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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Roedores de Livros em São Paulo

Nesta quinta, 14 de agosto, os Roedores de Livros apresentarão um pôster digital durante o II Fórum do Plano Nacional do Livro e da Leitura que acontece no Centro de Convenções do Memorial da América Latina, em São Paulo. Para quem ainda não conhece o PNLL, este é um braço do Governo Federal que vem cadastrando projetos de todo o Brasil que visam o incentivo à leitura em diversas áreas como a implantação de bibliotecas e a formação de mediadores. Nosso projeto foi selecionado - ao lado de outras 49 ações - para apresentar suas conquistas. Quanta honra. Para nós, antes de tudo, é uma ótima oportunidade para aprender um pouco mais com tanta gente criativa que vem fazendo a diferença levando fantasia e cidadania a um número cada vez maior de leitores. Para saber um pouco mais sobre o PNLL clique aqui. A cobertura do fórum será disbonibilizada AQUI.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Palavras, batatas, ilustrações e coca zero.

Nas poucas vezes que consigo escapar das asas de Brasília e pousar noutra cidade dedico um tempo para visitar os sebos. ADORO SEBOS. Sou capaz de passar um dia inteiro entre pilhas de livros, traças e troças. Não foi diferente na viagem que fizemos ao Rio de Janeiro em maio último. O centro da Cidade Maravilhosa (na região próxima ao Real Gabinete Português de Leitura) é um paraíso para quem deseja se perder nos sebos. Registrei por aqui a deliciosa incursão num sebo do Flamengo em 2007. Este ano, o destaque ficou por conta do magistral achado que fiz na Academia do Saber. O tesouro chama-se O Livro para Crianças no Brasil. Publicado pela Câmara Brasileira do Livros em 1994 (!!!) serviu de portifólio para a 46ª Feira do Livro de Frankfurt (que naquela ocasião homenageava o Brasil). Tem um formato (30cm x 23cm) e conteúdo que enchem os olhos de qualquer apaixonado por Literatura Infantil. Exibe uma capa dura com o título em relevo, coberta por uma sobrecapa com um recorte de ilustração do Cântico dos Cânticos de Ângela Lago e com outra ilustração de Eliardo França. Mas o forte ainda é o conteúdo.
Com a organização de Elizabeth Serra, Luiz Raul Machado e Claudia de Miranda, a edição é trilíngue (inglês, alemão e português) e exibe 130 páginas com textos de Laura Sandroni, Nelly Novaes Coelho, Maria Antonieta Cunha, Edmir Perrotti, Ezequiel Teodoro da Silva. Depois dessa viagem na história da nossa literatura, entram os personagens principais: 36 escritores e 24 ilustradores são reverenciados nas páginas seguintes. Uma página para cada, e duas obras citadas de cada homenageado com imagens da primeira edição de clássicos da nossa literatura, muitos, esgotados nas editoras. Há ainda uma reverência justa à obra de Monteiro Lobato. No final, outra preciosidade: nomes e endereços desta seleção de autores e ilustradores. São justamente homenageados todos aqueles que você certamente lembra agora e alguns que eu - reconhecidamente - ignorava até então e, por causa do livro, passei a conhecer como Lino de Albergaria, Eliane Ganem e Werner Zotz. Lembro que este livro foi publicado em 1994 e talentos mais recentes não aparecem. Mas dá para se lambuzar com tanta informação útil tratada com extremo carinho. Imagino que a produção deve ter se exaurido num esforço hercúleo para chegar ao produto final.
Eu nem acreditei quando o livros saltou aos meus olhos no meio de um punhado de gibis na sobeloja da Academia do Saber. Naquela hora, pareceu agradecer por ter encontrado tão apaixonado leitor. Ah, ele ainda não conhecia a Ana Paula. Os dois se apaixonaram no primeiro encontro, horas depois. Este livro é um verdadeiro e imprescindível suporte à memória da nossa Literatura Infantil, assim como o Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira. Deveria sofrer uma atualização pelo menos a cada década e servir de suporte para que os mais jovens pudessem ter a curiosidade em descobrir tantos bons livros nos sebos deste Brasil. Para isso, contamos com o excelente site Estante Virtual.
Coroei aquela descoberta com um almoço delicioso nas proximidades da rua do ouvidor. Foi difícil almoçar pois o livro não saía da mesa. Enfim, degustei palavras, batatas, ilustrações e coca zero. Inesquecível. A estante dos Roedores de Livros ganhou mais um morador ilustre. Hatuna Matata.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Programa Leitura em Debate

No final da tarde de 29 de maio, uma quinta feira, no Auditório Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, assisti a um encontro ímpar e de muita valia para os que, como eu, têm um vínculo com a Literatura Infantil e Juvenil. Foi a estréia do programa Leitura em Debate: a Literatura Infantil e Juvenil que apresentará 08 edições com periodicidade mensal até dezembro de 2008 sempre com a curadoria e mediação de Anna Claudia Ramos (Veja a programação completa no flyer abaixo).

