segunda-feira, 24 de setembro de 2007
A peleja entre o cangaceiro o cavaleiro e o roedor...
Um ano depois, no mesmo stand, no último dia da Feira do Livro, resolvi atender aos apelos do livro e trouxe-o para casa. Deixei-o na cabeceira da cama por uns dias e hoje pela manhã armei uma rede cearense, presente de meu querido pai, e deitei os olhos com a devida atenção que os lendários personagens mereciam. Não cedi à tentação do balanço da rede. Rasguei o plástico e deitei o livro sobre meus braços. Deitamos todos: a rede, no quarto; eu nela; o livro em mim; meus olhos no livro. Devo desculpas ao Fernando Vilela. O livro é um brinde para o olhar. Os detalhes em prata e cobre saltam das folhas e dão movimento às cenas. Mas o livro não é só imagem e é aí que ele surpreende!!! O texto demonstra pesquisa, cuidado, precisão. Parece que cada palavra foi entalhada no poema com a benção do cordelista Leandro Gomes de Barros.
O livro trata do fictício encontro-duelo entre o cangaceiro Lampião e o cavaleiro inglês Lancelote. Munido de vasta pesquisa iconográfica e literária, o autor desfila estilos. Ao retratar o bravo cavaleiro dos tempos medievais Fernando usa setilhas, ou seja, sete versos de sete sílabas e rima em ABCBDDB. Quando o mote é nordestino ele usa das sextilhas, com rimas em ABCBDB. A prosa também aparece em 10 das quase 50 páginas que contam a aventura. Galopa ao lado de Lancelote em terras inglesas, é envolta no feitiço de Morgana e encontra com Lampião em pleno sertão potiguar. A poesia retoma seu lugar e, a exemplo dos grandes duelos da Literatura de Cordel, difama o adversário, conta vantagens, desemboca em desafio. O que vem daí? Dicas da cultura popular medieval e nordestina. Um duelo sem fim onde o leitor sai ganhando sempre. Ops... quase sempre!!! Para que o trabalho de Fernando Vilela coubesse num livro, a editora apostou num formato ousado. Capa dura, cores especiais e um tamanho fora dos padrões (70cm x 24cm o livro aberto). Este cuidado deixou o livro a um custo acima da média (R$ 49,00). É, também, um objeto frágil. Com todo o cuidado que empreendi para sua leitura, fui surpreendido por um afastamento entre as páginas 16 e 17. O livro não manteve sua integridade numa primeira leitura feita por um adulto. Imagine nas mãos de uma criança!!! É para ser manuseado com extremo cuidado.
Devo desculpas a Fernando Vilela. Quando estivemos com ele em maio na entrega dos Prêmios da FNLIJ eu estava encantado com seu trabalho no livro-imagem A Toalha Vermelha e pequei por ignorância. Achei – sem ter lido – que Lampião e Lancelote seria um trabalho menor. Que nada!!! Lampião e Lancelot é um grande livro. Por suas proporções desafiadoras para um livro infantil. Pelo espetacular trabalho gráfico merecidamente premiado. Pelo texto cuidadoso, repleto de poesia e história. Se você, como eu, já encontrou com este livro e achou que ele seria apenas um livro lindo, entregue-se também aos prazeres escondidos em suas palavras. É nelas que Fernando Vilela faz seus melhores desenhos. É a literatura de cordel tratada com esmero. Um susto nos sentidos! Uma beleza que esconde sua melhor qualidade: ser uma ótima história para crianças de todas as idades!!!
Deixo aqui um petisco para abrir o apetite de vocês:
De um velho mandacaru
Tirou do miolo um cordel
Invocou o Santo Nás
Que movimentou o céu
Abriu um oco no centro
E pôs todo mundo dentro
Destas folhas de papel
Por fim, caso você tenha uma queda por temas medievais, pelejas e cordéis, procure nos sebos ou nas feiras populares o livreto A Batalha de Oliveiros com Ferrabraz. São 101 décimas do paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o poeta maior da Literatura de Cordel, narrando um embate entre franceses e turcos. Uma leitura prazerosa e sem desculpas.
domingo, 23 de setembro de 2007
20 mil pageloads...
Obrigado pela visita. A casa é nossa. Sejam bem vindos e tragam os amigos. That's all, folk's!
sábado, 22 de setembro de 2007
Firimfimfoca...
