quarta-feira, 18 de junho de 2008

Livros e educação ambiental

Queridos amigos. A Débora Menezes do Educom Verde, blog sobre educação ambiental, nos convidou a escrever um texto resenhando livros que abordem este tema. O texto foi publicado nesta semana e vocês podem acompanhar clicando AQUI. Boa leitura a todos. That´s all, folks!!!

domingo, 15 de junho de 2008

Meninos do Mangue na Ceilândia

Para começar a falar sobre o que aconteceu no projeto Roedores de Livros no sábado, 07 de junho, preciso viajar no tempo em uma semana para fazer um link entre a Ceilândia e o Rio de Janeiro. No final da tarde do último dia de maio, estávamos encerrando nossa participação no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens e não havíamos escolhido o exemplar que daríamos ao Daniel, até que tivemos a idéia de presenteá-lo com Meninos do Mangue de Roger Mello. Daniel integrou o projeto em 2007 mas por causa da idade achamos que ele estaria muito a frente dos outros neste ano. Ele insistiu em ficar e nós o convidamos a assumir uma espécie de monitoria da turma. Resolvemos que ele ajudaria na organização, no contato com as crianças durante a semana, no controle dos livros emprestados e outras mumunhas. Voluntário, assim como nós, Daniel receberia como incentivo, um livro por mês, presente da equipe dos Roedores de Livros. Ao encontrarmos Roger Mello naquele fim de tarde no Salão do Livro, contamos sobre o nosso monitor e pedimos a ele para escrever uma dedicatória para o Daniel. Roger se emocionou com a história e nos pediu para registrar a entrega do presente. Pronto! Contada a introdução, viajamos no espaço e no tempo, mais uma vez e retornamos para a Ceilândia.
Encerrava-se a semana do meio-ambiente e levamos alguns livros sobre o tema para a mediação. Daniel pediu para ler A árvore generosa, livro que ele conhecera na semana anterior e que gostara muito. Todos foram se chegando e se envolvendo com a belíssima história.
As ilustrações de Shel Silverstein falavam tão alto quanto seu texto. As crianças gostaram muito.
Depois, Jardson leu A Última Flor Amarela, de Caulus e os olhares percorriam o livro em busca das ilustrações que sumiam à medida em que o personagem ia destruindo as flores.
Por fim, a surpresa que deixou Daniel sem graça. Não sabia como agradecer e ficou surpreso e feliz ao ver a dedicatória que Roger Mello escreveu para ele. Na foto acima, o registro do momento da entrega. O Célio - na foto, ao lado do Daniel - fez as honras e recebeu toda a emoção daquela hora. Agradecemos ao Roger, sempre simpático e solícito, pela atenção. O projeto segue em frente. Além de livros, voluntários e crianças - mais do que tudo - o amor é o grande motor que une crianças e livros nas manhãs de sábado na Ceilândia, entorno de Brasília. Hatuna Matata.

O livro é fruto de muito trabalho.

