domingo, 28 de fevereiro de 2010
Aos 95 anos, morre José Mindlin, um dos homens mais apaixonados por livros do planeta.
Para quem deseja se aproximar um pouco da paixão que José Mindlin os Roedores de Livros recomendam dois livros que foram lançados recentemente e escritos como uma mini biografia pelo próprio Mindlin:
REINAÇÕES DE JOSÉ MINDLIN (Ática, 2008) - voltado para o público infantil (mas nós adoramos também) e...
NO MUNDO DOS LIVROS (Agir, 2009) - histórias MARAVILHOSAS de quem era apaixonado por livros e como ele fazia para conseguir obras raras num tempo em que não havia internet e outras facilidades do mundo moderno.
Brasileiros no Chile
Por favor, amigos, passem essa mensagem adiante e façam chegar ã grande impressa. Caso queiram, utilizem o serviço de comentários para enviar mensagens e informações para nós.
Entre as centenas de brasileiros lamentavelmente surpreendidos pelo terremoto chileno, há um grupo de participantes de um Congresso Iberoamericano de Literatura Infantil. São por volta de quarenta , alguns dos quais convidados da fundação espanhola SM e do governo chileno. Entre estes, as duas brasileiras ganhadoras do premio Hans Christian Andersen, Lygia Bojunga e Ana Maria Machado, esta membro da Academia Brasileira de Letras. Estao também em Santiago escritores e ilustradores, funcionários do alto escalão do MEC e do MINC, pesquisadores e especialistas em literatura brasileira , bem como os promotores de nossas mais importantes iniciativas em prol da leitura. Ainda que todos passem bem, estão ansiosos por providências que permitam seu retorno ao país o mais breve possível.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Decorando a "nova" toca dos Roedores de Livros
As semanas foram se passando e a nova "toca" foi ganhando um pouco da nossa cara a partir das doações que foram chegando. Tinta para a pintura do espaço, "choro" para que a mão de obra ficasse mais em conta, a descoberta da necessidade de grades para evitar pichações, quadros para as paredes ficarem mais convidativas ao olhar, amigos e outros tantos voluntários nos cercando de atenção e enfim... depois de algumas semanas, tudo ganhou um colorido cheio de motivação. Motivação que inspirou a nossa nova parceira - Clara Etiene - a escrever o belo relato que publico a seguir:
“Era uma casa muito engraçada... não tinha teto, não tinha nada...”
Primeiro chegaram as estantes trazidas pelo Célio; pesadas, grandes, bonitas, representam a fortaleza do zelo. As caixas de livros vieram no carro da Edna, eles têm sido, já há algum tempo, seus ilustres passageiros; o pessoal da Associação dos Feirantes do Shoppping Popular e a Dona Ana, nossa amiga nessa empreitada, cuidavam da limpeza do espaço. Eu, contadora desta memória, andava por lá procurando o pintor para que ele fosse das os retoques que ficaram faltando na pintura. Não o encontrei até agora...
Coisas misteriosas aconteciam naquele lugar, o pintor não foi encontrado, assim como não foram encontradas as chaves do carro da Ana Paula que aflita ligava de sua casa reclamando a própria ausência naquele dia de arrumações e mudanças. Mas, uma roedora brasileira não desiste nunca, Ana Paula pediu ajuda e chegou ao nosso espaço com “mala e cuia”: casinha para guardar objetos, arquivo colorido, almofadas estampadas, quadro de avisos e lindas telas que mais tarde iram parar na vidraçaria mais próxima para a preparação das molduras.
No final da tarde, esperamos a Ana almoçar, e fomos para nosso primeiro “encontro técnico”, sentadas nas almofadas coloridas, falamos do Projeto...surgiram tantas idéias, ponderamos sobre algumas decisões e, de repente, nos sentimos em casa... Era como se aquele espaço, antes vazio, sem cor, sem nada, a partir daquele momento abrigasse todas as nossas histórias, leituras e sonhos.
Fechamos tudo, guardamos as caixas de livros, viemos embora e deixamos os contos, romances, poemas, travessuras e sonhos nos esperando até o próximo sábado...
Bem, só sei que foi assim. Depois vieram alguns dias de férias de verdade, o retorno para os afazeres do início do ano, mas o desejo de recomeçar era tão forte que em plena quarta feira de cinzas realizamos a última etapa antes de encontrarmos as crianças: uma reunião com a ASFESCEI (associação dos feirantes, responsável pelo local). Ali, apresentamos o espaço reformado e as ideias dos projetos. Também ouvimos muito o que todos tinham a dizer. Ficou claro que ligar o motor da fantasia a serviço de uma comunidade melhor é a vontade de todos. Hatuna Matata!
