheira, com crianças passando de um lado para outro, além do olhar atento de quem ficou no espaço para aprender um pouco sobre o trabalho daquele artista.
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Uma manhã de reencontros...

Enquanto eu e Tino representávamos o projeto no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, Edna e Célio assumiam o timão da barca dos Roedores de Livros na manhã do sábado, 24 de maio, na Ceilândia. Foi através do relato da Edna, que destaco em cores alaranjadas, que nós tomamos conhecimento de como foi o encontro naquela manhã. Nossa mais nova colaboradora, Aline, manteve a palavra e apareceu para o seu segundo encontro. Edna logo arrumou uma função para ela que “foi cumprimentada por todos, como velha conhecida. É sinal de que foi, prontamente aceita pela garotada
Apesar de todo o planejamento, cada sábado tem sua característica, sua identidade, sua surpresa. Um dia, uma história surpreende, noutro, uma criança se emociona com uma leitura. Às vezes, há uma dispersão mais cedo, outras, não queremos terminar o encontro, de tão bom que ele está. Naquele sábado não seria diferente. Edna relata que “as crianças sempre nos surpreendem. Hoje, Jardson, Guilherme e Wendel estavam em sintonia. Eles nos surpreenderam com um comportamento hiper-elétrico”. Devem ter dado um trabalho gigantesco. Coisas de criança.
Outra delícia do sábado passado foi o retorno de Juliana ao convívio com os Roedores. Entre 2006 e 2007 Juliana fez a mediação no projeto. Projetos particulares a afastaram do nosso encontro semanal em 2008. As crianças estavam com saudades. Segundo a Edna, o reencontro se deu assim: “Esse foi um acontecimento especial. Quando tudo estava pronto para entrarmos na casa, aparece lá no portão, a Juliana. Ela é muito querida pelas crianças. Ao vê-la, todas correram a seu encontro. Ficaram muito felizes ao revê-la. Juliana chegou e começou batendo um papo para saber das últimas novidades. Só então começou a mediação, envolvendo as crianças, falando da China, tema da primeira história. Minutos depois, chegou o Jardson, atrasado. Sentou-se para também ouvir a história. De repente, ele “percebe” que é a Juliana quem está fazendo a leitura. Não fez por menos: interrompeu a história e, num entusiasmo, corre ao encontro dela para abraçá-la. Foi um momento emocionante, muito bonito e verdadeiro. A história precisou esperar um pouco para assistir a confraternização dos dois
Para coroar o sábado, e para deixar a mim e ao Tino com mais saudades, Edna nos contou que outra surpresa aguardava por todos naquela manhã: “O retorno de uma roedora muito especial: dona Emília. Ela disse que nos procurou até achar. Que ótimo nos reencontrarmos!” Dona Emília e Ana Letícia, sua neta, integram o projeto desde o ano passado. Com a mudança de endereço do projeto e a distância entre sua casa e a nova sede, demoramos a tê-las conosco novamente. Enfim este dia chegou. Por fim, Edna arremata seu relato dizendo: “Aline, Emília e Juliana, que bom revê-las. Foi um dia de reencontro. Só alegrias”. Hatuna Matata.

Um balanço do Salão FNLIJ do livro.

