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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Conversas, canções e histórias!

O que acontece quando uma pousada inteira está cheia de escritores e a noite de uma sexta feira 13, com lua cheia, serve de inspiração? As histórias saltam do papel e ganham som e gestos. Foi assim na Pousada Casa Grande, no Centro histórico de Pirenópolis na semana passada. A programação da 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis) havia se encerrado e a turma voltara do jantar e se aglomerava na pequena sala. Alessandra Roscoe embalava a turma com a bela canção inspirada no seu livro O Jacaré Bilé. Maria Célia leu uma história de Millôr Fernandes, do livro Fábulas Fabulosas. Outros participaram antes da nossa chegada.
O violão chegou às mãos de Tino que apresentou as suas músicas do Firimfimfoca entre outras canções. A platéia foi crescendo. Janelas e portas serviam de arquibancada para as apresentações. Jonas Ribeiro sacou a sua caixa de histórias e ao lado de Tino improvisou uma contação com efeitos sonoros. D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-O!!!
Clara Rosa (que ao lado de Alessandra e Célia participam do grupo Casa de Autores, de Brasília) contou a história que deu origem ao seu livro mais recente (O Sonho de Ser Grande) e, por fim, Hermes Bernardi Junior contou Lilliput de Sorvete e Chocolate encantando a todos com o seu enredo mágico (mas vamos escrever sobre isso em breve, noutro post).
Bateu a meia noite e ninguém virou abóbora. Alguns se recolheram mais cedo, pois tinham agenda na Festa Literária na manhã do dia seguinte. Outros, ficaram até mais tarde e as conversas, canções e histórias ganharam os ouvidos da noite encantada no interior de Goiás.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um roedor foi o "culpado" de tudo...

Foi tudo “culpa” de um roedor. Explico:

Chegamos a Pirenópolis (GO) no início da noite de sexta passada. Sexta feira 13 (e nosso quarto na pousada também era o 13!!!). Tivemos sorte. A segunda palestra do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão – marcada para as 18h – sofria de um atraso incomum: tinha público demais e cadeiras de menos. A produção correu para bem acomodar a todos e às 19h estávamos todos lá eu, Ana, Ignácio e outras 150 pessoas ocupando a saleta do prédio da Casa de Câmara e Cadeia da cidade. Todos presos, acorrentados às palavras do convidado especial da 1ª FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis).

Ignácio de Loyola Brandão estava ali por sua relevante contribuição para a literatura brasileira (mais de 20 livros publicados, muitos deles premiados) e por ser o detentor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção 2008 conquistado por seu livro infantil O Menino Que Vendia Palavras. O autor relata que a história de um menino que se vê trocando os significados de vocábulos por bugigangas com seus colegas foi inspirada em suas memórias da infância.

Um dia, ao entrar na sala onde seu pai lia um jornal, os olhos do menino Ignácio encontraram os grossos volumes de uma enciclopédia na estante. Na lombada do terceiro volume estava impresso um nome estranho. O menino perguntou ao pai qual o significado daquela palavra e recebeu como resposta que ele mesmo deveria pesquisar no livro. A palavra (que agora me foge à memória) significava uma espécie de rato europeu com 30 dentes. Daí em diante, pesquisar o significado dos nomes passou a ser uma atividade prazerosa do menino Ignácio em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele, que recebia elogios das professoras do primário por sua desenvoltura com os verbetes, dedicou a duas delas - ainda vivas - o prêmio recebido em outubro passado.

A sala se apequenava diante dos tantos curiosos, turistas, professores autores e amantes de livros que já ouviam atentamente as palavras do autor de O Homem que Odiava a Segunda Feira, que temperavam com um humor contagiante a noite quente de lua cheia. Lembrou dos tempos em que os meninos pobres do interior iam ao circo levando gatos como ingresso (para alimentar os leões), falou dos dias de aperto quando se viu perto da morte (o anestesista, na hora crítica da tão temida cirurgia, se aproximou e disse: - Seu Ignácio, sou seu fã, adoro o livro tal! Mas o tal livro não era de sua autoria. E agora? Confiar ou na palavra (e na ação) daquele profissinal tão relapso em literatura? Dizer a ele a verdade ou deixar que a cirurgia corresse tranquilamente? Tudo registrado no livro autobiográfico Veia Bailarina. Risos em todo o prédio.

