Foi no intervalo da palestra de Odilon Morais na Feira do Livro de Porto Alegre de 2008 que ele me chamou para mostrar o livro que guardava com carinho, orgulho e felicidade na sua pasta. Peguei o livro, pedi licença e fui ter uns minutinhos a sós com O GUARDA CHUVA DO VOVÔ (Carolina Moreyra, com ilustrações de Odilon Morais, DCL). Um livro delicado, repleto de sabores da minha infância (quintais, férias na casa dos avós e muita, muita saudade).
Odilon sorriu com os olhos quando me viu arrepiar ao final do texto poético da sua esposa. Ficamos em silêncio até ele retomar o livro e me perguntar as impressões. Falei pouco, mas foi impossível não comentar a beleza da última ilustração. Ele confessou que - assim como para encontrar a solução final de O MATADOR (Wander Pirolli, Leitura) - queimou muitos neurônios para - inspirado num outro artista, resolveu a ilustração.
Ainda em 2007 eu e Ana Paula ouvimos falar de ZOO, livro com frases do genial João Guimarães Rosa, acerca do mundo animal, compiladas por Luiz Raul Machado, ilustrada por Roger Mello, que também assina o projeto gráfico). Roger estava - assim como aconteceu com ZUBAIR - acertando os detalhes gráficos para a impressão do livro tão original no formato. O homem é um gênio na arte de ilustrar. Mas seu talento para criar livros "diferentes" é um espanto. (Veja o Zoo aberto na foto abaixo).
Pois estes dois livros (O Guarda Chuva do Vovô e Zoo) estão entre as 16 publicações laureadas com o título O MELHOR PARA CRIANÇA ou O MELHOR PARA JOVEM, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), para livros publicados em 2008. O Guarda Chuva do Vovô ganhou em duas categorias (Criança e Escritor Revelação). Zoo ganhou como Projeto Editorial. A lista de livros premiados da FNLIJ é esperada ansiosamente por todo o mercado pois ajuda a alavancar vendas e reconhece o trabalho árduo de vários profissionais envolvidos na produçào do livro.
Dos livros da lista, 14 fazem parte da estante dos Roedores de Livros. Ontem, numa visita a uma livraria, trouxe Kafka e a boneca viajante (Jordi Sierra i Fabra, Martins), mas ainda não o li. Vamos aos outros premiados:
Rabisco (Michele Iacocca, Ática) venceu na categoria Imagem (livro sem texto);
O Livro Inclinado (Peter Newel, Cosac & Naify) venceu na categoria Traduçào Adaptação / Criança;
O Gato e o Escuro (Mia Couto, com ilustrações incríveis de Marilda Castanha, Cia das Letrinhas) venceu na categoria Literatura em Língua Portuguesa;
Um Livro de Horas, preciosa edição bilíngue com poemas de Emily Dickinson traduzidos e ricamente ilustrados por Ângela-Lago (Ática) venceu como Melhor Ilustração;
As 14 pérolas da Índia em que Ilan Brenmann escreve ótimas histórias cheias de sabedoria (ilustrado por Ionit Zilbermann, Brinque Book) ganhou na categoria Reconto;
Histórias da Avó (Burleigh Muten, com ilustrações de Sian Bailey), um livro belo e cheio de ótimas histórias sobre mulheres sábias, venceu na categoria Tradução / Adaptação Reconto;
O Menino Poeta (Henriqueta Lisboa, Peirópolis) ganhou nova e premiada edição com ilustrações e projeto gráfico assinados por Nelson Cruz, o que tornou este um livro ainda mais rico, venceu na categoria Poesia;
O Fazedor de Velhos, de rodrigo Lacerda, que me encantou com sua história sobre a busca de um jovem por sua identidade (ilustrações de Adrianne Gallinari, Cosac & Naify) é o melhor para o Jovem;
Pelos Jardins Boboli (Rui de Oliveira) foi o grande lançamento no Salão da FNLIJ do ano passado. É um primor em informações sobre a arte de ilustrar cercado de um projeto gráfico ousado e belíssimo. Ganhou como melhor Teórico;
O Almanaque Machado de Assis também veio na mala de livros que trouxemos para casa depois do Salão da FNLIJ. Luiz Antônio Aguiar conseguiu compilar de forma original a vida e obra do Bruxo do Cosme Velho num ano (2008) em que outras tantas obras falaram sobre Machado de Assis, vencendo na categoria Informativo;
E O Livro das Perguntas, tradução de Ferreira Gullar para texto clássico de Pablo Neruda com fotografias da arte de Isidro Ferrer, numa edição caprichisíssima da Cosac & Naify, venceu também na categoria Poesia (tradução, imagino). Presenteamos cinco amigos com esta edição.
Saiba mais sobre outros livros premiados e sobre o 11º Salão FNLIJ (que acontecerá em junho) visitando o SITE DA FNLIJ.
Se esta seleção servir de estímulo para visitar a livraria, já valeu à pena escrever este post. Boa leitura. Hatuna Matata.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Tiririca, sombra e história fresca...
A tiririca tomava conta da grama em frente do Centro Comunitário da Criança. Ano passado, muitas atividades do projeto aconteceram ali. No sábado, 09 de maio, o sol estava pedindo para ouvir umas histórias e o Wellington (funcionário da creche) se prontificou a aparar um cantinho para a leitura lá fora.
Todos acomodados no tapete - que ficou pequeno naquela manhã - esperamos somente o fim do barulho do cortador de grama para começar as atividades. Quis saber da turma quem tinha lido os livros daquela semana. Uns disseram que sim, outros disseram que não. Outros - como o Mateus - fizeram um resumo da sua leitura.
O primeiro livro da mediação foi Bicos Quebrados (Nathaniel Lachenmeyer, Global). Num primeiro momento, as crianças também desprezaram o personagem principal. Foi muito bonito ver a virada da percepção da turma. O livro pescou o interesse de todos. Sucesso total. Escolhemos alguns contos de A Formiga Aurélia e Outros Jeitos de Ver o Mundo (Regina Machado, Cia das Letrinhas). O livro, divertido e inteligente, também prendeu a atenção da turma. A Princedinha Medrosa (Odilon Morais, Cosac & Naify) foi a última leitura daquele dia. No meio de tantos medos, a turma gostou muito das ilustrações do autor. O livro ficou ainda menor para tantos olhares.
