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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Desenhar não é coisa só de criança...

O local mais concorrido do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi o Espaço de Leitura FNLIJ. Era lá que aconteciam - entre outras coisas - as performances dos ilustradores. É curioso ver o artista criar na hora, no meio de uma barulheira, com crianças passando de um lado para outro, além do olhar atento de quem ficou no espaço para aprender um pouco sobre o trabalho daquele artista.
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um balanço do Salão FNLIJ do livro.

O Salão do Livro da FNLIJ é, antes de tudo, o melhor e mais organizado evento da Literatura Infantil. É um grande encontro entre escritores, ilustradores, editores, pais e filhos. No interior do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro, durante 12 dias, aconteceram performances de ilustradores, lançamentos de livros, mediações de leitura, exposição de livros e imagens de outros países... Enfim, foi impossível ficar parado em meio a tantas atividades. Foram 66 editoras presentes em estandes onde o livro foi a atração principal. Nada de brinquedos ou brindes chamativos que distraiam a atenção do leitor.
Para se ter acesso a este mundo de livros, pagava-se apenas R$ 3,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal). Um valor ínfimo se você imaginar que na maioria das editoras participantes a gente conseguiu um desconto de 20% na compra de livros. Em algumas, foi mais difícil. A Cia das Letras, por exemplo, dificultou o tal desconto em nossas aquisições. No final, deu tudo certo, mas poderiam evitar a burocracia que não tivemos, por exemplo, na Editora SM e na Girafinha. Lá os descontos já estavam na lista, independente de o comprador ser ou não professor. Por falar na categoria, professores da rede pública que trabalham nas salas de leitura receberam da prefeitura um cartão com cerca de R$ 500,00 em créditos para investirem no acervo. Fica a dica para que em 2009 façam como em 2007 onde todos os estandes ofereciam descontos para qualquer visitante.
As atividades especiais aconteceram no Espaço FNLIJ de Leitura, a Biblioteca FNLIJ e o Espaço Petrobras. O estande do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) também promovia encontros em que os indígenas faziam pintura no corpo das crianças, ilustravam ao vivo e contavam histórias. Havia ainda um espaço dedicado à Itália, país homenageado neste Salão. Lá, uma exposição com livros e ilustrações de publicações infanto-juvenis italianas. Tudo muito bonito de se ver.
Durante os finais de semana, os dois mil metros quadrados dedicados à literatura eram ocupados principalmente por pais e filhos. Um público surpreendente. Durante a semana, os corredores ficam repletos de crianças. MESMO!!! Muita gente. Segundo o site oficial do Salão, o público presente superou em 10 mil o índice de 2007. Em alguns momentos ficava difícil percorrer os corredores. Mas a estrutura com banheiros, água de graça e praça de alimentação deu conta do recado. Parabéns à organização.
Por fim, não cansamos – eu e Ana Paula – de exultar a FNLIJ por conseguir distribuir UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA VISITANTE na hora da saída. Grátis!!! No Salão do Livro da FNLIJ, crianças e Jovens tiveram o direito a levar para casa um livro próprio para sua idade. E não foram títulos vagabundos, não. A cada instante, bons livros, de ótimas editoras, transformavam a surpresa em sorrisos e ganhavam o olhar de todos na saída do Salão. Que estas ações, misto de competência, organização, planejamento e respeito para com o livro, seus agentes, professores, pais e crianças se multipliquem por todo o país. Nossas crianças e jovens merecem a devida atenção. O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens é, de fato, o melhor evento do gênero. Voltaremos no ano que vem. That’s all, folks!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Chileno, o Roedor e o Sanduíche de Pernil...