Naquela ocasião o tema debatido foi “Discutindo a qualidade na Literatura Infantil e Juvenil” e contou com as palestrantes Emília Galego (Cuba), Elizabeth Serra (Brasil) e Silvia Castrillón (Colômbia) todas representantes do IBBY em seus países e com um histórico invejável de atividades em prol da Leitura.

Planejado para as 16h00, começou com um pequeno atraso, coisas da estréia. Mas tudo estava impecável: desde a seleção dos palestrantes até a estrutura do auditório que ofereceu aos simples mortais (eu incluso) um sistema de tradução simultânea. O que destoou do conjunto foi o pequeno público presente (cerca de 20 pessoas), mas justifica-se pela concorrência com o Salão FNLIJ do Livro que acontecia ali próximo. Espera-se que os próximos encontros – com temática igualmente interessante – atraia um público maior.
Anna Cláudia Ramos abriu a palestra falando sobre a importância da criação daquele programa, do aval da Fundação Biblioteca Nacional e do time de convidados selecionados para aquela estréia. Depois, passou a palavra para Elisabeth Serra que lembrou prontamente que há cerca de 10 anos não se falava (ou questionava) a qualidade em educação. Discorreu sobre a importância do IBBY (que com quase 60 anos de fundação está presente em 70 países) no empenho em promover a qualidade nos livros e na Leitura para crianças e jovens. Explicou que, com a criação da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e a conseqüente parceria com o IBBY, começou a mudar a qualidade nos livros brasileiros para crianças e jovens. Mudanças que começaram pra valer nos anos 70 com o início das premiações da FNLIJ e a criação do selo Altamente Recomendável que forçou às editoras a terem um cuidado maior nas traduções de livros importados e a oferecerem uma produção mais caprichada dos livros para crianças. Falou de uma evolução que se deu em três momentos: primero, nos anos 80 com o que chamou de BOOM do TEXTO (a consolidação do trabalho de grandes autores com Ruth Rocha e Ana Maria Machado); em segundo lugar, o BOOM da ILUSTRAÇÃO nos anos 90 (Roger Mello ,Mariana Massarani, Graça Lima, etc) e, finalmente, nesta década, o BOOM do PROJETO GRÁFICO. Completou o raciocínio, junto com Anna Cláudia Ramos, sugerindo que está chegando de renovar o ciclo voltando a atenção novamente para o texto (que anda meio esquecido por estas bandas).

Depois, falou a Emília Galego – que eu não conhecia e que fiquei fã. Ela falou sobre o conceito de MERCADO (oferta e demanda) pedindo a atenção do nosso olhar para a entrada das editoras internacionais no mercado latino americano (notadamente, no Brasil, a compra da Editora Moderna, Salamandra e Objetiva pela Santillana e a entrada da Edições SM com um forte trabalho de divulgação). Em resumo, ela afirma a lógica capitalista de que o livro que mais se publica é o mais vendido e vice versa e que tudo isso nem sempre tem a ver com qualidade. Um ciclo vicioso que mina as atividades das editoras de pequeno porte e conseqüentemente faz com que a literatura infantil entre no mundo da globalização. As idéias mais originais correm o risco de se perderem em meio a publicação e venda dos blockbusters internacionais. Eu, que estou timidamente escrevendo algumas idéias, me senti intimidado diante de tanta realidade. Silvia Castrillón falou da dura realidade das bibliotecas do seu país e comentou acerca das observações de Emília e Elisabeth que, por fim, se mostrou em busca de um texto contestador. Disse que encontra pouco texto com um “quê” de original e reclamou que há muito livro politicamente correto na Literatura Infantil. Suas últimas palavras naquela tarde ecoaram no auditório da Biblioteca Nacional: “É muito importante que todos percebam que os livros de qualidade não vão fazer a revolução. O caminho é muito mais longo. A grande missão que devemos abraçar é a de levar os livros a todas as classes pois todos têm direito a Arte”. Assim seja!

Nesta quinta, 26 de junho, as 16h00 acontece o segundo encontro do programa debatendo sobre “Os programas de incentivo à leitura do Brasil”. Participam da mesa, além de Anna Claudia Ramos, Eliane Pszczol, José Castilho Marques Neto e Célia Regina Delácio Fernandes. O encontro também acontece no Auditório Machado de Assis e a Biblioteca Nacional informa que haverá transmissão simultânea para todo o Brasil via internet através do site do Instituto Embratel. Vale a pena acessar.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Livros e educação ambiental

Queridos amigos. A Débora Menezes do Educom Verde, blog sobre educação ambiental, nos convidou a escrever um texto resenhando livros que abordem este tema. O texto foi publicado nesta semana e vocês podem acompanhar clicando AQUI. Boa leitura a todos. That´s all, folks!!!

domingo, 15 de junho de 2008

O livro é fruto de muito trabalho.

