quinta-feira, 12 de junho de 2008

O Segredo de Ivan Zigg

Que Ivan Zigg é um ilustrador-escritor talentoso, criativo e premiado todo mundo sabe. Mas este carioca flamenguista guarda segredos que a gente só descobre no dia-a-dia com ele. Por exemplo: apesar de toda a desenvoltura quando conta histórias ou canta suas músicas em cena, o homem é de uma timidez impressionante. Timidez que vai embora quando ele desenha. Aí, ele fala pelos cotovelos, pincéis e tintas. Passeando pela cidade do Rio de Janeiro ao lado deste “grande” ilustrador – afinal são mais de 1,80m de altura (sem os cabelos) – vimos pais e filhos parando-o na rua para confessar que gostaram do livro “tal” ou assistiram a performance “xix”. Meio sem graça, ele abre um sorriso, despeja um balde de simpatia sobre os fãs e aproveita para falar sobre o disco que já está pronto, cheio de músicas ótimas para as crianças, esperando só uma gravadora... ops, revelei mais um segredo!!!

Como qualquer criança ou adulto, Ivan Zigg também guarda segredos que nem mesmo os mais íntimos conhecem. Mas há um, em especial, que se tornou público. E se você quiser saber qual é, convido-o a conhecer seu novo livro publicado pela Rocco. O título não poderia ser diferente: Segredo.

O que é um segredo? Zigg explica usando de muita sensibilidade, frases curtas e ilustrações com a marca da sua originalidade. Oferece ao leitor uma viagem pelos labirintos onde o danado se esconde. Cada página serve como alimento para a nossa curiosidade que se sacia na última ao descobrir o segredo. O dono deste tal segredo é baixinho, misterioso e desconfiado. Mas pode ser o leitor. E este é outro grande trunfo do livro, pois o segredo faz parte do universo de todos nós, sejamos crianças ou adultos. E isso não é segredo nenhum.
Há tempos que os Roedores de Livros promovem a idéia de que livro infantil não é só para criança. E não somos os únicos a pensar assim – é claro! O Segredo de Ivan Zigg pode ser um belo presente para seu filho(a), sobrinho(a) ou outra criança a quem você dedique seu afeto. Mas pode ser também um presente surpreendente para o seu companheiro, namorado, marido, namorido... enfim. Pode servir tanto para declarar sua paixão reprimida quanto para apimentar o dia dos namorados com uma idéia original e encantadora. Presente para qualquer dia desde que seja um dia para celebrar uma relação entre pais e filhos ou entre um casal. O Segredo faz sucesso por aqui. Já passou por muitas mãos curiosas. Arrancou sorrisos da Júlia, brincadeiras do Tino e “ooooohhhhhh” de muitas amigas e amigos a quem – travestida de fofoqueira – mostrei o Segredo.
Espero que Ivan Zigg não saia por aí espalhando outros segredos como o seu medo de montanha russa, sua paixão por motos, seu pavor em ver sangue e a sua veia jornalística pulsante na adolescência quando, no colégio, escrevia à mão e distribuía entre os alunos um jornal onde o que não faltavam eram segredos dos outros. Por fim, vou contar um segredo que Ivan não sabe: nós adoramos as esfihas do Largo do Machado. Queremos mais, mais e mais!!! Hatuna Matata!

PS1. Ivan Zigg lança Segredo no próximo domingo, 15 de junho, na Livraria da Travessa no Leblon, Rio de Janeiro. Clique na imagem acima para uma melhor leitura do convite.

PS2. Primeira imagem: Ivan Zigg – Segunda imagem: Capa do livro Segredo – Terceira imagem: Uma ilustração do livro – Quarta imagem: Eu “vestida” de Ivan Zigg – Quinta imagem: o convite para o lançamento do livro no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau de foguete!!!

Uma das coisas mais agradáveis da vida é fazer amigos. A gente sempre se diverte, divide dores e amores, ensina e aprende muito, não é mesmo?! As afinidades literárias têm nos presenteado alguns amigos com quem convivo no dia a dia seja em Brasília, pela internet ou em encontros casuais em eventos literários. Cito aqui a Lígia Pin e a Fátima Campilho, professoras, roedoras de livros que estimo muito. No final de maio, o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens me presenteou com o convívio com a Elaine Pasquali. A moça veio de Caxias do Sul (RS) para conhecer o Salão e, através do André Neves, nos conhecemos e nos enturmamos.