Quando a palestra foi aberta a perguntas do público, o assunto mais “quente” foi o uso do politicamente correto na Literatura Infantil. Loyola disse – entre outras coisas – que o tema é delicado e ele mesmo está encontrando dificudades em escrever um final para outra história (Os Escorpiões no Círculo de Fogo), em que as crianças caçam os insetos para ver se é verdade a crença de que, quando expostos no centro de um círculo de fogo, os animais se suicidam com uma picada de seu próprio ferrão. Por falar em história infantil, vem aí o próximo livro do autor, escrito para este público: Os Olhos Loucos dos Cavalos Cegos. Achei o título muito bom e o enredo – também inspirado nas memórias da meninice do escritor paulista – é um pedido de desculpas ao seu querido avô.

Aquele nosso primeiro momento foi coroado com um bate papo informal com Ignácio de Loyola Brandão na mesa de autógrafo. Simpático, solícito, feliz em perceber num leitor a força do seu premiado livro, Ignácio, que já havia feito história na aconchegante cidade goiana na abertura da 1ª FLIPIRI, continuou o centro das atenções durante todo o final de semana. Ganhamos todos: turistas, cidadãos de Pirinópolis, professores, escritores, leitores. E pensar que toda esta paixão do convidado principal começou há mais de sessenta anos, num verbete que traduzia a forma incomum de um roedor europeu. Bem, nós também temos uma forma incomum de roer. Engraçado os caminhos da literatura. Hatuna Matata.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

FLIPIRI - Pirenópolis (GO).

Pirenópolis (GO) entra no circuito das charmosas cidades interioranas do Brasil - como Ouro Preto (MG) e Parati (RJ). Sua primeira FESTA LITERÁRIA, a FLIPIRI, acontecerá de 12 a 15 de fevereiro próximos no Centro Histórico do lugar. A programação contará com a presença de Ignácio de Loyola Brandão, vencedor do Jabuti 2008 (Melhor Livro de Ficção com o livro O Menino que Vendia Palavras) e de outros nomes nacionais da Literatura Infantil como Jonas Ribeiro e Hermes Bernardi Junior. Mas apresentará também o time de escritores da Casa de Autores, formado por nomes da emergente Literatura Infantil produzida aqui no Distrito Federal como Marco Miranda e João Bosco Bezerra Bomfim, que tanto admiramos. Abaixo, reproduzo uma nota publicada nesta segunda, 09/02, no jornal Correio Braziliense, falando mais sobre o evento.
Pirenópolis está cercada de cachoeiras deliciosas e seu centro histórico apresenta casas originais construídas em adobe e um calçamento ímpar feito com as famosas pedras do lugar. Tradição e cultura impressas nas cores fortes das máscaras das Cavalhadas, no trabalho de artistas locais como a ceramista Cristina Galeão e nas bolsas, roupas e acessórios incríveis feitos em lona da loja Capitão Sujeira. Para os amantes da gastronomia, em Pirinópolis a culinária goiana impera com seus perfumes e sabores típicos. Licores feitos com a castanha do Barú, Galinhada com Pequi, sobremesas de frutos do cerrado e outros petiscos. Com certeza, num local tão inspirador, a literatura será bem acolhida. Esperamos que os responsáveis pelo evento consigam colher bons frutos para que possamos desfrutar da FLIPIRI nos anos vindouros. Os Roedores de Livros estarão por lá, apreciando e informando a vocês as delícias deste novo encontro literário.

Acima, eu e Tino, numa das tantas visitas que fizemos a Pirenópolis. Clique AQUI e aprecie mais fotos desta belíssima cidade histórica.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Roendo o 6º Traçando histórias em Porto Alegre!!!

