Normalmente a gente só presta atenção às formigas quando elas entram pela casa e descobrem o depósito de açúcar destampado. Fora desta situação tão comum, as formigas levam uma vida de muito trabalho, disciplina e nenhuma atenção do bicho homem. Às vezes, acontece algo diferente, inusitado e, mais uma vez, somos convidados a olhar com mais atenção para estes pequenos seres. Vejam o que aconteceu comigo nesta semana: encontrei formigas na livraria.
Não, não foram aquelas da conhecida fábula. Elas estavam em outro livro. Pequenino, ali, empilhado na prateleira, procurando um leitor como quem caça um doce, Formigas (Elaine Pasquali Cavion, ilustrações de André Neves, Paulus) me tomou o olhar. Não resisti e trouxe para a nossa biblioteca. Como não sou egoísta, convido-os a fazer o mesmo.
É o primeiro livro de Elaine Pasquali Cavion. Seria de bom tom dizer que a ilustração de André Neves salvou um texto de iniciante. Mas não é isso o que acontece. Na publicação, os dois conversam como bons e velhos amigos. Elaine demonstra intimidade com as palavras. Brinca com elas. O texto é ÓTIMO. Assim como as ilustrações – irreconhecíveis para quem está acostumado com os últimos trabalhos de André. O artista ousou sair do seu estilo e o fez com a competência que o transformou num dos maiores nomes da ilustração para livros infantis.
A história é sobre uma formiga que sai dos padrões e as consequencias dos seus atos. Durante um passeio numa tarde quente de verão, algo lhe chama a atenção. O jovem inseto não hesita em sair da fila de operárias. Descobre um livro aberto próximo ao seu caminho e vai ao seu encontro. Lá, percebeu a palavra folha: “Era tão verde essa palavra, tão cheirosa, tão suculenta... tão... folhosa que depressa colocou a palavra nas costas e voltou para junto da sua fileira”.
Logo há uma grande confusão entre os pequenos animais. Enfim, com a anuência da formiga-líder, todas vão ao livro, descobrir as palavras que são devidamente escolhidas e carregadas para o formigueiro. Mas, o que fazer com as palavras? Servirão para alguma coisa? No inverno, durante a visita da cigarra, é certo que haverá novidades por lá. Uma história surpreendente. Divertida. Criativa.
O texto apresenta-se recortado ora em parágrafos inteiros, ora em frases curtas. Às vezes, uma frase escorrega pela página que, noutro momento está preenchida apenas por uma palavra. Muitas vezes texto e ilustração contam juntos a história. Esse recorte criativo dá mais agilidade à leitura. Há uma passagem que acho muito divertida: a joaninha encontra com a fila de formigas e, por ser educadíssima, diz “Boa Tarde” para cada uma das 794 formigas. Fiquei me imaginando na entrada de um shopping dizendo “Bom Dia” para todo mundo que fosse passando. Surreal. Mas, pensando bem, deveria ser assim.
Formigas é um grande livro num formato pequeno e não muito usual: 16cm x 11,5 cm. Combina perfeitamente com o universo a que se destina (o das formigas, dos leitores mirins e dos leitores adultos atentos às miudezas da vida). Agora, o que não combina com a bela prosa poética de Elaine e com o trabalho artístico de André, é o acabamento final. O livro, produto que transporta a PALAVRARTE, poderia custar um pouco mais para brindar o leitor com uma capa dura e papel mais espesso. Daria mais “respeito” ao conteúdo. Por exemplo, André Neves, em vários momentos usa de papel reciclado para compor a sua ilustração, textura que se perde na mão do leitor com o papel escolhido pela editora. Por favor, não entendam que o livro é ruim. Longe disso. Mas poderia ser melhor.
Na livraria, custa incríveis R$ 12,00 (DOZE REAIS). Vejo por aí muitos livros que não contém a metade do talento de Formigas por muito mais dinheiros. Valeria à pena a editora aprender com os insetos de Elaine a carregar a palavra com mais atenção. Tenho certeza que este investimento não acarretaria um aumento significativo no preço final. Talvez o valor final, por livro, chegasse a uns R$ 20,00 (VINTE REAIS). Eu pagaria muito mais pelas formigas de Elaine Cavion e André Neves. Seja bem vinda, menina. Suas formigas deixaram nossa estante mais poética. Hatuna Matata.
sábado, 21 de março de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Sobre amizades e seus sabores.
Capítulo 01.
Sempre gostei de cozinhar. É certo que comecei muito mal: aos 13 anos, sozinho e com fome, coloquei um pacote de macarrão numa panela com água fria, acendi o fogo e esperei ele ficar vermelho. O resultado final não foi interessante. Depois aprendi alguns segredos e informalidades. Acho que um almoço é ótima ocasião para encontrar amigos e colocar a conversa em dia enquanto o fogo faz sua mágica nos ingredientes. Quem participou dos almoços que promovi sabe que a comida é muito boa. Mas o encontro é sempre mais gostoso.
Capítulo 02.
Rob perdeu a mãe, vítima de um câncer. Mudou-se com seu pai para uma cidade do interior onde não consegue fazer amigos na escola. Pior que isso: seus colegas se divertem ao provocá-lo no ônibus, na sala, no recreio. Ninguém dá trégua ao menino. Nem mesmo o diretor da escola. Como forma de se proteger, ele guarda seus sentimentos numa mala bem fechada. Sofre calado. Suporta todo o tipo de intempéries sem reação e assim a vida segue seu curso.
Capítulo 03.
Antes da comida chegar ao prato há toda uma dedicação do anfitrião: escolher os convivas, o menu, sair para as compras, separar os melhores ingredientes, uma boa bebida, pães ou grãos ou queijos para o antepasto, bebidas para antes durante e depois e ainda, quem sabe, um doce de saideira (nunca fui bom em fazer doces - a não ser pudim – e aí fazia um mix de bombons de chocolate).
Capítulo 04.
Sistina tem este nome em homenagem à Capela italiana homônima, local do primeiro encontro dos seus pais, num encontrão casual enquanto adimiravam A Criação de Adão, afresco de Michelângelo no teto daquela construção. Acabou de mudar-se com sua mãe para a mesma cidadezinha do interior e é a nova aluna da classe de Rob. A mãe dela descobriu que era traída pelo pai e sua secretária. Também não consegue fazer amigos na escola. Quando está com a razão, não perde uma briga por nada. Mesmo que se machuque muito ao final de cada embate.
Capítulo 05.
Dia desses fui convidado por uma amiga para um almoço daqueles que há muito não me dou ao trabalho de fazer. Perguntei a mim mesmo o motivo de tanto silêncio entre o meu fogão e a sala de estar. Não encontrei uma resposta que me convencesse. Aceitei o convite, certo de retribuí-lo em breve. Sei o quanto ela se dedicou para transformar cada detalhe em realidade. Coisas de quem gosta de cozinhar para os amigos. Bem, eu só cozinho para quem considero amigo de fé, irmão camarada. Acho que é assim também com ela.
Capítulo 06.
Rob e Sistina se tornam amigos embora ambos tenham medo de confessar suas verdades mais íntimas um para o outro. O tempo fez com que aprendessem a ser francos. A verdade dói para ambos. Rob precisa aprender a abrir a mala e soltar seus sentimentos. Sua mãe não vai mais voltar. Sisitina precisa aprender a controlar sua raiva. Seu pai também não vai mais voltar. Os dois aprendem a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que os dois aprenderam a amar.
Capítulo 7.
A última fatia de pão desaparecia da cesta no início do almoço quando um amigo desencontrou o outro em meio a ações e palavras disparadas de uma mala fechada e uma boca aberta. A carne ao molho tão desejada, a salada especialmente rica em perfumes, cores, sabores e o risoto tipicamente italiano sofreram com tal desencontro. O cafezinho passado na hora servido com um bolo de laranja que quase devorei sozinho também poderiam estar mais apetitosos. O encontro, ou melhor, o desencontro foi encerrado com uma, duas, três ou quatro rodadas de um licor excepcional. Mas nem tanto. Afinal, houve um desencontro dos que aprenderam a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que aprenderam a amar.