Sempre que eu lia numa orelha de livro "Gonzalo Cárcamo" a primeira sensação era a de admiração. Não é pra menos. As aquarelas com que ele embeleza os livros são um presente para os olhos. Ano passado, o livro Viagem pelo Brasil em 52 histórias, com ilustrações de Cárcamo, ganhou o prêmio de O Melhor para Criança da FNLIJ na categoria Reconto. Este ano, o livro Thapa Kunturi: ninho do condor, com texto e ilustrações dele, recebeu o prêmio de Melhor Ilustração, também pela FNLIJ. Outros livros deliciosos de Cárcamo são Modelo Vivo, Natureza Morta e O Amigo Fiel, reconto do texto de Oscar Wilde, ambientado na fauna brasileira.
Apesar de tanta admiração, tanto eu como o Tino achávamos que ele seria um senhor sisudo, fechado, de difícil aproximação. Talvez pelas fotos nas orelhas dos livros. Talvez fosse uma impressão sem motivo. Gente, já no sábado à tarde, encontramos Cárcamo esbanjando simpatia pelos corredores do Salão. Primeiro foi se chegando, descobrindo outros ilustradores, abraçando velhos amigos, trocando idéias. Nos apresentamos. Gostou do nome do projeto. Achou importante a iniciativa. Marcamos o encontro da noite no Cervantes. Reduto da boêmia informal carioca. Lá, num encontro memorável com mais de 20 pessoas, Cárcamo, Tino e Marcelo desfilaram um repertório incrível de piadas e aquela impressão do ilustrador sisudo foi para o espaço.
Depois de alguns sanduíches de pernil e muito papo, Cárcamo nos presenteou com um pouquinho do seu enorme talento. Inspirado no tema do projeto, o ilustrador criou ali, no papel que cobria nossa mesa no Cervantes, uma caricatura que brincava com o Tino assumindo a forma de um roedor. Criatividade e talento que trouxemos na mala. Obrigado querido. Daqui, do Planalto Central, aguardamos a concretização daquele novo livro. Pois é... além de simpatia, o homem é cheio de ótimas idéias. Hatuna matata.

Foto 01 - Cárcamo, Tino e Marcelo no Salão do Livro.
Foto 02 - Eu, com o chapéu de Ivan Zigg, e Cárcamo.
Foto 03 - A ilustração de Cárcamo para o Tino.

De volta à toca dos roedores de livros

Retornamos à toca dos roedores. Foram oito dias mergulhados no mundo da literatura infantil e juvenil. Descobrimos livros que ainda não chegaram às livrarias; projetos que serão transformados em livros até o próximo salão; os bastidores de algumas criações; a política por trás deste universo, nada infantil; novos amigos; emoções compartilhadas... tudo vivido intensamente por mim e pelo Tino, enquanto Edna e Célio tocavam o barco do projeto por aqui. Acompanhem, a partir de hoje, o que de melhor o 10º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil ofereceu a nós, Roedores de Livros. Hatuna Matata.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Premiando...

Cá estamos, mais uma vez, num cyber café carioca, postando algumas impressões sobre o que acontece no 10º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil. No cyber, não consegui baixar as fotos (tantas) que entopem o cartão de memória da nossa máquia, por isso copio acima foto tirada no site oficial. Pouco tempo depois que esta foi tirada, as paredes naquele espaço estavam lotadas de outros autores, ilustradores, editores e participantes do salão. Receberam as láureas em mãos a divertidíssima Mighian Nunes (ganhou outro prêmio no ano passado), Jaqueline Soares (ambas do concurso Leia Comigo), Rosilene Pereira(concurso Tamoios), Graziela Hetzel e Elisbeth Teixeira (que me deu uma bronca por ter colocado o ex-libres no "lugar errado" do livro), Nilson Moulin, Cárcamo, Roger Melo (com uma camiseta MARAVILHOSA), Lucia Hiratsuka, Karen Acioly, André Mendes e Marina Colasanti. Quebrando o "protocolo", a sala foi sonorizada por "wuhús" calorosos e barulhentos quando foi anunciada a premiação de Lúcia Hiratsuka por seu livro Histórias Tecidas em Seda. Segundo os organizadores, foi a primeira premiação dela e da editora Cortez. O próprio sr Cortez, emocionadíssimo, subiu para receber o prêmio ao lado da doce Hiratsuka. Muita emoção, mesmo. Graziela Hetzel chorou no palco, emocionadíssima com a premiação de seu maravilhoso livro O Jogo de Amarelinha, enquanto Bia Hetzel, sua filha, fotógrafa, escritora, editora e gente boa, registrava tudo. Depois de uma belíssima apresentação musical, o 2º andar do Instituto Italiano de Cultura foi o palco de uma deliciosa recepção. Novos amigos, velhos amigos e muita conversa fiada e afiada nesta confraternização. Parabéns a todos. Autores, ilustradores, editores, Instituto Italiano de Cultura, patrocinadores e FNLIJ. A Literatura Infantil e Juvenil - que ainda está às margens da grande mídia, mas conquista a passos fortes um espaço melhor - merece toda esta atenção e reconhecimento. Nós, Roedores de Livros, ávidos consumidores de histórias e aprendizes na arte de conquistar novos leitores, aplaudimos e agradecemos. Wuhúúúúúúú!!!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte IV

