quarta-feira, 12 de setembro de 2007
24 horas de histórias para contar...
Neste perfil, da meia noite de domingo até as quatro da manhã, o destaque foi Regina Machado. Autora dos livros O Violino Cigano e outros contos de mulheres sábias, A formiga aurélia e outros jeitos de ver o mundo e o genial Nasrudim, Regina encantou a todos com três histórias do tempo das mil e uma noites. Foi aplaudida de pé, as duas da manhã, sob pedidos de bis. Naquela madrugada, encontramos nossa querida Lenice Gomes (na foto abaixo) que, devido a um acidente impensável, não pode desfilar seu talento contando suas sacadas folclóricas. Passavam das quatro da manhã quando cruzamos as ruas iluminadas de Copacabana, exaustos, felizes. Um pouco de sono para dar espaço para os sonhos contarem novas histórias.
Onze da manhã... dormimos demais!!! Engolimos o café de uma vez e corremos para o SESC. Todo mundo lá. Aldanei só descansara 60 minutos. Devorou 23 horas de histórias. Tinha a força dos jovens apaixonados. Grande Alda. Mas eu queria falar de uma dupla genial, os mestres de cerimônia da maratona: os atores Álvaro Assad e Marcio Moura (integrantes do Centro Teatral e Etc e tal) dominaram a cena com entradas hilárias plenas de interação com o público. De pijamas, de toalhas, de mestres cuca... impecáveis na arte de entreter com inteligência.
O domingo carioca apresentava suas cores quentes, mas nós não víamos o tempo passar naquela arena. Principalmente quando fomos surpreendidos com a apresentação de Ana Luisa Lacombe. Numa homenagem à Sylvia Orthof, contou a trilogia da galinha: “Foi o ovo, uma ova”, “Galo, galo, não me calo” e “Mudanças no galinheiro mudam as coisas por inteiro”. As crianças tiveram crises de riso que contagiaram a todos. Lacombe mostrou que o bom contador, estuda sua história e encanta, mesmo respeitando o texto literário. Que show!!! De lambuja, contou "Se as coisas fossem mães". Após cada história, sempre apresentava o livro de origem.
Boa parte do Firimfimfoca (nosso espetáculo-surpresa que está quase saindo do ovo) estava presente naquela arena. Adoramos. Depois daquela apresentação, feita sob medida para nós, fãs de Sylvia Orthof (agora, fãs da contadora carioca radicada em São Paulo), não perdemos tempo: convidamos Ana Luisa Lacombe para uma canja em breve na Capital Federal. Assim, deixamos a maratona felizes e ansiosos para retornar em 2008 para a Cidade Maravilhosa que, mesmo no interior de um teatro arena nos presenteou com maravilhas.
domingo, 9 de setembro de 2007
Esse coelho e essa ovelha pertencem a Júlia Bernardes
Assim são a menina Emília e seu coelho Stanley. Amigos inseparáveis que sofrem com o assédio da poderosa Rainha e seu séqüito. Ela usa e abusa do poder real. Quer porque quer o coelho de Emília. Sente inveja do amor que vê transbordar entre os dois. Acredita que o coelho pode lhe trazer a felicidade. Exige que Emília troque-o por todos os brinquedos do mundo. A menina não cede. Nada pode comprar seu inseparável coelho de pelúcia. Não se compra um amor. Pelo menos no mundo da criança. Um dia, Sua Majestade seqüestra Stanley. A partir daí, Emília sai em busca do seu amigo e, de forma surpreendente, ensina a Rainha como conquistar um parceiro fiel para viajar no mundo da fantasia. O livro ESSE COELHO PERTENCE A EMÍLIA BROWN (Cressida Cowell, com ilustrações de Neal Layton, Martins Fontes) carrega a simplicidade de uma história encantadora para todas as idades. É uma pancada no universo capitalista em que os brinquedos são descartáveis. As crianças se identificam com a menina e seu brinquedo preferido. Todos já tivemos um. Guardamos em nosso íntimo as aventuras de pelúcia de tantos animais, as Fofoletes, os Falcons e tantos outros companheiros de infância que nos ajudaram a trilhar os caminhos da fantasia. É por resgatar a cumplicidade entre o brinquedo e a criança que este livro emociona a todos. É um sucesso aqui na toca dos Roedores. Leve pra casa você também. Quem sabe possa tornar-se seu livro de estimação. Não tenha dúvidas: você vai se apaixonar por ele.