Capítulo 8.
Coincidências à parte. Li O Tigre (Kate di Camilo, Martins Fontes) na noite logo após o tal almoço. No premiado livro, Rob e Sistina terminam como dois grandes amigos, aprendendo a enfrentar seus medos. O Tigre – ironicamente – foi o elo que os reuniu novamente. O texto é impecável. A autora de A História de Despereaux descreve com incrível esmero os sentimentos que borboletam em seus personagens infantis. Um bela história sobre confiança, amizade e como enfrentar as perdas. Ah, meus dois amigos já se perdoaram. Nem deu tempo de enferrujar as palavras. Entre os verdadeiros amigos não cabem distâncias. Eles sabem disso. E, assim como no livro, um Tigre foi o elo deste desejado reencontro da vida real. Vocês não imaginam a minha felicidade em poder dizer que esta história também terminou bem, apesar dos arranhões. Agora, o livro volta para a estante, meus amigos dormem sem rancores e eu fico aqui matutando… quem sabe, o próximo almoço seja aqui em casa. Hatuna Matata.
Sempre gostei de cozinhar. É certo que comecei muito mal: aos 13 anos, sozinho e com fome, coloquei um pacote de macarrão numa panela com água fria, acendi o fogo e esperei ele ficar vermelho. O resultado final não foi interessante. Depois aprendi alguns segredos e informalidades. Acho que um almoço é ótima ocasião para encontrar amigos e colocar a conversa em dia enquanto o fogo faz sua mágica nos ingredientes. Quem participou dos almoços que promovi sabe que a comida é muito boa. Mas o encontro é sempre mais gostoso.
Capítulo 02.
Rob perdeu a mãe, vítima de um câncer. Mudou-se com seu pai para uma cidade do interior onde não consegue fazer amigos na escola. Pior que isso: seus colegas se divertem ao provocá-lo no ônibus, na sala, no recreio. Ninguém dá trégua ao menino. Nem mesmo o diretor da escola. Como forma de se proteger, ele guarda seus sentimentos numa mala bem fechada. Sofre calado. Suporta todo o tipo de intempéries sem reação e assim a vida segue seu curso.
Capítulo 03.
Antes da comida chegar ao prato há toda uma dedicação do anfitrião: escolher os convivas, o menu, sair para as compras, separar os melhores ingredientes, uma boa bebida, pães ou grãos ou queijos para o antepasto, bebidas para antes durante e depois e ainda, quem sabe, um doce de saideira (nunca fui bom em fazer doces - a não ser pudim – e aí fazia um mix de bombons de chocolate).
Capítulo 04.
Sistina tem este nome em homenagem à Capela italiana homônima, local do primeiro encontro dos seus pais, num encontrão casual enquanto adimiravam A Criação de Adão, afresco de Michelângelo no teto daquela construção. Acabou de mudar-se com sua mãe para a mesma cidadezinha do interior e é a nova aluna da classe de Rob. A mãe dela descobriu que era traída pelo pai e sua secretária. Também não consegue fazer amigos na escola. Quando está com a razão, não perde uma briga por nada. Mesmo que se machuque muito ao final de cada embate.
Capítulo 05.
Dia desses fui convidado por uma amiga para um almoço daqueles que há muito não me dou ao trabalho de fazer. Perguntei a mim mesmo o motivo de tanto silêncio entre o meu fogão e a sala de estar. Não encontrei uma resposta que me convencesse. Aceitei o convite, certo de retribuí-lo em breve. Sei o quanto ela se dedicou para transformar cada detalhe em realidade. Coisas de quem gosta de cozinhar para os amigos. Bem, eu só cozinho para quem considero amigo de fé, irmão camarada. Acho que é assim também com ela.
Capítulo 06.
Rob e Sistina se tornam amigos embora ambos tenham medo de confessar suas verdades mais íntimas um para o outro. O tempo fez com que aprendessem a ser francos. A verdade dói para ambos. Rob precisa aprender a abrir a mala e soltar seus sentimentos. Sua mãe não vai mais voltar. Sisitina precisa aprender a controlar sua raiva. Seu pai também não vai mais voltar. Os dois aprendem a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que os dois aprenderam a amar.
Capítulo 7.
A última fatia de pão desaparecia da cesta no início do almoço quando um amigo desencontrou o outro em meio a ações e palavras disparadas de uma mala fechada e uma boca aberta. A carne ao molho tão desejada, a salada especialmente rica em perfumes, cores, sabores e o risoto tipicamente italiano sofreram com tal desencontro. O cafezinho passado na hora servido com um bolo de laranja que quase devorei sozinho também poderiam estar mais apetitosos. O encontro, ou melhor, o desencontro foi encerrado com uma, duas, três ou quatro rodadas de um licor excepcional. Mas nem tanto. Afinal, houve um desencontro dos que aprenderam a ser sinceros um com o outro e com a vida. Tudo motivado por um Tigre que aprenderam a amar.
Capítulo 8.
Coincidências à parte. Li O Tigre (Kate di Camilo, Martins Fontes) na noite logo após o tal almoço. No premiado livro, Rob e Sistina terminam como dois grandes amigos, aprendendo a enfrentar seus medos. O Tigre – ironicamente – foi o elo que os reuniu novamente. O texto é impecável. A autora de A História de Despereaux descreve com incrível esmero os sentimentos que borboletam em seus personagens infantis. Um bela história sobre confiança, amizade e como enfrentar as perdas. Ah, meus dois amigos já se perdoaram. Nem deu tempo de enferrujar as palavras. Entre os verdadeiros amigos não cabem distâncias. Eles sabem disso. E, assim como no livro, um Tigre foi o elo deste desejado reencontro da vida real. Vocês não imaginam a minha felicidade em poder dizer que esta história também terminou bem, apesar dos arranhões. Agora, o livro volta para a estante, meus amigos dormem sem rancores e eu fico aqui matutando… quem sabe, o próximo almoço seja aqui em casa. Hatuna Matata.
terça-feira, 10 de março de 2009
O Bicho Papão Leitor de Márcia Széliga mora na toca dos Roedores de Livros.
Pois é... acabou de chegar... e a gente tá assim meio bobo... O rapaz dos Correios buzinou e o Tino pensou que eram uns livros da Estante Virtual que ele está esperando, mas não era. Na verdade, o envelope veio de Curitiba e foi enviado pela autora e ilustradora Márcia Széliga: Uma ilustração exclusiva para os Roedores de Livros!!! Uma pintura em acrílica sobre tela colada em papelão. Absurdamente linda!!! Foi batizada como Bicho Papão Leitor. A língua azul do monstro encantou a todos. Vai já para a moldura e fará companhia aos trabalhos de outros grandes ilustradores que aquecem a toca dos Roedores de Livros.
A ilustração não chegou aqui por acaso. Foi um presente de outro amigo da casa: JONAS RIBEIRO. Ele está com um NOVO SITE no ar. Bonito, ágil e com algumas novidades. Entre elas, um link chamado PALETA que leva para um mural com ilustrações exclusivas feitas para o site, sempre tendo a LEITURA como tema. Os originais dos artistas serão doados a grupos, instituições e afins que lidam com o livro. O Roedores de Livros foram agraciados com a obra inicial. A cada dois meses, uma nova ilustração convida-nos a visitar o site de Jonas. Mas lá, além de conhecer sua obra, o visitante pode ainda fuçar o CHÁ DAS CINCO, em que o autor entrevista outras personalidades do mundo do livro. Se você desejar, lá você vai descobrir um pouco mais sobre a ilustradora.
Nós conhecemos a Márcia "Chéliga" (é como se pronuncia seu sobrenome diferentão) na Feira do Livro de Porto Alegre edição 2008. Naqueles dias, conversamos pouco, mas percebemos sua rotação suave, calma, que orbita aos poucos em torno da gente. Simpática e atenciosa com todos. Ela ilustrou alguns livros de Jonas Ribeiro como O Perfume do Mar (Salesiana). Além de ilustrar, Márcia também escreve para crianças. Nós gostamos muito de Do Céu ao Céu Voltarás (Cortez) livro que conta com seus desenhos e suas palavras. Belíssimo.