Para coroar sua programação, a produção do 1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás convidou Lygia Bojunga Nunes para encenar o monólogo Livro, de sua autoria. O auditório Lago Azul, lotado, parou para ver e ouvir a autora de clássicos da nossa literatura como A Bolsa Amarela e O Sofá Estampado. Laureada com o HANS CHRISTIAN ANDERSEN - o prêmio internacional mais importante da literatura para crianças e jovens – Lygia encantou a todos ao falar sobre suas paixões literárias. Foram seis. E aproveito a ausência de muros da internet para convidá-los a conhecer estes livros. Nada pode explicar a sensação de assistir a Lygia Bojunga neste monólogo. No palco, apenas uma cadeira como cenário. A escritora-atriz entra abraçada a um livro. Ela não encena. É mais que isso: revive suas paixões. Vamos a elas.

Tudo começou aos sete anos, quando Reinações de Narizinho acordou a imaginação da menina-futura escritora. Foi um encontro adiado, porém arrebatador para a criança que não se dava bem com tantos livros de princesas de mundos tão tão distantes. A brasilidade que permeia o texto de Monteiro Lobato encantou o olhar infantil de Lygia que se descobriu curioso pela literatura. Tempos depois, sua paixão foi por Raskólhnikov, personagem principal de Crime e Castigo, livro de Dostoievski. As angústias, as verdades, as ações daquele jovem estudante balançaram o coração da jovem Lygia. Mas a atmosfera dos contos de Edgar Allan Poe em suas Histórias Extraordinárias fez com que Dostoievski fosse descansar na estante e o escritor norte americano caiu nos braços apaixonados da adolescente.

A quarta paixão, Lygia não revela nem sob tortura. É inconfessável! Diz que foi um daqueles autores “profissionais” que seguem uma fórmula mágica para escrever seus livros e encantar seus leitores. A tal literatura barata. Foi uma longa paixão que provocou intrigas com uma amiga crítica literária que afirmava ao referir-se aos tais livros: - Isso é uma AZIA INTELECTUAL... Para curar só LENDO UM BICARBONATO! Não foi preciso. Um dia, ávida para beber da nova versão para a velha fórmula do tal autor, foi surpreendida por um texto diferente, quase uma descrição de uma viagem. A paixão acabou. Ufa!!!

Depois desta longa aventura, foi a vez da poesia encantar a moça. O livro Cartas a um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke foi uma paixão avassaladora. Seguia com Lygia por todos os caminhos. Iam ao cinema, aos cafés... Era companhia certa para um caso a três (Lygia, o livro e um jovem apaixonado). Foram meses até que num acidente, Rilke morreu afogado no arpoador.

Para curar a dor da perda, o jovem apaixonado apresentou os Poemas de Alberto Caeiro. Nada poderia ser mais atraente. Fernando Pessoa - o autor por trás de Caeiro - estaria para sempre atrapalhando aquela relação pois ambos, Lygia e o jovem, eram loucos pelo poeta português.

A vida seguiu, o jovem também se perdeu no tempo. Lygia pôde, enfim, apreciar Fernando Pessoa a sós. Outros livros passaram por seu olhar mas nenhum deles foi tão avassalador quanto estes seis. Lygia Bojunga termina exultando a paciência. Quando o assunto é literatura, não precisamos ter pressa. O livro sempre espera por nós para ter um caso com a nossa imaginação. Fim do monólogo. Cai o pano. Aplausos de pé. Estamos todos ainda mais apaixonados pelos livros. E, como se fosse possível, ainda mais apaixonados por Lygia Bojunga. Hatuna Matata.
Nesta última foto, Roedores de Livros e Lygia Bojunga, no Salão de Goiás. Um papo delicioso e o desejo de um reencontro em maio, no Salão da FNLIJ. Para ver mais sobre Lygia Bojunga em nosso blog, clique AQUI e AQUI.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Flagrante: Roedores de Livros em Ação!!!