A primeira vez que ouvi falar do Traçando Histórias foi em 2006. Enchi a alma de vontade de conhecer a mostra de originais de ilustrações de livros infanto-juvenis e que naquela ocasião também apresentava uma exposição-homenagem do trabalho de Rui de Oliveira. Mas naquela ocasião não deu para casar a vontade com o trabalho e tivemos que esperar mais dois anos para enfim, em novembro último, conhecer esta mostra tão especial.
O projeto Traçando Histórias é uma criação de Sônia Zanchetta e Cristina Biazetto e acontece de dois em dois anos durante a Feira do Livro de Porto Alegre (esta, acontece todo ano, e também é imperdível!!!). Está em sua sexta edição. Suas raízes estão cada vez mais embrenhadas na orla do Guaíba, sob os armazéns do Cais do Porto e seus frutos adoçam o paladar de um público cada vez maior que visita a mostra e que toma conhecimento do trabalho dos nossos ilustradores a partir de exposições internacionais itinerantes acordadas recentemente entre a Câmara Rio Grandense do Livro e o Ministério das Relações Exteriores e diversas Embaixadas.
Este ano, a Mostra ocupou um espaço criado exclusivamente para ela, logo na entrada para o setor reservado à Literatura Infanto-Juvenil. Antes, acontecia em galerias tradicionais da cidade. Esta mudança colaborou em muito para que o público visitante - principalmente as crianças - fosse bem maior que o registrado durante as edições anteriores.
Para o 6º Traçando Histórias foram selecionados trabalhos significantes de 39 ilustradores, cada um representado com duas obras, não necessariamente de um único livro, totalizando 78 originais (veja alguns AQUI). A Mostra abrange a produção literária voltada para crianças e jovens no período de 2006 a 2008, representadas ali em 51 livros. Houve ainda uma programação paralela à Mostra, organizada por Gláucia de Souza, Laura Castilhos e Sônia Zancheta, que ofereceu ao público, mediante inscrições prévias, oficinas, debates e seminários acerca do universo da ilustração em livros para crianças e jovens.
As obras - emolduradas com um paspatur texturizado - ficaram expostas nas paredes de dois corredores e de um eixo central. Entre eles, a um intervalo regular, a Mostra apresentava os livros em que as ilustrações foram publicadas, dando ao visitante a real dimensão entre o original e o produto final a que foi destinado. O público podia (ôba!!!) folhear os livros e observarar os originais. Todos - inclusive eu e o Tino - ficávamos ali, admirando o trabalho de artistas já consagrados e de outros ainda "novatos" no ofício de ilustrar livros. Mas, sem dúvida alguma, todos com um talento gigantesco. Merecedores de tal homenagem. Para citar alguns queridos que participaram desta seleção e que encontramos por lá, cito Ivan Zigg, Marilda Castanha, Elma, Ana Raquel, Suppa, Elisabeth Teixeira, Ricardo Azevedo, Odilon Moraes, Rosinha Campos, Ana Terra, Guto Lins e nosso anfitrião em terras gaúchas, André Neves.
Mas eu gostaria de registrar que a minha maior emoção com relação ao Traçando Histórias se deu na noite de abertura oficial, quando finalmente conheci Marcelo Xavier. Tenho uma relação de paixão com o seu Asa de Papel (ainda escreverei sobre isso) e desde que os Roedores de Livros ganharam asas e voaram por diversas Feiras do Livro deste Brasil que curtia ali, na minha alma sonhadora, o desejo de encontrá-lo para dizer quanto o admiro e quanto o seu trabalho enche meus olhos de fantasia e liberdade. Pois é. Eu estava num bate papo distraído numa roda de amigos quando o Tino me puxou para o canto e falou: - O Marcelo chegou! Meu amado discretamente apontou o lugar onde ele se encontrava e me deixou a sós para curtir meu momento tiete com ele e sua simpática filha Cecília. Falamos de amigos em comum, do desencontro na Feira do Livro Infantil de Goiânia e de outras coisas mais.
Apesar de ser este nosso primeiro encontro, pareceu-me que tínhamos estado juntos desde há muito. Hoje, enquanto escrevo este relato e folheio o maravilhoso catálogo da Mostra (um livro em que o cuidado com a produção gráfica fez jus ao conteúdo), releio algumas dedicatórias e me encanto novamente ao reler o carinhoso recado que Marcelo deixou ali ao lado de recortes do seu trabalho para o livro Tot: "Que bom te encontrar. Parece que somos velhos amigos". Pois é. Isso mesmo. Justamente. Hatuna Matata!!!

Ah, o 7º Traçando Histórias está confirmadíssimo para novembro de 2010. Estaremos lá roendo tudo!!!

Foto 1 - Capa do catálogo do 6º Traçando Histórias.
Foto 2 - Ilustração (com colagens diversas) de Ellen Pestili para o livro Casa Botão.
Foto 3 - Eu e André Neves, entre as suas ilustrações de O Capitão e a Sereia e Casulos.
Foto 4 - Corredor da Mostra com André Neves ao fundo.
Foto 5 - Corredor da Mostra com Ana Raquel e Rogério Andrade Barbosa.
Foto 6 - Cecília, Marcelo Xavier e eu.
Foto 7 - O autógrafo no catálogo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Vem cá brincar com Elias José!!!