Daqui do coração do Brasil deixamos o nosso MUITO OBRIGADO a Jonas Robeiro e a Márcia Széliga. Vida longa à fantasia que brota da cuca fresca de vocês. Hatuna Matata.
A ilustração não chegou aqui por acaso. Foi um presente de outro amigo da casa: JONAS RIBEIRO. Ele está com um NOVO SITE no ar. Bonito, ágil e com algumas novidades. Entre elas, um link chamado PALETA que leva para um mural com ilustrações exclusivas feitas para o site, sempre tendo a LEITURA como tema. Os originais dos artistas serão doados a grupos, instituições e afins que lidam com o livro. O Roedores de Livros foram agraciados com a obra inicial. A cada dois meses, uma nova ilustração convida-nos a visitar o site de Jonas. Mas lá, além de conhecer sua obra, o visitante pode ainda fuçar o CHÁ DAS CINCO, em que o autor entrevista outras personalidades do mundo do livro. Se você desejar, lá você vai descobrir um pouco mais sobre a ilustradora.
Nós conhecemos a Márcia "Chéliga" (é como se pronuncia seu sobrenome diferentão) na Feira do Livro de Porto Alegre edição 2008. Naqueles dias, conversamos pouco, mas percebemos sua rotação suave, calma, que orbita aos poucos em torno da gente. Simpática e atenciosa com todos. Ela ilustrou alguns livros de Jonas Ribeiro como O Perfume do Mar (Salesiana). Além de ilustrar, Márcia também escreve para crianças. Nós gostamos muito de Do Céu ao Céu Voltarás (Cortez) livro que conta com seus desenhos e suas palavras. Belíssimo.
Daqui do coração do Brasil deixamos o nosso MUITO OBRIGADO a Jonas Robeiro e a Márcia Széliga. Vida longa à fantasia que brota da cuca fresca de vocês. Hatuna Matata.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Abertas as inscrições para o PRÊMIO VIVA LEITURA 2009.
Na última quarta, 04 de março, no Escritório Regional da OEI (Organização dos Estados Íbero-Americanos para a Educação, para a Ciência e para a Cultura) em Brasília, foi lançada a quarta edição do PRÊMIO VIVA LEITURA. Na ocasião, estiveram presentes vários representantes do mundo literário e político.
Na mesa, da esquerda para a direita, Fabiano Santos (MINC), Justina Iva (UNDIME) e Gabriela Gambi (MINC), Ivana de Siqueira (OEI), André Lazaro (MEC), José Castilho (PNLL), Dulce Tanuri (CONSED) e Mônica Messenberg (Fundação SANTILLANA).
Todos ressaltaram a importância da premiação como reconhecimento aos agentes de leitura, como objeto de incentivo à novas ações e - principalmente - como forma de fazer um mapeamento das ações de leitura em todo o país, aprendendo, apoiando e multiplicando.
Nos primeiros três anos, o prêmio cadastrou cerca de 8 mil projetos de todas as regiões brasileiras - um número realmente expressivo. Espera-se, nesta nova edição, alcançar o número de 10 mil iniciativas em torno da democratização da leitura.
Após a solenidade, fomos brindados com um café da manhã onde o prato mais delicioso foi o bate papo com amigos da leitura que temos encontrado sempre por aqui ou por nossas andanças Brasil afora.
Um dos mais novos - e importantes - personagens políticos em sintonia com o livro e a leitura é o Deputado Federal Marcelo Almeida (PMDB - PR), presidente da Frente Parlamentar da Leitura. Elo de ligação entre os agentes literários (Câmaras do Livro, Editoras, Livreiros, Autores, Bibliotecários, Professores e - é claro - leitores) e o Congresso Nacional, procura multiplicar ações governamentais e investimentos públicos no meio literário. Posso afirmar que não lhe falta boa vontade. E o que é imprescindível - está sempre atento aos que têm algo a somar. Na foto acima, conversamos sobre os Roedores de Livros.
Entre os presentes, vários amigos como Dinorah Cançado (Biblioteca Braile de Taguatinga - DF), Maria Celia e Raquel (professoras, autoras e atrizes do livro-espetáculo Racumim e Racutia), registramos acima dois incansáveis trabalhadores em prol da democratização da leitura: João Carneiro, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro e Tânia Rösing, coordenadora da Jornada Literária de Passo Fundo (RS), um dos eventos mais prestigiados no mundo do livro brasileiro.
Na ocasião foi aberto ao público o Espaço Viva Leitura onde estão disponíveis os diversos projetos inscritos no prêmio. A iniciativa beneficia tanto pesquisadores quanto a pessoas físicas, empresas e instituições públicas que queiram conhecer ações de leitura em todo o Brasil.
Para quem quiser se increver no PRÊMIO VIVA LEITURA 2009, as inscrições estão abertas até 24 de julho e pode ser feita pela internet (Clique AQUI). Há três categorias: (1) Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias; (2) Escolas públicas e privadas; e (3) Sociedade: empresas, ONGs, pessoas físicas, universidades e instituições sociais. Para a seleção final serão indicados 5 projetos de cada categoria. Os três vencedores receberão R$ 30 mil (cada um).
Na foto acima, eu, no Espaço Viva Leitura, segurando o troféu que premia ações como a dos Roedores de Livros. Na verdade nós não fomos premiados oficialmente. Se você - como nós - se sente incluído neste meio cada vez mais populoso, este prêmio também é seu. Hatuna Matata!!!
Na mesa, da esquerda para a direita, Fabiano Santos (MINC), Justina Iva (UNDIME) e Gabriela Gambi (MINC), Ivana de Siqueira (OEI), André Lazaro (MEC), José Castilho (PNLL), Dulce Tanuri (CONSED) e Mônica Messenberg (Fundação SANTILLANA).
Todos ressaltaram a importância da premiação como reconhecimento aos agentes de leitura, como objeto de incentivo à novas ações e - principalmente - como forma de fazer um mapeamento das ações de leitura em todo o país, aprendendo, apoiando e multiplicando.
Nos primeiros três anos, o prêmio cadastrou cerca de 8 mil projetos de todas as regiões brasileiras - um número realmente expressivo. Espera-se, nesta nova edição, alcançar o número de 10 mil iniciativas em torno da democratização da leitura.
Após a solenidade, fomos brindados com um café da manhã onde o prato mais delicioso foi o bate papo com amigos da leitura que temos encontrado sempre por aqui ou por nossas andanças Brasil afora.
Um dos mais novos - e importantes - personagens políticos em sintonia com o livro e a leitura é o Deputado Federal Marcelo Almeida (PMDB - PR), presidente da Frente Parlamentar da Leitura. Elo de ligação entre os agentes literários (Câmaras do Livro, Editoras, Livreiros, Autores, Bibliotecários, Professores e - é claro - leitores) e o Congresso Nacional, procura multiplicar ações governamentais e investimentos públicos no meio literário. Posso afirmar que não lhe falta boa vontade. E o que é imprescindível - está sempre atento aos que têm algo a somar. Na foto acima, conversamos sobre os Roedores de Livros.
Entre os presentes, vários amigos como Dinorah Cançado (Biblioteca Braile de Taguatinga - DF), Maria Celia e Raquel (professoras, autoras e atrizes do livro-espetáculo Racumim e Racutia), registramos acima dois incansáveis trabalhadores em prol da democratização da leitura: João Carneiro, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro e Tânia Rösing, coordenadora da Jornada Literária de Passo Fundo (RS), um dos eventos mais prestigiados no mundo do livro brasileiro.
Na ocasião foi aberto ao público o Espaço Viva Leitura onde estão disponíveis os diversos projetos inscritos no prêmio. A iniciativa beneficia tanto pesquisadores quanto a pessoas físicas, empresas e instituições públicas que queiram conhecer ações de leitura em todo o Brasil.
