




Pois é: Adriana Falcão esteve em Brasília, a convite do Conjunto Nacional, para falar sobre seus livros, sua carreira de escritora e outras mumunhas. Lá descobrimos algumas afinidades. Não gostamos de decidir nada. Quando possível, preferimos delegar essa responsabilidade – ou culpa – para outros. O Tino, a exemplo da Adriana, leu O ESTRANGEIRO também aos 17 anos (presente de um amigo). Livro que desatarraxou uns parafusos da sua cabeça.
Outra coisa bacana deste encontro foi descobrir que tanto talento passa por um doloroso “processo de criação” quando o livro é por encomenda. Segundo ela, normalmente passa por três tentativas iniciais de resolver de uma forma mais simples:
1) Será que tem algo que já escrevi que pode servir?
2) Devolver o dinheiro depositado pela editora...
3) Se matar...
Adriana é capaz de passar a noite procurando a melhor palavra para determinada frase. Às vezes, seus anjos entregam a frase inteira de uma vez. Esses anjos...
O fato é que ela tem graça e talento de sobra. Eu, Tino e Célio, os Roedores de Livros presentes ao encontro, saímos de lá ainda mais fãs. Depois de autografar nossos livros (num bate papo informal em que a pulga do Tino se esfacelou no chão: Rinaldo, o ilustrador daquela belíssima edição de A MÁQUINA é, sim, marido de uma amiga em comum, Germana Accioly... mais do que isso não posso dizer), sessão de fotos e a lembrança do momento em que o meu sapo-príncipe-cearense, num misto de nervosismo e timidez, pediu o microfone e disparou para a escritora uma explicação para o termo ADRIANA FALCÃO: - É quando 400 páginas parecem 60 minutos ou quando a leitura se torna tão gostosa quanto um bolo de chocolate. Esses anjos...
Fugimos para o primeiro andar e fomos descansar os olhos nas redes do local. Perto das 17h, poucos remanescentes apreciavam aquele silêncio. Sentimos um aroma de chá. Descemos e compartilhamos aquela efusão com Demócrito e Jaqueline, sua esposa. Descobrimos que eles eram os proprietários do lugar. Papo vai, papo vem e, enquanto o sol pensava em descansar, o Tino abriu uma roda de histórias contando A DIVISÃO DOS GANSOS (uma de suas preferidas)... Aí deu-se o milagre: Demócrito, criado naquele cerrado, contou causos das noites em que ficou sozinho na mata, falou do Pai do Mato e de outras aventuras. Jurou que assombração existe. Para não fazer feio, Jaque, que conta histórias para as crianças em Pirenópolis, também desfilou seu repertório e nós, lembramos de Roberto Carlos Ramos e sua história sobre o encontro com aquela senhora na Espanha.
Ao final, o sol se pôs, a turma da Cachoeira do Rosário saiu numa Kombi que parecia a da Miss Sunshine, e nós voltamos para casa com a sensação oposta de quando chegamos lá: Pagamos pouco pelas histórias que ouvimos e ainda levamos de graça cachoeiras, redes, piscinas naturais, almoço, uma rodada de chá, o canto dos pássaros invisíveis e a primeira noite de lua cheia do mês de julho. Juro que deu para ouvir os lobisomens depois da meia noite!!!
P.S. Nas fotos, de cima pra baixo: a) Os exploradores Lucia Helena, Eu, Anna Claudia Ramos e Tino; b) Eu e o Tino em estado mineral na exata hora do meu beijo transformador; c) Os exloradores com o casal Demócrito e Jaqueline; d) A guerreira Kombi da Cachoeira do Rosário e o pôr-do-sol.