O sol descansava no Guaíba naquela segunda-feira, 10 de novembro, quando comecei a tocar os primeiros acordes de RIMA PRA POETA, canção que fiz em homenagem ao nosso querido ELIAS JOSÉ. Era um encontro de escritores, ilustradores, editores, livreiros, professores, admiradores, AMIGOS do poeta que há poucos meses foi conhecer as estrelas. A palavra mais repetida naquela noite foi GENEROSIDADE. E quanto Elias José foi generoso!!! Muitos falaram ao microfone de seus encontros com o Poeta, outros escolheram poemas de Elias José. Muitos se calaram entre lágrimas de emoção e de saudade. Entre os presentes, Silvinha, sua esposa, e a filha Lívia. Ao final, novamente ao som da música Rima pra Poeta, o público se confraternizou e brincou numa roda que cantava repetidamente o refrão: "Vem cá / achar uma rima pra Poeta / Vem cá / Brincar com Elias José". Brincamos todos. EMOCIONANTE!!!

Para os que quiserem recordar aquele encontro ou para os que quiserem conhecer a música, tomei a liberdade de fazer um clipe com fotos tiradas por amigos, a ilustração que Elma fez em homenagem ao Poeta e capas de livros de Elias José. Assistam e brinquem conosco.


Roedores de Livros na Vitrine da Leitura em Porto Alegre.

Um dos motivos para estarmos na Feira do Livro de Porto Alegre foi o convite da Câmara Rio-Grandense do Livro para que apresentássemos o projeto na VITRINE DA LEITURA, um espaço localizado na Biblioteca do Cais onde projetos de leitura dão uma mostra das suas atividades. Na manhã da segunda-feira, 10 de novembro, abrimos o nosso painel e ficamos à disposição do público curioso por conhecer nossas ações.
Sempre por perto, cuidando de nós, dos livros da Biblioteca do Cais e de outras tantas coisas, estava a Graça Artioli. Seu carinho enraizou no coração da gente. Foi um dos grandes presentes que trouxemos da viagem à Porto Alegre. Graça veio leve, com seu riso farto, num cantinho do coração dos Roedores de Livros. Obrigada por tudo.
Outras queridas que passaram na Vitrine da Leitura naquela segunda foram a pernambucana Lenice Gomes (escritora e contadora de histórias) e a Gabriela Gibrail (Coordenadora da Flipinha). E ficou a certeza de que tem muita gente boa trabalhando para que o livro e o prazer em ler esteja cada vez ao alcance de mais pessoas.
De Caxias do Sul veio a Elaine Pasquali. Nos conhecemos no Salão do Livro da FNLIJ, que aconteceu no Rio de Janeiro, em maio passado. Este ano, ainda nos encontramos no seminário do PNLL em Sampa e agora, mais um encontro, desta vez no seu estado natal. Ela está com um livro no prelo. Chama-se Formigas e é ilustrado por André Neves, que também assina o belíssimo projeto gráfico (vimos o arquivo). Ainda vai dar muito o que falar. Esperamos ansiosamente encontrar as formigas de Elaine nas livrarias o quanto antes.
Por fim, nós dois. Eu e ele. Ele e eu. Tino e Ana Paula. Parte dos Roedores de Livros. Boa parte da outra parte estava ali atrás, no painel. Foi uma manhã e uma tarde de muitas visitas, muito bate papo. É sempre muito bom compartilhar nosso trabalho com outras pessoas ligadas à educação e cultura em torno do livro. Aprendemos um pouco e passamos outro tanto da nossa pequena, porém intensa, experiência com Mediação de Leitura junto à crianças. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Roedores de Livros, Tchê!!!