Outro grande momento do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi a apresentação de Marilda Castanha e Nelson Cruz. O Casal de escritores e ilustradores foi além da palavra (bate papo) ou da imagem (ilustração ao vivo) e deu uma aula sobre o processo de produção de seus livros - em particular, os livros da coleção Histórias para Contar Histórias. Os dois, levaram os originais dos estudos de composição das páginas, os primeiros desenhos, o trabalho final e todos pudemos comparar com o produto final (o livro). Para quem pensa que ilustrar para livro é moleza, pura brincadeira, o casal mostrou que, sim, é uma brincadeira, mas que exige muito trabalho, pesquisa, talento e criatividade. A seguir, alguns registros deste encontro memorável. Clique nas imagens para ampliá-las.
Marilda Castanha apresenta mais uma prancheta de estudos, enquanto Nelson Cruz mostra o resultado final no livro. Neste caso, o livro é Agbalá, um lugar continente e o desenho descreve o desconforto, a forma desumana com que os escravos eram transportados nos navios negreiros. Em sua pesquisa, Marilda encontrou uma ilustração minúscula (acima, à esquerda da prancheta) que ampliou para fazer a sua visão a partir daquela idéia. No resultado final, o mar não é verde ou azul. A percepção da ilustradora deu cores de sangue ao mar que transporta os escravos. Genial.
A foto acima mostra o início do processo de criação. À esquerda da prancheta (que Nelson apresenta ao público enquanto Marilda explica o seu trabalho) um estudo para a composição das páginas e, ao lado, os rascunhos para as primeiras idéias para os desenhos.
Agora, Nelson Cruz fala sobre o livro Chica e João. Ele pesquisou em pinturas antigas (Marilda Castanha segura fotocópia de uma aquarela de Rugendas retratando o Arraial do Tijuco - que viria a se transformar em Diamantina), livros de história, além de fotografar a cidade na época da pesquisa, para seus estudos de imagens.
Acima, o artista apresenta o original da sua ilustração retratando o Arraial do Tijuco e como ficou o resultado do uso do desenho no livro.
Depois de muito papo, o casal colocou seus originais na mesa, à disposição da curiosidade dos presentes. Acima, estudos e produtos finais do trabalho de Marilda Castanha. Abaixo, a lápis, o início do desenho que resultou na belíssima imagem em cores. Os dois, assim, lado a lado, dão a dimensão da distância percorrida pelo artista para chegar ao ponto desejado.
Para os que não leram nosso relato sobre o encontro com Marilda Castanha e Nelson Cruz no Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás e queiram compartilhar aquele momento, é só clicar aqui.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau de foguete!!!

Uma das coisas mais agradáveis da vida é fazer amigos. A gente sempre se diverte, divide dores e amores, ensina e aprende muito, não é mesmo?! As afinidades literárias têm nos presenteado alguns amigos com quem convivo no dia a dia seja em Brasília, pela internet ou em encontros casuais em eventos literários. Cito aqui a Lígia Pin e a Fátima Campilho, professoras, roedoras de livros que estimo muito. No final de maio, o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens me presenteou com o convívio com a Elaine Pasquali. A moça veio de Caxias do Sul (RS) para conhecer o Salão e, através do André Neves, nos conhecemos e nos enturmamos.

Antes de qualquer coisa, Elaine gosta de livros. Também conta histórias para crianças. Com a literatura a nosso favor, passeamos pelos stands das editoras trocando figurinhas o tempo todo:

- Você conhece este livro? Dá uma olha da. É demais!

- Bahh, mas este aqui é ótimo também!

Estes passeios fizeram um mal às nossas economias pois um acabava comprando uma indicação do outro mas, afinal, estávamos numa feira de livros.

Certo dia ela voltou do stand da Girafinha com os olhos brilhando. Tinha descoberto o argentino Pablo Bernasconi. Havia ADORADO O Diário do Capitão Arsênio (que eu achei bonitinho) e simpatizado com O Mago, O Horrível e o Livro de Feitiçaria (para mim, um dos melhores do ano passado... ADORO, ADORO!!!). Apesar destes pequenos e saudáveis desencontros de opinões, eu adorei quando ela me disse com um sotaque gaúcho, tchê: - Tu ainda não compraste o Excessos e Exageros? Bahh, é a tua cara!

Fiquei curioso. No dia seguinte, ela voltou para Caxias do Sul e eu continuei no Salão. Não resisti e convidei o novo livro do Bernasconi para retornar comigo e Ana Paula a Brasília. Ele topou. Minha curiosidade era tanta que desbravei Excessos e Exageros a 11 mil Km de altura, no vôo de volta pra casa.