A traça no traço de Jô Oliveira...
sábado, 8 de setembro de 2007
Formigas no bolo de aniversário da Juliana...
Vejam (abaixo) que gracinha o texto da Luciana.
Eu ia escrever que no sábado, as crianças atrasaram um pouco e por isso, ficamos no alpendre da pró-gente, esperando que elas chegassem. Foi bonito ficar naquele sol, olhando pro portão e, aos poucos, e, em bandos, vermos as crianças apontarem lá na entrada. Sabíamos que eram as crianças dos roedores pela sacola. Ao longe, bem longe, as crianças felizes com suas sacolas; estavam transportando algo precioso... o livro. Maravilha perceber a felicidade de cada um, querendo contar como foi a leitura e já querendo outro livro para levar..... é como se o livro fosse uma missão que eles precisassem cumprir e cumprem de forma prazerosa.
Foram chegando, sentando, conversando..... depois entramos. Margareth ficou na recepção esperando o restante da turma chegar.... e foram chegando..... lá vem a temporada das flores, bando de pardais.
Lisianny, Luciana e Juliana roubaram a cena. Lisianny, atacou de formiga e foi um sucesso. Juliana pintou o sete porque era seu aniversário; Luciana, com suas caretas, nos fez chorar de tanto rir. Fisicamente, estava faltando vocês. Apenas fisicamente. Espiritualmente, sei que vcs estavam ali. Quanto as crianças, perguntavam por vcs a gente dizia que vcs tinham ido a um evento de contação de histórias e que na volta, teriam muitas histórias para contar.
Dia 25 de agosto, dia especial para os roedores, pois uma de suas integrantes, a Juliana comemorou o aniversário com as crianças no pró-gente, tornando o dia ainda mais festivo! Começamos o dia com a visita de uma formiguinha charmosa (Lisianny, contadora de histórias) que relatou-nos sua aventura deseperadora na neve, numa referência ao livro A formiguinha e a Neve adaptado por João de Barro.
As crianças, atentas acompanharam a contação , tentando ajudar nossa formiguinha a livrar-se do floco de neve que poderia transformá-la em "sorvete de formiga" argh!!!!! Mas tudo foi resolvido de maneira surpreendente com a chegada da primavera. Depois Juliana e Lisianny apresentaram outras histórias com seus livros multicoloridos que provocaram uma inquietante vontade nas crianças de escolherem os livros de nossa biblioteca e que levariam para ler durante a semana! Então nossa roedora responsável pelos livros, a Edna, liberou as princesas, super-heróis, bichinhos e monstros pras sacolas que cada uma levaria pra casa.
Como o dia foi festivo, o lanche não ficou fora do clima, após degustarem o delicioso pão com mortadela, a criançada cantou parabéns e comeu bolo!
Na sala de arte, entre lantejoulas, fitas, tecidos e papéis coloridos, coube a cada criança criar um marcador de página personalizado. As roedoras Vilma e Luciana não se cansaramm de comentar os surpreendentes resultados apresentados com entusiasmo e envolvimento de todos. Até os demais roedores confeccionaram seus marca-páginas. Boa idéia essa né? Pra incentivar e tornar a leitura ainda mais encantada, além de reforçar a idéia de que o hábito de ler deve fazer parte do cotidiano.
Pois é, queridos amigos... os Roedores de Livros estão por toda parte. Obrigada Luciana e Edna pela cobertura do sábado. Sintam-se convidadas a escreverem mais e mais. Beijos e abraços de letrinhas a todos. That's all, folks!!!
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
O pavão misterioso renasce em Brasília...