De 31 de outubro a 16 de novembro aconteceu a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre, o maior evento do setor, realizado a céu aberto, no continente americano. Eu e o Tino fomos convidados a algumas participações na programação de lá e vimos uma tremenda organização que deve servir de espelho para as tantas feiras do livro que acontecem pelo Brasil. A partir desta postagem ofereceremos aos leitores deste Blog um pouco do que observamos nos dias em que os Roedores de Livros andaram pelos vários corredores construídos na Praça da Alfândega e à beira do apaixonante rio Guaíba.
Foi a nossa primeira vez na Feira de POA. Embora todo mundo falasse bem e tudo o mais, não imaginávamos o que seria o tal do "tudo o mais". Há uma ilha no meio da praça para colhermos as informações sobre onde se encontra os livros de tais editoras. Isso porque são mais de 150 barracas repletas de livros (veja aqui o MAPA ADULTO e o MAPA INFANTIL). Todas seguindo um mesmo padrão estético, feitas de madeira, reforçando a idéia de "feira". A distribuição das barracas fica por conta da Câmara Rio-Grandense do Livro, presidida por João Carneiro. Um sorteio define qual o espaço que cada livreiro ou distribidor ocupará. Além de bonita, a feira é democrática.
Fica difícil imaginar que uma feira de tal porte sobreviva "apenas" da venda de livros ao consumidor final. Sem os tão afamados vales-livros distribuídas pelas secretarias de educação municipais tão presentes em outros eventos do gênero. Mas a Feira de Porto Alegre - aberta ao público, sem cobrança de ingressos - vendeu neste ano mais de 400 mil livros sem o tal apoio institucional. Um número expressivo. Sinal de que o povo gaúcho tem uma relação intensa com a cultura da leitura. Em qualquer dia da semana vimos muita gente circulando nos corredores, comprando livros, participando das oficinas, das outras atrações paralelas (o estado homenageado - Pernambuco - truxe uma extensa programação cultural) e das sessões de autógrafos.
Foram lançados mais de 800 livros durante a feira. As sessões de autógrafos ficavam concentradas num setor exclusivo, com uma barraca ao lado vendendo exclusivamente os livros que participariam daquela programação. Todo dia o acervo era trocado recebendo os novos lançamentos. Alguns títulos saíam deste circuito (os infantis, por exemplo) tinham seu espaço no Cais), mas a maioria dos lançamentos aconteceram ali. Um número expressivo de autores locais, além de convidados de todo o Brasil, transformavam aquele local num emaranhado de filas para autógrafos. Bonito de se ver.
Incrível também a atenção que a produção da Feira prestou aos convidados (autores, ilustradores e demais convidados). Desde a acolhida no aeroporto, ao acompanhamento na feira e outras carícias, tudo nos pareceu rico em cuidados. Sem muito espaço para reclamações. Como não acompanhamos muito a programação adulta, acho imprescindível, neste primeiro momento, exultar o trabalho de SÔNIA ZANCHETTA, Coordenadora da Área Infantil e Juvenil da Feira. Ela parece ter o domínio da coisa. Chama todos pelo nome, sabe os atalhos para resolver os imprevistos (é claro que eles acontecem) e - como vocês podem ver na foto acima, ao lado do Tino - exibe um sorriso largo e sincero mesmo no últmo dia da Feira. Ela está ali, acima de tudo, por amor ao universo da literatura. Paixão e trabalho unidos formando um evento de sucesso. Bonita de se ver e de conviver. Valeu, Sônia.
Por fim, deixo vocês com o gostinho de acompanhar aqui, nas próximas postagens, alguns encontros maravilhosos, o relato de algumas oficinas, a exposição Traçando Histórias, a homenagem ao Poeta Elias José, o trabalho da Confraria das Letras em Braile, a Biblioteca do Cais, nossa participação na Vitrine Literária, o projeto Asteróide e outras visitas paralelas à feira. Esta última foto retrata a delícia diária de ver o sol se esconder no Guaíba a cada final de tarde, ali, em frente aos armazéns cheios de livros e amigos na Feira do Livro de Porto Alegre. Bonito de se viver. Já sentimos saudade. Voltaremos. Hatuna Matata.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ói nóis em Porto Alegre!!!

Os Roedores de Livros foram convidados a participar da Feira do Livro de Porto Alegre, apresentando um histórico do nosso trabalho, contando histórias e participando também da homengagem póstuma ao querido Poeta ELIAS JOSÉ. É a nossa primeira vez por aqui e - por enquanto - só podemos afirmar que é uma coisa fora dos padrões. Positivamente incrível!!! Depois, com mais calma, falaremos de tudo. Por enquanto, deixamos aqui a foto do pernambucano mais gaúcho do planeta: André Neves. Ele, que mora por aqui há uns 10 anos e é o nosso cicerone. Estamos juntos pra lá e pra cá nestes dias maravilhosos. Nosso projeto tem despertado a curiosidade de novos amigos queridos, velhos amantes da literatura. Até mais. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A primeira vez da Julia contando histórias...

Foi na Feira do Livro de Brasília que reencontrei a Juliana depois de um tempo sem fazermos um show juntos (a Ju teve que abandonar um pouco os "palcos" por motivos particulares). Mas é meio parecido com andar de bicicleta: a gente nunca esquece o "modus operantis". Apesar de seguirmos um roteiro, cada encontro é recheado de ótimas surpresas e cacos que fazem da nossa apresentação uma diversão só. Pelo menos para nós. Brincadeirinha... a turma (crianças e adultos se divertem com a apresentação em que misturamos contação de histórias e músicas durante quase uma hora. Da mitológica Pandora, até a perfumada A Menina que queria ser gambá , passando pela ponte d'Os Três Carneirinhos entre outras aventuras literárias, Ju segue desfilando suas habilidades Sherazadísticas. Neste encontro na Feira do Livro, na primeira semana de setembro, o que foi mais legal foi que ela levou a Julia na barriga. Foi a primeira vez da futura roedora de livros. Ali, éramos três em um. Três: eu, Juliana e Júlia. Um: Roedores de Livros. Hatuna Matata.