Antes de qualquer coisa, Elaine gosta de livros. Também conta histórias para crianças. Com a literatura a nosso favor, passeamos pelos stands das editoras trocando figurinhas o tempo todo:

- Você conhece este livro? Dá uma olha da. É demais!

- Bahh, mas este aqui é ótimo também!

Estes passeios fizeram um mal às nossas economias pois um acabava comprando uma indicação do outro mas, afinal, estávamos numa feira de livros.

Certo dia ela voltou do stand da Girafinha com os olhos brilhando. Tinha descoberto o argentino Pablo Bernasconi. Havia ADORADO O Diário do Capitão Arsênio (que eu achei bonitinho) e simpatizado com O Mago, O Horrível e o Livro de Feitiçaria (para mim, um dos melhores do ano passado... ADORO, ADORO!!!). Apesar destes pequenos e saudáveis desencontros de opinões, eu adorei quando ela me disse com um sotaque gaúcho, tchê: - Tu ainda não compraste o Excessos e Exageros? Bahh, é a tua cara!

Fiquei curioso. No dia seguinte, ela voltou para Caxias do Sul e eu continuei no Salão. Não resisti e convidei o novo livro do Bernasconi para retornar comigo e Ana Paula a Brasília. Ele topou. Minha curiosidade era tanta que desbravei Excessos e Exageros a 11 mil Km de altura, no vôo de volta pra casa.

Os livros de Pablo Bernasconi oferecem ao leitor um humor inteligente que habita tanto em seu texto quanto nas ilustrações. É impossível não se render a tamanha criatividade. Não foi diferente com estes “relatos ilustrados”. No livro, 24 mini-contos que “conversam” com as ilustrações como se estivéssemos assistindo a um improvável filme de Woody Allen para crianças. Situações inesperadas e finais surpreendentes. É claro que tenho as minhas preferências. Por exemplo, o personagem Chico Buzina, de Efeito Dominó, representa aquelas crianças hiperativas que quando chegam para uma visita deixam os anfitriões de cabelo em pé. Feroz tira a pulga atrás da orelha: quem é o animal, o bicho ou o homem? Vice-versa é uma pegadinha visual. Deliciosa! Há ainda Fisiculturíssimo, Somático e o simples não-menos-belo Mascote.

Os desenhos de Pablo Bernasconi garantem uma viagem confortável ao mundo da fantasia usando um meio de transporte tão original quanto ir da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau Amarelo de foguete. Uma aventura para os olhos. Ele usa muito bem dos recursos do mundo digital para dar asas, cores, formas e botões à sua fértil imaginação. É de impressionar. A cada vez que pego seus livros para uma releitura descubro novos detalhes.

Assim que terminei a leitura a bordo, o avião começou a descer no aeroporto Juscelino Kubitschek. Vim do Rio de Janeiro até Brasília nas asas da fantasia de Excessos e Exageros. Valeu a dica, Elaine. Espero que você também tenha viajado nas páginas que indiquei. Por fim, aos que ainda não conhecem as peripécias fantásticas das aventuras de Pablo Bernasconi recomendo que procurem na livraria mais próxima, ou aqui mesmo, na internet, apertem os cintos e... boa viagem!!!

P.S.1 - Elaine Pasquali está com seu primeiro livro no forno. Chama-se Formigas e será publicado pela Paulus. Detalhe: com ilustrações e projeto gráfico de André Neves.


P.S.2 - Na primeira foto. Elaine Pasquali, eu e Daniela Magnabosco.

P.S.3 - Desafio... quantos bichos têm na casa da terceira imagem?

São Jorge, por favor, me empreste o dragão!!!

Um vírus passou por aqui e deixou o computador com uma gripe daquelas. Levamos a "criança" para uns dias no hospital. Depois da consulta, o médico recomendou um backup, uma formatação e um novo HD (Ufa!!!). Para espantar outros possíveis seres invisíveis, apresento a todos o novo integrante da galeria dos Roedores de Livros: um jovem, veloz e espinhento dragão, treinador de patinação, presente da querida Ana Terra. É com muita honra e alegria que a nossa galeria, que conta com originais de Eva Furnari, André Neves, Biry Sarkis, Laura Castilhos, entre outros, recebe as cores e o talento desta gauchinha escritora, ilustradora e grande contadora de histórias, que nos surpreendeu com seu livro mais recente (Sai pra lá! - que a gente resenha em breve). Agradecemos o carinho e esperamos que todos gostem do presente. That's all, folks!

