quarta-feira, 4 de junho de 2008
Desenhar não é coisa só de criança...
Não conseguimos assistir a todas as apresentações, mas, sem dúvida, uma das mais marcantes foi a que reuniu o italiano Francesco Altan, e os brasileiríssimos André Neves e Roger Mello.
Isso, porque eles não se contentaram em fazer o seu desenho em separado, mas, cada ilustrador pôde interferir no trabalho do outro, promovendo uma interação entre eles e a obra.
Enquanto o trabalho seguia, outra ilustradora - a pernambucana Rosinha Campos - promovia um bate pronto de perguntas e respostas entre o público e os artistas. Inesquecível.
As fotos são de Tino Freitas, exceto a última, copiada do site oficial do Salão FNLIJ.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Uma manhã de reencontros...
Apesar de todo o planejamento, cada sábado tem sua característica, sua identidade, sua surpresa. Um dia, uma história surpreende, noutro, uma criança se emociona com uma leitura. Às vezes, há uma dispersão mais cedo, outras, não queremos terminar o encontro, de tão bom que ele está. Naquele sábado não seria diferente. Edna relata que “as crianças sempre nos surpreendem. Hoje, Jardson, Guilherme e Wendel estavam em sintonia. Eles nos surpreenderam com um comportamento hiper-elétrico”. Devem ter dado um trabalho gigantesco. Coisas de criança.
Outra delícia do sábado passado foi o retorno de Juliana ao convívio com os Roedores. Entre 2006 e 2007 Juliana fez a mediação no projeto. Projetos particulares a afastaram do nosso encontro semanal em 2008. As crianças estavam com saudades. Segundo a Edna, o reencontro se deu assim: “Esse foi um acontecimento especial. Quando tudo estava pronto para entrarmos na casa, aparece lá no portão, a Juliana. Ela é muito querida pelas crianças. Ao vê-la, todas correram a seu encontro. Ficaram muito felizes ao revê-la. Juliana chegou e começou batendo um papo para saber das últimas novidades. Só então começou a mediação, envolvendo as crianças, falando da China, tema da primeira história. Minutos depois, chegou o Jardson, atrasado. Sentou-se para também ouvir a história. De repente, ele “percebe” que é a Juliana quem está fazendo a leitura. Não fez por menos: interrompeu a história e, num entusiasmo, corre ao encontro dela para abraçá-la. Foi um momento emocionante, muito bonito e verdadeiro. A história precisou esperar um pouco para assistir a confraternização dos dois”
Para coroar o sábado, e para deixar a mim e ao Tino com mais saudades, Edna nos contou que outra surpresa aguardava por todos naquela manhã: “O retorno de uma roedora muito especial: dona Emília. Ela disse que nos procurou até achar. Que ótimo nos reencontrarmos!” Dona Emília e Ana Letícia, sua neta, integram o projeto desde o ano passado. Com a mudança de endereço do projeto e a distância entre sua casa e a nova sede, demoramos a tê-las conosco novamente. Enfim este dia chegou. Por fim, Edna arremata seu relato dizendo: “Aline, Emília e Juliana, que bom revê-las. Foi um dia de reencontro. Só alegrias”. Hatuna Matata.
Um balanço do Salão FNLIJ do livro.
Para se ter acesso a este mundo de livros, pagava-se apenas R$ 3,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal). Um valor ínfimo se você imaginar que na maioria das editoras participantes a gente conseguiu um desconto de 20% na compra de livros. Em algumas, foi mais difícil. A Cia das Letras, por exemplo, dificultou o tal desconto em nossas aquisições. No final, deu tudo certo, mas poderiam evitar a burocracia que não tivemos, por exemplo, na Editora SM e na Girafinha. Lá os descontos já estavam na lista, independente de o comprador ser ou não professor. Por falar na categoria, professores da rede pública que trabalham nas salas de leitura receberam da prefeitura um cartão com cerca de R$ 500,00 em créditos para investirem no acervo. Fica a dica para que em 2009 façam como em 2007 onde todos os estandes ofereciam descontos para qualquer visitante.
As atividades especiais aconteceram no Espaço FNLIJ de Leitura, a Biblioteca FNLIJ e o Espaço Petrobras. O estande do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) também promovia encontros em que os indígenas faziam pintura no corpo das crianças, ilustravam ao vivo e contavam histórias. Havia ainda um espaço dedicado à Itália, país homenageado neste Salão. Lá, uma exposição com livros e ilustrações de publicações infanto-juvenis italianas. Tudo muito bonito de se ver.