Para quem quiser se increver no PRÊMIO VIVA LEITURA 2009, as inscrições estão abertas até 24 de julho e pode ser feita pela internet (Clique AQUI). Há três categorias: (1) Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias; (2) Escolas públicas e privadas; e (3) Sociedade: empresas, ONGs, pessoas físicas, universidades e instituições sociais. Para a seleção final serão indicados 5 projetos de cada categoria. Os três vencedores receberão R$ 30 mil (cada um).
Na foto acima, eu, no Espaço Viva Leitura, segurando o troféu que premia ações como a dos Roedores de Livros. Na verdade nós não fomos premiados oficialmente. Se você - como nós - se sente incluído neste meio cada vez mais populoso, este prêmio também é seu. Hatuna Matata!!!
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Um acontecimento e uma esperança em Pirenópolis.
Para encerrar as postagens sobre a 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis), que aconteceu entre os dias 12 e 14 de fevereiro, gostaria de escrever sobre um acontecimento e uma esperança.
O ACONTECIMENTO:
Entre as programações da 1ª FLIPIRI, estava a visita de escritores a algumas escolas da região. Numa destas visitas, o escritor Marco Miranda (autor dos ótimos livros O Paradeiro do Padeiro e A Menina que Queria ser Gambá) foi surpreendido com o poema escrito por Lucas Henrique, aluno da rede pública de ensino.
Rico em rimas e realidade, o poema – lido em sala de aula pelo aluno – revela a vida simples do menino e sua família: a casa humilde, as roupas sem nenhum luxo, as dificuldades da família regida pelo pai agricultor. Mas a vida do menino não é feita só de agruras. Superando todas as dificuldades, Lucas nos revela o que move sua esperança por dias melhores: a força da união familiar, o amor farto e incondicional que encontra em casa.
Marco Miranda, emocionado com o que ouviu, usou da sua sensibilidade para convidar o menino a participar das atividades da Festa Literária ao final da tarde do sábado, apresentando seu poema ao público presente à Casa de Câmara e Cadeia.
Ao chegar ao local, acompanhado do pai e do irmão, Lucas foi apresentado aos autores que queriam ouví-lo recitar antes da apresentação oficial. O pai, ficou no pátio externo – orgulhoso da notoriedade do filho, mas talvez envergonhado da sua condição simples. O irmão mais novo seguia Lucas por todos os corredores.
O escritor Hermes Bernardi Jr. – a exemplo do que aconteceu com Marco – ficou emocionadíssimo ao ver o menino poeta. Ouviu atentamente o poema, conversou com Lucas e depois ofereceu e autografou um dos seus livros para o garoto. Um pouco nervoso com a exposição pública, Lucas só relaxou quando o irmão mais novo – sem esconder o sorriso e o orgulho - bateu em suas costas e disse: “- Aê, Lucas. Ganhou um livro autografado. Massa, heim?!”
No final da tarde, o poema foi lido pelo autor para um público atento e igualmente emocionado. Aplausos ecoaram na sala e nos corações do todos. Lucas voltou para sua casa simples, para suas roupas sem nenhum luxo e para sua família repleta de amor. E é a partir deste ponto que destaco o outro tópico deste post: A ESPERANÇA.
Em nossa conversa com Lucas, o menino disse que gosta muito de ler, que já leu tudo o que podia na sua escola e que gostaria de ter mais livros ao alcance dos olhos. Nós e alguns escritores presentes prometemos enviar alguns livros para a sua casa, num sitio na periferia da cidade. Mas o que fazer com as outras crianças?
Uma Festa Literária numa cidade turística tem o poder de encher suas pousadas e movimentar o mercado local (Pirenópolis fica a pouco mais de 100Km de Brasília e Goiânia). Mas é de suma importância que as ações políticas do evento possam ultrapassar os limites dos três dias de festa.
Conversamos com o Secretário de Cultura da cidade, Gedson de Oliveira, e percebemos um interesse real de transformação. A integração com a distribuidora de livros Arco Íris (de Brasília) e as prefeitura de Pirenópolis, com a atuação da secretaria de Gedson, e as de Turismo e Educação ajudaram a fazer milagres neste primeiro evento. Tudo organizado com parcos recursos, alguns voluntários e muita boa vontade.
A próxima FLIPIRI está marcada para março de 2010. A esperança da qual escrevo aqui, é a de que possamos reencontrar Lucas Henrique e seus poemas por lá. Mas será ótimo encontrar também outros alunos apaixonados por livros, outras crianças embaladas por ótimas histórias, mais livros nas escolas, mais professores capacitados a lidar com literatura, mais pessoas da cidade participando da 2ª FLIPIRI.
Acreditamos que a prefeitura local e o Governo de Goiás possam trabalhar ainda mais lado a lado com pessoas que somam neste mundo do livro (como Íris Borges, que fez a mágica de brotar este primeiro evento) e desenvolver ações em torno do livro durante todo este ano para que a 2ª FLIPIRI seja mais rica também em participação popular.
Não podemos esquecer, como escreveu Ignácio de Loyola Brandão em sua coluna no Estadão, que o essencial destes eventos literários é “a tentativa de estabelecer o hábito da leitura, a formação do leitor que, uma vez capturado, jamais deixará de ler”. O povo de Pirenópolis está com a faca e o queijo nas mãos. Em terras goianas, isso pode significar um leque rico em sabores. Os Roedores de Livros já estão com água na boca para desfrutar do banquete do ano que vem. Hatuna Matata.
Legenda das fotos:
01 - Marco Miranda visita escola do município;
02 - O menino Lucas Henrique lê seu poema para Hermes Bernardi Jr.;
03 - Hermes presenteia o jovem poeta com seu livro Casa Botão;
04 - Lucas lê para público da 1ª FLIPIRI;
05 - Íris Borges e Ana Paula em papo informal na Casa de Câmara e Cadeia;
06 - Hermes e Ana Paula... o resto da legenda está na própria foto;
07 - Descontração no almoço: Lucília Garcez, Íris Borges, Jonas Ribeiro, Ana Paula, Hermes Bernardi Jr. e o pé de Marco Miranda;
08 - Autores e amigos presentes à 1ª FLIPIRI;
09 - Eu e Ana Paula tendo como fundo o acervo da I Maratona Fotográfica de Pirenópolis, exposta na sala de espera do CINE PIRENEUS.
O ACONTECIMENTO:
Entre as programações da 1ª FLIPIRI, estava a visita de escritores a algumas escolas da região. Numa destas visitas, o escritor Marco Miranda (autor dos ótimos livros O Paradeiro do Padeiro e A Menina que Queria ser Gambá) foi surpreendido com o poema escrito por Lucas Henrique, aluno da rede pública de ensino.
Rico em rimas e realidade, o poema – lido em sala de aula pelo aluno – revela a vida simples do menino e sua família: a casa humilde, as roupas sem nenhum luxo, as dificuldades da família regida pelo pai agricultor. Mas a vida do menino não é feita só de agruras. Superando todas as dificuldades, Lucas nos revela o que move sua esperança por dias melhores: a força da união familiar, o amor farto e incondicional que encontra em casa.
Marco Miranda, emocionado com o que ouviu, usou da sua sensibilidade para convidar o menino a participar das atividades da Festa Literária ao final da tarde do sábado, apresentando seu poema ao público presente à Casa de Câmara e Cadeia.
Ao chegar ao local, acompanhado do pai e do irmão, Lucas foi apresentado aos autores que queriam ouví-lo recitar antes da apresentação oficial. O pai, ficou no pátio externo – orgulhoso da notoriedade do filho, mas talvez envergonhado da sua condição simples. O irmão mais novo seguia Lucas por todos os corredores.
O escritor Hermes Bernardi Jr. – a exemplo do que aconteceu com Marco – ficou emocionadíssimo ao ver o menino poeta. Ouviu atentamente o poema, conversou com Lucas e depois ofereceu e autografou um dos seus livros para o garoto. Um pouco nervoso com a exposição pública, Lucas só relaxou quando o irmão mais novo – sem esconder o sorriso e o orgulho - bateu em suas costas e disse: “- Aê, Lucas. Ganhou um livro autografado. Massa, heim?!”