P.S. Clique na imagem para apreciá-la num tamanho maior.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Leitura para matar a sede.

DIÁRIO dos ROEDORES DE LIVROS – 31.05.2008 – sábado - Escrito e vivido por EDNA FREITAS.

Nosso quadro de voluntários efetivos estava somente com 50%: eu e Célio. Ana e Tino continuavam representando os Roedores no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens no Rio de Janeiro. Dessa forma, além de nosso assistente Daniel, escalamos dona Emília e Jardson para nos ajudar. E foram ótimos!

Em nosso primeiro momento orientei as crianças a folhearem os livros. Observando o que gostam, enfim, sentindo o livro. Algumas acharam até que tínhamos livros novos. Expliquei a mudança de nosso olhar sobre as coisas, a cada dia. Disse-lhes também que tinha uma surpresa para eles: alguém iria contar uma história. Quem? Quem? Todos perguntaram. Apresentei-lhes dona Emília como a nossa contadora de histórias do dia. Foi aplaudida por todos. Ela contou uma história de "antigamente", como ela mesma disse. Em intervalos diferentes, acabou contando três histórias.

Seguimos escalando quem gostaria de contar alguma história já ouvida anteriormente ou alguma que tenha sido lida por eles nas semanas anteriores. Vitória contou uma história que ouvira de alguém. Deysiane fez uma mediação ótima do livro O LIVRO! Mostrou que quando a mediadora já conhece a história, tudo fica mais claro e gostoso de ouvir. Marcela leu A BOCA DO SAPO. Daniel, por sua vez, contou sobre o livro da minhoca (TEM UM CABELO NA MINHA TERRA), o mais solicitado nos últimos dias. Fiquei impressionada com a Wanessa e sua leitura de DEUS ME AMA COMO SOU. Ela aprendeu direitinho como se faz a mediação. E demonstrou conhecer muito bem o livro escolhido.

Célio, inicialmente, entregou um livro a dona Emília que escolheria uma criança para ganhá-lo como prêmio por bom comportamento. Foi a própria dona Emília que ganhou o livro, pela votação da maioria. Depois, Célio tirou mais três livros da “cartola” que premiaram Jardson, Wanessa e Deysiane. Foi uma alegria geral.

Com estas demonstrações de puro prazer no ato de ler, senti que estamos no caminho certo. Servimos leitura feito água de beber. E agora, a leitura é-nos ser-vida, também, feito água de beber. Ouvir toda as crianças lerem pelo simples prazer de ler, valeu por tudo. Em O PRAZER DO TEXTO, Roland Barthes está muito certo quando nos diz que o texto é um jogo de sedução. Tudo pode acontecer. Aqui, no Roedores de Livros, não temos dúvida de que as crianças foram seduzidas pelo texto. E ler, hoje, é um grande prazer. Valeu!

Obrigada Célio, dona Emília, Daniel, Jardson, e todas as crianças que, empenhadamente contribuíram para que o nosso dia de hoje fosse um show de leitura. Wanessa, valeu! Ana e Tino, voltem logo. Nosso efetivo de voluntários é ainda muito pequeno. Sinto que nosso projeto acontece redondo quando estamos os quatro. E quem mais vier será sempre muito bem-vindo. Sempre.

Muita emoção pra pouca pontaria.

Eram quase 11h da manhã do último dia do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens quando encontrei O Matador (Wander Piroli, com ilustrações de Odilon Moraes, Leitura). Foi na “praça de alimentação”. Sinceramente, eu achava que nada mais me surpreenderia naquele fim de jornada, depois de oito dias em meio a tantos livros. Eu estava cansado. Dali a três horas eu embarcaria de volta para Brasília. Mas ao encontrar O Matador, senti um arrepio percorrer a espinha. Uma sensação aguda como aquele frisson de quando o carro encontra uma inclinação súbita. Foi inesquecível.

Ele estava ali, ao alcance dos olhos, mas não pôde vir para casa comigo. Só havia aquele exemplar. Eu não estava preparado para tanta emoção. Minha infância também foi marcada por uma vontade enorme de matar passarinho, assim como faziam meus primos no sítio da minha avó. Assim como faziam meus amigos da Vila Santana, no interior da Bahia. A mesma vontade d’O Matador. Não tinha nada contra as aves. Queria era ser como os outros. Pura fraqueza. Mas a minha pontaria sempre foi um fiasco.