Depois, como de costume, abrimos a CAIXOTECA e deixamos todos bem à vontade para escolher uma leitura ali na hora e para levar para casa. É sempre uma festa. Os mais velhos lêem para os mais novos, trocam livros entre si, fazem uma leitura solitária.
O livro é o centro das atenções. Sacolas penduradas com dois livros para cada criança. Uma semana para descobrir as histórias. E a gente volta pra casa feliz. Esperando chegar o próximo encontro.
Felizes, porém cansados.
Hatuna Matata!!!
Todos acomodados no tapete - que ficou pequeno naquela manhã - esperamos somente o fim do barulho do cortador de grama para começar as atividades. Quis saber da turma quem tinha lido os livros daquela semana. Uns disseram que sim, outros disseram que não. Outros - como o Mateus - fizeram um resumo da sua leitura.
O primeiro livro da mediação foi Bicos Quebrados (Nathaniel Lachenmeyer, Global). Num primeiro momento, as crianças também desprezaram o personagem principal. Foi muito bonito ver a virada da percepção da turma. O livro pescou o interesse de todos. Sucesso total. Escolhemos alguns contos de A Formiga Aurélia e Outros Jeitos de Ver o Mundo (Regina Machado, Cia das Letrinhas). O livro, divertido e inteligente, também prendeu a atenção da turma. A Princedinha Medrosa (Odilon Morais, Cosac & Naify) foi a última leitura daquele dia. No meio de tantos medos, a turma gostou muito das ilustrações do autor. O livro ficou ainda menor para tantos olhares.
Depois, como de costume, abrimos a CAIXOTECA e deixamos todos bem à vontade para escolher uma leitura ali na hora e para levar para casa. É sempre uma festa. Os mais velhos lêem para os mais novos, trocam livros entre si, fazem uma leitura solitária.
O livro é o centro das atenções. Sacolas penduradas com dois livros para cada criança. Uma semana para descobrir as histórias. E a gente volta pra casa feliz. Esperando chegar o próximo encontro.
Felizes, porém cansados.
Hatuna Matata!!!
segunda-feira, 18 de maio de 2009
O primeiro livro a gente nunca esquece...
Hoje recebi a notícia que foi o melhor presente que um Roedor de Livros poderia receber no dia do seu aniversário:
A editora informou que NESTA SEGUNDA, 18 de maio, os arquivos do meu PRIMEIRO LIVRO vão para a gráfica. O primogênito intitula-se CADÊ O JUÍZO DO MENINO, ganhou asas nas ilustrações absurdamente geniais de MARIANA MASSARANI e ninho nos braços carinhosos e competentes da equipe da MANATI. O projeto ficou LIIIINNNDDDOOOOOOOOOOOOOO!!! Aqui em casa tá uma festa só. E eu não poderia fazer outra coisa que não dividir essa alegria com vocês.
Aos poucos, vou contando sobre o livro, como e quando a ideia surgiu, a emoção de receber um telefonema da editora, a ansiedade, o silêncio – para evitar o mau olhado – até chegar hoje e poder desembrulhar a notícia e distribuir entre os amigos. Por enquanto deixo só a capa para vocês irem acostumando o olhar…
O lançamento acontecerá daqui a um mês, 19 de junho, 15h, no CENTRO CULTURAL AÇÃO DA CIDADANIA, durante o 11º Salão FNLIJ, no Rio de Janeiro. Acho que depois disso ele estará à venda nas livrarias e na internet. Lançaremos também em Fortaleza, Sampa e Porto Alegre – confirmo as datas logo, logo.
Hauna Matata!
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Criança dá trabalho!!!
Às vezes, olhando as fotos, até eu imagino que no projeto tudo é muito fácil, que as crianças não dão trabalho, que se comportam na hora de ouvir uma boa história, que são quase santas. Mas não se esqueçam: elas são crianças!!! Alguns dias querem mais é brincar, querem mais é zoar com o outro, querem mais é o lanche, querem mais outra coisa que não a leitura. Fazer o quê? Às vezes, vem tudo junto. Foi mais ou menos isso o que aconteceu na manhã de sábado, 02 de maio.
Naquele dia, recebíamos a visita ilustre do querido Rafael Cordeiro (na foto acima), amigo dos livros, amigo dos Roedores de Livros, universitário, funcionário da Livraria Cultura de Brasília, um dos responsáveis por indicações das novidades literárias que muitas vezes levamos para tomar café ali mesmo, na loja, e - outras tantas - depois do café, levamos para casa.
Mas sabemos que Arnaldo Antunes tem toda razão ao dizer que: "Criança não trabalha! Criança dá trabalho!!!". Quando o projeto foi acontecer na Ceilândia (DF), em 2007, nós éramos todos verdes no trato e maduros na teoria. Muitas vezes pensamos em desistir da leitura no meio da história, em gritar mandos e desmandos, em juntar os livros e voltar para casa. Sim, somos passíveis de erros. Mas, apesar das intempéries, aprendemos a seguir na tempestade com um mínimo de senso de direção. Com o tempo, descobrimos que é o amor pelas crianças que nos move, antes mesmo do desejo de espalhar o gosto pela leitura.
Nossas crianças são ricas em fantasias e problemas. Tem a que repetiu o ano; o que, envergonhado, cala o fato de não ter telefone; a que aparece sempre com a ficha sem a assinatura da mãe ou responsável (mas vai toda semana - Tia, eu esqueci!!!); o que leva livro para o pai ler; a que ainda não sabe ler, mas finge muito bem; o que chega sempre atrasado e com sono pois a mãe trabalha até tarde da noite, em casa, na mais antiga profissão do planeta; enfim, um mar de histórias, nem sempre felizes. E a gente precisa de paciência e sabedoria (escrever isso aqui é até fácil - ao vivo é bem diferente) para lidar com os imprevistos de comportamento. Na verdade achamos que um psicólogo seria uma grande aquisição para o grupo.