No final da tarde, o poema foi lido pelo autor para um público atento e igualmente emocionado. Aplausos ecoaram na sala e nos corações do todos. Lucas voltou para sua casa simples, para suas roupas sem nenhum luxo e para sua família repleta de amor. E é a partir deste ponto que destaco o outro tópico deste post: A ESPERANÇA.
Em nossa conversa com Lucas, o menino disse que gosta muito de ler, que já leu tudo o que podia na sua escola e que gostaria de ter mais livros ao alcance dos olhos. Nós e alguns escritores presentes prometemos enviar alguns livros para a sua casa, num sitio na periferia da cidade. Mas o que fazer com as outras crianças?
Uma Festa Literária numa cidade turística tem o poder de encher suas pousadas e movimentar o mercado local (Pirenópolis fica a pouco mais de 100Km de Brasília e Goiânia). Mas é de suma importância que as ações políticas do evento possam ultrapassar os limites dos três dias de festa.
Conversamos com o Secretário de Cultura da cidade, Gedson de Oliveira, e percebemos um interesse real de transformação. A integração com a distribuidora de livros Arco Íris (de Brasília) e as prefeitura de Pirenópolis, com a atuação da secretaria de Gedson, e as de Turismo e Educação ajudaram a fazer milagres neste primeiro evento. Tudo organizado com parcos recursos, alguns voluntários e muita boa vontade.
A próxima FLIPIRI está marcada para março de 2010. A esperança da qual escrevo aqui, é a de que possamos reencontrar Lucas Henrique e seus poemas por lá. Mas será ótimo encontrar também outros alunos apaixonados por livros, outras crianças embaladas por ótimas histórias, mais livros nas escolas, mais professores capacitados a lidar com literatura, mais pessoas da cidade participando da 2ª FLIPIRI.
Acreditamos que a prefeitura local e o Governo de Goiás possam trabalhar ainda mais lado a lado com pessoas que somam neste mundo do livro (como Íris Borges, que fez a mágica de brotar este primeiro evento) e desenvolver ações em torno do livro durante todo este ano para que a 2ª FLIPIRI seja mais rica também em participação popular.
Não podemos esquecer, como escreveu Ignácio de Loyola Brandão em sua coluna no Estadão, que o essencial destes eventos literários é “a tentativa de estabelecer o hábito da leitura, a formação do leitor que, uma vez capturado, jamais deixará de ler”. O povo de Pirenópolis está com a faca e o queijo nas mãos. Em terras goianas, isso pode significar um leque rico em sabores. Os Roedores de Livros já estão com água na boca para desfrutar do banquete do ano que vem. Hatuna Matata.
Legenda das fotos:
01 - Marco Miranda visita escola do município;
02 - O menino Lucas Henrique lê seu poema para Hermes Bernardi Jr.;
03 - Hermes presenteia o jovem poeta com seu livro Casa Botão;
04 - Lucas lê para público da 1ª FLIPIRI;
05 - Íris Borges e Ana Paula em papo informal na Casa de Câmara e Cadeia;
06 - Hermes e Ana Paula... o resto da legenda está na própria foto;
07 - Descontração no almoço: Lucília Garcez, Íris Borges, Jonas Ribeiro, Ana Paula, Hermes Bernardi Jr. e o pé de Marco Miranda;
08 - Autores e amigos presentes à 1ª FLIPIRI;
09 - Eu e Ana Paula tendo como fundo o acervo da I Maratona Fotográfica de Pirenópolis, exposta na sala de espera do CINE PIRENEUS.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Lilli, lilli, lilli... bzbzzzzzzzzzzz... LILLIPUTZ!!!
Não é novidade por aqui o fato de gostarmos MUITO dos livros de Hermes Bernardi Junior. O gaúcho escreve como se futricasse lá dentro do leitor. Acarinha, belisca, faz cócegas e a gente sai diferente das saus páginas. Mas, como já disse, gostar dos livros de Hermes não é novidade. Mas na 1ª Flipiri (Festa Literária de Pirenópolis) descobrimos o Hermes CONTADOR DE HISTÓRIAS, assim mesmo, em maiúsculas.
Sua apresentação na Casa de Câmara e Cadeia na tarde de sábado, 14 de fevereiro, coroou uma mini turnê que percorreu escolas e os saraus na pousada Casa Grande. O hit foi sua performance ao narrar LILLIPUT DE SORVETE E CHOCOLATE, livro que publicou em 2003, e que se encontra esgotado.
A história do menino que não conseguia se expressar e se apequenava - ou lilliputizava (termo que dominou as brincadeiras entre os participantes da feira) - diante de situações em que se sentia incomodado, lembra o livro Raul da Ferrugem Azul, clássico de Ana Maria Machado, mas recorre para ações feitas sob medida para uma contação de histórias rica em gestos e palavras mágicas. Hermes domina o olhar do público com sutis trocas de personagens, entonações diversas e bem colocadas, tudo com um estudado trabalho corporal. Encantador.
A frase "lilli, lilli, lilli, bzbzzzzzzzzz, lilliputzzzzzzzzz" colou na boca de quem assistiu às performances de Hermes naquele final de semana e os aplausos caíram sobre ele como a água cai das cachoeiras de Pirenópolis: abundantes e refrescantes. Depois, o ator-escritor apresentou seu livro mais recente E UM RINOCERONTE DOBRADO (ilustrações de Guto Lins, Projeto) e desdobrou o Rino (que havia sido desdobrado a primeira vez no salão da FNLIJ de 2008) para que os presentes pudessem deixar poemas e recados na sua "pele". Nosso recado está lá, ao lado de dois ratinhos desenhados pela Ana Paula (que diz que eu sou o mais gordinho).
Nós esperamos que Lilliput de Sorvete e Chocolate volte às livrarias em breve. Impacientes, eu e Ana Paula, procuramos a primeira edição nos sebos. Estamos certos de que nossos Roedores de Livros da Ceilândia vão adorar os sabores desta história. Delícias de Hermes Bernardi Junior, que se mostrou um gigante também na arte de contar histórias. Queremos mais. Hatuna Matata!
Sua apresentação na Casa de Câmara e Cadeia na tarde de sábado, 14 de fevereiro, coroou uma mini turnê que percorreu escolas e os saraus na pousada Casa Grande. O hit foi sua performance ao narrar LILLIPUT DE SORVETE E CHOCOLATE, livro que publicou em 2003, e que se encontra esgotado.
A história do menino que não conseguia se expressar e se apequenava - ou lilliputizava (termo que dominou as brincadeiras entre os participantes da feira) - diante de situações em que se sentia incomodado, lembra o livro Raul da Ferrugem Azul, clássico de Ana Maria Machado, mas recorre para ações feitas sob medida para uma contação de histórias rica em gestos e palavras mágicas. Hermes domina o olhar do público com sutis trocas de personagens, entonações diversas e bem colocadas, tudo com um estudado trabalho corporal. Encantador.
A frase "lilli, lilli, lilli, bzbzzzzzzzzz, lilliputzzzzzzzzz" colou na boca de quem assistiu às performances de Hermes naquele final de semana e os aplausos caíram sobre ele como a água cai das cachoeiras de Pirenópolis: abundantes e refrescantes. Depois, o ator-escritor apresentou seu livro mais recente E UM RINOCERONTE DOBRADO (ilustrações de Guto Lins, Projeto) e desdobrou o Rino (que havia sido desdobrado a primeira vez no salão da FNLIJ de 2008) para que os presentes pudessem deixar poemas e recados na sua "pele". Nosso recado está lá, ao lado de dois ratinhos desenhados pela Ana Paula (que diz que eu sou o mais gordinho).
Nós esperamos que Lilliput de Sorvete e Chocolate volte às livrarias em breve. Impacientes, eu e Ana Paula, procuramos a primeira edição nos sebos. Estamos certos de que nossos Roedores de Livros da Ceilândia vão adorar os sabores desta história. Delícias de Hermes Bernardi Junior, que se mostrou um gigante também na arte de contar histórias. Queremos mais. Hatuna Matata!
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Mais que as palavras.