Os livros de Pablo Bernasconi oferecem ao leitor um humor inteligente que habita tanto em seu texto quanto nas ilustrações. É impossível não se render a tamanha criatividade. Não foi diferente com estes “relatos ilustrados”. No livro, 24 mini-contos que “conversam” com as ilustrações como se estivéssemos assistindo a um improvável filme de Woody Allen para crianças. Situações inesperadas e finais surpreendentes. É claro que tenho as minhas preferências. Por exemplo, o personagem Chico Buzina, de Efeito Dominó, representa aquelas crianças hiperativas que quando chegam para uma visita deixam os anfitriões de cabelo em pé. Feroz tira a pulga atrás da orelha: quem é o animal, o bicho ou o homem? Vice-versa é uma pegadinha visual. Deliciosa! Há ainda Fisiculturíssimo, Somático e o simples não-menos-belo Mascote.

Os desenhos de Pablo Bernasconi garantem uma viagem confortável ao mundo da fantasia usando um meio de transporte tão original quanto ir da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau Amarelo de foguete. Uma aventura para os olhos. Ele usa muito bem dos recursos do mundo digital para dar asas, cores, formas e botões à sua fértil imaginação. É de impressionar. A cada vez que pego seus livros para uma releitura descubro novos detalhes.

Assim que terminei a leitura a bordo, o avião começou a descer no aeroporto Juscelino Kubitschek. Vim do Rio de Janeiro até Brasília nas asas da fantasia de Excessos e Exageros. Valeu a dica, Elaine. Espero que você também tenha viajado nas páginas que indiquei. Por fim, aos que ainda não conhecem as peripécias fantásticas das aventuras de Pablo Bernasconi recomendo que procurem na livraria mais próxima, ou aqui mesmo, na internet, apertem os cintos e... boa viagem!!!

P.S.1 - Elaine Pasquali está com seu primeiro livro no forno. Chama-se Formigas e será publicado pela Paulus. Detalhe: com ilustrações e projeto gráfico de André Neves.


P.S.2 - Na primeira foto. Elaine Pasquali, eu e Daniela Magnabosco.

P.S.3 - Desafio... quantos bichos têm na casa da terceira imagem?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Muita emoção pra pouca pontaria.

Eram quase 11h da manhã do último dia do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens quando encontrei O Matador (Wander Piroli, com ilustrações de Odilon Moraes, Leitura). Foi na “praça de alimentação”. Sinceramente, eu achava que nada mais me surpreenderia naquele fim de jornada, depois de oito dias em meio a tantos livros. Eu estava cansado. Dali a três horas eu embarcaria de volta para Brasília. Mas ao encontrar O Matador, senti um arrepio percorrer a espinha. Uma sensação aguda como aquele frisson de quando o carro encontra uma inclinação súbita. Foi inesquecível.

Ele estava ali, ao alcance dos olhos, mas não pôde vir para casa comigo. Só havia aquele exemplar. Eu não estava preparado para tanta emoção. Minha infância também foi marcada por uma vontade enorme de matar passarinho, assim como faziam meus primos no sítio da minha avó. Assim como faziam meus amigos da Vila Santana, no interior da Bahia. A mesma vontade d’O Matador. Não tinha nada contra as aves. Queria era ser como os outros. Pura fraqueza. Mas a minha pontaria sempre foi um fiasco.

Fui percorrendo as páginas esverdeadas do livro que parecia contar a minha história. Frases curtas, pousadas na folha como um pássaro a fugir das pedras lançadas pelas baladeiras. Odilon Maraes – guardião d’O Matador – fez as ilustrações e o projeto gráfico do livro. Seu olhar brilha ao falar do livro. Está apaixonado pelo projeto que começou a partir da indicação de Ângela Lago para que ele fosse o artista responsável por ilustrar o texto maravilhoso de Wander Piroli.

Wander quem? Não se assuste, amigo leitor, se você não lembra dele. Há mais de 20 anos que não é editado nenhum texto novo deste escritor morto em 2006 aos 75 anos. A literatura Infantil também não lembra dele. Foi esquecido por não tratar as crianças com diminutivos e fantasia barata. Odilon, premiado ilustrador e escritor, aceitou o desafio e cuidou d’O Matador com carinho. Deu um banho de sensibilidade que tornou a edição uma preciosidade. Piroli usa do real para tocar fundo no coração do leitor. Odilon brinca com as cores, ou melhor, com a quase ausência delas. É tudo um verde quase sépia cor de passado.

O texto deixa uma marca no peito da gente. Odilon parece cúmplice do autor. Deixa marcas além do suporte de papel. No conjunto, é uma literatura que fica impressa na alma. Carrego desde então a força de suas palavras pousadas a esmo na folha. No final, o menino que - como eu - não conseguia matar passarinho, surpreende. Me deixou a dúvida de que aquela não seria a minha história. Ou seria? O que posso dizer é que O Matador foi o livro que mais me emocionou em meio a tantos títulos que descobri em oito dias de Salão do Livro.