Desculpem o desabafo, mas é que naquele sábado a turma estava particularmente dispersa, motivados por uma criança que tem testado nossos limites desde o início das atividades deste ano. Clama sempre por atenção e, com isso, atrapalha o rendimento de todos. Mas sabemos que o que lhe falta é carinho. Vale à pena conquistar pelo amor e respeito. Esperamos que ele não desista de nós.
Depois de abusar da paciência de vocês com este desabafo, gostaria de dizer que antes da dispersão o Tino orquestrou uma mediação cheia de "puns" coletivos na leitura do divertido O HOMEM QUE SOLTAVA PUM (Mário Prata, com ilustrações de Patrício Bisso, Caramelo). As crianças adoram temas escatológicos. Eu fiquei com a mediação de VIVIANA, RAINHA DO PIJAMA (Steve Webb, Salamandra). Foi aí que a dispersão se deu, não por causa do livro - que é ótimo para se contar. Foi difícil retomar o controle, mas consegui contar a história e a maioria se divertiu muito tentando advinhar os pijamas dos convidados da festa da protagonista. UFA!!!
Depois de renovadas as fichas, retomamos os empréstimos de livros e, sob o controle da Edna, cada um do grupo levou dois livros para ler em casa. Semana que vem a gente vai saber deles as primeiras impressões dessas leituras. Fizemos ainda a segunda reunião do Clube de Leitura com os mais "velhos". Mas quero escrever sobre o Clube numa outra ocasião. Por fim, para descontrair, Tino encerrou as atividades daquele dia com uma série de brinquedos cantados como o Andar de Trem e o ensurdecedor Scubidú. Mais do que nunca: Hatuna Matata!!!
P.S. Valeu a visita, Rafael!!! E os biscoitos estavam de-li-ci-o-sos!!!!!!!!!!!
Naquele dia, recebíamos a visita ilustre do querido Rafael Cordeiro (na foto acima), amigo dos livros, amigo dos Roedores de Livros, universitário, funcionário da Livraria Cultura de Brasília, um dos responsáveis por indicações das novidades literárias que muitas vezes levamos para tomar café ali mesmo, na loja, e - outras tantas - depois do café, levamos para casa.
Mas sabemos que Arnaldo Antunes tem toda razão ao dizer que: "Criança não trabalha! Criança dá trabalho!!!". Quando o projeto foi acontecer na Ceilândia (DF), em 2007, nós éramos todos verdes no trato e maduros na teoria. Muitas vezes pensamos em desistir da leitura no meio da história, em gritar mandos e desmandos, em juntar os livros e voltar para casa. Sim, somos passíveis de erros. Mas, apesar das intempéries, aprendemos a seguir na tempestade com um mínimo de senso de direção. Com o tempo, descobrimos que é o amor pelas crianças que nos move, antes mesmo do desejo de espalhar o gosto pela leitura.
Nossas crianças são ricas em fantasias e problemas. Tem a que repetiu o ano; o que, envergonhado, cala o fato de não ter telefone; a que aparece sempre com a ficha sem a assinatura da mãe ou responsável (mas vai toda semana - Tia, eu esqueci!!!); o que leva livro para o pai ler; a que ainda não sabe ler, mas finge muito bem; o que chega sempre atrasado e com sono pois a mãe trabalha até tarde da noite, em casa, na mais antiga profissão do planeta; enfim, um mar de histórias, nem sempre felizes. E a gente precisa de paciência e sabedoria (escrever isso aqui é até fácil - ao vivo é bem diferente) para lidar com os imprevistos de comportamento. Na verdade achamos que um psicólogo seria uma grande aquisição para o grupo.
Desculpem o desabafo, mas é que naquele sábado a turma estava particularmente dispersa, motivados por uma criança que tem testado nossos limites desde o início das atividades deste ano. Clama sempre por atenção e, com isso, atrapalha o rendimento de todos. Mas sabemos que o que lhe falta é carinho. Vale à pena conquistar pelo amor e respeito. Esperamos que ele não desista de nós.
Depois de abusar da paciência de vocês com este desabafo, gostaria de dizer que antes da dispersão o Tino orquestrou uma mediação cheia de "puns" coletivos na leitura do divertido O HOMEM QUE SOLTAVA PUM (Mário Prata, com ilustrações de Patrício Bisso, Caramelo). As crianças adoram temas escatológicos. Eu fiquei com a mediação de VIVIANA, RAINHA DO PIJAMA (Steve Webb, Salamandra). Foi aí que a dispersão se deu, não por causa do livro - que é ótimo para se contar. Foi difícil retomar o controle, mas consegui contar a história e a maioria se divertiu muito tentando advinhar os pijamas dos convidados da festa da protagonista. UFA!!!
Depois de renovadas as fichas, retomamos os empréstimos de livros e, sob o controle da Edna, cada um do grupo levou dois livros para ler em casa. Semana que vem a gente vai saber deles as primeiras impressões dessas leituras. Fizemos ainda a segunda reunião do Clube de Leitura com os mais "velhos". Mas quero escrever sobre o Clube numa outra ocasião. Por fim, para descontrair, Tino encerrou as atividades daquele dia com uma série de brinquedos cantados como o Andar de Trem e o ensurdecedor Scubidú. Mais do que nunca: Hatuna Matata!!!
P.S. Valeu a visita, Rafael!!! E os biscoitos estavam de-li-ci-o-sos!!!!!!!!!!!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Sabor não é só para comida.
É difícil imaginar que uma criança, nos dias de hoje, possa sentir tanto a falta dos livros como a pequena Sayuri sentiu. Mas, naqueles longínquos tempos da Segunda Guerra Mundial, o máximo de entretenimento para a família era um aparelho de rádio (a TV só chegaria nos anos 50). Na colônia japonesa, era o livro que convidava a menina para brincar. E ela se divertia mesmo sem saber ler. A mãe, sempre atarefada, descobria um tempo e lia para Sayuri.
Mas o conflito – que colocou o Brasil e o Japão em lados opostos – fez com que a família da pequena Sayuri, imigrantes japoneses morando no interior de São Paulo, por medo de alguma retaliação, guardasse os livros de uma forma segura e original: escondendo-os debaixo da terra.
