quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Presentes de Natal
Outra surpresa foi descobrir que Elma, querida ilustradora, mãe e avó coruja, também defila seu talento no universo virtual. Seu Blog Tempo de Ternuras apresenta seus livros e belas ilustrações. Ela abre com um cartão de natal muito lindo... passem lá para conferir. Abaixo, uma lembrancinha da felicidade do nosso primeiro encontro. Elma, eu e Rosinha Campos desfilamos sorrisos no Salão do Livro da FNLIJ. Êêêêita saudade!!!
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Valentina quer dar os parabéns!!!
Aqui em casa não faltam caixas. São muitas. De vários tamanhos. Eu mesma as faço. Adoro imaginar o que cada uma vai guardar. Escolher o tecido ou o papel que vai envolver o marrom do papelão. Algumas ficam fechadas por muito tempo. Outras, quase não descansam a tampa. É o caso da caixa que guarda (?!?!) os livros que esperam a vez de nos encantar com suas histórias. Em seu interior, acumulam-se os volumes que ficam numa fila desorganizada. Uns pulam na frente, outros se escondem no fundo... vez em quando eles aprontam uma surpresa. Foi o que aconteceu hoje.
Trouxe Valentina para a cama e ela reconheceu o cheiro de abraço amarrotado. Deitei o olhar em suas páginas. Conheci e me encantei com a menina-princesa, moradora de um castelo localizado na beira do longe, lá depois do bem alto. O rei e a rainha, pais de Valentina, faziam algo que a intrigava: desciam do castelo todo dia para trabalhar. Ela não entendia bem o porquê. Assim como estranhava ter que esconder sua beleza que não cabia em página de livro. A menina morava longe de Tudo. Até que um dia foi com os olhos e os pés conhecer Tudo de perto. Lá, descobriu que todas as meninas daquele lugar sonhavam em ser princesa. Mas a menina Valentina já era princesa e morava num castelo logo depois do mais longe de Tudo.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Um Nóbrega, outro Nóbrega e uma cabeça nas nuvens...
Dia desses, em Fortaleza, reencontrei o casal Andréia e Flávio Paiva. Andréia, é jornalista com quem tive o prazer de trabalhar nos primórdios da Rádio Extra,
Passado um tempo, a aeromoça se dirige aos dois, munida com um olhar fuzilador de reprovação voltado para Flávio. Perguntou ao menino se ele conhecia MESMO o homem da capa da revista: – Claro que conheço o Nóbrega!, disse a criança. O olhar ameaçador ganhou as seguintes palavras nos lábios da aeromoça: - O senhor não tem vergonha de deixar um menino desta idade assistir TV até tarde, não? E logo a Praça é Nossa?
Foi então que pai e filho entenderam tudo. A aeromoça não se deu ao trabalho de ler a reportagem que ilustrava a capa da revista da sua empresa. Se não, pelo menos ficaria intrigada com o texto comemorativo sobre os 100 anos do Frevo. Só conseguia imaginar que o Nóbrega da revista – apesar da foto mostrar o contrário – era Carlos Alberto de Nóbrega, humorista do SBT. Flávio e seu filho se entreolharam e guardaram um sorriso no olhar. Sorriso que aflorou novamente ao cruzar com a moça no desembarque. Ela, de fato, não conhecia nenhum dos Nóbregas desta história. E apesar da aeronave em solo, ela – a moça – provavelmente ainda estava com a cabeça nas nuvens.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Os Sapatinhos Vermelhos de Andersen
No palco, dois atores (Carolina Garcia e Paulo Balardim), seus bonecos e a fantástica percutecleta contam uma adaptação para O Soldadinho de Chumbo e Tudo Está Bem Quando Acaba Bem, textos originais de Hans Christian Andersen. Naquela manhã, uma platéia miúda, talvez pelo horário inusitado (11h00), apreciava a encenação. Risos e aplausos. Crianças curiosas em conhecer os efeitos cênicos. Enfim, uma bela apresentação. Ao final, encontramos a querida Ana Dourado, ao lado do seu “Soldadinho de Chumbo”. Calçava um belíssimo par de sapatos vermelhos comprados no bairro da Liberdade em São Paulo. Disse que os calçou “em homenagem a Andersen”. Uma bela sacada, essa da minha xará.