Outro grande momento do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens foi a apresentação de Marilda Castanha e Nelson Cruz. O Casal de escritores e ilustradores foi além da palavra (bate papo) ou da imagem (ilustração ao vivo) e deu uma aula sobre o processo de produção de seus livros - em particular, os livros da coleção Histórias para Contar Histórias. Os dois, levaram os originais dos estudos de composição das páginas, os primeiros desenhos, o trabalho final e todos pudemos comparar com o produto final (o livro). Para quem pensa que ilustrar para livro é moleza, pura brincadeira, o casal mostrou que, sim, é uma brincadeira, mas que exige muito trabalho, pesquisa, talento e criatividade. A seguir, alguns registros deste encontro memorável. Clique nas imagens para ampliá-las.
Marilda Castanha apresenta mais uma prancheta de estudos, enquanto Nelson Cruz mostra o resultado final no livro. Neste caso, o livro é Agbalá, um lugar continente e o desenho descreve o desconforto, a forma desumana com que os escravos eram transportados nos navios negreiros. Em sua pesquisa, Marilda encontrou uma ilustração minúscula (acima, à esquerda da prancheta) que ampliou para fazer a sua visão a partir daquela idéia. No resultado final, o mar não é verde ou azul. A percepção da ilustradora deu cores de sangue ao mar que transporta os escravos. Genial.
A foto acima mostra o início do processo de criação. À esquerda da prancheta (que Nelson apresenta ao público enquanto Marilda explica o seu trabalho) um estudo para a composição das páginas e, ao lado, os rascunhos para as primeiras idéias para os desenhos.
Agora, Nelson Cruz fala sobre o livro Chica e João. Ele pesquisou em pinturas antigas (Marilda Castanha segura fotocópia de uma aquarela de Rugendas retratando o Arraial do Tijuco - que viria a se transformar em Diamantina), livros de história, além de fotografar a cidade na época da pesquisa, para seus estudos de imagens.
Acima, o artista apresenta o original da sua ilustração retratando o Arraial do Tijuco e como ficou o resultado do uso do desenho no livro.
Depois de muito papo, o casal colocou seus originais na mesa, à disposição da curiosidade dos presentes. Acima, estudos e produtos finais do trabalho de Marilda Castanha. Abaixo, a lápis, o início do desenho que resultou na belíssima imagem em cores. Os dois, assim, lado a lado, dão a dimensão da distância percorrida pelo artista para chegar ao ponto desejado.
Para os que não leram nosso relato sobre o encontro com Marilda Castanha e Nelson Cruz no Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás e queiram compartilhar aquele momento, é só clicar aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Literatura Infantil nas bancas de revistas.

Queridos amigos, nos últimos 15 dias, três publicações refrescaram o desejo dos amantes da Literatura Infantil e Juvenil de encontrar fora do meio acadêmico e literário - tão especializado e distante do público comum - reportagens sobre o tema. Todas encontram-se nas boas bancas de revistas. É só dar um pulinho para fora de casa, desembolsar uns poucos reais e trocar figurinhas com Ruth Rocha, Nelly Novaes Coelho, Ilan Brenman, Odilon Moraes e Fabrício Carpinejar entre outros.