Igual suco de cajá
O desenho é de Brasília
E o texto do Ceará”
A quadra acima foi a dedicatória que recebemos na tão esperada nova edição d’O Pavão Misterioso publicada pela editora IMEPH. Digo nova edição. Não reedição. As ilustrações maravilhosas e inconfundíveis de Jô Oliveira são as mesmas que abrilhantaram a versão publicada em 1987 que temos aqui em casa. Naquela ocasião, o pernambucano radicado em Brasília adaptou para prosa os versos de João Melquíades Ferreira e de José Camelo Rezende publicados originalmente em cordel. Desta vez, 10 anos depois, a história fabulosa de “um rapaz muito engenhoso que raptou uma princesa num pavão misterioso” ganha novo fôlego nas 58 sextilhas do cordelista cearense Arievaldo Viana. O texto ganhou uma linguagem mais atual e juvenil aproximando a história secular do universo infantil.
O lançamento em Brasília acontece nesta sexta, 07 de setembro, a partir das 19h, na Praça dos Cordelistas da 26ª Feira do Livro de Brasília, com a presença de Arievaldo Viana e Jô Oliveira. Apareçam por lá. E aproveitem para garantir seu exemplar do pavão antes que ele suma pelos ares e se torne raro.
Por fim, deixo abaixo um aperitivo da beleza deste novo e belo pavão. Clique na imagem para vê-la numa melhor resolução.
As balas de hortelã de Marina Colasanti
Na palestra, brincou com sua origem e sua acolhida no Brasil: "Italiano é a língua da minha alma. Português é a língua da minha vida". Marina nasceu em Asmara (cidade localizada em território etíope que na época do seu nascimento era colônia italiana). Confessou que a morte prematura de sua mãe – quando Marina tinha apenas 14 anos – acelerou a intensidade da sua vida. Sempre leu muito. Foi a leitura a razão que a fez escrever. A outra coisa foi o diário. Mania de guardar segredos. Marina escreve diários – aqueles com chave e tudo mais - desde os 9 anos. Guarda-os todos em casa até hoje. “é de uma inutilidade”, ri de si mesma. Rimos juntos.
Chegou ao Brasil em 1948. Desejou ser atriz. Não deu certo. Decidiu ser artista plástica. Não conseguiu ganhar dinheiro com isso. Resolveu escrever. Deu no que deu.
Marina diz fugir dos rótulos: “Meu projeto é plural. Sou muito metida. Gosto do diferente. Prefiro o complicado. Corto grama com tesoura de unha”. Confessou ainda que precisa ser surpreendida pelo seu trabalho. E encerrou o porre de poesia com a frase: “Quero ser bala de hortelã pelo resto do dia na boca do meu leitor”.
Huummma delícia, não é mesmo? Pela foto abaixo, veja o treme-treme da minha emoção. Pois foi assim. Inté!
terça-feira, 4 de setembro de 2007
O Porre de Poesia!!!
Bartolmeu Campos de Queirós contou da sua infância em Papagaio, interior de Minas. “Nascer é ganhar o abandono, perder o paraíso, viver por conta própria. Em troca, a vida nos oferece a capacidade de fantasiar. A fantasia atropela o passado e vislumbra o futuro que não tenho”. Aí contou uma historinha que levarei comigo embalada na saudade que guardo do meu pai: “Quando era menino sentia muita sede à noite. E lá em casa, era meu pai quem acordava para matar minha sede. Mas ele não trazia água. Ia até ao lado da cama, levantava carinhosamente minha cabeça com uma mão e com a outra fazia um gesto que imitava o copo indo em direção à minha boca. Com a voz, fazia GUT, GUT, GUT. E eu bebia a mentira dele que matava a minha sede. Meu pai sabia LER que eu não queria água: queria ELE!!!”. Quanto a sua mãe, Bartolomeu conta que “lia na vasilha de arroz doce o carinho dela”. Falando do inexplicável deixou no ar a pergunta: - Quem colocou o desejo do açúcar no coração da formiga? Confessou: - Sou movido pelo afeto. Disse mais: - Reler comprova a minha desatenção e me rejuvenesce. Sobre o ato de escrever sussurrou: - Quando eu escrevo faço carinho em mim. Mas o melhor de mim não serve pra todo mundo. A gente só fantasia o que não tem. Eu só escrevo a minha falta!