Ontem fui à livraria escolher entre dois infantos estrangeiros para exercitar o meu inglês macarrônico e a curiosidade acerca de novos projetos. Voltei para casa com um nacional de primeira grandeza, que eu nem sabia da existência mas, que me fez esquecer o motivo pelo qual entrei tão determinado (?!) na loja. Confesso que fiquei refém das suas sutilezas. Primeiro, a capa me chamou a atenção. Me convidou para entrar. Depois, folheando suas 200 páginas, fui atraído por seu projeto gráfico singular. A história me pegou pelo pé e eu investi trinta dinheiros em Chuva de Letras (Luis Alberto Brandão, Scipione). Não me arrependi nem um pouquinho. Cheguei em casa e o deixei na mesa de centro esperando por mim. Tinha que sair para trabalhar e voltaria umas 10 da noite. Foi só isso que ele esperou. As escolas de samba desfilaram na TV por uns cinco minutos. Depois, desliguei o aparelho e me aconcheguei no sofá para conhecer a história de Nelson.
Não sei o que aconteceu no mundo naqueles poucos minutos. Digo poucos, por que nem vi o tempo passar. O tempo em Chuva de Letras deve ser medido em intensidade e não em minutos. As páginas passam rápidas e a história mexe com a gente. Nelson é um adolescente que vive, ou melhor, mora, digo, dorme num barraco de um cômodo, numa favela de um morro qualquer. Sai de casa ainda pela manhã para trabalhar e só volta – exausto – depois da aula, no período noturno. A solidão é sua companheira. Quase não encontra a sua mãe, com quem divide o barraco e as dificuldades. Ela chega do trabalho ao raiar do dia e geralmente se encontram apenas para uma conversa rápida enquanto tomam café.
Numa madrugada chuvosa, Nelson acorda com a TV ligada, num canal fora do ar. Chove fora e dentro do barraco. O chuvisco em preto e branco da TV ilumina o interior do barraco e intriga o rapaz: “Como é que pode esse chuvisco de luz, se a Televisão está estragada, e o morro, sem energia elétrica?”. De repente, surgem algumas letras na tela da tv, no meio do chuvisco. O que será isso? Pronto, a primeira mensagem foi escrita e percebida por Nelson. A partir daí começa uma comunicação entre o rapaz e o “ser” que escreve através da TV quebrada. Nelson também começa a escrever. Precisa desabafar. Contar para alguém sua experiência paranormal. A agenda é a sua companheira de confissão. O mistério continua. Quem é o interlocutor? De onde vem? O que quer? Nelson já não é o único a querer desvendar o mistério. O leitor já foi fisgado pelo enredo. E precisa urgentemente alcançar o final. Nelson nunca mais será o mesmo.
A história de Luis Alberto Brandão fica ainda melhor graças ao projeto gráfico assinado por Marisa Iniesta Martin. E não estou falando da maravilhosa capa em altorrelevo (nova ortografia) onde inicialmente se reconhece apenas uma gigantesca letra “L” e um “n” menor, alem do nome do autor e da editora. Um pouco mais de atenção e percebe-se o título e os “pingos da chuva”. Mas, como eu disse, não é a capa o principal trunfo do projeto gráfico. Para um bom roedor de livros, seu recheio é ainda mais saboroso. O conceito visual para a “chuva de letras” na tela da TV, apresentado sempre na folha à esquerda do leitor, ora aproximando ora distanciando as “barras” (/) que imitam os pingos da chuva, é excepcional. O diálogo se dá ao intercalar a chuva com um texto que é quase um desenho, ocupando página inteira às vezes apenas com uma frase no canto superior. Genial! Genial!! Genial!!!
Até a foto que estampa a guarda do livro é espetacular. Retrata uma favela no morro. Oferece beleza e incômodo ao leitor. Poesia visual? Literatura visual? Tudo junto? Não sei o que é. Deixo esta definição para os teóricos. O que sei é que a história é contada usando muito mais que os significados usuais que damos às palavras. É como um show de mímica onde sabemos tudo o que o ator quer dizer sem que o som chegue aos nossos ouvidos. As palavras já estão dentro da gente esperando outra forma de comunicação. Luis Alberto Brandão descobriu um jeito diferente de nos contar a sua ótima história. Muito mais que as palavras. Difícil sair impune depois de mergulhar na sua Chuva de Letras. Nelson não saiu. Eu não saí. Provavelmente, se aceitar meu convite para esta leitura, você não sairá. Hatuna Matata.
P.S. 01 – Quase ia me esquecendo: O livro foi vencedor do Prêmio Nacional de Literatura Infantil João-de-Barro 2007, por unanimidade, no júri formado por estudantes de escolas públicas mineiras.
P.S. 02 – As editoras brasileiras têm produzidos alguns livros em que o projeto gráfico inova na forma de apresentar o texto, como acontece em CHUVA DE LETRAS. Aqui no blog dos Roedores de Livros já citamos alguns exemplos desta safra como A ÚLTIMA GUERRA e TODOS CONTRA DANTE.
P.S. 03 – Ah… os livros estrangeiros que perderam a vez para Chuva de Letras? The Graveyard Book (Neil Gaiman) e The 39 Clues - The Maze of Bones, Book 01 (Rick Riordan). Você ainda vai ouvir falar deles.
Não sei o que aconteceu no mundo naqueles poucos minutos. Digo poucos, por que nem vi o tempo passar. O tempo em Chuva de Letras deve ser medido em intensidade e não em minutos. As páginas passam rápidas e a história mexe com a gente. Nelson é um adolescente que vive, ou melhor, mora, digo, dorme num barraco de um cômodo, numa favela de um morro qualquer. Sai de casa ainda pela manhã para trabalhar e só volta – exausto – depois da aula, no período noturno. A solidão é sua companheira. Quase não encontra a sua mãe, com quem divide o barraco e as dificuldades. Ela chega do trabalho ao raiar do dia e geralmente se encontram apenas para uma conversa rápida enquanto tomam café.
Numa madrugada chuvosa, Nelson acorda com a TV ligada, num canal fora do ar. Chove fora e dentro do barraco. O chuvisco em preto e branco da TV ilumina o interior do barraco e intriga o rapaz: “Como é que pode esse chuvisco de luz, se a Televisão está estragada, e o morro, sem energia elétrica?”. De repente, surgem algumas letras na tela da tv, no meio do chuvisco. O que será isso? Pronto, a primeira mensagem foi escrita e percebida por Nelson. A partir daí começa uma comunicação entre o rapaz e o “ser” que escreve através da TV quebrada. Nelson também começa a escrever. Precisa desabafar. Contar para alguém sua experiência paranormal. A agenda é a sua companheira de confissão. O mistério continua. Quem é o interlocutor? De onde vem? O que quer? Nelson já não é o único a querer desvendar o mistério. O leitor já foi fisgado pelo enredo. E precisa urgentemente alcançar o final. Nelson nunca mais será o mesmo.
A história de Luis Alberto Brandão fica ainda melhor graças ao projeto gráfico assinado por Marisa Iniesta Martin. E não estou falando da maravilhosa capa em altorrelevo (nova ortografia) onde inicialmente se reconhece apenas uma gigantesca letra “L” e um “n” menor, alem do nome do autor e da editora. Um pouco mais de atenção e percebe-se o título e os “pingos da chuva”. Mas, como eu disse, não é a capa o principal trunfo do projeto gráfico. Para um bom roedor de livros, seu recheio é ainda mais saboroso. O conceito visual para a “chuva de letras” na tela da TV, apresentado sempre na folha à esquerda do leitor, ora aproximando ora distanciando as “barras” (/) que imitam os pingos da chuva, é excepcional. O diálogo se dá ao intercalar a chuva com um texto que é quase um desenho, ocupando página inteira às vezes apenas com uma frase no canto superior. Genial! Genial!! Genial!!!