Hoje, passei na livraria para ver se o encontrava. Não havia chegado ainda. Não tenho pressa. Como diria Lygia Bojunga, “o livro espera por nós”. O Matador me espera para tomarmos outro café. Me espera para dividir comigo as suas dores. Para me oferecer suas páginas com a calma necessária para que o frisson demore um pouco mais. Me espera, enfim, para que possamos juntos voar por entre as armadilhas do dia-a-dia. Deixo aqui o meu muito obrigado tardio e sincero a Wander Piroli por me emocionar tanto. A Odilon, o meu abraço e a minha cumplicidade. Nossa pontaria sempre foi um fiasco. Hatuna Matata.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Artimanhas para pescar olho de criança.

Salmo Dansa e Maurício Veneza são mestres na arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Mas no Salão FNLIJ do Livro mostraram também uma criatividade acima da média na hora de apresentar seus talentos ao vivo, frente a um público crítico e sincero: as crianças.
Em sua performance, Salmo Dansa, que fez as belíssimas ilustrações da coleção Outro Lado da História (Scipione) com textos de Júlio Emílio Braz, foi além do desenho e criou uma escultura de papel que surpreendeu aos presentes. A ave de Salmo ganhou penas, cresceu no arregalar dos olhares curiosos, ganhou vôo na minha imaginação e, por fim, ganhou aplausos. O artista carioca, de malas prontas para uma temporada na Alemanha, fez uma apresentação original para ficar registrada como um dos grandes momentos do salão.
Maurício Veneza é de uma simplicidade que assusta. O papo com ele segue mansinho e, de repente, a gente vê que a tarde passou em um minuto. Gostamos muito de alguns desenhos seus, como os que fez para os livros O Presente de Ossanha e Contos Africanos para Crianças Brasileiras. Não conheço muito dos livros escritos por ele, mas gosto bastante de Embola, Enrola e Rola, livro com trava-línguas bem originais. Mas eu passei uma hora em pé, ao lado do Espaço Petrobrás (vejam na foto acima) admirando a desenvoltura do ilustrador carioca com as crianças. Depois de uma breve apresentação do seu trabalho, Maurício Veneza resolveu brincar com o público. Pediu para cada criança falar o seu nome e a partir da letra inicial ele criou um desenho. No começo, a turma estava meio tímida, mas depois da terceira criança, todos mergulharam na brincadeira e, antes que o ilustrador começasse seu desenho, já havia três ou quatro sugestões da platéia. Depois de desenhar muito usando quase o alfabeto inteiro como ponto de partida, Maurício Veneza foi cercado por crianças que queriam um desenho, um autógrafo, um abraço. Retribuiu com sorrisos e paciência. Tenho certeza que a brincadeira continuou na casa de cada um. Eu, vez em quando, me pego brincando por aqui. Valeu, Maurício.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um rinoceronte cheio de poesia...

Foi numa das esquinas do Salão. Não sei se fui eu que o encontrei ou se foi ele. Nos reconhecemos na hora. Hermes Bernardi Jr. vinha assistir ao lançamento do livro As Marias de Anna Claudia Ramos que acontecia no Espaço de Leitura. Ana Paula já estava entretida com a Elma - que ilustrou As Marias - e deu um "oi" de longe. Hermes estava ali colhendo os frutos dos seus "filhos" Planeta Caiqueria, Casa Botão e E um rinoceronte dobrado. Aproveitou para plantar novas histórias no solo fértil das editoras presentes no Salão.
Depois da muvuca, reunimos a turma para as fotos e Hermes foi ao hotel buscar uma caixa no hotel para a apresentação que faria logo mais ao lado do ilustrador Guto Lins. Nem acreditei quando ele falou que na caixa havia um rinoceronte dobrado. Durante o lançamento do livro, Hermes e Guto falaram dos caminhos que levaram a esta parceria. A sala ia se enchendo. O autor atiçou o público a recitar poemas. Roger Mello caprichou, Anna Claudia Ramos esqueceu o seu, mas logo depois recitou. Eu não resisti e mandei uma quadra clássica:
Lá vem a lua saindo
Redonda como uma vara
Não é lua, não é nada
É um gato se afogando.
(Risos)
Foi então que Hermes e Guto finalmente desdobraram o rinoceronte da caixa. Foi festa para os olhos das crianças e adultos. Para melhorar a interação - que já estava boa - Hermes convidou a todos para escreverem poemas no seu animal de tecido. Foi uma farra. Todos no chão escrevendo. E o rinoceronte foi ganhando uma alma poética. Lindo, lindo, lindo.
Depois de tudo, hora dos autógrafos. Hermes, que tem um olho bom para enxergar onde mora o moleque dentro de cada um, apresentou mais uma surpresa: um carimbo com o animal que dá título ao seu delicioso livro. Mãos sapecas - como a de Fátima Campilho, do Blogstórias Essenciais - ganharam mais um carinho de Hermes. O cara é mesmo uma caixinha de surpresas. De ótimas surpresas.