P.S. Vejam o tamanho do barrigão de sete meses.

domingo, 15 de junho de 2008

O livro é fruto de muito trabalho.

Outro grande momento do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi a apresentação de Marilda Castanha e Nelson Cruz. O Casal de escritores e ilustradores foi além da palavra (bate papo) ou da imagem (ilustração ao vivo) e deu uma aula sobre o processo de produção de seus livros - em particular, os livros da coleção Histórias para Contar Histórias. Os dois, levaram os originais dos estudos de composição das páginas, os primeiros desenhos, o trabalho final e todos pudemos comparar com o produto final (o livro). Para quem pensa que ilustrar para livro é moleza, pura brincadeira, o casal mostrou que, sim, é uma brincadeira, mas que exige muito trabalho, pesquisa, talento e criatividade. A seguir, alguns registros deste encontro memorável. Clique nas imagens para ampliá-las.
Marilda Castanha apresenta mais uma prancheta de estudos, enquanto Nelson Cruz mostra o resultado final no livro. Neste caso, o livro é Agbalá, um lugar continente e o desenho descreve o desconforto, a forma desumana com que os escravos eram transportados nos navios negreiros. Em sua pesquisa, Marilda encontrou uma ilustração minúscula (acima, à esquerda da prancheta) que ampliou para fazer a sua visão a partir daquela idéia. No resultado final, o mar não é verde ou azul. A percepção da ilustradora deu cores de sangue ao mar que transporta os escravos. Genial.
A foto acima mostra o início do processo de criação. À esquerda da prancheta (que Nelson apresenta ao público enquanto Marilda explica o seu trabalho) um estudo para a composição das páginas e, ao lado, os rascunhos para as primeiras idéias para os desenhos.
Agora, Nelson Cruz fala sobre o livro Chica e João. Ele pesquisou em pinturas antigas (Marilda Castanha segura fotocópia de uma aquarela de Rugendas retratando o Arraial do Tijuco - que viria a se transformar em Diamantina), livros de história, além de fotografar a cidade na época da pesquisa, para seus estudos de imagens.
Acima, o artista apresenta o original da sua ilustração retratando o Arraial do Tijuco e como ficou o resultado do uso do desenho no livro.
Depois de muito papo, o casal colocou seus originais na mesa, à disposição da curiosidade dos presentes. Acima, estudos e produtos finais do trabalho de Marilda Castanha. Abaixo, a lápis, o início do desenho que resultou na belíssima imagem em cores. Os dois, assim, lado a lado, dão a dimensão da distância percorrida pelo artista para chegar ao ponto desejado.
Para os que não leram nosso relato sobre o encontro com Marilda Castanha e Nelson Cruz no Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás e queiram compartilhar aquele momento, é só clicar aqui.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Muita emoção pra pouca pontaria.

Eram quase 11h da manhã do último dia do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens quando encontrei O Matador (Wander Piroli, com ilustrações de Odilon Moraes, Leitura). Foi na “praça de alimentação”. Sinceramente, eu achava que nada mais me surpreenderia naquele fim de jornada, depois de oito dias em meio a tantos livros. Eu estava cansado. Dali a três horas eu embarcaria de volta para Brasília. Mas ao encontrar O Matador, senti um arrepio percorrer a espinha. Uma sensação aguda como aquele frisson de quando o carro encontra uma inclinação súbita. Foi inesquecível.

Ele estava ali, ao alcance dos olhos, mas não pôde vir para casa comigo. Só havia aquele exemplar. Eu não estava preparado para tanta emoção. Minha infância também foi marcada por uma vontade enorme de matar passarinho, assim como faziam meus primos no sítio da minha avó. Assim como faziam meus amigos da Vila Santana, no interior da Bahia. A mesma vontade d’O Matador. Não tinha nada contra as aves. Queria era ser como os outros. Pura fraqueza. Mas a minha pontaria sempre foi um fiasco.

Fui percorrendo as páginas esverdeadas do livro que parecia contar a minha história. Frases curtas, pousadas na folha como um pássaro a fugir das pedras lançadas pelas baladeiras. Odilon Maraes – guardião d’O Matador – fez as ilustrações e o projeto gráfico do livro. Seu olhar brilha ao falar do livro. Está apaixonado pelo projeto que começou a partir da indicação de Ângela Lago para que ele fosse o artista responsável por ilustrar o texto maravilhoso de Wander Piroli.