Fui percorrendo as páginas esverdeadas do livro que parecia contar a minha história. Frases curtas, pousadas na folha como um pássaro a fugir das pedras lançadas pelas baladeiras. Odilon Maraes – guardião d’O Matador – fez as ilustrações e o projeto gráfico do livro. Seu olhar brilha ao falar do livro. Está apaixonado pelo projeto que começou a partir da indicação de Ângela Lago para que ele fosse o artista responsável por ilustrar o texto maravilhoso de Wander Piroli.

Wander quem? Não se assuste, amigo leitor, se você não lembra dele. Há mais de 20 anos que não é editado nenhum texto novo deste escritor morto em 2006 aos 75 anos. A literatura Infantil também não lembra dele. Foi esquecido por não tratar as crianças com diminutivos e fantasia barata. Odilon, premiado ilustrador e escritor, aceitou o desafio e cuidou d’O Matador com carinho. Deu um banho de sensibilidade que tornou a edição uma preciosidade. Piroli usa do real para tocar fundo no coração do leitor. Odilon brinca com as cores, ou melhor, com a quase ausência delas. É tudo um verde quase sépia cor de passado.

O texto deixa uma marca no peito da gente. Odilon parece cúmplice do autor. Deixa marcas além do suporte de papel. No conjunto, é uma literatura que fica impressa na alma. Carrego desde então a força de suas palavras pousadas a esmo na folha. No final, o menino que - como eu - não conseguia matar passarinho, surpreende. Me deixou a dúvida de que aquela não seria a minha história. Ou seria? O que posso dizer é que O Matador foi o livro que mais me emocionou em meio a tantos títulos que descobri em oito dias de Salão do Livro.

Hoje, passei na livraria para ver se o encontrava. Não havia chegado ainda. Não tenho pressa. Como diria Lygia Bojunga, “o livro espera por nós”. O Matador me espera para tomarmos outro café. Me espera para dividir comigo as suas dores. Para me oferecer suas páginas com a calma necessária para que o frisson demore um pouco mais. Me espera, enfim, para que possamos juntos voar por entre as armadilhas do dia-a-dia. Deixo aqui o meu muito obrigado tardio e sincero a Wander Piroli por me emocionar tanto. A Odilon, o meu abraço e a minha cumplicidade. Nossa pontaria sempre foi um fiasco. Hatuna Matata.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Artimanhas para pescar olho de criança.

Salmo Dansa e Maurício Veneza são mestres na arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Mas no Salão FNLIJ do Livro mostraram também uma criatividade acima da média na hora de apresentar seus talentos ao vivo, frente a um público crítico e sincero: as crianças.
Em sua performance, Salmo Dansa, que fez as belíssimas ilustrações da coleção Outro Lado da História (Scipione) com textos de Júlio Emílio Braz, foi além do desenho e criou uma escultura de papel que surpreendeu aos presentes. A ave de Salmo ganhou penas, cresceu no arregalar dos olhares curiosos, ganhou vôo na minha imaginação e, por fim, ganhou aplausos. O artista carioca, de malas prontas para uma temporada na Alemanha, fez uma apresentação original para ficar registrada como um dos grandes momentos do salão.
Maurício Veneza é de uma simplicidade que assusta. O papo com ele segue mansinho e, de repente, a gente vê que a tarde passou em um minuto. Gostamos muito de alguns desenhos seus, como os que fez para os livros O Presente de Ossanha e Contos Africanos para Crianças Brasileiras. Não conheço muito dos livros escritos por ele, mas gosto bastante de Embola, Enrola e Rola, livro com trava-línguas bem originais. Mas eu passei uma hora em pé, ao lado do Espaço Petrobrás (vejam na foto acima) admirando a desenvoltura do ilustrador carioca com as crianças. Depois de uma breve apresentação do seu trabalho, Maurício Veneza resolveu brincar com o público. Pediu para cada criança falar o seu nome e a partir da letra inicial ele criou um desenho. No começo, a turma estava meio tímida, mas depois da terceira criança, todos mergulharam na brincadeira e, antes que o ilustrador começasse seu desenho, já havia três ou quatro sugestões da platéia. Depois de desenhar muito usando quase o alfabeto inteiro como ponto de partida, Maurício Veneza foi cercado por crianças que queriam um desenho, um autógrafo, um abraço. Retribuiu com sorrisos e paciência. Tenho certeza que a brincadeira continuou na casa de cada um. Eu, vez em quando, me pego brincando por aqui. Valeu, Maurício.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um rinoceronte cheio de poesia...