P.S. Na primeira foto, da esquerda para a direita, Rogério Andrade Barbosa, Águeda (Salesiana), Jô Oliveira, Ana Paula, Hermes e eu.
Na segunda foto, eu ouço o rinoceronte dobrado recitar poemas de dentro da caixa de Hermes. poemas
Na terceira foto, Hermes Bernardi Jr. e Guto Lins desdobram o rinoceronte.
Na quarta foto, a turma começa a escrever no rinoceronte.
Na quinta foto, Hermes carimba o rino na mão de Fátima Campilho.

No mais, como diria Ivan Zigg... Alguma coisa se encaixa...

Os Roedores de Livros já escreveram sobre livros de Hermes. Clique aqui para conhecer nossa opinião.

Outro Clicks ilustrados...

No lançamento do seu belíssimo Sai Pra Lá, a autora e ilustradora Ana Terra esbanjou simpatia com a garotada que, no final, pediu que ela desenhasse a si mesma. Com muito bom humor, a gaúcha começou pelo nariz e arrancou interjeições da platéia. Depois, com o capricho no vestido, a turma aplaudiu a performance.
Não conhecíamos Caulus pessoalmente. No dia da sua apresentação levávamos na sacola A Última Flor Amarela, O Princípio e o Fim, ambos de sua autoria (texto e ilustrações) e uma nova edição do clássico Boi da Cara Preta com textos de Sérgio Capparelli e ilustrações de Caulus. Ficou clara a sua decepção com o cuidado da editora com esta nova edição em que a lombada do livro deu lugar a grampos e as fontes da capa cobriam parte da ilustração. Em cena, brincou bastante com as crianças com "pegadinhas" através dos seus desenhos.
Elma se apoderou das tintas de André Neves para desenhar um índio e uma onça que agradaram em cheio as crianças que lotavam o Espaço de Leitura da FNLIJ. De repente, uma surpresa daquelas. Uma criança perguntou a ela se algum dia havia passado pela sua cabeça a idéia de desistir de ser ilustradora. Elma se emocionou ao lembrar do nascimento do seu neto em 2007 e das diversas circunstâncias que, naquela ocasião, a motivaram a desistir da sua arte. Coisa passageira para a autora de A Princesa Anastácia, pois a vovó (hehehe) está cheia de projetos e a cada dia apresenta trabalhos mais bonitos. Mas que a sua emoção arrepiou a todos, arrepiou.
Nós não conhecíamos o Marcello Araújo, mas desde que comecei a trabalhar com Literatura Infantil, O Saco (livro dele e de Ivan Zigg) anda sempre comigo. Os dois se juntaram no Salão para o lançamento da Coleção 1, 2, 3 e já! Enquanto Ivan entretia a garotada com sons engraçadíssimos a partir das histórias, Marcello seguia desenhando. Ali, todos tínhamos 10 anos de idade. Uma maravilha!
Para finalizar, os elefantes de Rosinha Campos. Ela, que tem um livro-imagem muito legal chamado Branca, trabalhou muito fazendo a mediação entre os ilustradores e as crianças presentes no Espaço de Leitura, mas deixou sua arte impressa nos painéis do Salão em várias performances.

Desenhar não é coisa só de criança...

O local mais concorrido do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi o Espaço de Leitura FNLIJ. Era lá que aconteciam - entre outras coisas - as performances dos ilustradores. É curioso ver o artista criar na hora, no meio de uma barulheira, com crianças passando de um lado para outro, além do olhar atento de quem ficou no espaço para aprender um pouco sobre o trabalho daquele artista.
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um balanço do Salão FNLIJ do livro.

O Salão do Livro da FNLIJ é, antes de tudo, o melhor e mais organizado evento da Literatura Infantil. É um grande encontro entre escritores, ilustradores, editores, pais e filhos. No interior do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro, durante 12 dias, aconteceram performances de ilustradores, lançamentos de livros, mediações de leitura, exposição de livros e imagens de outros países... Enfim, foi impossível ficar parado em meio a tantas atividades. Foram 66 editoras presentes em estandes onde o livro foi a atração principal. Nada de brinquedos ou brindes chamativos que distraiam a atenção do leitor.
Para se ter acesso a este mundo de livros, pagava-se apenas R$ 3,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal). Um valor ínfimo se você imaginar que na maioria das editoras participantes a gente conseguiu um desconto de 20% na compra de livros. Em algumas, foi mais difícil. A Cia das Letras, por exemplo, dificultou o tal desconto em nossas aquisições. No final, deu tudo certo, mas poderiam evitar a burocracia que não tivemos, por exemplo, na Editora SM e na Girafinha. Lá os descontos já estavam na lista, independente de o comprador ser ou não professor. Por falar na categoria, professores da rede pública que trabalham nas salas de leitura receberam da prefeitura um cartão com cerca de R$ 500,00 em créditos para investirem no acervo. Fica a dica para que em 2009 façam como em 2007 onde todos os estandes ofereciam descontos para qualquer visitante.
As atividades especiais aconteceram no Espaço FNLIJ de Leitura, a Biblioteca FNLIJ e o Espaço Petrobras. O estande do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) também promovia encontros em que os indígenas faziam pintura no corpo das crianças, ilustravam ao vivo e contavam histórias. Havia ainda um espaço dedicado à Itália, país homenageado neste Salão. Lá, uma exposição com livros e ilustrações de publicações infanto-juvenis italianas. Tudo muito bonito de se ver.
Durante os finais de semana, os dois mil metros quadrados dedicados à literatura eram ocupados principalmente por pais e filhos. Um público surpreendente. Durante a semana, os corredores ficam repletos de crianças. MESMO!!! Muita gente. Segundo o site oficial do Salão, o público presente superou em 10 mil o índice de 2007. Em alguns momentos ficava difícil percorrer os corredores. Mas a estrutura com banheiros, água de graça e praça de alimentação deu conta do recado. Parabéns à organização.
Por fim, não cansamos – eu e Ana Paula – de exultar a FNLIJ por conseguir distribuir UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA VISITANTE na hora da saída. Grátis!!! No Salão do Livro da FNLIJ, crianças e Jovens tiveram o direito a levar para casa um livro próprio para sua idade. E não foram títulos vagabundos, não. A cada instante, bons livros, de ótimas editoras, transformavam a surpresa em sorrisos e ganhavam o olhar de todos na saída do Salão. Que estas ações, misto de competência, organização, planejamento e respeito para com o livro, seus agentes, professores, pais e crianças se multipliquem por todo o país. Nossas crianças e jovens merecem a devida atenção. O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens é, de fato, o melhor evento do gênero. Voltaremos no ano que vem. That’s all, folks!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Chileno, o Roedor e o Sanduíche de Pernil...