Wander quem? Não se assuste, amigo leitor, se você não lembra dele. Há mais de 20 anos que não é editado nenhum texto novo deste escritor morto em 2006 aos 75 anos. A literatura Infantil também não lembra dele. Foi esquecido por não tratar as crianças com diminutivos e fantasia barata. Odilon, premiado ilustrador e escritor, aceitou o desafio e cuidou d’O Matador com carinho. Deu um banho de sensibilidade que tornou a edição uma preciosidade. Piroli usa do real para tocar fundo no coração do leitor. Odilon brinca com as cores, ou melhor, com a quase ausência delas. É tudo um verde quase sépia cor de passado.

O texto deixa uma marca no peito da gente. Odilon parece cúmplice do autor. Deixa marcas além do suporte de papel. No conjunto, é uma literatura que fica impressa na alma. Carrego desde então a força de suas palavras pousadas a esmo na folha. No final, o menino que - como eu - não conseguia matar passarinho, surpreende. Me deixou a dúvida de que aquela não seria a minha história. Ou seria? O que posso dizer é que O Matador foi o livro que mais me emocionou em meio a tantos títulos que descobri em oito dias de Salão do Livro.

Hoje, passei na livraria para ver se o encontrava. Não havia chegado ainda. Não tenho pressa. Como diria Lygia Bojunga, “o livro espera por nós”. O Matador me espera para tomarmos outro café. Me espera para dividir comigo as suas dores. Para me oferecer suas páginas com a calma necessária para que o frisson demore um pouco mais. Me espera, enfim, para que possamos juntos voar por entre as armadilhas do dia-a-dia. Deixo aqui o meu muito obrigado tardio e sincero a Wander Piroli por me emocionar tanto. A Odilon, o meu abraço e a minha cumplicidade. Nossa pontaria sempre foi um fiasco. Hatuna Matata.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Artimanhas para pescar olho de criança.

Salmo Dansa e Maurício Veneza são mestres na arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Mas no Salão FNLIJ do Livro mostraram também uma criatividade acima da média na hora de apresentar seus talentos ao vivo, frente a um público crítico e sincero: as crianças.
Em sua performance, Salmo Dansa, que fez as belíssimas ilustrações da coleção Outro Lado da História (Scipione) com textos de Júlio Emílio Braz, foi além do desenho e criou uma escultura de papel que surpreendeu aos presentes. A ave de Salmo ganhou penas, cresceu no arregalar dos olhares curiosos, ganhou vôo na minha imaginação e, por fim, ganhou aplausos. O artista carioca, de malas prontas para uma temporada na Alemanha, fez uma apresentação original para ficar registrada como um dos grandes momentos do salão.
Maurício Veneza é de uma simplicidade que assusta. O papo com ele segue mansinho e, de repente, a gente vê que a tarde passou em um minuto. Gostamos muito de alguns desenhos seus, como os que fez para os livros O Presente de Ossanha e Contos Africanos para Crianças Brasileiras. Não conheço muito dos livros escritos por ele, mas gosto bastante de Embola, Enrola e Rola, livro com trava-línguas bem originais. Mas eu passei uma hora em pé, ao lado do Espaço Petrobrás (vejam na foto acima) admirando a desenvoltura do ilustrador carioca com as crianças. Depois de uma breve apresentação do seu trabalho, Maurício Veneza resolveu brincar com o público. Pediu para cada criança falar o seu nome e a partir da letra inicial ele criou um desenho. No começo, a turma estava meio tímida, mas depois da terceira criança, todos mergulharam na brincadeira e, antes que o ilustrador começasse seu desenho, já havia três ou quatro sugestões da platéia. Depois de desenhar muito usando quase o alfabeto inteiro como ponto de partida, Maurício Veneza foi cercado por crianças que queriam um desenho, um autógrafo, um abraço. Retribuiu com sorrisos e paciência. Tenho certeza que a brincadeira continuou na casa de cada um. Eu, vez em quando, me pego brincando por aqui. Valeu, Maurício.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um rinoceronte cheio de poesia...