“Parece um enterro. Mas ninguém morreu. No quintal. O sol bate forte no buraco cavado debaixo do abacateiro. As galinhas ciscam no monte de terra, como se tivessem descoberto uma mina de minhocas. As nuvens passeiam com preguiça. Nada de chuva. Se chovesse, tudo ficaria para outro dia”.
Assim começa o MARAVILHOSO Os Livros de Sayuri (texto e ilustrações de Lúcia Hiratsuka, Edições SM). Tudo aconteceu de repente. E logo quando a menina ia aprender a ler na escola. Um desejo que crescia no seu pensamento:
“Escola. Não importava qual, eu queria aprender a ler. Imagina, não ter que esperar os bichinhos dormirem, não ter que esperar minha mãe arrumar um tempo. Ler tudo sozinha? Tanta coisa eu saberia… Até o que acontece do outro lado do mundo. Era a melhor coisa. Melhor que goiaba madura? Quem sabe.”
Mas ainda houve tempo de Sayuri esconder um livro dentro do seu colchão. O livro que era como uma herança da família. Sua avó deu de presente à sua mãe quando esta ainda era criança. Agora, estava prometido à Sayuri. Vez em quando, sozinha, a menina folheava seu precioso segredo e imaginava o seu conteúdo.
“Tem traço que parece uma montanha, outro lembra um rio, ou será uma chuva? Uma árvore? Talvez galhos? Muitos não parecem nada. Viro o livro. Olho de ponta-cabeça. Uma das letras parece alguém dando cambalhota. E o que está escrito na capa do meu livro? Agora que as aulas vão começar, vou saber logo, logo.”
Começaram as aulas de Sayuri. À noite e às escondidas. Enquanto isso, descobri os sabores do livro de Lúcia Hiratsuka. Tantos. Provei do medo das crianças ao deparar com duas luzes misteriosas no meio da noite na estrada de volta para casa, margeada por um enorme capinzal, árvores gigantes e pios de corujas. Gosto de murici guardada na geladeira. Provei da excitação de descobrir ao lado da personagem as primeiras palavras em japonês (sol e lua). Gosto de pudim de leite condensado com muita cobertura de caramelo.
A história, repleta de sentimentos, transmite ao leitor o cotidiano de uma família imigrante japonesa em solo brasileiro. Mostra uma menina descobrindo e se encantando com segredos de um livro. Mais ainda: mostra particularmente a importância que o universo dos livros tem para a criança, independente da sua origem. Lúcia Hiratsuka escreveu uma história de amor ao objeto livro, sujeito das nossas fantasias.
Sayuri aprendeu com o pai que Sabor não é só para comida. Os Livros de Sayuri é assim, cheio de sabores. Como um Merengue de Morango. Massa de bolo, regada com calda caramelada, pedaços de suspiro e morangos frescos. E eu nem falei das ilustrações do livro, em grafite. De uma beleza, delicadeza e importância no projeto, dando um toque especial à receita, como o chantilly no Merengue. Um livro daqueles que, certamente, eu não deixaria enterrar. Esconderia dentro do colchão, sem dúvida alguma. Hatuna Matata.
P.S. Ana Paula Bernardes e Lucia Hiratsuka no Seminário Prazer em Ler (2007).
P.S.2 Para os mais curiosos, Sayuri – nome da personagem principal deste livro – significa Flor-de-lis.
P.S.3 VEJA AQUI mais Lucia Hiratsuka nos Roedores de Livros.
P.S.4 Ah... quase ia me esquecendo, foi em Os Livros de Sayuri que aprendi o significado de SAKURA.
Mas o conflito – que colocou o Brasil e o Japão em lados opostos – fez com que a família da pequena Sayuri, imigrantes japoneses morando no interior de São Paulo, por medo de alguma retaliação, guardasse os livros de uma forma segura e original: escondendo-os debaixo da terra.
“Parece um enterro. Mas ninguém morreu. No quintal. O sol bate forte no buraco cavado debaixo do abacateiro. As galinhas ciscam no monte de terra, como se tivessem descoberto uma mina de minhocas. As nuvens passeiam com preguiça. Nada de chuva. Se chovesse, tudo ficaria para outro dia”.
Assim começa o MARAVILHOSO Os Livros de Sayuri (texto e ilustrações de Lúcia Hiratsuka, Edições SM). Tudo aconteceu de repente. E logo quando a menina ia aprender a ler na escola. Um desejo que crescia no seu pensamento:
“Escola. Não importava qual, eu queria aprender a ler. Imagina, não ter que esperar os bichinhos dormirem, não ter que esperar minha mãe arrumar um tempo. Ler tudo sozinha? Tanta coisa eu saberia… Até o que acontece do outro lado do mundo. Era a melhor coisa. Melhor que goiaba madura? Quem sabe.”
Mas ainda houve tempo de Sayuri esconder um livro dentro do seu colchão. O livro que era como uma herança da família. Sua avó deu de presente à sua mãe quando esta ainda era criança. Agora, estava prometido à Sayuri. Vez em quando, sozinha, a menina folheava seu precioso segredo e imaginava o seu conteúdo.
“Tem traço que parece uma montanha, outro lembra um rio, ou será uma chuva? Uma árvore? Talvez galhos? Muitos não parecem nada. Viro o livro. Olho de ponta-cabeça. Uma das letras parece alguém dando cambalhota. E o que está escrito na capa do meu livro? Agora que as aulas vão começar, vou saber logo, logo.”
Começaram as aulas de Sayuri. À noite e às escondidas. Enquanto isso, descobri os sabores do livro de Lúcia Hiratsuka. Tantos. Provei do medo das crianças ao deparar com duas luzes misteriosas no meio da noite na estrada de volta para casa, margeada por um enorme capinzal, árvores gigantes e pios de corujas. Gosto de murici guardada na geladeira. Provei da excitação de descobrir ao lado da personagem as primeiras palavras em japonês (sol e lua). Gosto de pudim de leite condensado com muita cobertura de caramelo.