A edição especial da revista Discutindo Literatura (Escala Educacional), destaca o gênero infanto-juvenil numa edição primorosa que aborda desde um pequeno histórico da sua evolução, passando por idéias para cultivar leitores, a importância dos clássicos da literatura e dos contos de fadas, da contação de histórias na formação do leitor (êba!!!), o aumento de livros sobre a cultura negra e indígena, o envolvimento entra arte e literatura e outros assuntos. Clique na imagem acima para ler o índice. Estou certo que vai te motivar a procurar a revista nas bancas. Assim como o especial Projetos de Leitura da revista Nova Escola, o exmplar acima é um prato cheio. Estão lá Bartolomeu Campos de Queirós, Heloísa Prieto, Daniel Munduruku, Rui de Oliveira, Anna Claudia Ramos... Tanta gente boa reunida em 66 páginas recheadas com assuntos relevantes sobre a Literatura Infantil.
Outro lançamento que surpreende é a revista Língua Portuguesa (editora Segmento) que destaca na capa uma entrevista com Ruth Rocha tocando num tema delicado: a coragem para romper velhos padrões da escrita para crianças. A entrevista ganha cinco páginas nesta edição e a autora de clássicos como Marcelo, Marmelo, Martelo fala do seu processo de criação, os problemas que encontra em muitos livros infantis, a febre em publicar livros sbre "bons costumes", fala sobre a literatura infantil nos tempos da ditadura e por fim, responde de forma suscinta ao repórter sobre qual dica daria aos pais para que possam identificar um bom livro infantil: "Escolheria os clássicos. É o melhor critério". A revista ainda apresenta duas páginas sobre o bom livro infantil. Adriana Falcão, Odilon Moraes, Cárcamo, Tatiana Belinky, Ilan Brenman e Ivan Zigg falam sobre as virtudes e pecados que envolvem a produção literária para crianças e jovens.
Por fim, depois de uma semana de espera, chegou ontem à banca próxima da minha casa a edição de junho da revista Crescer (Globo) em que destaca na capa e relação do que considera os 30 melhores livros infantis do ano. São 12 páginas que, além dos livros, apresentam um belo projeto gráfico e quadros com curiosidades, dicas e entrevistas com personalidades do mundo do livro. A escolha foi baseada nos votos de 38 jurados escolhidos entre integrantes da FNLIJ, de projetos de leitura, educadores e demais especialistas em literatura infantil. A lista surpreende com a inclusão de alguns livros ótimos, porém menos badalados, como Não Vou Dormir (Christiane Gribel, com ilustrações de Orlando, Global), Morcego Bobo (Jeanne Willis, ilustrações de Tony Ross, Martins Fontes), Toda Criança Gosta (Bia Hetzel, ilustrações de Mariana Massarani, Manati) e O Rei Maluco e a Rainha Mais Ainda (Fernanda Lopes de Almeida, ilustrações de Luiz Maia, Ática). Surpreende também pela presença de alguns livros que, a meu ver, não deveriam constar nem na lista dos 60 melhores. No final, o trabalho de Cristiane Rogério e Marina Vidigal cumpre o seu papel: antes de premiar o melhor livro (a revista acertadamente opta pelo plural), a revista premia seus leitores - e eu me incluo neste rol - com uma reportagem ampla que, antes de tudo, estimula um passeio à livraria para conhecer as indicações. E isso já vale por todo o trabalho.
Mas a revista Crescer de junho oferece outras delícias para quem gosta de literatura para crianças. Além de uma página escrita por Tamara Foresti dedicada a decifrar os números da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, chamo a atenção para a coluna de Fabrício Carpinejar, chamada Primeiras Intenções, publicana na página 76 com o título de Era uma vez outra vez. É o melhor da edição de junho. Carpinejar descreve, de forma a arrepiar o leitor, a relação de seu filho com a literatura. No meio disso, um encontro inusitado com Os Problemas da Família Gorgonzola, de Eva Furnari. Imperdível!!! Clicando acima, você pode ler a inrodução do texto. Espero que você tome coragem, desligue o computador e vá até a banca mais próxima comprar a revista. Vale a pena. Hatuna Matata!!!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O Segredo de Ivan Zigg