Ela fazia referência a uma história pouco divulgada por estas terras tupiniquins: Sapatinhos Vermelhos. Este conto é sobre uma pobre menina que se encanta com os rubros calçados. Inveja e vaidade são os temas centrais do enredo. O final, característico em Andersen, não é feliz. Ana Dourado comentou sobre a dificuldade em encontrar um livro em português com essa história. Eu, que não havia atentado a isso, fui buscando na memória aonde eu havia lido aquele conto. Ao chegar em casa procurei nas obras do autor dinamarquês e nada encontrei. Segui em minha busca, pois estava certa de que havia lido em algum livro da estante. Enfim, achei o danado. É o conto de abertura do quarto volume da série CONTOS E POEMAS PARA CRIANÇAS EXTREMAMENTE INTELIGENTES (Harold Bloom, Editora Objetiva). Um livro de 500 páginas repleto de histórias maravilhosas como O Sinaleiro (Charles Dickens), Os Páes da Bruxa (O. Henry), O Horla (Guy de Maupassant) e William Wilson (Edgar Allan Poe). O autor dividiu os volumes em estações e este quarto representa o INVERNO. Por isso, os contos trazem a morte como elemento central. Os Roedores de Livros já falaram sobre esta coleção (Clique AQUI).
É estranho a falta do conto Sapatinhos Vermelhos em tantas compilações de Andersen por aí. Peço aos leitores deste blog que, caso conheçam outras publicações com esta história, deixem a indicação nos comentários. Talvez possamos popularizar ainda mais este conto. Para os curiosos mais afoitos, há uma versão numa tradução mais simples na internet (Clique AQUI). Mas, nada comparável ao conforto de saborear um livro com uma tradução bem feita, merecedora do talento de Andersen. Os sapatos vermelhos de Ana Dourado não estavam dançando naquela manhã, mas enfeitavam pés que adoram caminhar pelo mundo da fantasia. Hatuna Matata.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Um encanto maior que o susto!!!
O teste final para saber se uma história é boa ou não é levá-la a uma roda de ouvintes e contá-la para o grupo. Normalmente as crianças do projeto Roedores de Livros são agraciadas com nossas descobertas literárias. Algumas histórias dispersam, outras exigem a concentração que só uma leitura individual pode oferecer. Muitas, encantam. Neste final de ano, com o projeto em recesso, tive que apresentar nossa última descoberta a dois grupos distintos, formados por adultos e adolescentes. O resultado foi o mesmo: espanto, arrepios (mesmo!!!), curiosidade e, por fim, o livro circulando de mão em mão como um troféu. Era um exemplar de SETE OSSOS E UMA MALDIÇÃO (Rosa Amanda Strausz, Rocco).
Ele chegou em casa na sexta à noite, um dia sugestivo para um livro de terror. Este gênero mexe com a garotada. Sempre querem uma história assim. Tenho visto muitos meninos e meninas nas livrarias folheando os livros da série Goosebumps e comentando uns com os outros: “- Cara, essa história é sinistra... mó legal”. Bem, eu ainda não li nada da série. Tenho até uma edição de Como matar um monstro na nossa caixa de “próximas leituras”. Irado mesmo, sinistro pra caramba e capaz de arrepiar os cabelos de crianças, jovens e adultos é o livro de Rosa Amanda Strausz. São 11 contos com fantasmas, espíritos, vozes e barulhos misteriosos, crianças e adolescentes. O realismo fantástico impera e assusta. Dá aquele friozinho na barriga de quando o automóvel encontra uma ladeira subitamente. É um texto em que a autora usa da inteligência para conquistar o leitor. Não precisa derramar sangue. Não derrama. Abusa de finais abruptos e surpreendentes, mas antes, nos leva por cemitérios, casarões abandonados, ruas desertas e tantos outros cenários que fazem nossa imaginação tremer um pouquinho a cada linha. Mas acredite: a leitura é por demais prazerosa.
O primeiro conto já é um clássico. Chama-se Crianças à venda. Tratar aqui. Uma mãe resolve vender seus filhos para escapar da miséria em que vivem. Um a um seus filhos são vendidos. Tião, Francineide, Ronivon e Fabiojunio. Mas a filha mais velha – preterida pelos compradores - desconfia que algo muito estranho esteja acontecendo... Outro conto - Devolva minha aliança – fala sobre meninos que brincam no cemitério de uma pequena cidade. Mais sustos e surpresas. Para as meninas, o conto Dentes tão brancos deve impressionar. Nossa Júlia, de 10 anos, que adora arrancar seus dentes de leite sozinha, assim que eles começam a amolecer, ouviu essa história de amor com uma atenção... O conto que dá título ao livro já começa a intrigar pelo que mostra na belíssima capa do exemplar: uma foto do rosto de uma boneca espanhola com um olhar e um sorriso que despistam o tema. O primeiro parágrafo convida o leitor para mais um mistério: “Se não fosse pelos pesadelos que vinha tendo nos últimos dias, Clara não acreditaria na orientação recebida da tia. Mas eles não falhavam. Toda noite, uma mulher surgia no meio de seus sonhos e sussurrava: “Meus ossos.” Não conseguia ver o rosto da mulher, nem mesmo suas roupas. Só uma silhueta ameaçadora. E apavorante. Invariavelmente, acordava ensopada de suor frio”. Daí em diante, o texto conduz o leitor para mais uma história com final surpreendente.