A história, repleta de sentimentos, transmite ao leitor o cotidiano de uma família imigrante japonesa em solo brasileiro. Mostra uma menina descobrindo e se encantando com segredos de um livro. Mais ainda: mostra particularmente a importância que o universo dos livros tem para a criança, independente da sua origem. Lúcia Hiratsuka escreveu uma história de amor ao objeto livro, sujeito das nossas fantasias.
Sayuri aprendeu com o pai que Sabor não é só para comida. Os Livros de Sayuri é assim, cheio de sabores. Como um Merengue de Morango. Massa de bolo, regada com calda caramelada, pedaços de suspiro e morangos frescos. E eu nem falei das ilustrações do livro, em grafite. De uma beleza, delicadeza e importância no projeto, dando um toque especial à receita, como o chantilly no Merengue. Um livro daqueles que, certamente, eu não deixaria enterrar. Esconderia dentro do colchão, sem dúvida alguma. Hatuna Matata.
P.S. Ana Paula Bernardes e Lucia Hiratsuka no Seminário Prazer em Ler (2007).
P.S.2 Para os mais curiosos, Sayuri – nome da personagem principal deste livro – significa Flor-de-lis.
P.S.3 VEJA AQUI mais Lucia Hiratsuka nos Roedores de Livros.
P.S.4 Ah... quase ia me esquecendo, foi em Os Livros de Sayuri que aprendi o significado de SAKURA.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
3 anos de Roedores de Livros!!!
Em 2006, o dia 06 de maio caiu num sábado. Naquela manhã acordamos cedo (eu, Tino, Juliana e Vilma) e, sem saber ao certo no que ia dar, começamos as atividades dos Roedores de Livros. Hoje, exatos três anos depois, continuamos sem saber ao certo no que vai dar o projeto. O horizonte parece sempre mais amplo. O certo é que não nos falta vontade de fazer o melhor possível para que o livro e a literatura infantil façam parte cada vez mais do cotidiano de um número maior de crianças. Nosso trabalho é voluntário e para que efetivamente funcione, o mais importante aqui é a disposição. Para doar tempo, para não temer o abraço, para exercitar a paciência e, sempre, para aprender. Enfim, hoje comemoramos mais um aniversário. Que venham outros e que possamos compartilhá-los aqui, com os leitores do blog. Para os mais curiosos, LEIAM AQUI o primeiro post, publicado no dia seguinte à nossa estreia. Obrigado a todos que nos ajudaram a contruir estes primeiros capítulos. Hatuna Matata!!!
sábado, 2 de maio de 2009
Surpresas que deixam a gente grande por dentro!!!
Frio. Muito frio no início daquela manhã de sábado, 25 de abril, na sede dos Roedores de Livros. Para aquecer, Tino fez um set de músicas para sacudir o esqueleto. Depois, a mediação começou com o livro OH! (Josse Guffin, Martins Fontes) e suas surpresas incríveis. As crianças adoraram. Em seguida, nossos monitores (Daniel, Samanta e Wesley), estrearam as atividades do CLUBE DE LEITURA apresentando a história do livro Lilliput de Sorvete e Chocolate, presente de Hermes Bernardi Jr. a todos os Roedores de Livros (saiba mais no post da semana passada).
Ali, para mim, Edna e Tino, uma nova experiência. Ouvir a interpretação do trio que tanto nos assistiu em quase 3 anos de atividades na Ceilândia (DF), com aquele nervosismo inicial, mas percebendo toda a sensibilidade aflorada no texto de Hermes, os meninos definiram assim o apequenar-se do personagem do livro: - É como se a gente ficasse pequeno por dentro!!! Crianças da comunidade lendo para outras crianças. Mais uma etapa dos nossos planos tomando forma.
Logo depois, recebemos a primeira visita daquela manhã cheia de surpresas. A escritora Alessandra Roscoe trouxe seus livros e canções para nossa toca. As crianças (e os adultos) se identificaram com A Fada Emburrada (Ilustrado por Romonty Willy, Elementar) e sorriram à beça com O Jacaré Bilé (Ilustrado por Ítalo Cajueiro, Biruta). Por falar no Bilé, a canção tema da história fez muito sucesso entre os Roedores de Livros. Tino continuou a mediação com os livros Peppa (Silvana Rando, Brinque Book) e Agora não, Bernardo (David McKee, Martins Fontes). Ouvimos histórias, cantamos muito até que chegou a hora de abrir a CAIXOTECA.
As crianças "voaram" nos livros de Alessandra Roscoe e o jeito foi repartir as leituras. Nesse "intervalo" a Samanta nos apresentou seu Caderno de Férias Roedores de Livros, devidamente preenchido por poemas, leituras, desenhos e caprichos. Mais uma bela surpresa naquela manhã.
A turma seguiu na leitura dos livros.
Enquanto li A Caligrafia de Dona Sofia para Samuel e Mateus.
Foi então que aconteceu a penúltima surpresa daquela manhã: o escritor Jonas Ribeiro e Íris Borges (CBL) apareceram por lá. Os dois estavam a passeio. Fugiam para um breve descanso em Pirenópolis (GO) depois de uma semana de muito trabalho nas escolas de Brasília (DF). No meio do caminho havia o Roedores de Livros e que bom que eles fizeram esta pausa. As crianças, que já conheciam alguns livros de Jonas, ficaram encantados com os travalínguas contados pelo autor.
Depois de muitos sorrisos e um campeonato particular de risadas de bruxa entre Íris Borges e Alessandra Roscoe veio à tona a última surpresa. A cereja no chantilly. Nossa autora visitante, além de deixar um exemplar de cada um dos seus livros na nossa CAIXOTECA, presenteou cada um dos Roedores de Livros com uma edição do seu primeiro livro A MENINA QUE PESCAVA ESTRELAS. Adoramos!!!
Por fim, para registrar este sábado cheio de surpresas, uma foto de caretas para nosso álbum. Foi apenas a segunda semana da "temporada 2009". Vamos trabalhar para que as outras semanas sejam ainda mais ricas em alegria, literatura e respeito pela infância. Hatuna Matata!!!
P.S. Alessandra Roscoe escreveu sobre sua visita aos Roedores de Livros no blog Contos Cantos e Encantos. LEIA AQUI.