Que Ivan Zigg é um ilustrador-escritor talentoso, criativo e premiado todo mundo sabe. Mas este carioca flamenguista guarda segredos que a gente só descobre no dia-a-dia com ele. Por exemplo: apesar de toda a desenvoltura quando conta histórias ou canta suas músicas em cena, o homem é de uma timidez impressionante. Timidez que vai embora quando ele desenha. Aí, ele fala pelos cotovelos, pincéis e tintas. Passeando pela cidade do Rio de Janeiro ao lado deste “grande” ilustrador – afinal são mais de 1,80m de altura (sem os cabelos) – vimos pais e filhos parando-o na rua para confessar que gostaram do livro “tal” ou assistiram a performance “xix”. Meio sem graça, ele abre um sorriso, despeja um balde de simpatia sobre os fãs e aproveita para falar sobre o disco que já está pronto, cheio de músicas ótimas para as crianças, esperando só uma gravadora... ops, revelei mais um segredo!!!

Como qualquer criança ou adulto, Ivan Zigg também guarda segredos que nem mesmo os mais íntimos conhecem. Mas há um, em especial, que se tornou público. E se você quiser saber qual é, convido-o a conhecer seu novo livro publicado pela Rocco. O título não poderia ser diferente: Segredo.

O que é um segredo? Zigg explica usando de muita sensibilidade, frases curtas e ilustrações com a marca da sua originalidade. Oferece ao leitor uma viagem pelos labirintos onde o danado se esconde. Cada página serve como alimento para a nossa curiosidade que se sacia na última ao descobrir o segredo. O dono deste tal segredo é baixinho, misterioso e desconfiado. Mas pode ser o leitor. E este é outro grande trunfo do livro, pois o segredo faz parte do universo de todos nós, sejamos crianças ou adultos. E isso não é segredo nenhum.
Há tempos que os Roedores de Livros promovem a idéia de que livro infantil não é só para criança. E não somos os únicos a pensar assim – é claro! O Segredo de Ivan Zigg pode ser um belo presente para seu filho(a), sobrinho(a) ou outra criança a quem você dedique seu afeto. Mas pode ser também um presente surpreendente para o seu companheiro, namorado, marido, namorido... enfim. Pode servir tanto para declarar sua paixão reprimida quanto para apimentar o dia dos namorados com uma idéia original e encantadora. Presente para qualquer dia desde que seja um dia para celebrar uma relação entre pais e filhos ou entre um casal. O Segredo faz sucesso por aqui. Já passou por muitas mãos curiosas. Arrancou sorrisos da Júlia, brincadeiras do Tino e “ooooohhhhhh” de muitas amigas e amigos a quem – travestida de fofoqueira – mostrei o Segredo.
Espero que Ivan Zigg não saia por aí espalhando outros segredos como o seu medo de montanha russa, sua paixão por motos, seu pavor em ver sangue e a sua veia jornalística pulsante na adolescência quando, no colégio, escrevia à mão e distribuía entre os alunos um jornal onde o que não faltavam eram segredos dos outros. Por fim, vou contar um segredo que Ivan não sabe: nós adoramos as esfihas do Largo do Machado. Queremos mais, mais e mais!!! Hatuna Matata!

PS1. Ivan Zigg lança Segredo no próximo domingo, 15 de junho, na Livraria da Travessa no Leblon, Rio de Janeiro. Clique na imagem acima para uma melhor leitura do convite.

PS2. Primeira imagem: Ivan Zigg – Segunda imagem: Capa do livro Segredo – Terceira imagem: Uma ilustração do livro – Quarta imagem: Eu “vestida” de Ivan Zigg – Quinta imagem: o convite para o lançamento do livro no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau de foguete!!!

Uma das coisas mais agradáveis da vida é fazer amigos. A gente sempre se diverte, divide dores e amores, ensina e aprende muito, não é mesmo?! As afinidades literárias têm nos presenteado alguns amigos com quem convivo no dia a dia seja em Brasília, pela internet ou em encontros casuais em eventos literários. Cito aqui a Lígia Pin e a Fátima Campilho, professoras, roedoras de livros que estimo muito. No final de maio, o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens me presenteou com o convívio com a Elaine Pasquali. A moça veio de Caxias do Sul (RS) para conhecer o Salão e, através do André Neves, nos conhecemos e nos enturmamos.

Antes de qualquer coisa, Elaine gosta de livros. Também conta histórias para crianças. Com a literatura a nosso favor, passeamos pelos stands das editoras trocando figurinhas o tempo todo:

- Você conhece este livro? Dá uma olha da. É demais!

- Bahh, mas este aqui é ótimo também!

Estes passeios fizeram um mal às nossas economias pois um acabava comprando uma indicação do outro mas, afinal, estávamos numa feira de livros.

Certo dia ela voltou do stand da Girafinha com os olhos brilhando. Tinha descoberto o argentino Pablo Bernasconi. Havia ADORADO O Diário do Capitão Arsênio (que eu achei bonitinho) e simpatizado com O Mago, O Horrível e o Livro de Feitiçaria (para mim, um dos melhores do ano passado... ADORO, ADORO!!!). Apesar destes pequenos e saudáveis desencontros de opinões, eu adorei quando ela me disse com um sotaque gaúcho, tchê: - Tu ainda não compraste o Excessos e Exageros? Bahh, é a tua cara!

Fiquei curioso. No dia seguinte, ela voltou para Caxias do Sul e eu continuei no Salão. Não resisti e convidei o novo livro do Bernasconi para retornar comigo e Ana Paula a Brasília. Ele topou. Minha curiosidade era tanta que desbravei Excessos e Exageros a 11 mil Km de altura, no vôo de volta pra casa.