P.S. Na foto acima, da esquerda para a direita, em pé: Sales, Lindalva, Francisco, Ana Maria, Milton, Tuna e Edna. Sentados: José Carlos, Eu (Ana Paula), Lís Maria, Clara Etiene e Tino Freitas. Eis a nossa seleçào para 2010.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Confraria Reinações - mais um encontro.
Somos um grupo de pessoas que curte a literatura feita pra crianças e adolescentes e há quase três anos resolvemos nos reunir mensalmente para conversar sobre LIJ. Já realizamos 33 encontros. Em 2009, foi criada uma extenção da Reinações na cidade de Caxias-RS. Já realizamos também dois saraus cujo público-alvo foram crianças e adolescentes, algumas mesas-redondas e um seminário sobre clássicos durante a Feira do Livro de 2010. As atividades são sempre gratuitas e abertas a que quiser aparecer.
Descobrindo a nova toca dos Roedores de Livros
Chegamos devagar, com os olhos curiosos e cheios de esperança. Com o desejo latente de desfrutar de um teto certo para nossas atividades semanais. Um abrigo para os nossos livros que em 2009 se espremeram em caixas de papelão enquanto nossas estantes esperavam vazias o momento de novamente se enfeitarem de livros e encher de fantasia os olhos das crianças.
O lugar estava lá. Esperando por nós. Pedindo um carinho. Uma cor. Uns quadros. Gente entrando e saindo. No coração dos Roedores, além do desejo de uma toca nova, o suspiro ansioso e cheio das dúvidas que chegam a cada recomeço. A cada mudança.
Fazer a mediação sob o céu azul de Ceilândia, sobre um tapete vermelho, ao abrigo da sombra de um pinheiro tem um rico valor simbólico e é bem poético. Mas, na prática, a buzina, a fumaça e o som dos motores dos carros, o sol, a fina poeira vermelha, o frio e a chuva jogavam contra nós. A favor, as crianças, os livros e a vontade de todos de transformar o Homem.
Saímos daquela primeira visita com uma lista inicial de ítens para uma reforma. Lista que ainda cresceria bastante até a "toca" ficar com a cara dos Roedores de Livros. E que só se tornou real a partir da resposta de queridos amigos ao nosso chamado. Uma campanha que correu à boca miúda e que serviu ao seu propósito: nos ajudar a oferecer um espaço digno de receber a fantasia, livros, leitores e "Roedores". Desde já agradecemos a todos que colaboraram. No próximo post vocês verão que estamos de "Casa Nova". Hatuna Matata.
Inscrições para participar do VIVA E DEIXE VIVER no DF.
Um dos braços da ASSOCIAÇÃO VIVA E DEIXE VIVER atua em Brasília desde 2007 fazendo um importante trabalho de humanização através da Contação de Histórias com atividades no HRAS (Hospital Regional da Asa Sul). Agora abre inscrições para quem deseja participar das suas ações no Hospital Regional de Samambaia. Para mais informações é só CLICAR AQUI. Há ainda processos de seleção acontecendo em cidades como São Paulo. Saiba mais no site da associação. Hatuna Matata.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Literatino - o blog do Tino Freitas.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
LEITURA: Prazer e Gosto - Uma entrevista com Maurício Leite.
A seguir, publico apenas um aperitivo da entrevista, que está no site do INSTITUTO C&A.
Instituto C&A – Como você define seu trabalho?
ML – O que tento fazer de uma forma menos poética e mais científica é despertar nas pessoas o gosto pela leitura. Sem blá-blá-blá, teatrinho, bonequinho, dancinha... O objeto principal do meu trabalho é o livro.
Instituto C&A – E é possível formar um leitor? Há caminhos a serem seguidos?
ML – Acho que sim. Para isso, tem que ter livros e um plano de trabalho, um programa para o livro. Tem que saber até onde você vai levar esse leitor. Eu trabalho com a criança como se fosse o último dia da minha vida, porque não sei quanto tempo vou ter ali para alimentar aquela fome de livro e de leitura nela. Faço o trabalho como se fosse a última vez. Mais do que ficar falando da importância de ler, é fundamental sentir na pele o prazer e o gosto da leitura. Não vejo outras palavras quando se vai trabalhar com leitura: prazer e gosto. É sempre importante lembrar que a literatura não é uma coisa técnica. É arte e é prazer. E você não pode dar um prazer mecânico. Você não pode dar uma coisa que não tem. Se não aconteceu com você, não pode acontecer com outro. Não é verdadeiro.
