segunda-feira, 8 de março de 2010

Sobre amigos, livros e obras de arte.

Durante anos, o prazer em visitar uma grande livraria aqui em Brasília ia muito além de degustar os lançamentos e convidar um ou outro livro para um café ali mesmo na loja. Conquistamos bons amigos entre os frequentadores. Mas, principalmente, descobrimos amigos entre os funcionários. A turma da seção infantil de anos atrás passou pela seção de artes, de dicionários e tantas outras até ir para a seção "fora da loja" no final do ano. A vida foi boa para eles ali, mas o horizonte se mostrou ainda melhor para suas cucas criativas e sonhadoras.

Em janeiro os dois viajaram para umas férias que imagino terem sido incríveis. Passamos muito tempo sem nos encontrarmos. Dias desses eu não os encontrei novamente. Embora eles tenham vindo até em casa - sem avisar! Eu estava fora, acompanhando mais um evento em torno do livro e Ana Paula num compromisso de família. Ao retornar encontramos um presente especial sobre a cama. Não podia ser diferente: um livro. O melhor presente por aqui. Mas esse livro era ainda mais especial. Foi escolhido a dedo, numa loja em Paris. Novinho em folha, Copiright 2010.
La Colère de Banshee (texto de Jean-François Chabas, com ilustrações absurdas de David Sala, editora Casterman). Em bom português, A Cólera de Banshee.

Até então, para mim, Banshee era um dos personagens das histórias que eu lia compulsivamente nos gibis do X-man nos anos 80. Depois, descobri que - como alguns heróis do grupo - seu nome e habilidade tinha a ver com o universo fantástico dos mitos e lendas. No caso, das lendas da Irlanda (Mitologia Celta) em que Banshee era uma fada que possuía um "grito" incomum, que seu canto era o prenúncio de más notícias. Hoje, pesquisando na wikipedia, descobri que seu nome significa algo "como "fada mulher" (onde Bean significa mulher, e Sidhe, que é a forma possessiva de fada)". No belo presente que chegou de surpresa à toca dos Roedores de Livros, Banshee é o nome de uma bela menina que sai de casa "em brasa", correndo pelo bosque espantando os pássaros, movendo pedras, ondas, atrapalhando a vida dos pássaros, dos peixes e dos homens. Algo a deixou em fúria. E o desfecho revela sentimentos que qualquer criança conseguiria expressar no seu dia a dia: birra e amor. Uma linda história. Um grande presente.

Agora o que Dayla e Rafael - nossos amigos - não sabiam é que eu e Ana Paula ADORAMOS o trabalho de Gustav Klimt. E as ilustrações que David Sala fez para este livro são referências explícitas à obra do artista austríaco. A impressão, feita na China, ressalta o dourado, uma das características clássicas. Há outras tantas em toda a edição. Olhar o livro é como apreciar uma obra de arte. Comparem as ilustrações acima com a reprodução abaixo de um dos trabalhos de Klimt (Mother and child). É imoressionante.

Esse post foi uma forma de dizer MUITO OBRIGADO a Dayla e Rafael, e divulgar aos amantes do livro esse achado literário fantástico. E aos outros amigos que ainda trabalham na livraria, não fiquem com ciúmes. Nossos corações têm abrigos aconchegantes para todos vocês. Boa leitura a todos. Hatuna Matata!!!

2 comentários:

Lígia Pin disse...

Que presentão, hein? E que ilustras maravilhosas - vou já fuçar na net o nome do artista.
Beijos,
;o)

Dayla Duarte disse...

Oh Tino! fico muito feliz que você e a Ana gostaram do presente, cara ,realmente não sabia que vocês gostavam do klimt e fico muito contente!
E obrigada sempre por vocês compartilharem o conhecimento e principalmente a companhia de vocês!