Aí o assunto enveredou pela escola: Bartolomeu afirmou: “A Escola é servil. A Arte não é. Por isso é tão difícil levar a Literatura para a escola, visto que esta quer ter o poder de medir tudo, quer transformar tudo num instrumento pedagógico. Agora quero ver a escola conseguir medir QUAL CRIANÇA É MAIS FELIZ NO RECREIO”.Ao final, aplaudido de pé por minutos, Bartolomeu Campos de Queirós foi surpreendido por um parabéns a você público, puxado por Luiz Raul. Querido Poeta, que a vida lhe seja generosa em fantasias. Ainda estamos plenos daquele porre poético! Hatuna Matata.
Novo site de Jonas Ribeiro
Monteiro Lobato responde carta de leitora...
A pesquisadora apontou vários detalhes da carta (clique sobre a imagem acima para uma melhor visualização): desde a forma como se escrevia o ano (com três algarismos), passando pelo detalhe da data em si, mostrando que o autor, mesmo ocupadíssimo com a questão do petróleo, arranjou tempo e atenção para responder a missiva de uma criança encantada com o seu Sítio. Numa leitura mais atenta, percebe-se que Lobato entra na fantasia do seu universo. Fala da língua alemã referindo-se a um título germânico que ele havia traduzido (Barão de Munchausen) e ainda dá um pito nos editores, reclamando do atraso na publicação do novo livro. Ainda dá dicas sobre os bastidores da criação. Tudo isso – e mais – nas entrelinhas daquele datiloscrito (datilografia corrigida à mão). Uma aula de história e de respeito ao leitor. Ao final, mais aplausos. O espectro negativo que baixou na tarde anterior se dissipou por completo na carta de Lobato, nas palavras de Lajolo. Almocei deliciosos bolinhos fantasiosos de Tia Anastácia. Pausa para o cafezinho. Suspiros. That’s all, folks!
Roedores no Museu da Língua Portuguesa
Desculpe aos que esperavam nossas palavras sobre esta manhã imperdível no seminário, mas havia um sonho a ser realizado: conhecer o Museu da Língua Portuguesa. Dizem que todo mulçumano deve ir à cidade de Meca pelo menos uma vez na vida. Depois da nossa visita acho que todo brasileiro deveria ter o direito (e meios para isso) de visitar o Museu da Língua Portuguesa uma vez na vida. Impossível sair de lá sem ter no peito a chama da paixão queimando de tanto orgulho e felicidade de pertencer a esta língua. Sim, pertencer. Penso em português, falo, sinto nesta língua!!!
O museu fica na Estação da Luz (se você estiver de bobeira, pode dar uma esticadinha cultural na Pinacoteca do Estado se São Paulo, que fica ao lado) e abre a partir das 10 da manhã. Eu, por ser professora, entrei de graça. O Tino, por ser músico e jornalista pagou R$ 4,00. Precinho especial para tamanho prazer (aos sábados a visitação é gratuita). Rapidamente subimos para o terceiro piso com um grupo de estudantes do interior de Minas Gerais. Num auditório com um super telão foi projetado um curta falando sobre a importância cultural da Língua para a humanidade. Depois, a parede onde o curta é projetado abre-se convidando-nos a entrar na Praça da Língua, o espaço mais emocionante. Repleto de projeções por todos os cantos (pisos, paredes, tetos) vozes conhecidas declamam os mais belos poemas. A silêncio de uma turma de 100 adolescentes é de impressionar. A escuridão da sala nos deixa mais atento as palavras. Da definição da boneca Emília (leia-se Monteiro Lobato) sobre a vida ser pisca-pisca, passando por Guimarães Rosa dizendo que “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura” até o mais emocionante: ouvir Maria Bethânia sussurrar Fernando Pessoa em nossos atentos ouvidos: “Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma”. A produção de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski emociona do início ao fim. Já pagou o ingresso (incluso as passagens de avião Brasília – São Paulo, o ônibus de Guarulhos ao Itaim e tudo o mais).
Mas não pára por aí: descemos ao segundo piso. Lá, o genial Beco das Palavras (onde brincamos de criar palavras num grande, divertido e interativo jogo virtual), a Grande Galeria (projetando num imenso corredor vários filmes simultaneamente), os pilares com as línguas que deram origem ao nosso português (africanas, indígenas, espanhola, inglesa, francesa...), a linha do tempo... por falar em tempo, não adianta ir com pressa.