Sempre que eu lia numa orelha de livro "Gonzalo Cárcamo" a primeira sensação era a de admiração. Não é pra menos. As aquarelas com que ele embeleza os livros são um presente para os olhos. Ano passado, o livro Viagem pelo Brasil em 52 histórias, com ilustrações de Cárcamo, ganhou o prêmio de O Melhor para Criança da FNLIJ na categoria Reconto. Este ano, o livro Thapa Kunturi: ninho do condor, com texto e ilustrações dele, recebeu o prêmio de Melhor Ilustração, também pela FNLIJ. Outros livros deliciosos de Cárcamo são Modelo Vivo, Natureza Morta e O Amigo Fiel, reconto do texto de Oscar Wilde, ambientado na fauna brasileira.
Apesar de tanta admiração, tanto eu como o Tino achávamos que ele seria um senhor sisudo, fechado, de difícil aproximação. Talvez pelas fotos nas orelhas dos livros. Talvez fosse uma impressão sem motivo. Gente, já no sábado à tarde, encontramos Cárcamo esbanjando simpatia pelos corredores do Salão. Primeiro foi se chegando, descobrindo outros ilustradores, abraçando velhos amigos, trocando idéias. Nos apresentamos. Gostou do nome do projeto. Achou importante a iniciativa. Marcamos o encontro da noite no Cervantes. Reduto da boêmia informal carioca. Lá, num encontro memorável com mais de 20 pessoas, Cárcamo, Tino e Marcelo desfilaram um repertório incrível de piadas e aquela impressão do ilustrador sisudo foi para o espaço.
Depois de alguns sanduíches de pernil e muito papo, Cárcamo nos presenteou com um pouquinho do seu enorme talento. Inspirado no tema do projeto, o ilustrador criou ali, no papel que cobria nossa mesa no Cervantes, uma caricatura que brincava com o Tino assumindo a forma de um roedor. Criatividade e talento que trouxemos na mala. Obrigado querido. Daqui, do Planalto Central, aguardamos a concretização daquele novo livro. Pois é... além de simpatia, o homem é cheio de ótimas idéias. Hatuna matata.

Foto 01 - Cárcamo, Tino e Marcelo no Salão do Livro.
Foto 02 - Eu, com o chapéu de Ivan Zigg, e Cárcamo.
Foto 03 - A ilustração de Cárcamo para o Tino.

De volta à toca dos roedores de livros

Retornamos à toca dos roedores. Foram oito dias mergulhados no mundo da literatura infantil e juvenil. Descobrimos livros que ainda não chegaram às livrarias; projetos que serão transformados em livros até o próximo salão; os bastidores de algumas criações; a política por trás deste universo, nada infantil; novos amigos; emoções compartilhadas... tudo vivido intensamente por mim e pelo Tino, enquanto Edna e Célio tocavam o barco do projeto por aqui. Acompanhem, a partir de hoje, o que de melhor o 10º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil ofereceu a nós, Roedores de Livros. Hatuna Matata.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Marina e Maurício no Salão...