Foi numa das esquinas do Salão. Não sei se fui eu que o encontrei ou se foi ele. Nos reconhecemos na hora. Hermes Bernardi Jr. vinha assistir ao lançamento do livro As Marias de Anna Claudia Ramos que acontecia no Espaço de Leitura. Ana Paula já estava entretida com a Elma - que ilustrou As Marias - e deu um "oi" de longe. Hermes estava ali colhendo os frutos dos seus "filhos" Planeta Caiqueria, Casa Botão e E um rinoceronte dobrado. Aproveitou para plantar novas histórias no solo fértil das editoras presentes no Salão.
Depois da muvuca, reunimos a turma para as fotos e Hermes foi ao hotel buscar uma caixa no hotel para a apresentação que faria logo mais ao lado do ilustrador Guto Lins. Nem acreditei quando ele falou que na caixa havia um rinoceronte dobrado. Durante o lançamento do livro, Hermes e Guto falaram dos caminhos que levaram a esta parceria. A sala ia se enchendo. O autor atiçou o público a recitar poemas. Roger Mello caprichou, Anna Claudia Ramos esqueceu o seu, mas logo depois recitou. Eu não resisti e mandei uma quadra clássica:
Lá vem a lua saindo
Redonda como uma vara
Não é lua, não é nada
É um gato se afogando.
(Risos)
Foi então que Hermes e Guto finalmente desdobraram o rinoceronte da caixa. Foi festa para os olhos das crianças e adultos. Para melhorar a interação - que já estava boa - Hermes convidou a todos para escreverem poemas no seu animal de tecido. Foi uma farra. Todos no chão escrevendo. E o rinoceronte foi ganhando uma alma poética. Lindo, lindo, lindo.
Depois de tudo, hora dos autógrafos. Hermes, que tem um olho bom para enxergar onde mora o moleque dentro de cada um, apresentou mais uma surpresa: um carimbo com o animal que dá título ao seu delicioso livro. Mãos sapecas - como a de Fátima Campilho, do Blogstórias Essenciais - ganharam mais um carinho de Hermes. O cara é mesmo uma caixinha de surpresas. De ótimas surpresas.

P.S. Na primeira foto, da esquerda para a direita, Rogério Andrade Barbosa, Águeda (Salesiana), Jô Oliveira, Ana Paula, Hermes e eu.
Na segunda foto, eu ouço o rinoceronte dobrado recitar poemas de dentro da caixa de Hermes. poemas
Na terceira foto, Hermes Bernardi Jr. e Guto Lins desdobram o rinoceronte.
Na quarta foto, a turma começa a escrever no rinoceronte.
Na quinta foto, Hermes carimba o rino na mão de Fátima Campilho.

No mais, como diria Ivan Zigg... Alguma coisa se encaixa...

Os Roedores de Livros já escreveram sobre livros de Hermes. Clique aqui para conhecer nossa opinião.

Outro Clicks ilustrados...

No lançamento do seu belíssimo Sai Pra Lá, a autora e ilustradora Ana Terra esbanjou simpatia com a garotada que, no final, pediu que ela desenhasse a si mesma. Com muito bom humor, a gaúcha começou pelo nariz e arrancou interjeições da platéia. Depois, com o capricho no vestido, a turma aplaudiu a performance.
Não conhecíamos Caulus pessoalmente. No dia da sua apresentação levávamos na sacola A Última Flor Amarela, O Princípio e o Fim, ambos de sua autoria (texto e ilustrações) e uma nova edição do clássico Boi da Cara Preta com textos de Sérgio Capparelli e ilustrações de Caulus. Ficou clara a sua decepção com o cuidado da editora com esta nova edição em que a lombada do livro deu lugar a grampos e as fontes da capa cobriam parte da ilustração. Em cena, brincou bastante com as crianças com "pegadinhas" através dos seus desenhos.
Elma se apoderou das tintas de André Neves para desenhar um índio e uma onça que agradaram em cheio as crianças que lotavam o Espaço de Leitura da FNLIJ. De repente, uma surpresa daquelas. Uma criança perguntou a ela se algum dia havia passado pela sua cabeça a idéia de desistir de ser ilustradora. Elma se emocionou ao lembrar do nascimento do seu neto em 2007 e das diversas circunstâncias que, naquela ocasião, a motivaram a desistir da sua arte. Coisa passageira para a autora de A Princesa Anastácia, pois a vovó (hehehe) está cheia de projetos e a cada dia apresenta trabalhos mais bonitos. Mas que a sua emoção arrepiou a todos, arrepiou.
Nós não conhecíamos o Marcello Araújo, mas desde que comecei a trabalhar com Literatura Infantil, O Saco (livro dele e de Ivan Zigg) anda sempre comigo. Os dois se juntaram no Salão para o lançamento da Coleção 1, 2, 3 e já! Enquanto Ivan entretia a garotada com sons engraçadíssimos a partir das histórias, Marcello seguia desenhando. Ali, todos tínhamos 10 anos de idade. Uma maravilha!
Para finalizar, os elefantes de Rosinha Campos. Ela, que tem um livro-imagem muito legal chamado Branca, trabalhou muito fazendo a mediação entre os ilustradores e as crianças presentes no Espaço de Leitura, mas deixou sua arte impressa nos painéis do Salão em várias performances.