Ali, para mim, Edna e Tino, uma nova experiência. Ouvir a interpretação do trio que tanto nos assistiu em quase 3 anos de atividades na Ceilândia (DF), com aquele nervosismo inicial, mas percebendo toda a sensibilidade aflorada no texto de Hermes, os meninos definiram assim o apequenar-se do personagem do livro: - É como se a gente ficasse pequeno por dentro!!! Crianças da comunidade lendo para outras crianças. Mais uma etapa dos nossos planos tomando forma.
Logo depois, recebemos a primeira visita daquela manhã cheia de surpresas. A escritora Alessandra Roscoe trouxe seus livros e canções para nossa toca. As crianças (e os adultos) se identificaram com A Fada Emburrada (Ilustrado por Romonty Willy, Elementar) e sorriram à beça com O Jacaré Bilé (Ilustrado por Ítalo Cajueiro, Biruta). Por falar no Bilé, a canção tema da história fez muito sucesso entre os Roedores de Livros. Tino continuou a mediação com os livros Peppa (Silvana Rando, Brinque Book) e Agora não, Bernardo (David McKee, Martins Fontes). Ouvimos histórias, cantamos muito até que chegou a hora de abrir a CAIXOTECA.
As crianças "voaram" nos livros de Alessandra Roscoe e o jeito foi repartir as leituras. Nesse "intervalo" a Samanta nos apresentou seu Caderno de Férias Roedores de Livros, devidamente preenchido por poemas, leituras, desenhos e caprichos. Mais uma bela surpresa naquela manhã.
A turma seguiu na leitura dos livros.
Enquanto li A Caligrafia de Dona Sofia para Samuel e Mateus.
Foi então que aconteceu a penúltima surpresa daquela manhã: o escritor Jonas Ribeiro e Íris Borges (CBL) apareceram por lá. Os dois estavam a passeio. Fugiam para um breve descanso em Pirenópolis (GO) depois de uma semana de muito trabalho nas escolas de Brasília (DF). No meio do caminho havia o Roedores de Livros e que bom que eles fizeram esta pausa. As crianças, que já conheciam alguns livros de Jonas, ficaram encantados com os travalínguas contados pelo autor.
Depois de muitos sorrisos e um campeonato particular de risadas de bruxa entre Íris Borges e Alessandra Roscoe veio à tona a última surpresa. A cereja no chantilly. Nossa autora visitante, além de deixar um exemplar de cada um dos seus livros na nossa CAIXOTECA, presenteou cada um dos Roedores de Livros com uma edição do seu primeiro livro A MENINA QUE PESCAVA ESTRELAS. Adoramos!!!
Por fim, para registrar este sábado cheio de surpresas, uma foto de caretas para nosso álbum. Foi apenas a segunda semana da "temporada 2009". Vamos trabalhar para que as outras semanas sejam ainda mais ricas em alegria, literatura e respeito pela infância. Hatuna Matata!!!
P.S. Alessandra Roscoe escreveu sobre sua visita aos Roedores de Livros no blog Contos Cantos e Encantos. LEIA AQUI.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Um café com Bili e Décio Pignatari
No início da semana saímos eu, Pedro e Júlia para dar uma volta na Livraria Cultura. As "crianças" procuravam por Naruto, Capricho e outros heróis - facilmente encontrados nos primeiros 5 minutos na revistaria. Depois, fui garimpar as novidades enquanto os dois se esparramavam nos puffs em frente à TV na seção infantil. Marcamos para dali a meia hora no café do andar superior. Pontualmente estavávamos todos tomando um café ao lado de alguns livros, mas o que conquistou a todos nós acabou ficando na loja por causa do preço - e não do conteúdo.
O tal livro, BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO (Ilustrações de Daniel Bueno) é um lançamento da Cosac & Naify e tem chamado a atenção de toda a mídia por receber o rótulo de infantil e ser de autoria de um dos pilares da poesia concreta no Brasil, Décio Pignatari. Parêntesis: dia desses minha amiga Denise confessou ter em sua biblioteca um artigo raro - primeira edição do cultuado Galáxias de outro concretista, Haroldo de Campos. O livro segue do início ao fim sem pontuação fértil de neologismos e genialidade (leia um trecho). Fecha o parêntesis. Não é costume neste blog escrever sobre um livro que não foi lido na sua íntegra, mas o café que tomei ao lado das crianças e de Bili foi merecedor destas linhas. Aliás, merece muito mais que estas poucas palavras.
Não dá para rotular o livro como infantil. Vai além disso. É um playgroud onde o leitor (seja ele adulto ou criança) é convidado a dar loops, cair de grandes alturas enfim, voar com as palavras. Júlia e Pedro se interessaram primeiro pelo formato do livro. Grandão (30cm x 15cm), com uma capa que "veste" o livro por inteiro e convida logo o olhar curioso para conhecer o conteúdo. Eu já tinha dado uma olhada no livro e enlouquecido com o projeto gráfico de Luciana Facchini sobre ilustrações de Daniel Bueno. Aliás, o projeto - belo e inteligente - é uma maravilha e deveria ser creditado na capa por sua importância ao brincar junto com as palavras de Pignatari.
Fui tomando o café enquanto os meninos folheavam a obra, descobrindo algumas das suas delícias. Ora sorriam, ora maravilhavam-se. Em determinado momento (há duas páginas que encontram-se dobradas) discutiam se deviam ou não desdobrar as páginas. Desdobramos. Surpresa!!! Havia texto escondido por lá. Deixei os meninos brincando com Décio, Daniel e Luciana e fui ao caixa levar outras delícias. Mas estou economizando para trazer BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO na minha próxima visita. Vale cada centavo. É a palavra lapidada com beleza e inteligência. Capaz de encantar crianças e adultos. E isso, definitivamente, não se encontra todo dia por aí. Hatuna Matata.
P.S.1 Hoje saiu no Caderno C do jornal Correio Braziliense uma resenha - mais técnica e precisa - sobre o livro. Para ler o texto de João Paulo é necessário clicar sobre a imagem da resenha (acima). Se vocês quiserem descobrir mais coisas, recomendo uma passadinha na livraria mais próxima. Se não der para levar o livro para casa, leve - como eu, Pedro e Julia - a sensaçào de ter apreciado uma obra de arte.