Esta foto registra o flagrante de uma Roedora de Livros em ação. Foi no 1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás, no stand da Livraria Cultura Goiana. Enquanto livros novos ocupavam as partes nobres das estantes, no chão, quase esquecidos pelo público, preciosidades se apertavam e quase pulavam ao ver o olhar guloso de Ana Paula. Dizem que o simpaticíssimo Seu Paulo, dono da livraria, tem um acervo precioso e invejável na sua loja... mas que "o ouro" mesmo fica em um depósito na sua casa. Ah, e as preciosidades estavam todas a R$ 3,00 (cada)!!! Saímos de lá com primeiras edições de Sylvia Orthof, Marina Colassanti, Joel Rufino dos Santos... prêmios Jabuti fora de catálogo e outras delícias. Além de enriquecer nossa biblioteca particular, aproveitamos o "queima" para acolher novos títulos de qualidade no acervo da biblioteca do nosso projeto. Enfim... fica a dica: se vocês passarem por goiânia, procurem pela livraria de Seu Paulo, a Cultura Goiana. Vá com tempo, paciência e apetite. Saímos de lá fartos do "lanche". Hatuna Matata.

domingo, 13 de abril de 2008

1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte III

Estávamos saindo do auditório Lago Azul, no Centro de Convenções de Goiânia, após a fala de Ricardo Azevedo, quando notamos a presença dos escritores e ilustradores Marilda Castanha e Nelson Cruz que acabavam de chegar. Aproveitamos que as atenções estavam voltadas para os autógrafos de Ricardo Azevedo e fomos nos apresentar ao casal mineiro. Um amigo comum já havia falado sobre os Roedores de Livros e nós havíamos trocado mimos virtuais. Este seria nosso primeiro contato pessoal. Não poderia ser melhor. Marilda e eu descobrimos afinidades e uma nova amiga em comum. Imediatamente ligamos para Brasília para contar as novidades... sorrisos flagrados na foto acima. O papo foi interrompido para as apresentações formais ao público.
Nelson Cruz acaba de relançar pela Cosac & Naify e com novo projeto gráfico os livros Dirceu e Marília (na foto acima, a primeira edição, pela Formato), Bárbara e Alvarenga e Chica e João, todos centrados em personagens históricos de Minas Gerais. Eles fazem parte da coleção Histórias para Contar Histórias onde o autor e ilustrador passeia com talento pelos caminhos do tema que defenderia nesta noite: “Ilustração, história e ficção”. Nelson Cruz abordou seu tema com maestria explicando o trabalho minucioso de pesquisa que realizou para produzir o ótimo livro No Longe dos Gerais. Ficou nítida sua paixão pela obra literária de Guimarães Rosa, inspiração para seu livro e que o levou a percorrer o interior de seu estado natal refazendo a viagem original do autor de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. Mostrou fotos da viagem que serviram aos estudos iniciais para as ilustrações do livro. E pedindo atenção aos primeiros rabiscos, mostrou ao público todo o trabalho para chegar a um resultado final. O público - formado por educadores, ilustradores e curiosos - assistia a tudo com uma expressão de encanto. É muito fácil pousar os olhos e descansar a fantasia num livro pronto, mas, para chegar a um produto de qualidade, às vezes é preciso muito trabalho para que as idéias ganhem forma no papel. Só sentimos a falta do riacho que entrava pela sala e saía pela cozinha nas ilustrações de Nelson. Ele conta que se emocionou muito ao beber da água ali, agachado no chão da cozinha. Por causa da forma que tomou o projeto gráfico, a cena tão bem trabalhada e vivida emocionalmente pelo artista, foi cortada exatamente no ponto do riacho (fato que deixou Nelson em silêncio por uma semana enquanto analisava o boneco do livro deixando a editora à espera do seu “ok”). Nada não! O livro – mesmo sem o riacho correndo dentro da casa – ficou uma maravilha e ganhou o prêmio de Melhor Projeto Editorial de 2004 pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Fim da explanação: aplausos e olhos voltados para Marilda Castanha.
Marilda Castanha também teve os premiados livros Pindorama e Agbalá relançados com novos projetos gráficos e incorporados à coleção Histórias para Contar Histórias da editora Cosac e Naify. Nossa relação de amor com a obra de Marilda vem de alguns anos: O embrião dos Roedores de Livros começou a se formar depois que Ana Paula me apresentou o livro O Rei da Fome (Marilda Castanha, Ediouro, capa na foto acima). Adubei suas idéias, ela resolveu pôr a mão na massa e cá estamos. Temos uma paixão por este livro. Mas esta história fica para outra hora. Vale agora dizer que sua fala foi sobre “Ilustração, linguagem, processo de criação”. Centrada nos relançamentos e de forma descontraída, Marilda falou das minúcias que envolveram a criação de Pindorama, dos seus estudos para descobrir cores formas e texturas para os projetos, do trabalho para chegar à forma e cores do navio negreiro de Agbalá. Pindorama nasceu depois de um convite para expor seu trabalho num importante seminário de ilustração em Bratislava, na Europa. Em sua apresentação, vimos estudos que resultaram nas ilustrações maravilhosas destes livros, descobrimos alguns “segredos” escondidos em detalhes dos desenhos, as alegrias e angústias da criação e tantas outras confissões nos tornaram (Marilda e o público) quase íntimos. Depois daquele encontro, arregalamos o olhar para outras ilustrações dela e tentamos descobrir os segredos ali pintados. Fim da apresentação, o bate papo rolou solto até que a produção disse que seria impossível continuarmos. Bem, todos foram para suas casas.
Ana Paula, Eu, Marilda Castanha e Nelson Cruz seguimos para o hotel onde o papo se desenrolou até depois da meia-noite. Eu já estava virando abóbora e as histórias seguiam o curso normal. Que delícia. Nelson e Marilda são como nós: apaixonados pelo que fazem, de vida simples e de uma sinceridade que empata com o bom humor. O que falamos até depois da meia-noite? Nem te conto!!! Mas que renderam boas risadas, renderam!!! Aguardem nova edição do premiado Pula Gato e um novo livro - com um tema há muito esquecido - do Ernani Ssó ilustrado pelo Nelson Cruz. Tem mais novidades por aí, mas vamos deixar que os bons ventos as apresentem. Para encerrar, uma montagem com o carinho que os dois deixaram em nossos livros. Hatuna Matata.
Ainda temos mais para contar sobre o Salão do Livro de Goiás. Aguardem!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte II