O Salão do Livro da FNLIJ é, antes de tudo, o melhor e mais organizado evento da Literatura Infantil. É um grande encontro entre escritores, ilustradores, editores, pais e filhos. No interior do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro, durante 12 dias, aconteceram performances de ilustradores, lançamentos de livros, mediações de leitura, exposição de livros e imagens de outros países... Enfim, foi impossível ficar parado em meio a tantas atividades. Foram 66 editoras presentes em estandes onde o livro foi a atração principal. Nada de brinquedos ou brindes chamativos que distraiam a atenção do leitor.
Para se ter acesso a este mundo de livros, pagava-se apenas R$ 3,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal). Um valor ínfimo se você imaginar que na maioria das editoras participantes a gente conseguiu um desconto de 20% na compra de livros. Em algumas, foi mais difícil. A Cia das Letras, por exemplo, dificultou o tal desconto em nossas aquisições. No final, deu tudo certo, mas poderiam evitar a burocracia que não tivemos, por exemplo, na Editora SM e na Girafinha. Lá os descontos já estavam na lista, independente de o comprador ser ou não professor. Por falar na categoria, professores da rede pública que trabalham nas salas de leitura receberam da prefeitura um cartão com cerca de R$ 500,00 em créditos para investirem no acervo. Fica a dica para que em 2009 façam como em 2007 onde todos os estandes ofereciam descontos para qualquer visitante.
As atividades especiais aconteceram no Espaço FNLIJ de Leitura, a Biblioteca FNLIJ e o Espaço Petrobras. O estande do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) também promovia encontros em que os indígenas faziam pintura no corpo das crianças, ilustravam ao vivo e contavam histórias. Havia ainda um espaço dedicado à Itália, país homenageado neste Salão. Lá, uma exposição com livros e ilustrações de publicações infanto-juvenis italianas. Tudo muito bonito de se ver.
Durante os finais de semana, os dois mil metros quadrados dedicados à literatura eram ocupados principalmente por pais e filhos. Um público surpreendente. Durante a semana, os corredores ficam repletos de crianças. MESMO!!! Muita gente. Segundo o site oficial do Salão, o público presente superou em 10 mil o índice de 2007. Em alguns momentos ficava difícil percorrer os corredores. Mas a estrutura com banheiros, água de graça e praça de alimentação deu conta do recado. Parabéns à organização.
Por fim, não cansamos – eu e Ana Paula – de exultar a FNLIJ por conseguir distribuir UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA VISITANTE na hora da saída. Grátis!!! No Salão do Livro da FNLIJ, crianças e Jovens tiveram o direito a levar para casa um livro próprio para sua idade. E não foram títulos vagabundos, não. A cada instante, bons livros, de ótimas editoras, transformavam a surpresa em sorrisos e ganhavam o olhar de todos na saída do Salão. Que estas ações, misto de competência, organização, planejamento e respeito para com o livro, seus agentes, professores, pais e crianças se multipliquem por todo o país. Nossas crianças e jovens merecem a devida atenção. O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens é, de fato, o melhor evento do gênero. Voltaremos no ano que vem. That’s all, folks!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Chileno, o Roedor e o Sanduíche de Pernil...

Sempre que eu lia numa orelha de livro "Gonzalo Cárcamo" a primeira sensação era a de admiração. Não é pra menos. As aquarelas com que ele embeleza os livros são um presente para os olhos. Ano passado, o livro Viagem pelo Brasil em 52 histórias, com ilustrações de Cárcamo, ganhou o prêmio de O Melhor para Criança da FNLIJ na categoria Reconto. Este ano, o livro Thapa Kunturi: ninho do condor, com texto e ilustrações dele, recebeu o prêmio de Melhor Ilustração, também pela FNLIJ. Outros livros deliciosos de Cárcamo são Modelo Vivo, Natureza Morta e O Amigo Fiel, reconto do texto de Oscar Wilde, ambientado na fauna brasileira.
Apesar de tanta admiração, tanto eu como o Tino achávamos que ele seria um senhor sisudo, fechado, de difícil aproximação. Talvez pelas fotos nas orelhas dos livros. Talvez fosse uma impressão sem motivo. Gente, já no sábado à tarde, encontramos Cárcamo esbanjando simpatia pelos corredores do Salão. Primeiro foi se chegando, descobrindo outros ilustradores, abraçando velhos amigos, trocando idéias. Nos apresentamos. Gostou do nome do projeto. Achou importante a iniciativa. Marcamos o encontro da noite no Cervantes. Reduto da boêmia informal carioca. Lá, num encontro memorável com mais de 20 pessoas, Cárcamo, Tino e Marcelo desfilaram um repertório incrível de piadas e aquela impressão do ilustrador sisudo foi para o espaço.
Depois de alguns sanduíches de pernil e muito papo, Cárcamo nos presenteou com um pouquinho do seu enorme talento. Inspirado no tema do projeto, o ilustrador criou ali, no papel que cobria nossa mesa no Cervantes, uma caricatura que brincava com o Tino assumindo a forma de um roedor. Criatividade e talento que trouxemos na mala. Obrigado querido. Daqui, do Planalto Central, aguardamos a concretização daquele novo livro. Pois é... além de simpatia, o homem é cheio de ótimas idéias. Hatuna matata.

Foto 01 - Cárcamo, Tino e Marcelo no Salão do Livro.
Foto 02 - Eu, com o chapéu de Ivan Zigg, e Cárcamo.
Foto 03 - A ilustração de Cárcamo para o Tino.

De volta à toca dos roedores de livros

Retornamos à toca dos roedores. Foram oito dias mergulhados no mundo da literatura infantil e juvenil. Descobrimos livros que ainda não chegaram às livrarias; projetos que serão transformados em livros até o próximo salão; os bastidores de algumas criações; a política por trás deste universo, nada infantil; novos amigos; emoções compartilhadas... tudo vivido intensamente por mim e pelo Tino, enquanto Edna e Célio tocavam o barco do projeto por aqui. Acompanhem, a partir de hoje, o que de melhor o 10º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil ofereceu a nós, Roedores de Livros. Hatuna Matata.