NESTE LINK você acessa a entrevista completa.
domingo, 31 de janeiro de 2010
"Ler é uma aventura"
“LER É UMA AVENTURA”
A gaúcha Lígia Cademartori, colaboradora do Correio, radicada em Brasília há mais de 20 anos, é uma das mais importantes pesquisadoras da história da leitura no Brasil. Mas, antes de tudo, é uma leitora apaixonada, uma dependente química dos livros. Ela se revolta com o fato de que os professores quase sempre são colocados na condição de instrumentos dos projetos de leitura e não de sujeitos pensantes. Lígia acaba de publicar O professor e a literatura para pequenos, médios e grandes, em que defende uma visão original e polêmica da leitura em uma era do bombardeio dos meios de comunicação de massa e do império do consumo. Ela sustenta que detestar um livro pode ser algo bem interessante e o importante é ler com paixão.
Você escreve sobre muito sobre os desafios para a formação de leitores. Mas, afinal, como se tornou uma leitora?
Eu não poderia deixar de ser leitora porque nasci em uma casa de leitores. Meu pai era um empresário apaixonado por filosofia e poesia, e a minha mãe devorava romances e gostava de cinema. O meu pai era o que chamo de leitor dependente, ou seja, aquele que não vive sem leitura. Quando estava para morrer, sobrevivendo na base do soro, perguntei se ele não precisava de alguma coisa. Então ele me pediu para abrir um jornal e se aproximar dele para que pudesse ler. Argumentei que ele não podia, pois estava tomando soro e ele respondeu: “Fazer soro sem ler enlouquece”.
Mas viver em uma sociedade de consumo sem ler também não enlouquece?
Olha, estamos vivendo uma situação perturbadora: não somos mais do que consumidores. Você é um consumidor classe A, B ou C. É terrível, mas desde o instante em que chegam à escola, as crianças são avaliadas pela marca do tênis ou da mochila. Todos procuram se adequar aos padrões do consumo para sobreviver. Quem não se enquadra é excluído, pois a sociedade de consumo é bastante totalitária e intransigente.
Qual a responsabilidade da escola nesse processo? Ela não poderia ter uma postura menos passiva em relação ao mundo do consumo?
As crianças já nascem com uma pauta de consumo e a escola é um cenário desse processo. A escola já produziu símbolos, já foi referência, mas, hoje, ela só repercute o que ocorre no mundo da mídia. Mas, para que ela interfira na formação das crianças é preciso que os professores sejam leitores, é preciso que eles não se rendam à pauta do consumo e ao grande jogo de interesses que envolve o mercado editorial. A literatura é uma provocação e um convite para o ser, para a sua singularidade, para ouvir a sua voz.
É possível transmitir a paixão pela leitura sem gostar de ler?
Eu perguntei a um professor que estava indicando alguns livros: “Você gostou?” E ele respondeu: “Ainda não li”. Que critério está comandando essa escolha? Muito possivelmente o da publicidade. É preciso conceder aos alunos a liberdade de se manifestar com franqueza sobre a sua experiência de leitura. Deixa eles dizerem que detestaram, que odiaram, que acharam um saco. Não gostei dá uma discussão fantástica. Não gostar é um efeito tão importante quanto gostar. A função da literatura não é formar consensos, é colocar os sentidos em tensão. Qualquer coisa que não seja a apatia é boa.
Como despertar o interesse pelo livro em uma sociedade da informação, sob um bombardeio vertiginoso de estímulos e seduções?
Hoje, as escolas de primeiro e segundo graus têm muito mais livros do que há 30 ou 40 anos. No entanto, não podem concorrer com a velocidade e o processo avassalador da informação instantânea. O professor tem de saber que não vai entrar pela porta da frente, mas sim pela fresta. Na era da velocidade ele vai propor: pare com tudo, vamos fazer a experiência lenta, mas essencial da leitura. Ela é uma aventura do sentido.
O que Monteiro Lobato poderia fazer se estivesse vivo?
Monteiro Lobato não concorreu com os meios de comunicação. A minha geração sempre teve a literatura por perto. Só existiam o livro, o rádio e a eletrola. O Lobato formou toda uma geração de leitores com novos valores. Ele era um racionalista, formou uma geração de crianças críticas e irreverentes. Lobato insinuou, sem que os pais percebessem, uma moral relativa, que rompia com as ideias prontas e a moral absoluta.
Você acha que é possível estabelecer uma relação espiritual com os autores que a gente lê nos livros?
Certa vez, quando eu trabalhava em uma instituição do governo, relacionada aos livros, recebi um telefonema e a voz do outro lado da linha se identificou: “Eu sou filha do Monteiro Lobato”. Eu disse para ela: “Eu também”. A minha maneira de ver o mundo foi muito influenciada pelo espírito crítico do Lobato.
Tivemos uma produção de literatura infanto juvenil de alta qualidade com a Ruth Rocha e a Ana Maria Machado. Elas não fizeram a cabeça de várias gerações de crianças?
