quarta-feira, 5 de março de 2008

Uma casa nova para os Roedores de Livros

Desde dezembro de 2007 que nós do projeto Roedores de Livros sentimos falta do contato com as crianças da Ceilândia. Mas não é fácil manter um projeto “de verdade” somente com voluntários. Os Roedores de Livros ainda não têm sede própria. Precisamos – entre outras coisas - de um cantinho para acontecer. Este tem sido nosso "calo" desde o início.

Em 2006, o embrião do projeto aconteceu na Biblioteca Comunitária T-Bone, em Brasília. Lá, recebíamos semanalmente crianças de creches, escolas públicas e abrigos do entorno do Distrito Federal. Mais de 900 crianças passaram por lá. Tudo era feito com muito prazer e dedicação, mas faltava consistência ao que fazíamos. Era importante para aquelas crianças sair do seu habitat, dar uma volta no Plano Piloto e conhecer uma biblioteca. Era importante o contato com a música, as artes e, principalmente, com a literatura infantil. Mas aquilo acontecia uma vez só para elas durante um ano inteiro (alguns grupos foram atendidos por duas vezes). E depois da visita? O que acontecia com as crianças? Essa questão nos incomodava muito naquele tempo. Poderíamos oferecer mais. O projeto pedia mais qualidade e menos quantidade. O que fazer?

Em 2007, aportamos na Ceilândia, cidade do entorno de Brasília com altos índices de violência e onde as crianças não têm acesso a tantos bens culturais. A Ong Pró Gente nos ofereceu um lugar acolhedor e escolhemos 30 crianças para o projeto. Semanalmente acompanhamos a evolução destes meninos e meninas. O apego com o livro, o desenvolvimento da leitura de cada um, o prazer em levar o livro para casa, a melhora nos relacionamentos entre eles e entre todos nós. Posso dizer que os Roedores de Livros também aprenderam muito com as crianças. No final do ano, uma notícia nos surpreendeu: a Ong informou que a sede seria vendida para uma universidade particular. Tivemos que somar a preocupação em conseguirmos outro local ao desafio seguinte do projeto: implantar uma biblioteca pública de literatura infantil, aberta de segunda a sábado,com atividades que envolvam além das crianças do projeto, outros meninos e meninas, oriundos das escolas públicas das redondezas. Quem sabe até uma parceria com os professores da rede pública de ensino. Mas esta é uma conversa para outra hora.

Vieram as “férias” de dezembro e janeiro. Quando fevereiro chegou, Célio, Edna, Eu e Tino arregaçamos as mangas para procurar um novo cantinho para abrigar o projeto. Queríamos continuar na Ceilândia, próximo ao local anterior para seguirmos com os meninos do ano passado, além de receber novos amigos. Foi aí que uma pequena mágica aconteceu: envolvida com outros assuntos, fui com o Célio visitar uma instituição. E a foto acima mostra como fomos recebidos. Meu coração bateu mais acelerado. Esperança. Por enquanto, estamos na fase do namoro. Mas acredito muito que dará certo. Torçam daí que até segunda-feira a gente deve espalhar por aí quem será nosso novo parceiro. Por enquanto, guardem consigo estes sorrisos. Eles têm uma força indescritível. E viva aos que trabalham sério em prol da criança. Aprendamos com eles.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bom! É muito bom ler essa notícia, pois fiquei super chateada quando soube da venda da sede. Sei bem como é trabalhar voluntariamente e por mais amor e dedicação a gente sempre esbarra em bur(r)ocracias que estão fora do nosso controle.
Oxalá chegue logo 2a feira pra termos o prazer de comemorar juntos!
Muitos beijos
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