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Sábado, Sorrisos, Poeira e Livros...
Na sala de contação, Juliana arregalou os olhos e a curiosidade da turma contando No Sítio (Marie Albinais, Scipione) divertindo a todos desdobrandos aquelas páginas incríveis com bichos em tamanho natural. Outras histórias se seguiam enquanto eu e Célio ensinávamos o KIRIGAMI para as crianças. Esta é uma técnica que mistura dobradura com recortes e, naquele sábado, as crianças produziram vários papéis rendados que montarei em breve num painel que ficará exposto na sala de artes. Enquanto isso, o cheirinho do cachorro-quente (lanche patrocinado por nossa querida amiga Ana Rita) estava tomando conta de todos os espaços. É que a Néia faz mágicas na cozinha da Pró-Gente. Tudo fica muito mais gostoso, cheiroso, colorido. Foi um lanche daqueles!!!
Foi aí que resolvi dar prosseguimento a mais uma etapa do projeto Roedores de Livros. Munida de 30 novos livros para o acervo do Projeto, fui apresentando um por um e instigando o desejo das crianças por novas histórias. Até então, os livros pop-ups eram os campeões de saída. Nada mal. Já serviria como um ótimo começo para que as sacolas ficassem cheias. A partir desta semana resolvemos que além de contar histórias, vamos destacar alguns livros (e graças, estamos com bons títulos por lá – sempre precisando de mais). Apresentá-los às crianças. Elas terão sempre o livre arbítrio de escolher qual livro levar para casa. E, com as dicas, vão se interessar por novas histórias. Deu certo neste primeiro dia. Tínhamos três A Mula Sem Cabeça que saíram galopando nas sacolas. Contos de Enganar a Morte já está com três reservas para as próximas semanas!!! O Príncipe Sem Sonhos e A Princesa Tiana e o Sapo Gazé além do Quem tem medo de quê foram disputadíssimos. Não pude esconder meu riso solto no meio daquela poeira seca e vermelha que, de tantos redemoinhos, deveria ser uma sacizada. Na Ceilândia, meninos vêm e vão carregados de livros toda manhã de sábado. É uma pequena mágica que fazemos misturando vontade, livros, cachorros-quente, gente, paciência, crianças e fantasia.
Para finalizar, a Edna anotava os livros que foram escolhidos e guardava-os nas sacolas que viajariam certamente naquela mesma tarde pelo mundo não tão fantástico de cada um daqueles meninos que aprendemos a chamar de nossos. Da sala de leitura, ouviam-se as vozes: Tino matava a saudade cantando com os meninos: - Eu vou pra Maracangalha!!! Eu vou... Nós vamos! Com Amália, Jaderson, Wanessa, Guilherme, Deysiane e tantos outros... de chapéu de palha, uniforme branco e sacola com livros!!! Hatuna Matata!
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Uma dica da Mariana Massarani...
Aí, léguas distante daquele abraço, mas ainda com o perfume do café, tirei do matulão aquele livro indicado pela Mariana - NA BEIRA DA ESTRADA (Jules Feiffer, Cia das Letrinhas) - e fui descobrir seus segredos. Se você acha que cantar “atirei o pau no gato” e “o cravo brigou com a rosa” vão fazer do seu filho um menino pior que os outros, definitivamente não leve este livro para casa! Explico: Qual o pai ou a mãe que nunca viveu a situação dos pais de Richard quando, numa viagem de carro mais longa, teve que ameaçar: “Se você não se comportar aí atrás eu deixo você aqui mesmo, na beira da estrada!!!”. Pois é... Richard aprontou tanto na viagem que seu pai cumpriu a promessa. Aquela viagem de apenas duas horas parecia uma eternidade para os dois irmãos ficarem sentados no banco de trás. Pai e mãe preocupados com a estrada, a solução infantil foi começar a brincar. Brincadeira no banco de trás do carro quase sempre se confunde ou se transforma em briga. Incomoda os adultos. Eu também já fui autor de ameaças daquele tipo em viagens que fizemos com as crianças pelo interior do Goiás e do Ceará. Mas nunca deixei ninguém na rua. Isso fica para o mundo da fantasia. No caso do pai de Richard, a solução foi deixar o menino na beira da estrada. Mas o fim da história não é bem aquele que você possa imaginar, pois, definitivamente, esta não é uma história comum.