Nosso primeiro encontro literário em Goiânia foi no elevador do hotel. Ele saía com uma pasta na mão e nós entrávamos com malas, cuias e livros. “Professor”, disse o Tino, "vai devagar que já já a gente chega lá no auditório! É só o tempo de despejar a matula”. E foi mesmo. Pegamos um táxi e seguimos para o Centro de Convenções de Goiânia. Conseguimos chegar no início da palestra “Armadilhas para a formação de leitores : didatismo, sistema cultural dominante e políticas educacionais” proferida pelo escritor, ilustrador e pesquisador Ricardo Azevedo que, sem querer, havia atendido ao pedido do Tino e “esperou” a nossa presença para começar sua fala.

Começou afirmando que, de uma forma geral, as escolas não sabem bem o que fazer com os livros de ficção e de poesia em sala de aula. Para elas, o livro de literatura deve ser tratado como um livro didático, com suas soluções equacionadas e respostas exatas. Há uma necessidade de que o conteúdo destes livros não germinem a fantasia e sim, tenham serventia prática no mundo real. A escola quer uma resposta prática para a questão “para que serve a literatura?”. É necessário que a literatura caiba no didatismo, no utilitarismo. A literatura, para a maioria das escolas, não serve como mero instrumento da fantasia. Lembrei de uma palestra do professor Bartolomeu Campos de Queirós em que ele falava da necessidade da escola de medir o conhecimento. De repente ele saiu com a pérola: “- Quero ver a escola medir qual criança é mais feliz na hora do recreio”. Ricardo Azevedo criticou veementemente esta postura didática reforçando a idéia de que é preciso mudar esta situação.