Até a foto que estampa a guarda do livro é espetacular. Retrata uma favela no morro. Oferece beleza e incômodo ao leitor. Poesia visual? Literatura visual? Tudo junto? Não sei o que é. Deixo esta definição para os teóricos. O que sei é que a história é contada usando muito mais que os significados usuais que damos às palavras. É como um show de mímica onde sabemos tudo o que o ator quer dizer sem que o som chegue aos nossos ouvidos. As palavras já estão dentro da gente esperando outra forma de comunicação. Luis Alberto Brandão descobriu um jeito diferente de nos contar a sua ótima história. Muito mais que as palavras. Difícil sair impune depois de mergulhar na sua Chuva de Letras. Nelson não saiu. Eu não saí. Provavelmente, se aceitar meu convite para esta leitura, você não sairá. Hatuna Matata.
P.S. 01 – Quase ia me esquecendo: O livro foi vencedor do Prêmio Nacional de Literatura Infantil João-de-Barro 2007, por unanimidade, no júri formado por estudantes de escolas públicas mineiras.
P.S. 02 – As editoras brasileiras têm produzidos alguns livros em que o projeto gráfico inova na forma de apresentar o texto, como acontece em CHUVA DE LETRAS. Aqui no blog dos Roedores de Livros já citamos alguns exemplos desta safra como A ÚLTIMA GUERRA e TODOS CONTRA DANTE.
P.S. 03 – Ah… os livros estrangeiros que perderam a vez para Chuva de Letras? The Graveyard Book (Neil Gaiman) e The 39 Clues - The Maze of Bones, Book 01 (Rick Riordan). Você ainda vai ouvir falar deles.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Conversas, canções e histórias!
O que acontece quando uma pousada inteira está cheia de escritores e a noite de uma sexta feira 13, com lua cheia, serve de inspiração? As histórias saltam do papel e ganham som e gestos. Foi assim na Pousada Casa Grande, no Centro histórico de Pirenópolis na semana passada. A programação da 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis) havia se encerrado e a turma voltara do jantar e se aglomerava na pequena sala. Alessandra Roscoe embalava a turma com a bela canção inspirada no seu livro O Jacaré Bilé. Maria Célia leu uma história de Millôr Fernandes, do livro Fábulas Fabulosas. Outros participaram antes da nossa chegada.
O violão chegou às mãos de Tino que apresentou as suas músicas do Firimfimfoca entre outras canções. A platéia foi crescendo. Janelas e portas serviam de arquibancada para as apresentações. Jonas Ribeiro sacou a sua caixa de histórias e ao lado de Tino improvisou uma contação com efeitos sonoros. D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-O!!!
Clara Rosa (que ao lado de Alessandra e Célia participam do grupo Casa de Autores, de Brasília) contou a história que deu origem ao seu livro mais recente (O Sonho de Ser Grande) e, por fim, Hermes Bernardi Junior contou Lilliput de Sorvete e Chocolate encantando a todos com o seu enredo mágico (mas vamos escrever sobre isso em breve, noutro post).
Bateu a meia noite e ninguém virou abóbora. Alguns se recolheram mais cedo, pois tinham agenda na Festa Literária na manhã do dia seguinte. Outros, ficaram até mais tarde e as conversas, canções e histórias ganharam os ouvidos da noite encantada no interior de Goiás.
O violão chegou às mãos de Tino que apresentou as suas músicas do Firimfimfoca entre outras canções. A platéia foi crescendo. Janelas e portas serviam de arquibancada para as apresentações. Jonas Ribeiro sacou a sua caixa de histórias e ao lado de Tino improvisou uma contação com efeitos sonoros. D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-O!!!
Clara Rosa (que ao lado de Alessandra e Célia participam do grupo Casa de Autores, de Brasília) contou a história que deu origem ao seu livro mais recente (O Sonho de Ser Grande) e, por fim, Hermes Bernardi Junior contou Lilliput de Sorvete e Chocolate encantando a todos com o seu enredo mágico (mas vamos escrever sobre isso em breve, noutro post).
Bateu a meia noite e ninguém virou abóbora. Alguns se recolheram mais cedo, pois tinham agenda na Festa Literária na manhã do dia seguinte. Outros, ficaram até mais tarde e as conversas, canções e histórias ganharam os ouvidos da noite encantada no interior de Goiás.
Para encher os olhos de infância.
Associações, sociedades, grupamentos de artistas (em todas as áreas) não são fáceis de se administrar e muito menos de produzir algo relevante para o público em geral. Tudo costuma ficar recluso em discussões internas nas salas ou chats de reunião. Por isso é uma grata surpresa encontrar nas livrarias o catálogo ILUSTRADORES SIB - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL (Vários autores, Editora 2AB), que oferece aos amantes e curiosos acerca do universo literário infantil um belo panorama do que tem sido o trabalho destes artistas em terras tupiniquins. SIB é a sigla para Sociedade dos Ilustradores do Brasil que possui no seu quadro cerca de 200 associados - não necessariamente trabalhando com a ilustração de livros para criança.
O presente catálogo engloba uma mostra da produção para o olhar infantil de 40 ilustradores. Cada um ganhou quatro páginas para apresentar uma coletânea dos seus trabalhos. Há sempre um texto bilíngue (português e inglês) apresentando o artista e algum contato virtual (site ou email). A apresentação do trabalho foi escrita por Odilon Moraes que - embora seja membro da SIB - não conta com seu trabalho ímpar exposto no livro. Ele ressalta a importância do trabalho de ilustradores na produção de livros infantis, seu crescimento em qualidade e identidade. Depois sai de cena para que o leitor seja brindado com aperitivos das obras de nomes já veteranos como Rui de Oliveira, outros não tão veteranos mas já com uma produção rica em números e prêmios como a divertidíssima (e talentosíssima) Suppa e outros tantos nomes.
Fiquei muito feliz de encontrar o trabalho de Daniel Diaz no catálogo. Ainda um "menino", ele é conterrâneo do Tino (cearenses) e desenvolve um trabalho belo e rico em cores e formas, desbravando o mercado a partir de terras alencarinas. Nos encontramos no Salão da FNLIJ de 2007 e desde então temos acompanhado sua evolução nos livros que alcançam a toca dos Reodores de Livros.
Outro talento que é muito querido por aqui e que não aparece com tanta frequência nos livros infantis é o Biry Sarkis. Seu trabalho está sempre encantando as páginas de revistas como a RECREIO. Ele tem um jeito particular de desenhar animais que ADORAMOS. VEJA AQUI os Roedores de Livros criados por ele.
Caso haja alguma dificuldade em encontrar o livro numa livraria perto da sua casa, você pode comprá-lo através do SITE DA SIB. Boa leitura a todos. That's all, folks.
O presente catálogo engloba uma mostra da produção para o olhar infantil de 40 ilustradores. Cada um ganhou quatro páginas para apresentar uma coletânea dos seus trabalhos. Há sempre um texto bilíngue (português e inglês) apresentando o artista e algum contato virtual (site ou email). A apresentação do trabalho foi escrita por Odilon Moraes que - embora seja membro da SIB - não conta com seu trabalho ímpar exposto no livro. Ele ressalta a importância do trabalho de ilustradores na produção de livros infantis, seu crescimento em qualidade e identidade. Depois sai de cena para que o leitor seja brindado com aperitivos das obras de nomes já veteranos como Rui de Oliveira, outros não tão veteranos mas já com uma produção rica em números e prêmios como a divertidíssima (e talentosíssima) Suppa e outros tantos nomes.
Fiquei muito feliz de encontrar o trabalho de Daniel Diaz no catálogo. Ainda um "menino", ele é conterrâneo do Tino (cearenses) e desenvolve um trabalho belo e rico em cores e formas, desbravando o mercado a partir de terras alencarinas. Nos encontramos no Salão da FNLIJ de 2007 e desde então temos acompanhado sua evolução nos livros que alcançam a toca dos Reodores de Livros.
Outro talento que é muito querido por aqui e que não aparece com tanta frequência nos livros infantis é o Biry Sarkis. Seu trabalho está sempre encantando as páginas de revistas como a RECREIO. Ele tem um jeito particular de desenhar animais que ADORAMOS. VEJA AQUI os Roedores de Livros criados por ele.
Caso haja alguma dificuldade em encontrar o livro numa livraria perto da sua casa, você pode comprá-lo através do SITE DA SIB. Boa leitura a todos. That's all, folks.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Um roedor foi o "culpado" de tudo...
