
Tempos depois, já adulto, descobri um conto de Drummond para crianças. Não, não era poesia. Ou era? HISTÓRIA DE DOIS AMORES (Record, com ilustrações de Ziraldo) conta a história do elefante Osborne e do “pulgo” Pul que resolveu se instalar nas orelhas do paquiderme. A partir daí vivem aventuras no mundo animal. Guerras, intrigas, sete anos de paz e, enfim, a procura por um grande amor. O livro fala principalmente sobre a amizade. Socorrer o amigo nas horas difíceis, usar da franqueza mesmo correndo o risco de perder o amigo e reconhecer quando se está errado. Algo em comum entre você e seu amigo do peito? Pois é assim que seguem juntos a pulga (ou melhor, o pulgo) Pul e o elefante Osborne até encontrarem cada um a sua cara-metade. Ziraldo arrebenta nas ilustrações. Dá um banho de originalidade ao criar seus elefantes com bocas na perna, ou pernas na boca, enfim. Espero que vocês já tenham encontrado “um amor tão bonito como a luz das estrelas e o perfume das violetas”. O meu amor eu encontrei. É um amor como o dos elefantes de Drummond e Ziraldo. Você não a conhece? Está aqui embaixo na foto que registra aquela manhã cinzenta do dia em que encontramos o poeta em Copacabana. Ele estava com frio. Oferecemos o casaco. Ele aceitou. Falamos sobre a infância. Ele disse: “A criança imita o adulto e este, a criança. Ao brincar com a criança, o adulto está brincando consigo mesmo”. Deixamos o poeta ali na calçada. Engraçado... aquilo mexeu com meus trinta anos.