São autoras que tiveram uma função muito importante porque a obra delas questionou muito os valores opressivos de um país que vivia sob uma ditadura militar. Elas fizeram a sátira e a crítica do poder em uma sociedade autoritária. Mas a literatura dirigida às crianças e aos adolescentes não fala mais das relações do poder.
O que mudou e quais são os traços marcantes da nova literatura para crianças e adolescentes?
Eu detecto mudanças em dois aspectos: no plano formal e nos temas. No plano formal, o desenho e os textos passaram a ter a mesma importância. As imagens não se limitam mais a serem ilustrações do texto. É como se as imagens narrassem uma história e o texto outra. Essa tendência é bastante significativa em uma cultura em que a imagem ocupa um espaço avassalador no imaginário das crianças. E, neste sentido, valeria a pena citar dois nomes: Fernando Vilela e o brasiliense Roger Mello. Em nossa sociedade eminentemente visual, em que tudo passa pela tevê, a nova literatura seduz pela imagem. O brasiliense Roger Melo é um dos maiores ilustradores do mundo. É uma grife em qualquer bienal internacional do livro. O outro aspecto interessante na literatura do século 21 é a tendência a ver e respeitar as diferenças. Você não vê o outro como objeto do seu olhar, mas como sujeito. Uma obra como Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela, aproxima diferentes culturas diferentes e aparentemente distantes. Aprender a ver o outro é o traço essencial dessa nova literatura.
Por que a sua ênfase nos clássicos?
Questiono o absolutismo do conceito de literatura juvenil. O exemplo do que ocorreu com o escritor Luiz Rufatto me parece muito bom. Ele tinha 12 anos, morava em uma cidadezinha do interior de Minas, passou por uma biblioteca, mas não estava à procura de nenhum livro. Uma bibliotecária lhe indicou um livro russo de leitura adulta que, a princípio, não tinha nada a ver com a realidade imediata dele, em vez de replicar o que se passa na tevê. O livro teve um enorme impacto em sua sensibilidade e despertou sua veia de escritor. Sou capaz de apostar que o livro da Feiurinha, escrito pelo Pedro Bandeira, que serviu de base para o filme da Xuxa, estará na maioria das listas de livros a serem indicados nas escolas. A literatura também virou um item do consumo e do mercado. Por isso, eu tenho reivindicado, quixotescamente, que o professor leia para que ele mesmo seja capaz de fazer a sua lista.
Você escreveu um livro preocupada com a relação didática dos professores com os alunos e, ao mesmo tempo, afirma que nem todos serão leitores. Não é uma contradição?
Sou filha única e todas as minhas notas em matemática eram ruins, ficavam abaixo da média em outras matérias. Os meus pais contrataram os melhores professores de matemática, mas não adiantou, não consegui me apaixonar por aquilo. Tenho uma amiga que fica acordada até de madrugada, no gelo do Rio Grande do Sul, para fazer cálculo. Ela é louca por aquilo. Fui também aluna medíocre de música e abandonei o piano no dia em que a professora disse que, a partir dali, eu teria de me dedicar cinco horas por dia. Eu perguntei: e que tempo terei para ler? Ela disse: você não terá. A escola tem a obrigação de dar competência textual aos alunos, ensinar a ler e a escrever. Mas a paixão pela leitura também é uma vocação.
A que leitor se refere quando afirma que nem todos serão leitores?
Há o sujeito que lê eventualmente, que está de férias e compra um livro para ler na praia. Mas estou falando de gente que não pode viver sem ler.
Ler também cria dependência química?
Sim, tem gente que não consegue viver sem ler, não consegue parar de ler.
O Roland Barthes afirma que da mesma maneira que existe um obscurantismo do saber existe um obscurantismo do prazer. Ou seja: há prazeres que desconhecemos. Você concorda?
Concordo plenamente, é um prazer que exige iniciação, mas acho também que a leitura é uma aventura da subjetividade. A leitura é doação de sentido. Quem dá o sentido é quem se emociona, é o sujeito. Nem sempre essa aventura será do prazer. Ela pode ser dolorosa. E também você precisa admitir que algumas pessoas não têm esse prazer. O nosso magnífico poeta João Cabral de Melo Neto destestava música e teatro. Mas por causa disso, ele criou uma poesia toante, uma antimúsica, uma poesia a palo seco.
Por que abandonar o programa Big Brother Brasil para ler um livro?
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Cadê o Juízo do menino?... foi visto na lista dos melhores livros para crianças de 2009 do ESTADÃO.
Clique sobre a imagem acima para ler a apresentação publicada no suplemento infantil ESTADINHO ESPECIAL. Abaixo o texto que fala sobre as desparafuzices do nosso menino sem juízo. Hatuna Matata.