Seguindo o roteiro do texto que escreveu para a palestra, o escritor fazia a sua leitura e, vez em quando, olhava discretamente para o visor do relógio que estava posicionado no lado inferior do pulso esquerdo. O tema era polêmico e o risco de ultrapassar os limites do tempo previsto era alto. Agora falava da cultura ocidental preocupada na formação do indivíduo em detrimento do coletivo. As pessoas estão cada vez mais sozinhas e a escola promove esta individualidade. Ricardo indagou: “- Como construir uma sociedade equilibrada formando centros do mundo?” E seguiu afirmando: “A solidariedade é uma questão de inteligência social”. “O homem não funciona sozinho. Ele passa a ser Homem quando se relaciona com outros homens, pois é um ser dialógico”. Por fim, falou sobre as diferentes formas de se estudar o mundo, lembrando que na ciência oriental, o cientista senta-se ao lado da flor para “conhece-la”. Por outro lado, o cientista ocidental precisa “destruir” a flor para que possa saber sobre ela.

Hora do público se manifestar. O papo seguiu mais como um desabafo dos ouvintes do que como um confronto das idéias apresentadas por Ricardo Azevedo. A maioria – senão, todos – concordava com o olhar crítico do pesquisador. Mas se falou também que em algumas escolas – poucas, ainda – esta visão didática estava perdendo sua força. Esperamos que contagie outros centros de ensino.

No final, depois dos autógrafos, eu e Tino conversamos muito com Ricardo Azevedo. Falamos sobre o projeto e da lista de reservas do ótimo “Contos de enganar a morte” que aconteceu assim que o livro chegou à biblioteca dos Roedores de Livros em 2007. Falei que utilizo o conto O Rei que virou vaca nos meus cursos há muitos anos. Ele me informou que este texto foi publicado recentemente no livro Papagaio come milho, Perquito leva a fama (Moderna). Ah... Falamos sobre tantas outras coisas que não caberiam neste post. Na verdade, seguimos aprendendo e Ricardo Azevedo tem muito a ensinar. Agradecemos pela sua simpatia e paciência (o Tino levou um horror de livros para ele autografar). Esperamos por novos encontros. Hatuna Matata.

terça-feira, 8 de abril de 2008

1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte I

Queridos amigos... enfim, chegamos do 1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás... a foto acima é o "Kit Roedores" que levamos para as apresentações e para as oficinas que fomos convidados (as malas não couberam na foto... hehehe)... Temos muito a dividir com vocês ao longo desta semana. Encontros e conversas com Ricardo Azevedo, Nelson Cruz e Marilda Castanha. Encontros com amigos virtuais. O monólogo de Lygia Bojunga. As oficinas e apresentações. Enfim, um Salão que teve seus sucessos e seus percalços - como tantos outros. Esperamos que possa crescer em sua segunda edição. Nós provamos das suas delícias e, aos poucos, compartilharemos com vocês. Abraços de letrinhas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Slão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás

Queridos amigos Roedores, começa na próxima quarta, 02 de abril, o 1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás com show do Palavra Cantada, as 10h da manhã, no Teatro Rio Vermelho (Centro de Convenções de Goiânia). A programação segue até domingo e traz convidados ilustres como Lygia Bojunga, Ricardo Azevedo, Ângela Lago, Marilda Castanha, Nelson Cruz, Marcelo Xavier, Marisa Lajolo entre tantos outros bambas falando sobre literatura infantil, ministrando oficinas de ilustração, fazendo shows (a Bia Bedran estará por lá na sexta feira). Os Roedores de Livros também foram convidados. Juliana e Tino apresentam o show Direto da estante pro alto-falante, zás-trás num instante tem gosto de bombom com músicas e histórias no ESPAÇO FADA, no sábado, 05/04 (14h) e domingo, 06/04 (15h). Eu ministrarei duas oficinas. A primeira, sobre Brinquedos Populares, será na Sala Pedras de Paraúna, sábado, 05/04 (14h). A segunda, Literatura Infantil - A fantasia a serviço da educação, será na Sala Serra Dourada, no domingo, 06/04 (9h30). As inscrições para as palestras, shows e oficinas podem ser feitas diretamente no SITE OFICIAL DO SALÃO. A gente se encontra por lá.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Nunca se viu tanta gente!!! Parte II