Com ilustrações em preto e branco do autor e tradução de Eduardo Brandão, o enredo é contado pela ótica de Richard, que não vê nada demais no que fez, e se mostra orgulhoso o suficiente para seguir em frente com sua birra. A criança é auto suficiente o bastante para morar na beira da estrada. Lá, a vida passa, e o menino adolesce, cresce, vira homem e no fim, reconcilia-se com a família também de forma inusitada. Como o livro foi feito para ser lido por crianças e não é um livro pedagógico (oba!!!), não pense que o importante é aprender ou mostrar alguma lição. Não procure entender como Richard sobreviveu as dificuldades. Apenas divirta-se com a história. Este é o fim principal deste livro muito bacana. Bacana como a Mariana. Ou como se jogar no chão e gritar -MIAU depois de cantar “atirei o pau no gato-to...”. Não sei se você vai gostar, mas com certeza seu filho vai curtir muito.
P.S. Na foto acima, depois de brincadeiras, brigas, ameaças e um rodízio de Pizza, nossos Pedros e Júlia desmaiam no banco de trás numa saudosa Fortaleza de janeiro de 2005.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Brinquedos e badulaques com Rubem Alves
Nós roemos um buraquinho na parede e conseguimos entrar no recinto. Não podíamos perder as palavras do criador de metáforas geniais sobre educação como “País dos dedos gordos” e “Urubus e sabiás”. O encontro foi repleto de pequenas histórias como a de quando sua filha voltou do primeiro dia de aula. Ansioso, o pai perguntou: - Como é a sua professora? Resposta da pequena sensível: - Ela grita!!!
Daí, contou que a primeira aptidão que um bom professor precisa oferecer: gostar de crianças. A primeira coisa que deve professar: ensinar a VER. O educador enumerou as três etapas da vida – e isso vale para todos os mortais: Ensinar o que sabe; ensinar o que não sabe e o esquecimento. Deve-se esquecer o que aprendeu. Esquecer para lembrar. Confuso? Para explicar melhor, citou os Mestres do Zen Budismo que se dedicam a dar rasteira no pensamento das pessoas para que, sem as amarras dos “paradigmas” possam repensar. Ou seja, a teoria do Zen Budismo se encarrega de desensinar. Citou o paradigma medieval de que a terra era o centro do universo. Para que fosse aceita a idéia de Galileu Galilei de que a terra gira em torno do sol, foi preciso que a comunidade científica esquecesse a teoria até então em voga.
E tome histórias e poemas a encantar o público. O professor, que descobriu a poesia aos 40 anos, deitou palavras de Fernando Pessoa naquela tarde. “Pensar é estar doente dos olhos”. Depois, o primeiro slogan da coca-cola em Portugal, pelo poeta português: “A princípio estranha-se. Depois, entranha-se”. Vale para a literatura, não vale?
A história que mais gostei foi a de que o homem carrega duas caixas enquanto viaja pela vida. Na mão direita, uma caixa com objetos úteis, que Rubem Alves chamou de ferramentas. Extensões do corpo que servem para fazer algo, até então impossível de se fazer só com nossos recursos corporais ou coisas que podemos fazer mas com as ferramentas usamos de menor esforço. São melhorias do corpo. Na mão esquerda, o homem carrega outra caixa. Esta, repleta de objetos inúteis que o professor chama de brinquedos. Não servem pra nada, a não ser para nos dar prazer. As ferramentas são meios de vida, mas, sozinhas, não nos dão razão para viver. Na verdade, aprendemos a usar as ferramentas que abrem a caixa dos brinquedos. Nossa verdadeira razão de vida.
Rubem Alves desfilou seu “quarto de badulaques” repletos de dicas culturais. Falou de música clássica, citou o filme O Segredo de Beethoven, os livros de arte da editora Taschen, sua paixão pelo quadro Mulher de Azul Lendo uma Carta de Vermeer e pelas flores e caveiras de Georgia O’Keeffe, que nós também amamos. Livros? Rubem Alves despejou elogios à obra de Mia Couto, disse que gostou muito de O Caçador de Pipas e lembrou de uma obra de Milan Kundera chamada O Livro do Riso e do Esquecimento. Use a ferramenta da internet para descobrir estes brinquedos. É o que estamos fazendo por estes dias.