Sete Ossos e uma Maldição é, ao meu ver, obrigatório numa biblioteca infanto-juvenil. Primeiro, porque não lembro de ter gostado tanto de contos de terror desde minhas primeiras leituras de Edgar Allan Poe. Em segundo lugar, por ele ter passado com louvor no teste da leitura
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
A piscina de Coca-cola de Ondjaki
Foi numa segunda feira. Entrei na livraria procurando a última edição do João Teimoso (texto lindo demais do Luiz Raul Machado com ilustrações da Graça Lima) quando me deparei com um livro exposto na seção de lançamentos, cuja capa me chamou a atenção. Um close mostrava os pés de duas crianças que se dependuravam num muro. Sob seus pés o título em vermelho: OS DA MINHA RUA (Ondjaki, Língua Geral). Peguei o livro e fui em busca do João Teimoso. Pausa para o café e para descobrir a primeira história do livro: O vôo do Jika. Pronto, estava fisgado pelo texto saboroso do angolano Ondjaki. Angolano? Pois é, as coincidências começaram ali, na origem do autor e, consequentemente, no ambiente onde as histórias se passavam: as ruas de Luanda. Há dias que eu procurava algo para presentear uma nova amiga, Joana Abreu, que partiria em breve, de férias, para Luanda, capital de Angola, país africano. Naquele dia, trouxe Os da minha rua para minha casa.
Na terça, fazendo minha leitura diária do jornal Correio Braziliense, li ao final da matéria sobre a presença de Paulo Lins em Brasília a seguinte nota:
Ondjaki - Finalista do Prêmio Portugal Telecom e um dos maiores escritores angolanos da atualidade, Ondjaki estará hoje em Brasília para lançar, às 19h, no Café com Letras, seu mais recente livro, Os da minha rua, e autografar sua obra anterior, Bom dia, camaradas.
A semana passou corrida com as obrigações que tínhamos com o Firimfimfoca – que encerrava a primeira temporada naquele final de semana. Só pude retomar a leitura de Os da minha rua na outra segunda, a bordo de um avião que me levaria para Fortaleza. Ondjaki me encantava com algumas frases: “Matabichávamos devagar” foi uma delas. “Tia Rosa fez-me uma festinha nas bochechas” foi outra. Algumas verdades chegavam carregadas de metáforas: “A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais-velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar”. Mas nada é mais fantasiosamente infantil que a piscina de coca-cola do tio Victor. Ela simplesmente encantou a todas as crianças presentes na casa de Ondjaki, que descreveu: “dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e a assustar os mosquitos”. Os meus também brilharam com aquela intensidade. Experimente: feche os olhos e mergulhe na piscina de coca-cola do tio Victor. Sinta as bolhas estourando pelo corpo. Ah, eu fui até a lua.
Quando voltei, o piloto anunciou que estávamos a 9mil metros de altura. Eu continuava absorto nas histórias do angolano. Traziam um quê de oralidade, muita criatividade e um português encantador. De fato, literatura. Ali, recordei minha fascinação com a novela Roque Santeiro e sua trilha sonora. Saboreei mangas verdes com sal. O primeiro beijo tímido, quase roubado. Minha infância feliz. Algumas lágrimas, sim. Lágrimas como aquelas que escorreram do meu rosto ao ler O portão da casa da tia Rosa e reconhecer a força que a música de Roberto Carlos exercia no menino Ondjaki e ainda exerce
Revistas para crianças...