Foi numa das esquinas do Salão. Não sei se fui eu que o encontrei ou se foi ele. Nos reconhecemos na hora. Hermes Bernardi Jr. vinha assistir ao lançamento do livro As Marias de Anna Claudia Ramos que acontecia no Espaço de Leitura. Ana Paula já estava entretida com a Elma - que ilustrou As Marias - e deu um "oi" de longe. Hermes estava ali colhendo os frutos dos seus "filhos" Planeta Caiqueria, Casa Botão e E um rinoceronte dobrado. Aproveitou para plantar novas histórias no solo fértil das editoras presentes no Salão.
Depois da muvuca, reunimos a turma para as fotos e Hermes foi ao hotel buscar uma caixa no hotel para a apresentação que faria logo mais ao lado do ilustrador Guto Lins. Nem acreditei quando ele falou que na caixa havia um rinoceronte dobrado. Durante o lançamento do livro, Hermes e Guto falaram dos caminhos que levaram a esta parceria. A sala ia se enchendo. O autor atiçou o público a recitar poemas. Roger Mello caprichou, Anna Claudia Ramos esqueceu o seu, mas logo depois recitou. Eu não resisti e mandei uma quadra clássica:
Lá vem a lua saindo
Redonda como uma vara
Não é lua, não é nada
É um gato se afogando.
(Risos)
Foi então que Hermes e Guto finalmente desdobraram o rinoceronte da caixa. Foi festa para os olhos das crianças e adultos. Para melhorar a interação - que já estava boa - Hermes convidou a todos para escreverem poemas no seu animal de tecido. Foi uma farra. Todos no chão escrevendo. E o rinoceronte foi ganhando uma alma poética. Lindo, lindo, lindo.
Depois de tudo, hora dos autógrafos. Hermes, que tem um olho bom para enxergar onde mora o moleque dentro de cada um, apresentou mais uma surpresa: um carimbo com o animal que dá título ao seu delicioso livro. Mãos sapecas - como a de Fátima Campilho, do Blogstórias Essenciais - ganharam mais um carinho de Hermes. O cara é mesmo uma caixinha de surpresas. De ótimas surpresas.

P.S. Na primeira foto, da esquerda para a direita, Rogério Andrade Barbosa, Águeda (Salesiana), Jô Oliveira, Ana Paula, Hermes e eu.
Na segunda foto, eu ouço o rinoceronte dobrado recitar poemas de dentro da caixa de Hermes. poemas
Na terceira foto, Hermes Bernardi Jr. e Guto Lins desdobram o rinoceronte.
Na quarta foto, a turma começa a escrever no rinoceronte.
Na quinta foto, Hermes carimba o rino na mão de Fátima Campilho.

No mais, como diria Ivan Zigg... Alguma coisa se encaixa...

Os Roedores de Livros já escreveram sobre livros de Hermes. Clique aqui para conhecer nossa opinião.

Outro Clicks ilustrados...

No lançamento do seu belíssimo Sai Pra Lá, a autora e ilustradora Ana Terra esbanjou simpatia com a garotada que, no final, pediu que ela desenhasse a si mesma. Com muito bom humor, a gaúcha começou pelo nariz e arrancou interjeições da platéia. Depois, com o capricho no vestido, a turma aplaudiu a performance.
Não conhecíamos Caulus pessoalmente. No dia da sua apresentação levávamos na sacola A Última Flor Amarela, O Princípio e o Fim, ambos de sua autoria (texto e ilustrações) e uma nova edição do clássico Boi da Cara Preta com textos de Sérgio Capparelli e ilustrações de Caulus. Ficou clara a sua decepção com o cuidado da editora com esta nova edição em que a lombada do livro deu lugar a grampos e as fontes da capa cobriam parte da ilustração. Em cena, brincou bastante com as crianças com "pegadinhas" através dos seus desenhos.
Elma se apoderou das tintas de André Neves para desenhar um índio e uma onça que agradaram em cheio as crianças que lotavam o Espaço de Leitura da FNLIJ. De repente, uma surpresa daquelas. Uma criança perguntou a ela se algum dia havia passado pela sua cabeça a idéia de desistir de ser ilustradora. Elma se emocionou ao lembrar do nascimento do seu neto em 2007 e das diversas circunstâncias que, naquela ocasião, a motivaram a desistir da sua arte. Coisa passageira para a autora de A Princesa Anastácia, pois a vovó (hehehe) está cheia de projetos e a cada dia apresenta trabalhos mais bonitos. Mas que a sua emoção arrepiou a todos, arrepiou.
Nós não conhecíamos o Marcello Araújo, mas desde que comecei a trabalhar com Literatura Infantil, O Saco (livro dele e de Ivan Zigg) anda sempre comigo. Os dois se juntaram no Salão para o lançamento da Coleção 1, 2, 3 e já! Enquanto Ivan entretia a garotada com sons engraçadíssimos a partir das histórias, Marcello seguia desenhando. Ali, todos tínhamos 10 anos de idade. Uma maravilha!
Para finalizar, os elefantes de Rosinha Campos. Ela, que tem um livro-imagem muito legal chamado Branca, trabalhou muito fazendo a mediação entre os ilustradores e as crianças presentes no Espaço de Leitura, mas deixou sua arte impressa nos painéis do Salão em várias performances.