Por fim, Rubem Alves disse que o professor precisa ser educado para dar ouvido às crianças. Além de educar o olhar, é preciso educar o ouvir. O professor deve ser como uma mãe que garante, no seu silêncio observador, a mansidão do espaço da criança. Esta é, por fim, a essência da educação.
Chegamos famintos e saímos fartos. Devoramos os morangos que aquela tarde quente e seca nos ofereceu. Deliciosos. Brincamos muito naquele auditório. Se você ainda não conhece a obra de Rubem Alves não se intimide. Descubra “O País dos dedos gordos”, “Urubus e Sabiás” e outras de suas metáforas geniais no livro “Estórias de quem gosta de ensinar”. Depois de picado pelas palavras do professor você vai sentir uma vontade incontrolável de brincar com outros livros. Não é preciso ver Rubem Alves para se encantar por sua paixão pela educação. Leia e se apaixone também. Como diria o palestrante ao encerrar a sessão: “o pensamento tem gozo só de imaginar”.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Nunca se viu tanta gente!!! Parte II
Anna Claudia Ramos também constou na Programação Geral mas daí a confusão: no papel, suas palestras seriam das 9h as 11 e das 14 as 16 do dia 06 de setembro. Na internet, ainda está lá o horário da segunda palestra: das 11h30 as 13h30. Resultado, auditório lotado na primeira sessão e na segunda, uma confusão com gente chegando aos poucos até que dois terços estivessem ocupados.
O mesmo aconteceu com Roger Mello. Eu e Ana Paula estávamos assistindo a palestra de Elias José (abandonado pela equipe da feira, salvo pela divulgadora da Paulus) quando chegou Roger ciceroneado por sua mãe. Tinham lido no JORNAL que o lançamento de Zubair e os labirintos seria das 11h30 as 13h30. Na internet estavam divulgando das 17h30 as 19h30 (o folheto com a programação não havia saído ainda). Confusão geral. Ninguém da produção da feira soube informar qual o horário correto. Na dúvida, Roger desfilou talento, bom humor, gentileza e competência em duas sessões. A primeira para um auditório com meia lotação. A segunda restrita a 20 atentos e encantados ouvintes. Anna Claudia Ramos não pode fazer a gentileza que transbordou em Roger Mello porque, como qualquer mortal, precisava almoçar. No mais, eu comprei as águas e servi aos autores citados, segurei microfone para Roger poder mostrar os encantos gráficos da boneca do livro Zubair, apresentei Anna Claudia Ramos à platéia – deveria ter apresentado Roger e Elias – e ainda tive que levar Anna Claudia Ramos ao aeroporto pois o motorista que deveria fazer o trajeto não estava no local no horário combinado. A palestra dela acabou as 16h e o vôo foi marcado para as 17h30. Foi uma correria!!!
Eu não conhecia a premiada escritora portuguesa ALICE VIEIRA. Desejei conhecê-la mas, além de não poder participar dos seus encontros na feira (disseram que foram ótimos), não encontrei seus dois livros publicados no Brasil pela SM: Contos e Lendas de Macau e Os olhos de Ana Marta. Talvez tenha sido incompetente na minha busca. Mas o premiado livro infantil de Thiago de Mello AMAZONAS: No coração encantado da floresta também não apareceu na feira. Zubair, de Roger Mello, não chegou a tempo. A DCL não levou o livro Nos Bastidores do Imaginário, tema da palestra de Anna Claudia Ramos, para seu estande. Enquanto isso, o release de divulgação da Feira do Livro informa que “no meio da semana a grade de programação da Feira era voltada ao público infantil. Muitas peças de teatro, contação de história e oficinas lúdico-pedagógicas, com brincadeiras relacionadas a atividades literárias”. Não, não foi fantasia. Foi, sim, a programação infantil da 26ª FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA. Parabéns!!! Nunca se vendeu tanto livro. E, se estes livros estivessem por lá, teriam vendido muito mais.
P.S. Deixo aqui meu abraço ao amigo Lourenço Flores dono da livraria Esquina da Palavra. Sem lancheiras de livros, fantoches, jogos ou tapetes de EVA, deixou seu estande assim (foto acima) na manhã do primeiro sábado da feira.
