
A foto acima foi tirada em fevereiro último nas instalações do Centro Comunitário da Criança.
A música brasileira acompanha a literatura infantil desde tempos idos. Nos anos
Depois, Vinícius de Moraes adaptou alguns versos do livro A Arca de Noé (1970) para um disco homônimo lançado no Brasil em
No final dos anos 80 o CD conquista o mundo. Sua capacidade de armazenar até 74 minutos de música (a duração da Nona Sinfonia de Beethoven) e seu formato compacto, instigou novas possibilidades para quem desejava aliar música e literatura. Surgiram então os Livros-CD diversos em forma, inspiração e conteúdo.
Nestes termos, gostaria de falar sobre três títulos
O texto de Amigos do Peito (Editora Formato) é de Cláudio Thebas que também assina a produção musical ao lado de Carlos Renoya e André Bedurê. O livro tem uma sonoridade gostosa de ler em voz alta. Um humor inteligente que alcança as crianças. O tema é um dia na vida de um garoto. O despertar, a casa, a escola, os vizinhos, o irmão, bichos de estimação. As ilustrações caprichadas de Eva Furnari. Alguns poemas são plenos de meninice como
Lágrimas com pontos e vírgulas.
Um grande contador de histórias consegue dar vida às palavras. Na sua voz, elas têm poder. Transformam-se em cheiros, cores, texturas, formas e tantas outras coisas que encantam o ouvinte aproximando a fantasia do seu mundo real. Não é fácil contar histórias com tamanho talento. É preciso, antes de tudo, estar apaixonado pelo enredo. Conhecer algumas técnicas também ajuda, mas é necessário ter consigo a vocação. Paixão e vocação são características latentes de Mo, restaurador de livros e personagem central – ao lado de sua filha Meggie – do livro Coração de Tinta (Cornelia Funke, Cia das Letras, com ilustrações da autora).
Muita gente procura os Roedores de Livros para perguntar sobre acervo de literatura infanto-juvenil. Este livro da alemã Cornelia Funke é item obrigatório. Depois, todas as outras citações de livros podem integrar tal acervo. Faltam “apenas” alguns clássicos brasileiros de Monteiro Lobato, Lygia Bojunga e Fernanda Lopes de Almeida. Se ela tivesse lido algo dessa turma, certamente estaria no livro. Ah... mas este é apenas o primeiro livro de uma trilogia. Quem sabe o que está por vir?
Desde dezembro de 2007 que nós do projeto Roedores de Livros sentimos falta do contato com as crianças da Ceilândia. Mas não é fácil manter um projeto “de verdade” somente com voluntários. Os Roedores de Livros ainda não têm sede própria. Precisamos – entre outras coisas - de um cantinho para acontecer. Este tem sido nosso "calo" desde o início.
Em 2006, o embrião do projeto aconteceu na Biblioteca Comunitária T-Bone,
Em 2007, aportamos na Ceilândia, cidade do entorno de Brasília com altos índices de violência e onde as crianças não têm acesso a tantos bens culturais. A Ong Pró Gente nos ofereceu um lugar acolhedor e escolhemos 30 crianças para o projeto. Semanalmente acompanhamos a evolução destes meninos e meninas. O apego com o livro, o desenvolvimento da leitura de cada um, o prazer em levar o livro para casa, a melhora nos relacionamentos entre eles e entre todos nós. Posso dizer que os Roedores de Livros também aprenderam muito com as crianças. No final do ano, uma notícia nos surpreendeu: a Ong informou que a sede seria vendida para uma universidade particular. Tivemos que somar a preocupação em conseguirmos outro local ao desafio seguinte do projeto: implantar uma biblioteca pública de literatura infantil, aberta de segunda a sábado,com atividades que envolvam além das crianças do projeto, outros meninos e meninas, oriundos das escolas públicas das redondezas. Quem sabe até uma parceria com os professores da rede pública de ensino. Mas esta é uma conversa para outra hora.