Durante os finais de semana, os dois mil metros quadrados dedicados à literatura eram ocupados principalmente por pais e filhos. Um público surpreendente. Durante a semana, os corredores ficam repletos de crianças. MESMO!!! Muita gente. Segundo o site oficial do Salão, o público presente superou em 10 mil o índice de 2007. Em alguns momentos ficava difícil percorrer os corredores. Mas a estrutura com banheiros, água de graça e praça de alimentação deu conta do recado. Parabéns à organização.
Por fim, não cansamos – eu e Ana Paula – de exultar a FNLIJ por conseguir distribuir UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA VISITANTE na hora da saída. Grátis!!! No Salão do Livro da FNLIJ, crianças e Jovens tiveram o direito a levar para casa um livro próprio para sua idade. E não foram títulos vagabundos, não. A cada instante, bons livros, de ótimas editoras, transformavam a surpresa em sorrisos e ganhavam o olhar de todos na saída do Salão. Que estas ações, misto de competência, organização, planejamento e respeito para com o livro, seus agentes, professores, pais e crianças se multipliquem por todo o país. Nossas crianças e jovens merecem a devida atenção. O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens é, de fato, o melhor evento do gênero. Voltaremos no ano que vem. That’s all, folks!!!
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O Chileno, o Roedor e o Sanduíche de Pernil...
Apesar de tanta admiração, tanto eu como o Tino achávamos que ele seria um senhor sisudo, fechado, de difícil aproximação. Talvez pelas fotos nas orelhas dos livros. Talvez fosse uma impressão sem motivo. Gente, já no sábado à tarde, encontramos Cárcamo esbanjando simpatia pelos corredores do Salão. Primeiro foi se chegando, descobrindo outros ilustradores, abraçando velhos amigos, trocando idéias. Nos apresentamos. Gostou do nome do projeto. Achou importante a iniciativa. Marcamos o encontro da noite no Cervantes. Reduto da boêmia informal carioca. Lá, num encontro memorável com mais de 20 pessoas, Cárcamo, Tino e Marcelo desfilaram um repertório incrível de piadas e aquela impressão do ilustrador sisudo foi para o espaço.
Depois de alguns sanduíches de pernil e muito papo, Cárcamo nos presenteou com um pouquinho do seu enorme talento. Inspirado no tema do projeto, o ilustrador criou ali, no papel que cobria nossa mesa no Cervantes, uma caricatura que brincava com o Tino assumindo a forma de um roedor. Criatividade e talento que trouxemos na mala. Obrigado querido. Daqui, do Planalto Central, aguardamos a concretização daquele novo livro. Pois é... além de simpatia, o homem é cheio de ótimas idéias. Hatuna matata.
Foto 01 - Cárcamo, Tino e Marcelo no Salão do Livro.
Foto 02 - Eu, com o chapéu de Ivan Zigg, e Cárcamo.
Foto 03 - A ilustração de Cárcamo para o Tino.
De volta à toca dos roedores de livros
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Marina e Maurício no Salão...
Naquela sala, indiretamente, Marina Colasanti - sem querer, querendo - disse à todos que um bom contador de histórias pode sim, incentivar a leitura. Maurício Leite usa de objetos em suas apresentações, assim como usa o livro. Os Tapetes Contadores de Histórias, usam objetos em seu excepcional trabalho, assim como usam o livro. Outros tantos também assim o fazem. A FNLIJ - Fundação NAcional do Livro Infantil e Juvenil, condena qualquer ação que não se prenda exclusivamente à leitura dos livros. Diz que o "resto" não incentiva a leitura. É mero entretenimento. Mergulhado na minha insignificância teórica, mas na força da prática que exerço, e sem as amarras políticas que envolvem tudo em torno da FNLIJ, digo que as palavras de Maurício Leite, repetidas por Marina Colasanti naquela sala na noite de segunda feira, soaram como música em meus ouvidos. Ao final de cada Firimfimfoca, por exemplo, os pais saem em busca dos livros da Sylvia Orthof atendendo ao pedido dos filhos.