Marina Colasanti, ao receber o prêmio (Hors Concours) de melhor livro de poesia, tirou da "manga" uma carta que recebeu (?) de Maurício Leite e a leu em público. Ele é um arte-educador, contador de histórias ENCANTADOR, que já vi em ação e que deu aulas (um mini-curso) para Ana Paula há muitos anos, quando ainda morava em Brasília. Atualmente ministra oficinas e conta histórias pela Europa, África e outroa continentes. Ele, sempre munido do livro, trabalha de forma genial, inclusive usando livros "só" de imagens, arrancando beijos, interjeições e aplausos da garotada. Depois, deixa sua mala - repleta de livros, brinquedos populares e outros badulaques - aberta para o deleite da garotada. Na carta, ele fala das dificuldades que encontrou numa viagem para contar histórias em Angola, e exulta a alegria das crianças admiradas com as histórias e os livros. Agradece aos escritores pelas histórias publicadas, instrumento de seu trabalho, importantes (as histórias e sua contação) para o despertar do gosto pela leitura em crianças mundo afora.

Naquela sala, indiretamente, Marina Colasanti - sem querer, querendo - disse à todos que um bom contador de histórias pode sim, incentivar a leitura. Maurício Leite usa de objetos em suas apresentações, assim como usa o livro. Os Tapetes Contadores de Histórias, usam objetos em seu excepcional trabalho, assim como usam o livro. Outros tantos também assim o fazem. A FNLIJ - Fundação NAcional do Livro Infantil e Juvenil, condena qualquer ação que não se prenda exclusivamente à leitura dos livros. Diz que o "resto" não incentiva a leitura. É mero entretenimento. Mergulhado na minha insignificância teórica, mas na força da prática que exerço, e sem as amarras políticas que envolvem tudo em torno da FNLIJ, digo que as palavras de Maurício Leite, repetidas por Marina Colasanti naquela sala na noite de segunda feira, soaram como música em meus ouvidos. Ao final de cada Firimfimfoca, por exemplo, os pais saem em busca dos livros da Sylvia Orthof atendendo ao pedido dos filhos.

O salão da FNLIJ é sim, o grande momento da litratura infantil e juvenil brasileira, como escreveu Socorro Acioli num comentário neste blog. É mais: um grande encontro de artistas do livro. É também um balcão de negócios. A mais organizada feira de livros que já vi. Porém, exitem muitos arte-educadores que usam o livro e suas histórias - e outros elementos - com talento e sucesso, despertando o gosto pela leitura, que não têm seu trabalho valorizado por esta instituição que tanto preza o livro e a criança. A FNLIJ merece todos os aplausos, mas - assim como qualquer mortal - não está imune a críticas. De um lado e de outro, todos queremos despertar nas crianças o gosto, o prazer pela leitura seja através de programas governamentais e projetos de incentivo à leitura ou práticas individuais. Queremos o mesmo: mais bibliotecas, mais mediadores, mais arte-educadores, mais leitores com prazer em ler. Hatuna Matata.

Premiando...

Cá estamos, mais uma vez, num cyber café carioca, postando algumas impressões sobre o que acontece no 10º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil. No cyber, não consegui baixar as fotos (tantas) que entopem o cartão de memória da nossa máquia, por isso copio acima foto tirada no site oficial. Pouco tempo depois que esta foi tirada, as paredes naquele espaço estavam lotadas de outros autores, ilustradores, editores e participantes do salão. Receberam as láureas em mãos a divertidíssima Mighian Nunes (ganhou outro prêmio no ano passado), Jaqueline Soares (ambas do concurso Leia Comigo), Rosilene Pereira(concurso Tamoios), Graziela Hetzel e Elisbeth Teixeira (que me deu uma bronca por ter colocado o ex-libres no "lugar errado" do livro), Nilson Moulin, Cárcamo, Roger Melo (com uma camiseta MARAVILHOSA), Lucia Hiratsuka, Karen Acioly, André Mendes e Marina Colasanti. Quebrando o "protocolo", a sala foi sonorizada por "wuhús" calorosos e barulhentos quando foi anunciada a premiação de Lúcia Hiratsuka por seu livro Histórias Tecidas em Seda. Segundo os organizadores, foi a primeira premiação dela e da editora Cortez. O próprio sr Cortez, emocionadíssimo, subiu para receber o prêmio ao lado da doce Hiratsuka. Muita emoção, mesmo. Graziela Hetzel chorou no palco, emocionadíssima com a premiação de seu maravilhoso livro O Jogo de Amarelinha, enquanto Bia Hetzel, sua filha, fotógrafa, escritora, editora e gente boa, registrava tudo. Depois de uma belíssima apresentação musical, o 2º andar do Instituto Italiano de Cultura foi o palco de uma deliciosa recepção. Novos amigos, velhos amigos e muita conversa fiada e afiada nesta confraternização. Parabéns a todos. Autores, ilustradores, editores, Instituto Italiano de Cultura, patrocinadores e FNLIJ. A Literatura Infantil e Juvenil - que ainda está às margens da grande mídia, mas conquista a passos fortes um espaço melhor - merece toda esta atenção e reconhecimento. Nós, Roedores de Livros, ávidos consumidores de histórias e aprendizes na arte de conquistar novos leitores, aplaudimos e agradecemos. Wuhúúúúúúú!!!