Deve ter vendido todo estoque de livros fantásticos!!!
P.S. Esqueci de dizer que houve ainda (eu não vi, mas o release diz que houve) a incrível “mostra de cinema português”!!! (...)
Sensacional essa Feira do Livro, não foi?!
Nunca se viu tanta gente!!! Parte I
Não tenho competência para falar sobre a programação adulta da feira pois, embora seja leitor de Mirisola, amigo de Lira Neto, fã de Moacyr Scliar e das biografias de Paulo César Araújo, não me sinto à vontade para falar sobre eles, além de não ter acompanhado de perto esta programação. Deixo claro ainda que os Roedores de Livros não participaram da feira neste ano – ao contrário do que aconteceu em 2006 - o que pode dar vestígios a interpretações de que o que escrevo aqui tenha um cunho pessoal. Não é. A intenção deste texto é o de alertar a todos (inclusive ao grupo responsável pela Feira do Livro de Brasília) que não se faz um evento cultural pensando somente em números. Atenção, cuidado e respeito vêm sempre em primeiro lugar.
No primeiro parágrafo do tal email, destaca-se que “nunca se viu tanta gente. Todos os corredores da Feira ficaram congestionados por pessoas interessadas em saber as novidades do mundo literário”. Fala-se de meio milhão de pessoas, um número, sem dúvidas, expressivo. Fala-se no aumento das vendas e no fim de 10 dias, parece que isso é o que importa. Estivemos lá no primeiro dia. Passeamos pelas instalações. Tudo muito assustador para quem tem uma relação de proximidade com o livro. O release que ora recebo diz que “Os maiores visitantes da Feira do Livro de Brasília foram os alunos das escolas públicas e particulares” para logo depois arrematar: “De acordo com registros fotográficos, ônibus escolares enfileiraram-se na via que dava acesso a Feira e chegava a quase 1 km. As escolas participaram do projeto "Ler é legal", criado há 3 anos pela Câmara do Livro em parceria com a Secretaria de Educação do DF. O projeto permite que alunos e professores de ensino fundamental e médio do DF possam adquirir livros durante a Feira do Livro de Brasília. Um dos objetivos do projeto é ampliar o universo multiplicador de conhecimento e criar oportunidade de negócios, já que as Feiras de Livros tornam-se vitrines da cultura, capazes de promover os livros e aumentar o interesse pela leitura; oferecer ao público visitante a oportunidade de acesso as mais importantes obras dos autores nacionais e internacionais”.
Aproveitando a deixa, meus registros fotográficos neste post mostram as vitrines que ofereciam “as mais importantes obras dos autores nacionais”. São lancheiras de livros, fantoches, tapetes de EVA, máscaras, jogos. Predominantes nos estandes da feira. Impedidos de comprar outros itens que não fossem livros com os “Legais” do Governo, driblava-se a norma com gritos nos corredores engarrafados de crianças: - compre um livro e ganhe um fantoche!!! Durante a semana, a visitação descontrolada de alunos tornou a feira quase impossível de se transitar. “Parecia Natal”, diria o release da assessoria de imprensa. Se você é adulto e sabe como ficam os shoppings às vésperas do natal, imagine o que pode escolher uma criança, ou um professor responsável por mais de 30 delas num corredor repleto, entupido de gente. Como parar para escolher um livro? Melhor parar no stand de um dos personagens que mais trabalhou na feira: o Tinácio, que com talento e simpatia pintava o rosto das crianças. Talvez o momento mais feliz para a garotada.
Podemos dizer que esta pode ter sido também a feira da água. Lembro a todos que passamos por um momento de extrema seca em Brasília com a umidade do ar ficando muito abaixo dos 20% durante nossas tardes. NÃO HAVIA ÁGUA À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO. Nos dias em que acompanhei Elias José, Roger Mello e Anna Claudia Ramos a produção não providenciou sequer água para eles. Tínhamos que entrar no shopping para comprar água. E o que fazer com as crianças da periferia? Eles podem até dizer que tinha água por lá. Mas nos cinco dias em que freqüentei o local... só pagando!!! Nunca se vendeu tanto livro... e água!!!
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
24 horas de histórias para contar...