Os livros de Pablo Bernasconi oferecem ao leitor um humor inteligente que habita tanto em seu texto quanto nas ilustrações. É impossível não se render a tamanha criatividade. Não foi diferente com estes “relatos ilustrados”. No livro, 24 mini-contos que “conversam” com as ilustrações como se estivéssemos assistindo a um improvável filme de Woody Allen para crianças. Situações inesperadas e finais surpreendentes. É claro que tenho as minhas preferências. Por exemplo, o personagem Chico Buzina, de Efeito Dominó, representa aquelas crianças hiperativas que quando chegam para uma visita deixam os anfitriões de cabelo em pé. Feroz tira a pulga atrás da orelha: quem é o animal, o bicho ou o homem? Vice-versa é uma pegadinha visual. Deliciosa! Há ainda Fisiculturíssimo, Somático e o simples não-menos-belo Mascote.

Os desenhos de Pablo Bernasconi garantem uma viagem confortável ao mundo da fantasia usando um meio de transporte tão original quanto ir da Terra do Nunca ao Sítio do Pica-Pau Amarelo de foguete. Uma aventura para os olhos. Ele usa muito bem dos recursos do mundo digital para dar asas, cores, formas e botões à sua fértil imaginação. É de impressionar. A cada vez que pego seus livros para uma releitura descubro novos detalhes.

Assim que terminei a leitura a bordo, o avião começou a descer no aeroporto Juscelino Kubitschek. Vim do Rio de Janeiro até Brasília nas asas da fantasia de Excessos e Exageros. Valeu a dica, Elaine. Espero que você também tenha viajado nas páginas que indiquei. Por fim, aos que ainda não conhecem as peripécias fantásticas das aventuras de Pablo Bernasconi recomendo que procurem na livraria mais próxima, ou aqui mesmo, na internet, apertem os cintos e... boa viagem!!!

P.S.1 - Elaine Pasquali está com seu primeiro livro no forno. Chama-se Formigas e será publicado pela Paulus. Detalhe: com ilustrações e projeto gráfico de André Neves.


P.S.2 - Na primeira foto. Elaine Pasquali, eu e Daniela Magnabosco.

P.S.3 - Desafio... quantos bichos têm na casa da terceira imagem?

São Jorge, por favor, me empreste o dragão!!!

Um vírus passou por aqui e deixou o computador com uma gripe daquelas. Levamos a "criança" para uns dias no hospital. Depois da consulta, o médico recomendou um backup, uma formatação e um novo HD (Ufa!!!). Para espantar outros possíveis seres invisíveis, apresento a todos o novo integrante da galeria dos Roedores de Livros: um jovem, veloz e espinhento dragão, treinador de patinação, presente da querida Ana Terra. É com muita honra e alegria que a nossa galeria, que conta com originais de Eva Furnari, André Neves, Biry Sarkis, Laura Castilhos, entre outros, recebe as cores e o talento desta gauchinha escritora, ilustradora e grande contadora de histórias, que nos surpreendeu com seu livro mais recente (Sai pra lá! - que a gente resenha em breve). Agradecemos o carinho e esperamos que todos gostem do presente. That's all, folks!

P.S. Clique na imagem para apreciá-la num tamanho maior.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Leitura para matar a sede.

DIÁRIO dos ROEDORES DE LIVROS – 31.05.2008 – sábado - Escrito e vivido por EDNA FREITAS.

Nosso quadro de voluntários efetivos estava somente com 50%: eu e Célio. Ana e Tino continuavam representando os Roedores no 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens no Rio de Janeiro. Dessa forma, além de nosso assistente Daniel, escalamos dona Emília e Jardson para nos ajudar. E foram ótimos!

Em nosso primeiro momento orientei as crianças a folhearem os livros. Observando o que gostam, enfim, sentindo o livro. Algumas acharam até que tínhamos livros novos. Expliquei a mudança de nosso olhar sobre as coisas, a cada dia. Disse-lhes também que tinha uma surpresa para eles: alguém iria contar uma história. Quem? Quem? Todos perguntaram. Apresentei-lhes dona Emília como a nossa contadora de histórias do dia. Foi aplaudida por todos. Ela contou uma história de "antigamente", como ela mesma disse. Em intervalos diferentes, acabou contando três histórias.