P.S.2 Saiu uma entrevista com Décio Pignatari na revista BRAVO! Ali também você encontrará mais informações sobre o livro e seu autor.
O tal livro, BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO (Ilustrações de Daniel Bueno) é um lançamento da Cosac & Naify e tem chamado a atenção de toda a mídia por receber o rótulo de infantil e ser de autoria de um dos pilares da poesia concreta no Brasil, Décio Pignatari. Parêntesis: dia desses minha amiga Denise confessou ter em sua biblioteca um artigo raro - primeira edição do cultuado Galáxias de outro concretista, Haroldo de Campos. O livro segue do início ao fim sem pontuação fértil de neologismos e genialidade (leia um trecho). Fecha o parêntesis. Não é costume neste blog escrever sobre um livro que não foi lido na sua íntegra, mas o café que tomei ao lado das crianças e de Bili foi merecedor destas linhas. Aliás, merece muito mais que estas poucas palavras.
Não dá para rotular o livro como infantil. Vai além disso. É um playgroud onde o leitor (seja ele adulto ou criança) é convidado a dar loops, cair de grandes alturas enfim, voar com as palavras. Júlia e Pedro se interessaram primeiro pelo formato do livro. Grandão (30cm x 15cm), com uma capa que "veste" o livro por inteiro e convida logo o olhar curioso para conhecer o conteúdo. Eu já tinha dado uma olhada no livro e enlouquecido com o projeto gráfico de Luciana Facchini sobre ilustrações de Daniel Bueno. Aliás, o projeto - belo e inteligente - é uma maravilha e deveria ser creditado na capa por sua importância ao brincar junto com as palavras de Pignatari.
Fui tomando o café enquanto os meninos folheavam a obra, descobrindo algumas das suas delícias. Ora sorriam, ora maravilhavam-se. Em determinado momento (há duas páginas que encontram-se dobradas) discutiam se deviam ou não desdobrar as páginas. Desdobramos. Surpresa!!! Havia texto escondido por lá. Deixei os meninos brincando com Décio, Daniel e Luciana e fui ao caixa levar outras delícias. Mas estou economizando para trazer BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO na minha próxima visita. Vale cada centavo. É a palavra lapidada com beleza e inteligência. Capaz de encantar crianças e adultos. E isso, definitivamente, não se encontra todo dia por aí. Hatuna Matata.
P.S.1 Hoje saiu no Caderno C do jornal Correio Braziliense uma resenha - mais técnica e precisa - sobre o livro. Para ler o texto de João Paulo é necessário clicar sobre a imagem da resenha (acima). Se vocês quiserem descobrir mais coisas, recomendo uma passadinha na livraria mais próxima. Se não der para levar o livro para casa, leve - como eu, Pedro e Julia - a sensaçào de ter apreciado uma obra de arte.
P.S.2 Saiu uma entrevista com Décio Pignatari na revista BRAVO! Ali também você encontrará mais informações sobre o livro e seu autor.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Roedores de Livros rides again!!!
Manhã de sábado, 18 de abril de 2009. Vocês não sabem o caminho tortuoso, íngreme e pedregoso que precisamos atravessar para, enfim, reencontrar as crianças da Ceilândia, neste dia, estreia do projeto em 2009. Mas foi ÓTIMO, com crianças e adultos saudosos para todos os lados. Sempre vale a pena. Quando eu e o Tino chegamos à Creche Comunitária da Criança a "toca" ja havia sido montada por Edna e pelos monitores. As crianças esperavam ansiosamente - assim como nós - pelo reencontro.
Ainda era um grupo pequeno, mas estamos certos que - sabendo da retomada das atividades - outras crianças aparecerão nas próximas semanas. De início, conversamos sobre as "férias", seus motivos, perguntamos sobre as leituras de cada um, o Tino pegou o violão, cantamos algumas músicas e pronto... foi dada a largada para o projeto Roedores de Livros 2009. Com algumas mudanças forçadas, outras muito bem pensadas, mas - principalmente - com a certeza de trazermos o livro e o prazer em conhecer suas histórias, para o cotidiano daquelas crianças.
A mediação começou com um livro que completou 40 anos de sua publicação em março passado: The Very Hungry Caterpillar (A Lagarta Faminta) de Eric Carle - um clássico mundial da literatura infantil. Tino queria MUITO contar esssa história para as crianças. Levamos a edição em Pop Up. A tradução foi feita em casa e lida para as crianças. Vocês podem ver nas fotos acima os olhares colados no livro. Quando a história terminou, surgiram aplausos espontâneos. Aproveitamos para falar sobre como o Eric Carle cria as suas ilustrações (Tino deve escrever sobre este livro em breve - aguardem).
Depois, foi a hora de trazer a nossa "BIBLIOTECAIXA" para o centro das atenções. O fato é que por motivo de força maior, perdemos a sala onde guardávamos os livros. Tivemos que recolher o acervo. A solução enconrada foi selecionarmos 60 livros por semana (do acervo do projeto), levá-los numa caixa e apresentarmos os livros para as crianças lendo um trecho de cada um, ou contando sobre o que trata a história. No meio da apresentação dos livros - quando eu falava que BRINQUEDOS (André Neves, Mundo Mirim) era um livro sem texto, uma das crianças perguntou: - Como é que a gente lê um livro sem texto? Foi a deixa para que - enquanto eu mostrava as ilustrações do livro - eles fizessem a leitura coletiva. Foi EMOCIONANTE (foto acima).
Outro sucesso da caixa foi a série Quem Tem Medo De... (Ruth Rocha, com ilustrações de Mariana Masarani, Global). As crianças se engraçaram com o texto e com as imagens. Elas foram se chegando, se chegando e de repente, estavam todas grudadas nos livros.