O salão da FNLIJ é sim, o grande momento da litratura infantil e juvenil brasileira, como escreveu Socorro Acioli num comentário neste blog. É mais: um grande encontro de artistas do livro. É também um balcão de negócios. A mais organizada feira de livros que já vi. Porém, exitem muitos arte-educadores que usam o livro e suas histórias - e outros elementos - com talento e sucesso, despertando o gosto pela leitura, que não têm seu trabalho valorizado por esta instituição que tanto preza o livro e a criança. A FNLIJ merece todos os aplausos, mas - assim como qualquer mortal - não está imune a críticas. De um lado e de outro, todos queremos despertar nas crianças o gosto, o prazer pela leitura seja através de programas governamentais e projetos de incentivo à leitura ou práticas individuais. Queremos o mesmo: mais bibliotecas, mais mediadores, mais arte-educadores, mais leitores com prazer em ler. Hatuna Matata.
Premiando...
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Primeiras impressões do Salão da FNLIJ 2008
Mais informações no SITE DO SALÃO.
sábado, 24 de maio de 2008
Visitas na toca dos roedores de livros.
"O apetite que arregala os olhos";
"Visitas ganham histórias de boas vindas"... voltem sempre!;
"Mergulhando nos livros";
"Andando de trem, antes de ir para casa".
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Palavra de criança
Semana passada descobrimos que um livro do acervo do projeto não havia descansado na prateleira desde o recomeço das atividades em 2008. Seis semanas depois, seis crianças diferentes pegaram o tal livro para ler. Tempos atrás, a Júlia leu este livro e me disse que tinha gostado muito. Baseada nesta informação, resolvi apresentá-lo à turma assim que ele chegou ao acervo. No mesmo dia aconteceu o primeiro empréstimo e, desde então, está passando de mão em mão numa disputa acirrada sempre que ele retorna à casa. Estou falando do livro Tem um cabelo na minha terra (texto e ilustrações de Gary Larson, Cia das Letrinhas). Curiosa, no último sábado perguntei para algumas crianças sobre o que elas acharam da leitura:
- É muito engraçado! – disse uma.
- A gente não consegue parar de ler! – disse outra.
- É um livro muito bom! – Finalizou uma terceira leitora.
Tem um cabelo na minha terra é, antes de tudo, um livro muito engraçado. Uma família de minhocas (pai, mãe e filho) jantam em casa quando o pequeno minhoco encontra um cabelo na terra que comia. Ele acha tudo aquilo o fim da picada: “Estamos debaixo de todo o mundo! Somos o último escalão da cadeia alimentar! Comida de passarinho! Isca para pescaria! Que vida é essa, me digam! Nunca saímos para nadar, para acampar, para uma caminhada, nada! (...) E além do mais, eu já ia esquecendo, comemos terra! Terra no café da manhã, terra no almoço, terra no jantar! Terra, terra, terra! E agora, ainda por cima, vejam só! Aparece um cabelo na minha terra! O insulto final – não agüento mais! Detesto ser minhoca!”. Papai minhoco resolve, então, contar a história de Benedita, uma linda donzela que vivia numa floresta e que se encantava com a magia da natureza. Durante um passeio, a moça vai se encantando com a natureza ao redor, enquanto o senhor minhoco, narra todos os equívocos daquele encanto superficial, oferecendo ao seu filho – e ao leitor - um choque de realidade. Tudo com muito humor. Ao final, o pequeno minhoco percebe que amar a natureza não é o mesmo que entender a natureza, que o mundo natural é feito de conexões e que as minhocas também têm sua importância para o bom funcionamento do todo. As ilustrações brincam o tempo todo lado a lado com o bom humor do texto. Por exemplo, na sala de jantar das minhocas, a terra está servida em pratos, acompanhados de talheres. Não preciso lembrar que minhocas não têm braços (dããããã). Gary Larson conta uma história divertida, inusitada, que oferece caminhos para ensinar ao leitor sobre preservação do meio ambiente.
Analisando as respostas das crianças que fizeram a leitura de Tem um cabelo na minha terra por puro impulso, estimuladas pela propaganda de um leitor anterior, da mesma idade, do seu círculo de amigos, a gente percebe que o livro de Gary Larson encanta porque – antes de tudo - tem um texto inusitado que contagia, que provoca risos e que é, por fim, muito bom. Palavra de criança. Quem somos nós para duvidar. Hatuna Matata.