Seguimos escalando quem gostaria de contar alguma história já ouvida anteriormente ou alguma que tenha sido lida por eles nas semanas anteriores. Vitória contou uma história que ouvira de alguém. Deysiane fez uma mediação ótima do livro O LIVRO! Mostrou que quando a mediadora já conhece a história, tudo fica mais claro e gostoso de ouvir. Marcela leu A BOCA DO SAPO. Daniel, por sua vez, contou sobre o livro da minhoca (TEM UM CABELO NA MINHA TERRA), o mais solicitado nos últimos dias. Fiquei impressionada com a Wanessa e sua leitura de DEUS ME AMA COMO SOU. Ela aprendeu direitinho como se faz a mediação. E demonstrou conhecer muito bem o livro escolhido.

Célio, inicialmente, entregou um livro a dona Emília que escolheria uma criança para ganhá-lo como prêmio por bom comportamento. Foi a própria dona Emília que ganhou o livro, pela votação da maioria. Depois, Célio tirou mais três livros da “cartola” que premiaram Jardson, Wanessa e Deysiane. Foi uma alegria geral.

Com estas demonstrações de puro prazer no ato de ler, senti que estamos no caminho certo. Servimos leitura feito água de beber. E agora, a leitura é-nos ser-vida, também, feito água de beber. Ouvir toda as crianças lerem pelo simples prazer de ler, valeu por tudo. Em O PRAZER DO TEXTO, Roland Barthes está muito certo quando nos diz que o texto é um jogo de sedução. Tudo pode acontecer. Aqui, no Roedores de Livros, não temos dúvida de que as crianças foram seduzidas pelo texto. E ler, hoje, é um grande prazer. Valeu!

Obrigada Célio, dona Emília, Daniel, Jardson, e todas as crianças que, empenhadamente contribuíram para que o nosso dia de hoje fosse um show de leitura. Wanessa, valeu! Ana e Tino, voltem logo. Nosso efetivo de voluntários é ainda muito pequeno. Sinto que nosso projeto acontece redondo quando estamos os quatro. E quem mais vier será sempre muito bem-vindo. Sempre.

Muita emoção pra pouca pontaria.

Eram quase 11h da manhã do último dia do 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens quando encontrei O Matador (Wander Piroli, com ilustrações de Odilon Moraes, Leitura). Foi na “praça de alimentação”. Sinceramente, eu achava que nada mais me surpreenderia naquele fim de jornada, depois de oito dias em meio a tantos livros. Eu estava cansado. Dali a três horas eu embarcaria de volta para Brasília. Mas ao encontrar O Matador, senti um arrepio percorrer a espinha. Uma sensação aguda como aquele frisson de quando o carro encontra uma inclinação súbita. Foi inesquecível.

Ele estava ali, ao alcance dos olhos, mas não pôde vir para casa comigo. Só havia aquele exemplar. Eu não estava preparado para tanta emoção. Minha infância também foi marcada por uma vontade enorme de matar passarinho, assim como faziam meus primos no sítio da minha avó. Assim como faziam meus amigos da Vila Santana, no interior da Bahia. A mesma vontade d’O Matador. Não tinha nada contra as aves. Queria era ser como os outros. Pura fraqueza. Mas a minha pontaria sempre foi um fiasco.

Fui percorrendo as páginas esverdeadas do livro que parecia contar a minha história. Frases curtas, pousadas na folha como um pássaro a fugir das pedras lançadas pelas baladeiras. Odilon Maraes – guardião d’O Matador – fez as ilustrações e o projeto gráfico do livro. Seu olhar brilha ao falar do livro. Está apaixonado pelo projeto que começou a partir da indicação de Ângela Lago para que ele fosse o artista responsável por ilustrar o texto maravilhoso de Wander Piroli.