Desenhar não é coisa só de criança...

O local mais concorrido do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi o Espaço de Leitura FNLIJ. Era lá que aconteciam - entre outras coisas - as performances dos ilustradores. É curioso ver o artista criar na hora, no meio de uma barulheira, com crianças passando de um lado para outro, além do olhar atento de quem ficou no espaço para aprender um pouco sobre o trabalho daquele artista.
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Uma manhã de reencontros...

Enquanto eu e Tino representávamos o projeto no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, Edna e Célio assumiam o timão da barca dos Roedores de Livros na manhã do sábado, 24 de maio, na Ceilândia. Foi através do relato da Edna, que destaco em cores alaranjadas, que nós tomamos conhecimento de como foi o encontro naquela manhã. Nossa mais nova colaboradora, Aline, manteve a palavra e apareceu para o seu segundo encontro. Edna logo arrumou uma função para ela que “foi cumprimentada por todos, como velha conhecida. É sinal de que foi, prontamente aceita pela garotada
Apesar de todo o planejamento, cada sábado tem sua característica, sua identidade, sua surpresa. Um dia, uma história surpreende, noutro, uma criança se emociona com uma leitura. Às vezes, há uma dispersão mais cedo, outras, não queremos terminar o encontro, de tão bom que ele está. Naquele sábado não seria diferente. Edna relata que “as crianças sempre nos surpreendem. Hoje, Jardson, Guilherme e Wendel estavam em sintonia. Eles nos surpreenderam com um comportamento hiper-elétrico”. Devem ter dado um trabalho gigantesco. Coisas de criança.
Outra delícia do sábado passado foi o retorno de Juliana ao convívio com os Roedores. Entre 2006 e 2007 Juliana fez a mediação no projeto. Projetos particulares a afastaram do nosso encontro semanal em 2008. As crianças estavam com saudades. Segundo a Edna, o reencontro se deu assim: “Esse foi um acontecimento especial. Quando tudo estava pronto para entrarmos na casa, aparece lá no portão, a Juliana. Ela é muito querida pelas crianças. Ao vê-la, todas correram a seu encontro. Ficaram muito felizes ao revê-la. Juliana chegou e começou batendo um papo para saber das últimas novidades. Só então começou a mediação, envolvendo as crianças, falando da China, tema da primeira história. Minutos depois, chegou o Jardson, atrasado. Sentou-se para também ouvir a história. De repente, ele “percebe” que é a Juliana quem está fazendo a leitura. Não fez por menos: interrompeu a história e, num entusiasmo, corre ao encontro dela para abraçá-la. Foi um momento emocionante, muito bonito e verdadeiro. A história precisou esperar um pouco para assistir a confraternização dos dois
Para coroar o sábado, e para deixar a mim e ao Tino com mais saudades, Edna nos contou que outra surpresa aguardava por todos naquela manhã: “O retorno de uma roedora muito especial: dona Emília. Ela disse que nos procurou até achar. Que ótimo nos reencontrarmos!” Dona Emília e Ana Letícia, sua neta, integram o projeto desde o ano passado. Com a mudança de endereço do projeto e a distância entre sua casa e a nova sede, demoramos a tê-las conosco novamente. Enfim este dia chegou. Por fim, Edna arremata seu relato dizendo: “Aline, Emília e Juliana, que bom revê-las. Foi um dia de reencontro. Só alegrias”. Hatuna Matata.