Uma boa notícia no que se refere a revistas para crianças é o lançamento de dois títulos da Editora Magia de Ler: Toca - a revista dos pequenos e Peteca - Ler, aprender e brincar. A primeira, é voltada para crianças de 1 a 4 anos e a segunda, para crianças de 4 a 8 anos. Ou seja, cobre um hiato no que se refere a revistas para crianças. Ainda não as vi em bancas de Brasília, nem sei se esta é a proposta - espero que sim. Nossos exemplares chegaram até a toca dos Roedores de Livros através do Instituto C&A, parceiro da editora nestas publicações. Mas as revistas são uma grata surpresa. O conteúdo é produzido por profissionais de renome quando o assunto é literatura infantil, o que faz crescer em nós o desejo de vida longa a esta iniciativa.
Toca - a revista dos pequenos (21cm x 21cm, 24 páginas) apresenta uma história escrita e ilustrada por Suppa, uma seção chamada Explica pra mim falando sobre a importância de escovar os dentes e outra chamada Você Sabia?, com ilustrações de Giles Eduar. Conta pra mim apresenta a história Cada Macaco no Seu Galho escrita por Renata Cajado e ilustrada por Maria Eugênia. Outra seção, chamada Quadrinho, apresenta o personagem Babu, de Gilles Eduard. A revista ensina ainda a fazer um picolé de goiaba, traz uma ilustração para colorir, além de outras seções como Brinca comigo? e Vocabulário. Ao final, os personagens de Lila e Piopi, criados por Florence Breton brincam de adivinha. As histórias são curtas e muito coloridas e, assim como quase todo o conteúdo da revista, pede a companhia dos pais - o que torna esta experiência ainda mais agradável para os pequenos. Pais também podem aprender com o conteúdo da revista. Eu, por exemplo, fiquei sabendo a origem da areia da praia.
Peteca - Ler aprender e brincar vem num formato um pouco maior que a Toca (23cm x 24cm, 36 páginas) apesar de manter uma estrutura muito parecida. Começa com uma história de Tereza Yamashita e Luiz Bras, ilustrada por Ellen Pestili. Uma seção nova chama-se O mundo dos sentimentos que nesta edição fala sobre o choro. A Curiosidade Micro fala sobre os cinco sentidos com textos e ilustração de Elizabeth Teixeira. Curiosidade Macro conta uma breve história sobre a formação de diversas línguas em ilustrações de Maria Eugênia para o texto de Juliana Geve. Há ainda Poesia, com o poema A festa na livraria de Renata Cajado com ilustrações de Cécile de Filippi; o espaço para receitas em que ensina a fazer biscoitos de queijo; uma seção chamada Eu sei ler sozinho com a história de Leleu escrita por Carla Caruso como uma carta enigmática; a seção Quadrinho (outra vez com a colaboração de Gilles Eduar); História, em que a Mariana Massarani faz um esboço colorido, divertido e informativo sobre o descobrimento do Brasil. Viagem pelo mundo fala sobre a Federação Russa. Joguinho apresenta uma brincadeira com a língua do P e outra brincadeira: O que falta na salada? Gostei muito do Cultura Geral. O texto fala de Mozart. Mas, principalmente, do compositor criança num texto agradável aos pequenos leitores. Mais um ponto para a revista. Ao final, mais uma adivinha com personagens de Florence Breton.
As revistas têm tiragem inicial de 5 mil exemplares cada e o apoio do Instituto C&A aparece discreto num cantinho da capa. Não apresentam publicidade interna e a impressão é feita num papel muito bom. Mais resistente ao manuseio infantil. O ponto fraco é o preço final ao consumidor. A Toca sai por R$ 16,00 e a Peteca custa R$ 18,00. Definitivamente não é um preço popular. Sabemos da qualidade do produto e do talento de seus colaboradores, mas devemos ainda pensar que o consumidor final - o brasileiro - terá dificuldades culturais e econômicas de adquirir revistas infantis a este preço. As edições serão trimestrais e, se você não encontrou as revistas pertinho de casa, podem ser compradas na internet diretamente no site da editora Magia de Ler. Passe por lá. No mais, desejamos vida longa a esta iniciativa e que outras possam frutificar com qualidade, fantasia e boa literatura. That´s all, folks!!!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Lata vazia é a que faz mais barulho...
Me apaixonei pelo livro desde o primeiro contato. Me lembrou o exemplar do Manual do Escoteiro Mirim de capa azul e cadeado - em volume único - que eu tinha quando na flor dos meus 10 anos. Me encantou desde o título. Logo nas primeiras páginas fala sobre canivetes e caixas de fósforos. Depois, ensina a fazer estilingue (baladeira) e arco e flecha. Pedro avançou o olhar curioso nas páginas do livro. Ficou ali uns bons minutos. Gostou do presente.