Wander quem? Não se assuste, amigo leitor, se você não lembra dele. Há mais de 20 anos que não é editado nenhum texto novo deste escritor morto em 2006 aos 75 anos. A literatura Infantil também não lembra dele. Foi esquecido por não tratar as crianças com diminutivos e fantasia barata. Odilon, premiado ilustrador e escritor, aceitou o desafio e cuidou d’O Matador com carinho. Deu um banho de sensibilidade que tornou a edição uma preciosidade. Piroli usa do real para tocar fundo no coração do leitor. Odilon brinca com as cores, ou melhor, com a quase ausência delas. É tudo um verde quase sépia cor de passado.

O texto deixa uma marca no peito da gente. Odilon parece cúmplice do autor. Deixa marcas além do suporte de papel. No conjunto, é uma literatura que fica impressa na alma. Carrego desde então a força de suas palavras pousadas a esmo na folha. No final, o menino que - como eu - não conseguia matar passarinho, surpreende. Me deixou a dúvida de que aquela não seria a minha história. Ou seria? O que posso dizer é que O Matador foi o livro que mais me emocionou em meio a tantos títulos que descobri em oito dias de Salão do Livro.

Hoje, passei na livraria para ver se o encontrava. Não havia chegado ainda. Não tenho pressa. Como diria Lygia Bojunga, “o livro espera por nós”. O Matador me espera para tomarmos outro café. Me espera para dividir comigo as suas dores. Para me oferecer suas páginas com a calma necessária para que o frisson demore um pouco mais. Me espera, enfim, para que possamos juntos voar por entre as armadilhas do dia-a-dia. Deixo aqui o meu muito obrigado tardio e sincero a Wander Piroli por me emocionar tanto. A Odilon, o meu abraço e a minha cumplicidade. Nossa pontaria sempre foi um fiasco. Hatuna Matata.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Artimanhas para pescar olho de criança.

Salmo Dansa e Maurício Veneza são mestres na arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Mas no Salão FNLIJ do Livro mostraram também uma criatividade acima da média na hora de apresentar seus talentos ao vivo, frente a um público crítico e sincero: as crianças.
Em sua performance, Salmo Dansa, que fez as belíssimas ilustrações da coleção Outro Lado da História (Scipione) com textos de Júlio Emílio Braz, foi além do desenho e criou uma escultura de papel que surpreendeu aos presentes. A ave de Salmo ganhou penas, cresceu no arregalar dos olhares curiosos, ganhou vôo na minha imaginação e, por fim, ganhou aplausos. O artista carioca, de malas prontas para uma temporada na Alemanha, fez uma apresentação original para ficar registrada como um dos grandes momentos do salão.
Maurício Veneza é de uma simplicidade que assusta. O papo com ele segue mansinho e, de repente, a gente vê que a tarde passou em um minuto. Gostamos muito de alguns desenhos seus, como os que fez para os livros O Presente de Ossanha e Contos Africanos para Crianças Brasileiras. Não conheço muito dos livros escritos por ele, mas gosto bastante de Embola, Enrola e Rola, livro com trava-línguas bem originais. Mas eu passei uma hora em pé, ao lado do Espaço Petrobrás (vejam na foto acima) admirando a desenvoltura do ilustrador carioca com as crianças. Depois de uma breve apresentação do seu trabalho, Maurício Veneza resolveu brincar com o público. Pediu para cada criança falar o seu nome e a partir da letra inicial ele criou um desenho. No começo, a turma estava meio tímida, mas depois da terceira criança, todos mergulharam na brincadeira e, antes que o ilustrador começasse seu desenho, já havia três ou quatro sugestões da platéia. Depois de desenhar muito usando quase o alfabeto inteiro como ponto de partida, Maurício Veneza foi cercado por crianças que queriam um desenho, um autógrafo, um abraço. Retribuiu com sorrisos e paciência. Tenho certeza que a brincadeira continuou na casa de cada um. Eu, vez em quando, me pego brincando por aqui. Valeu, Maurício.