Foi tudo “culpa” de um roedor. Explico:
Chegamos a Pirenópolis (GO) no início da noite de sexta passada. Sexta feira 13 (e nosso quarto na pousada também era o 13!!!). Tivemos sorte. A segunda palestra do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão – marcada para as 18h – sofria de um atraso incomum: tinha público demais e cadeiras de menos. A produção correu para bem acomodar a todos e às 19h estávamos todos lá eu, Ana, Ignácio e outras 150 pessoas ocupando a saleta do prédio da Casa de Câmara e Cadeia da cidade. Todos presos, acorrentados às palavras do convidado especial da 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis).
Ignácio de Loyola Brandão estava ali por sua relevante contribuição para a literatura brasileira (mais de 20 livros publicados, muitos deles premiados) e por ser o detentor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção 2008 conquistado por seu livro infantil O Menino Que Vendia Palavras. O autor relata que a história de um menino que se vê trocando os significados de vocábulos por bugigangas com seus colegas foi inspirada em suas memórias da infância.
Um dia, ao entrar na sala onde seu pai lia um jornal, os olhos do menino Ignácio encontraram os grossos volumes de uma enciclopédia na estante. Na lombada do terceiro volume estava impresso um nome estranho. O menino perguntou ao pai qual o significado daquela palavra e recebeu como resposta que ele mesmo deveria pesquisar no livro. A palavra (que agora me foge à memória) significava uma espécie de rato europeu com 30 dentes. Daí em diante, pesquisar o significado dos nomes passou a ser uma atividade prazerosa do menino Ignácio em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele, que recebia elogios das professoras do primário por sua desenvoltura com os verbetes, dedicou a duas delas - ainda vivas - o prêmio recebido em outubro passado.
A sala se apequenava diante dos tantos curiosos, turistas, professores autores e amantes de livros que já ouviam atentamente as palavras do autor de O Homem que Odiava a Segunda Feira, que temperavam com um humor contagiante a noite quente de lua cheia. Lembrou dos tempos em que os meninos pobres do interior iam ao circo levando gatos como ingresso (para alimentar os leões), falou dos dias de aperto quando se viu perto da morte (o anestesista, na hora crítica da tão temida cirurgia, se aproximou e disse: - Seu Ignácio, sou seu fã, adoro o livro tal! Mas o tal livro não era de sua autoria. E agora? Confiar ou na palavra (e na ação) daquele profissinal tão relapso em literatura? Dizer a ele a verdade ou deixar que a cirurgia corresse tranquilamente? Tudo registrado no livro autobiográfico Veia Bailarina. Risos em todo o prédio.
Quando a palestra foi aberta a perguntas do público, o assunto mais “quente” foi o uso do politicamente correto na Literatura Infantil. Loyola disse – entre outras coisas – que o tema é delicado e ele mesmo está encontrando dificudades em escrever um final para outra história (Os Escorpiões no Círculo de Fogo), em que as crianças caçam os insetos para ver se é verdade a crença de que, quando expostos no centro de um círculo de fogo, os animais se suicidam com uma picada de seu próprio ferrão. Por falar em história infantil, vem aí o próximo livro do autor, escrito para este público: Os Olhos Loucos dos Cavalos Cegos. Achei o título muito bom e o enredo – também inspirado nas memórias da meninice do escritor paulista – é um pedido de desculpas ao seu querido avô.
Aquele nosso primeiro momento foi coroado com um bate papo informal com Ignácio de Loyola Brandão na mesa de autógrafo. Simpático, solícito, feliz em perceber num leitor a força do seu premiado livro, Ignácio, que já havia feito história na aconchegante cidade goiana na abertura da 1ª FLIPIRI, continuou o centro das atenções durante todo o final de semana. Ganhamos todos: turistas, cidadãos de Pirinópolis, professores, escritores, leitores. E pensar que toda esta paixão do convidado principal começou há mais de sessenta anos, num verbete que traduzia a forma incomum de um roedor europeu. Bem, nós também temos uma forma incomum de roer. Engraçado os caminhos da literatura. Hatuna Matata.
Chegamos a Pirenópolis (GO) no início da noite de sexta passada. Sexta feira 13 (e nosso quarto na pousada também era o 13!!!). Tivemos sorte. A segunda palestra do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão – marcada para as 18h – sofria de um atraso incomum: tinha público demais e cadeiras de menos. A produção correu para bem acomodar a todos e às 19h estávamos todos lá eu, Ana, Ignácio e outras 150 pessoas ocupando a saleta do prédio da Casa de Câmara e Cadeia da cidade. Todos presos, acorrentados às palavras do convidado especial da 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis).
Ignácio de Loyola Brandão estava ali por sua relevante contribuição para a literatura brasileira (mais de 20 livros publicados, muitos deles premiados) e por ser o detentor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção 2008 conquistado por seu livro infantil O Menino Que Vendia Palavras. O autor relata que a história de um menino que se vê trocando os significados de vocábulos por bugigangas com seus colegas foi inspirada em suas memórias da infância.
Um dia, ao entrar na sala onde seu pai lia um jornal, os olhos do menino Ignácio encontraram os grossos volumes de uma enciclopédia na estante. Na lombada do terceiro volume estava impresso um nome estranho. O menino perguntou ao pai qual o significado daquela palavra e recebeu como resposta que ele mesmo deveria pesquisar no livro. A palavra (que agora me foge à memória) significava uma espécie de rato europeu com 30 dentes. Daí em diante, pesquisar o significado dos nomes passou a ser uma atividade prazerosa do menino Ignácio em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele, que recebia elogios das professoras do primário por sua desenvoltura com os verbetes, dedicou a duas delas - ainda vivas - o prêmio recebido em outubro passado.
A sala se apequenava diante dos tantos curiosos, turistas, professores autores e amantes de livros que já ouviam atentamente as palavras do autor de O Homem que Odiava a Segunda Feira, que temperavam com um humor contagiante a noite quente de lua cheia. Lembrou dos tempos em que os meninos pobres do interior iam ao circo levando gatos como ingresso (para alimentar os leões), falou dos dias de aperto quando se viu perto da morte (o anestesista, na hora crítica da tão temida cirurgia, se aproximou e disse: - Seu Ignácio, sou seu fã, adoro o livro tal! Mas o tal livro não era de sua autoria. E agora? Confiar ou na palavra (e na ação) daquele profissinal tão relapso em literatura? Dizer a ele a verdade ou deixar que a cirurgia corresse tranquilamente? Tudo registrado no livro autobiográfico Veia Bailarina. Risos em todo o prédio.
Quando a palestra foi aberta a perguntas do público, o assunto mais “quente” foi o uso do politicamente correto na Literatura Infantil. Loyola disse – entre outras coisas – que o tema é delicado e ele mesmo está encontrando dificudades em escrever um final para outra história (Os Escorpiões no Círculo de Fogo), em que as crianças caçam os insetos para ver se é verdade a crença de que, quando expostos no centro de um círculo de fogo, os animais se suicidam com uma picada de seu próprio ferrão. Por falar em história infantil, vem aí o próximo livro do autor, escrito para este público: Os Olhos Loucos dos Cavalos Cegos. Achei o título muito bom e o enredo – também inspirado nas memórias da meninice do escritor paulista – é um pedido de desculpas ao seu querido avô.
Aquele nosso primeiro momento foi coroado com um bate papo informal com Ignácio de Loyola Brandão na mesa de autógrafo. Simpático, solícito, feliz em perceber num leitor a força do seu premiado livro, Ignácio, que já havia feito história na aconchegante cidade goiana na abertura da 1ª FLIPIRI, continuou o centro das atenções durante todo o final de semana. Ganhamos todos: turistas, cidadãos de Pirinópolis, professores, escritores, leitores. E pensar que toda esta paixão do convidado principal começou há mais de sessenta anos, num verbete que traduzia a forma incomum de um roedor europeu. Bem, nós também temos uma forma incomum de roer. Engraçado os caminhos da literatura. Hatuna Matata.
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