



Adeus conto de fadas chegou até a minha casa de roupa nova. Segunda edição com uma capa mais instigante, que veste 72 minicontos. Nada mais que 15 linhas em cada um. Segundo pincei no Wikipédia, no miniconto, "muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita". O título faz referência ao fim da infância. A passagem do mundo do faz-de-conta para realidade. A terra do nunca ficou presa nos livros e viver esta nova fase não é nada fácil.
No livro, temas adolescentes: a menina que se acha feia, a gravidez precoce, o primeiro beijo, competição, inveja, sexo, amor. Bom humor e inteligência andam juntos o tempo todo. Tem para o universo masculino, para o feminino e para os dois juntos em harmonia - ou não. A turma vai se deliciar. E se você já passou da adolescência, não se incomode. As situações descritas fizeram parte da sua visa. Vale à pena descobrí-las neste livro.
Hoje, descobri que o Dobras da Leitura em sua edição 46 publicou uma resenha bem bacana sobre o livro. Uma pena eu não ter visitado aquele link antes. Não teria demorado tanto para provar as delícias de Adeus Conto de Fadas. Mas os livros esperam por nós, não é mesmo?! Eu só espero que meu relato apaixonado conquiste novos leitores. Para não correr o risco, deixo que o próprio Leonardo Brasiliense convide a todos a mergulhar em seus minicontos fantásticos. Apaixone-se pelos desencantos, surpresas e felicidades da adolescência.
Pra descontrair (in Adeus Contos de Fadas).
No banheiro da casa dele, os dois olham fixamente para o teste de gravidez.
- Mas tem que ficar rosa ou azul?
- Calma, ainda não deu o tempo.
Passa um minuto. Passam dois. E nada. Ela começa a chorar, e gagueja:
- Ainda não aconteceu nada.
Ele pega a “caneta”, trêmulo que mal consegue segurá-la:
- Será que não funciona?
- Tu comprou onde essa porcaria?
Ele também já chora, e rindo ao mesmo tempo:
- Na mesma farmácia da camisinha.
Hatuna Matata!!!
P.S. Sobre as imagens.
A primeira – Capa da Segunda Edição;
A segunda – Capa da Primeira Edição;
“Um dia, tinha que ser um dia azul, com nuvens brancas, vento suave, sol quase cor-de-rosa, tinha que ser num dia assim (*)” para que eu reencontrasse OS TRÊS LADRÕES. Não foi num seqüestro relâmpago, muito menos num assalto a banco ou no calçadão de uma praia carioca. Os ladrões aos quais me refiro eu poderia ter encontrado se morasse distante daqui, nos tempos em que as carruagens eram movidas a cavalos de verdade e rodas de madeira. Nos encontramos pela primeira vez há muitos anos, quando tive acesso aos vídeos da coleção Crianças Criativas. A única coisa que eles conseguiram roubar de mim foi a atenção. E agora, me vejo com o olhar e o coração presos ao encanto não do vídeo, mas, finalmente, do livro OS TRÊS LADRÕES (Tomi Ungerer, Global) em novíssima edição.
Publicada originalmente em 1963 e vencedora de diversos prêmios, incluindo o Hans Cristian Andersen (2000) esta história teve sua primeira edição traduzida para a Língua Portuguesa em 1997. Três ladrões se ocupam em assaltar carruagens com uma estratégia infalível acumulando uma riqueza de fazer inveja aos mais ricos. Um dia, ao encontrarem uma pequena órfã, os três malvados são tocados pelo amor e passam a dar um novo sentido a suas vidas.
Tomi Ungerer, nasceu em 1931 na Alsácia, região administrativa da França. No final dos anos 50 foi morar nos Estados Unidos da América onde trabalhou como ilustrador em publicações famosas como a revista Life e o diário The New York Times, onde ficou conhecido por seu traço criativo e cheio de humor. No Brasil, infelizmente, tem poucos livros disponíveis. Entre eles, O Homem-Lua e O Chapéu.
(*) Trecho da história Um elefante incomoda muita gente, de Sylvia Orthof, publicada no livro Os Bichos que tive (Salamandra).
Dizem por aí que a origem do costume de se estender um tapete vermelho para que pessoas importantes possam passar por ele vem de muitos anos. Séculos. E a questão não era exatamente O tapete e sim a sua cor. Segundo descobri por aí, na Antiguidade (cerca de
Sem precisar gastar tantos tostões com a tal da concha e sem explorar a mais valia, Ana Paula e Edna compraram o material e encomendaram a uma costureira a confecção de um tapete vermelho para que nossas ilustres crianças ficassem mais a vontade. A sombra da árvore no jardim do Centro Comunitário da Criança ficou ainda mais acolhedora. Enquanto isso, nossa sala vai ganhando a estrutura necessária.
Para a mediação, pensei em comentar sobre a cobertura da imprensa sobre o caso Isabella Nardoni. Todas as crianças estavam por dentro do assunto. Algumas tinham até feito algum trabalho a respeito na escola. Ali, no mundinho deles, o caso é só mais um. Dia desses, dois deles me contaram uma história depois de uma canção:
Menina: - Eu tinha um tio que gostava de tocar violão.
Menino: - Ele era assim, gordinho, parecido com o senhor.
Menina: - Ele morreu num acidente de carro semana passada.
Menino: - Foi. Depois do acidente, deram seis tiros nele, dentro do carro.
Menina e Menino: - A gente sente uma saudade dele. Era um cara bem divertido.
E saíram para brincar enquanto eu fiquei com as músicas engasgadas na garganta.