Livros apresentados, hora de liberar a "CAIXOTECA" (ainda não decidimos o nome) para a turma. Foi um alvoroço. Livros e leitores esparramados no tapete vermelho dos Roedores de Livros. Os menores pedindo para os maiores fazerem a leitura e um burburinho de fantasia dominando o ar. Esta é a hora em que eles parecem mais felizes pois o livro é da sua escolha, cada um com a sua história, que muitas vezes, ao final do tempo de leitura, é compartilhada com o amigo, com o irmão... muitas vezes conosco.
Por fim, hora de abrir o presente. Ah, eu não falei dele até agora. Mas em março, chegou uma caixa de sedex na toca dos Roedores de Livros, vinda de Porto Alegre. O remetente: Hermes Bernardi Jr. O conteúdo: 01 quilo de Lilliput de Sorvete e Chocolate, livro que guarda a história que nos encantou na encantadora performance do autor na FLIPIRI no início deste ano.
Hermes mandou um livro para cada criança. Elas não esperavam por tamanha generosidade. Foram tomados de uma alegria espontânea e contagiante. De repente, a pergunta: - O que é Lilliput? E lá foi o Tino explicar que no livro As Viagens de Gulliver (Jonathan Swift) há uma ilha com este nome, cheia de pequenos habitantes em que a personagem rincipal vai parar após um naufrágio. Hermes faz uma estreita ligação entre os habitantes da ilha e o que acontece na sua história. Bem, ficou acertado que todo mundo iria ler seu presente durante a semana. E nós ficamos com o desejo de que um dia - não custa sonhar - Hermes possa conhecer nossos pequenos leitores e contagiá-los com suas histórias pesoalmente.
Depois do fim daquela manhã, hora de por em prática uma nova idéia. Convidei os quatro monitores (Daniel, Samanta, Wesley e Layane) para formarmos um Clube de Leitura. Passei a "tarefa de casa" e a prática deve começar no próximo sábado. Boas novas vêm aí.
UFA! O dia foi intenso. Estamos de volta! Estamos felizes!! Roedores de Livros rides again!!! Hatuna Matata.
Ainda era um grupo pequeno, mas estamos certos que - sabendo da retomada das atividades - outras crianças aparecerão nas próximas semanas. De início, conversamos sobre as "férias", seus motivos, perguntamos sobre as leituras de cada um, o Tino pegou o violão, cantamos algumas músicas e pronto... foi dada a largada para o projeto Roedores de Livros 2009. Com algumas mudanças forçadas, outras muito bem pensadas, mas - principalmente - com a certeza de trazermos o livro e o prazer em conhecer suas histórias, para o cotidiano daquelas crianças.
A mediação começou com um livro que completou 40 anos de sua publicação em março passado: The Very Hungry Caterpillar (A Lagarta Faminta) de Eric Carle - um clássico mundial da literatura infantil. Tino queria MUITO contar esssa história para as crianças. Levamos a edição em Pop Up. A tradução foi feita em casa e lida para as crianças. Vocês podem ver nas fotos acima os olhares colados no livro. Quando a história terminou, surgiram aplausos espontâneos. Aproveitamos para falar sobre como o Eric Carle cria as suas ilustrações (Tino deve escrever sobre este livro em breve - aguardem).
Depois, foi a hora de trazer a nossa "BIBLIOTECAIXA" para o centro das atenções. O fato é que por motivo de força maior, perdemos a sala onde guardávamos os livros. Tivemos que recolher o acervo. A solução enconrada foi selecionarmos 60 livros por semana (do acervo do projeto), levá-los numa caixa e apresentarmos os livros para as crianças lendo um trecho de cada um, ou contando sobre o que trata a história. No meio da apresentação dos livros - quando eu falava que BRINQUEDOS (André Neves, Mundo Mirim) era um livro sem texto, uma das crianças perguntou: - Como é que a gente lê um livro sem texto? Foi a deixa para que - enquanto eu mostrava as ilustrações do livro - eles fizessem a leitura coletiva. Foi EMOCIONANTE (foto acima).
Outro sucesso da caixa foi a série Quem Tem Medo De... (Ruth Rocha, com ilustrações de Mariana Masarani, Global). As crianças se engraçaram com o texto e com as imagens. Elas foram se chegando, se chegando e de repente, estavam todas grudadas nos livros.
Livros apresentados, hora de liberar a "CAIXOTECA" (ainda não decidimos o nome) para a turma. Foi um alvoroço. Livros e leitores esparramados no tapete vermelho dos Roedores de Livros. Os menores pedindo para os maiores fazerem a leitura e um burburinho de fantasia dominando o ar. Esta é a hora em que eles parecem mais felizes pois o livro é da sua escolha, cada um com a sua história, que muitas vezes, ao final do tempo de leitura, é compartilhada com o amigo, com o irmão... muitas vezes conosco.
Por fim, hora de abrir o presente. Ah, eu não falei dele até agora. Mas em março, chegou uma caixa de sedex na toca dos Roedores de Livros, vinda de Porto Alegre. O remetente: Hermes Bernardi Jr. O conteúdo: 01 quilo de Lilliput de Sorvete e Chocolate, livro que guarda a história que nos encantou na encantadora performance do autor na FLIPIRI no início deste ano.
Hermes mandou um livro para cada criança. Elas não esperavam por tamanha generosidade. Foram tomados de uma alegria espontânea e contagiante. De repente, a pergunta: - O que é Lilliput? E lá foi o Tino explicar que no livro As Viagens de Gulliver (Jonathan Swift) há uma ilha com este nome, cheia de pequenos habitantes em que a personagem rincipal vai parar após um naufrágio. Hermes faz uma estreita ligação entre os habitantes da ilha e o que acontece na sua história. Bem, ficou acertado que todo mundo iria ler seu presente durante a semana. E nós ficamos com o desejo de que um dia - não custa sonhar - Hermes possa conhecer nossos pequenos leitores e contagiá-los com suas histórias pesoalmente.
Depois do fim daquela manhã, hora de por em prática uma nova idéia. Convidei os quatro monitores (Daniel, Samanta, Wesley e Layane) para formarmos um Clube de Leitura. Passei a "tarefa de casa" e a prática deve começar no próximo sábado. Boas novas vêm aí.
UFA! O dia foi intenso. Estamos de volta! Estamos felizes!! Roedores de Livros rides again!!! Hatuna Matata.
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