Sem dúvida a Feira do Livro de Brasília em 2007 recebeu um público expressivo de crianças e de pais em busca de mimos literários para seus filhos. A seguir vou citar as principais atrações da feira para as crianças do Distrito Federal, segundo a listagem apresentada pela prórpia organização: A escritora portuguesa Alice Vieira, Gabriel, O Pensador (lançando seu livro de 2005, Um Garoto Chamado Rorbeto e que a apresentadora oficial insistia em ler ROBERTO) e Roger Mello. O poeta Elias José aparece escondidinho no que eles chamam de “Programação dos Contadores de História”. Não aparecem na Programação Infantil, mas estão na Programação Geral o indígena paraense Daniel Munduruku e o genial amazonense Thiago de Mello. Juntos, apresentaram o “Talk Show: Um papo Irado” (Sic). Não pude ir, mas adoraria ver um papo irado com Thiago de Mello. Acho que perdi um dos momentos mais interessantes da feira. Você não foi? Que pena... parece que tinham uns 10 ouvintes. Para aumentar o público convidaram uma turma inteira de crianças que teve que sair no meio do papo irado pois o ônibus estava indo embora.
Anna Claudia Ramos também constou na Programação Geral mas daí a confusão: no papel, suas palestras seriam das 9h as 11 e das 14 as 16 do dia 06 de setembro. Na internet, ainda está lá o horário da segunda palestra: das 11h30 as 13h30. Resultado, auditório lotado na primeira sessão e na segunda, uma confusão com gente chegando aos poucos até que dois terços estivessem ocupados.

O mesmo aconteceu com Roger Mello. Eu e Ana Paula estávamos assistindo a palestra de Elias José (abandonado pela equipe da feira, salvo pela divulgadora da Paulus) quando chegou Roger ciceroneado por sua mãe. Tinham lido no JORNAL que o lançamento de Zubair e os labirintos seria das 11h30 as 13h30. Na internet estavam divulgando das 17h30 as 19h30 (o folheto com a programação não havia saído ainda). Confusão geral. Ninguém da produção da feira soube informar qual o horário correto. Na dúvida, Roger desfilou talento, bom humor, gentileza e competência em duas sessões. A primeira para um auditório com meia lotação. A segunda restrita a 20 atentos e encantados ouvintes. Anna Claudia Ramos não pode fazer a gentileza que transbordou em Roger Mello porque, como qualquer mortal, precisava almoçar. No mais, eu comprei as águas e servi aos autores citados, segurei microfone para Roger poder mostrar os encantos gráficos da boneca do livro Zubair, apresentei Anna Claudia Ramos à platéia – deveria ter apresentado Roger e Elias – e ainda tive que levar Anna Claudia Ramos ao aeroporto pois o motorista que deveria fazer o trajeto não estava no local no horário combinado. A palestra dela acabou as 16h e o vôo foi marcado para as 17h30. Foi uma correria!!!
Eu não conhecia a premiada escritora portuguesa ALICE VIEIRA. Desejei conhecê-la mas, além de não poder participar dos seus encontros na feira (disseram que foram ótimos), não encontrei seus dois livros publicados no Brasil pela SM: Contos e Lendas de Macau e Os olhos de Ana Marta. Talvez tenha sido incompetente na minha busca. Mas o premiado livro infantil de Thiago de Mello AMAZONAS: No coração encantado da floresta também não apareceu na feira. Zubair, de Roger Mello, não chegou a tempo. A DCL não levou o livro Nos Bastidores do Imaginário, tema da palestra de Anna Claudia Ramos, para seu estande. Enquanto isso, o release de divulgação da Feira do Livro informa que “no meio da semana a grade de programação da Feira era voltada ao público infantil. Muitas peças de teatro, contação de história e oficinas lúdico-pedagógicas, com brincadeiras relacionadas a atividades literárias”. Não, não foi fantasia. Foi, sim, a programação infantil da 26ª FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA. Parabéns!!! Nunca se vendeu tanto livro. E, se estes livros estivessem por lá, teriam vendido muito mais.
P.S. Deixo aqui meu abraço ao amigo Lourenço Flores dono da livraria Esquina da Palavra. Sem lancheiras de livros, fantoches, jogos ou tapetes de EVA, deixou seu estande assim (foto acima) na manhã do primeiro sábado da feira.

Deve ter vendido todo estoque de livros fantásticos!!!

P.S. Esqueci de dizer que houve ainda (eu não vi, mas o release diz que houve) a incrível “mostra de cinema português”!!! (...)

Sensacional essa Feira do Livro, não foi?!