Neste perfil, da meia noite de domingo até as quatro da manhã, o destaque foi Regina Machado. Autora dos livros O Violino Cigano e outros contos de mulheres sábias, A formiga aurélia e outros jeitos de ver o mundo e o genial Nasrudim, Regina encantou a todos com três histórias do tempo das mil e uma noites. Foi aplaudida de pé, as duas da manhã, sob pedidos de bis. Naquela madrugada, encontramos nossa querida Lenice Gomes (na foto abaixo) que, devido a um acidente impensável, não pode desfilar seu talento contando suas sacadas folclóricas. Passavam das quatro da manhã quando cruzamos as ruas iluminadas de Copacabana, exaustos, felizes. Um pouco de sono para dar espaço para os sonhos contarem novas histórias.
Onze da manhã... dormimos demais!!! Engolimos o café de uma vez e corremos para o SESC. Todo mundo lá. Aldanei só descansara 60 minutos. Devorou 23 horas de histórias. Tinha a força dos jovens apaixonados. Grande Alda. Mas eu queria falar de uma dupla genial, os mestres de cerimônia da maratona: os atores Álvaro Assad e Marcio Moura (integrantes do Centro Teatral e Etc e tal) dominaram a cena com entradas hilárias plenas de interação com o público. De pijamas, de toalhas, de mestres cuca... impecáveis na arte de entreter com inteligência.
O domingo carioca apresentava suas cores quentes, mas nós não víamos o tempo passar naquela arena. Principalmente quando fomos surpreendidos com a apresentação de Ana Luisa Lacombe. Numa homenagem à Sylvia Orthof, contou a trilogia da galinha: “Foi o ovo, uma ova”, “Galo, galo, não me calo” e “Mudanças no galinheiro mudam as coisas por inteiro”. As crianças tiveram crises de riso que contagiaram a todos. Lacombe mostrou que o bom contador, estuda sua história e encanta, mesmo respeitando o texto literário. Que show!!! De lambuja, contou "Se as coisas fossem mães". Após cada história, sempre apresentava o livro de origem.
Boa parte do Firimfimfoca (nosso espetáculo-surpresa que está quase saindo do ovo) estava presente naquela arena. Adoramos. Depois daquela apresentação, feita sob medida para nós, fãs de Sylvia Orthof (agora, fãs da contadora carioca radicada em São Paulo), não perdemos tempo: convidamos Ana Luisa Lacombe para uma canja em breve na Capital Federal. Assim, deixamos a maratona felizes e ansiosos para retornar em 2008 para a Cidade Maravilhosa que, mesmo no interior de um teatro arena nos presenteou com maravilhas.
domingo, 9 de setembro de 2007
Esse coelho e essa ovelha pertencem a Júlia Bernardes
Assim são a menina Emília e seu coelho Stanley. Amigos inseparáveis que sofrem com o assédio da poderosa Rainha e seu séqüito. Ela usa e abusa do poder real. Quer porque quer o coelho de Emília. Sente inveja do amor que vê transbordar entre os dois. Acredita que o coelho pode lhe trazer a felicidade. Exige que Emília troque-o por todos os brinquedos do mundo. A menina não cede. Nada pode comprar seu inseparável coelho de pelúcia. Não se compra um amor. Pelo menos no mundo da criança. Um dia, Sua Majestade seqüestra Stanley. A partir daí, Emília sai em busca do seu amigo e, de forma surpreendente, ensina a Rainha como conquistar um parceiro fiel para viajar no mundo da fantasia. O livro ESSE COELHO PERTENCE A EMÍLIA BROWN (Cressida Cowell, com ilustrações de Neal Layton, Martins Fontes) carrega a simplicidade de uma história encantadora para todas as idades. É uma pancada no universo capitalista em que os brinquedos são descartáveis. As crianças se identificam com a menina e seu brinquedo preferido. Todos já tivemos um. Guardamos em nosso íntimo as aventuras de pelúcia de tantos animais, as Fofoletes, os Falcons e tantos outros companheiros de infância que nos ajudaram a trilhar os caminhos da fantasia. É por resgatar a cumplicidade entre o brinquedo e a criança que este livro emociona a todos. É um sucesso aqui na toca dos Roedores. Leve pra casa você também. Quem sabe possa tornar-se seu livro de estimação. Não tenha dúvidas: você vai se apaixonar por ele.