O livro surpreende pelo conteúdo. De forma sutil e inteligente convida o leitor a abandonar o controle remoto da TV e o Joystick do videogame. Mistura a fórmula para escrever com tinta invisível e dicas sobre gramática, geografia e história. Ah, tem ainda turbinados aviões de papel, ensina como fazer uma pilha, um carrinho de rolimã e outras coisas que vão mexer com a curiosidade das crianças. Acho que você também vai gostar.
Os autores são dois irmãos ingleses com pouco mais de 30 anos. Por isso, acho improvável que els tenham indicado os livros do Pedro Bandeira como o segundo ítem da seção LIVROS QUE TODO GAROTO DEVERIA LER. Certamente, a tradutora interferiu na obra, dando ares tupiniquins a algumas seções. Na maioria das vezes, acerta na medida. Apresenta frases de Machado de Assis, convida para uma leitura de um trecho de Os Sertões (Euclides de Cunha) e cita Amyr Klink como um dos grandes aventureiros. O livro fala ainda sobre piratas, jogos e outras curiosidades que fazem a imaginação do leitor dar pulos de alegrias.
Nesta manhã do dia 05 de dezembro, eu e meu filho, deitados na rede, nos entregamos as delícias ofertadas pelos irmãos Iggulden. Logo no início, pausa para falarmos sobre a expressão Lata vazia faz mais barulho que consta na carta de introdução ao livro. Depois, seguimos enchendo nossa lata com nós, longitudes, dinossauros e silêncios. O único som que nos embalou foi o canto de um bem-te-vi que pousou curioso na varanda. Ah, vez em quando o armador rangia na parede e eu esticava o sorriso por sobre os cabelos de Pedro. A vida é boa!!! Hatuna Matata.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Na praça, no ônibus, no avião...
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Da natureza do amor...
Sua relação apaixonada com a árvore começava nos primeiros raios de sol. Viviam juntas, apesar de origens diferentes. “A semente trazida por vento ou bico de pássaro que havia originado a árvore não era responsável pela sombra. A semente da sombra era o sol”. No seu ofício de sombra, acolhia o gado, insetos, mantinha a terra fresca para as minhocas e dava guarida a um sapo. “Ela era o lençol escuro sobre o qual os camponeses vinham se deitar quando o sol estava alto, e onde comiam seu pão, espalhando as migalhas que as formigas viriam buscar mais tarde”. Num início de primavera nasceu uma desconfiança: a árvore não gostava dela. Senão, porquê tanto silêncio? A partir daí foi deixando seu ofício de lado até decidir abandonar a árvore e procurar outro local para sombrear. Fugiu numa noite “que é quando as sombras ficam invisíveis e se movimentam livremente”. Ganhou nova morada. Após um tempo teve notícias de sua antiga árvore. Um pássaro ali, uma brisa aqui, um grilo acolá... todos contavam como sua antiga morada estava passando sem a sombra. Não estava sendo fácil a vida daquela árvore silenciosa. As notícias fizeram renascer o amor e a vontade de estar ao lado da sua primeira grande amiga. E assim fez. Sem deixar no ar nenhuma palavra, árvore e sombra se reencontraram. “Nada parecia ter mudado. A árvore ondulou seu galhos. E, se olhou para a sombra, o fez apenas como se olhasse sua própria imagem, como se visse sua silhueta refletida num espelho. Nem por isso pesou mais o manto da sombra. (...) Era da natureza da árvore voltar-se mais para o céu do que para a terra. Era da natureza da sombra estar colada no chão e ocupar-se de pequenos seres. Era da natureza de ambas viverem assim lado a lado sem trocar uma palavra. E talvez, fosse da natureza do amor existir mesmo sem palavra alguma”.
Faz quatro dias que minha querida sombra foi dar uma volta rápida por São Paulo. Não, não brigamos. Nem pense nisso. Está lá aprendendo mais sobre o mundo dos livros. Neste período, nenhuma outra sombra ocupou seu lugar. E eu espero ansioso seu breve retorno. Nosso amor não é tão silencioso quanto o dos personagens de Marina Colasanti. Não é essa a nossa natureza. Mas, mesmo quando o silêncio impera, nosso olhar pousa um no do outro como se fosse um beijo. E eu sinto o seu amor. Da mesma forma como sinto um estrondoso amor silencioso por amigos que não vejo há tempos. Mas é um amor que sobrevive ao silêncio. Ainda bem!!!