Nunca se viu tanta gente!!! Parte I

Tinha resolvido não falar sobre a Feira do Livro de Brasília de 2007 até receber por email a avaliação divulgada pela assessoria do evento contratada pela Câmara do Livro do Distrito Federal. Antes, quero deixar claro que sei das dificuldades financeiras e imagino o jogo de cintura que a organização deve ter feito para driblar as dificuldades. Mas acredito que com um bom planejamento e mais respeito com o leitor e com o autor (e isso não envolve dinheiro) a feira de 2008 pode ser melhor.
Não tenho competência para falar sobre a programação adulta da feira pois, embora seja leitor de Mirisola, amigo de Lira Neto, fã de Moacyr Scliar e das biografias de Paulo César Araújo, não me sinto à vontade para falar sobre eles, além de não ter acompanhado de perto esta programação. Deixo claro ainda que os Roedores de Livros não participaram da feira neste ano – ao contrário do que aconteceu em 2006 - o que pode dar vestígios a interpretações de que o que escrevo aqui tenha um cunho pessoal. Não é. A intenção deste texto é o de alertar a todos (inclusive ao grupo responsável pela Feira do Livro de Brasília) que não se faz um evento cultural pensando somente em números. Atenção, cuidado e respeito vêm sempre em primeiro lugar.
No primeiro parágrafo do tal email, destaca-se que “nunca se viu tanta gente. Todos os corredores da Feira ficaram congestionados por pessoas interessadas em saber as novidades do mundo literário”. Fala-se de meio milhão de pessoas, um número, sem dúvidas, expressivo. Fala-se no aumento das vendas e no fim de 10 dias, parece que isso é o que importa. Estivemos lá no primeiro dia. Passeamos pelas instalações. Tudo muito assustador para quem tem uma relação de proximidade com o livro. O release que ora recebo diz que “Os maiores visitantes da Feira do Livro de Brasília foram os alunos das escolas públicas e particulares” para logo depois arrematar: “De acordo com registros fotográficos, ônibus escolares enfileiraram-se na via que dava acesso a Feira e chegava a quase 1 km. As escolas participaram do projeto "Ler é legal", criado há 3 anos pela Câmara do Livro em parceria com a Secretaria de Educação do DF. O projeto permite que alunos e professores de ensino fundamental e médio do DF possam adquirir livros durante a Feira do Livro de Brasília. Um dos objetivos do projeto é ampliar o universo multiplicador de conhecimento e criar oportunidade de negócios, já que as Feiras de Livros tornam-se vitrines da cultura, capazes de promover os livros e aumentar o interesse pela leitura; oferecer ao público visitante a oportunidade de acesso as mais importantes obras dos autores nacionais e internacionais”.
Aproveitando a deixa, meus registros fotográficos neste post mostram as vitrines que ofereciam “as mais importantes obras dos autores nacionais”. São lancheiras de livros, fantoches, tapetes de EVA, máscaras, jogos. Predominantes nos estandes da feira. Impedidos de comprar outros itens que não fossem livros com os “Legais” do Governo, driblava-se a norma com gritos nos corredores engarrafados de crianças: - compre um livro e ganhe um fantoche!!! Durante a semana, a visitação descontrolada de alunos tornou a feira quase impossível de se transitar. “Parecia Natal”, diria o release da assessoria de imprensa. Se você é adulto e sabe como ficam os shoppings às vésperas do natal, imagine o que pode escolher uma criança, ou um professor responsável por mais de 30 delas num corredor repleto, entupido de gente. Como parar para escolher um livro? Melhor parar no stand de um dos personagens que mais trabalhou na feira: o Tinácio, que com talento e simpatia pintava o rosto das crianças. Talvez o momento mais feliz para a garotada.
Podemos dizer que esta pode ter sido também a feira da água. Lembro a todos que passamos por um momento de extrema seca em Brasília com a umidade do ar ficando muito abaixo dos 20% durante nossas tardes. NÃO HAVIA ÁGUA À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO. Nos dias em que acompanhei Elias José, Roger Mello e Anna Claudia Ramos a produção não providenciou sequer água para eles. Tínhamos que entrar no shopping para comprar água. E o que fazer com as crianças da periferia? Eles podem até dizer que tinha água por lá. Mas nos cinco dias em que freqüentei o local... só pagando!!! Nunca se vendeu tanto livro... e água!!!