Desde dezembro de 2007 que nós do projeto Roedores de Livros sentimos falta do contato com as crianças da Ceilândia. Mas não é fácil manter um projeto “de verdade” somente com voluntários. Os Roedores de Livros ainda não têm sede própria. Precisamos – entre outras coisas - de um cantinho para acontecer. Este tem sido nosso "calo" desde o início.
Em 2006, o embrião do projeto aconteceu na Biblioteca Comunitária T-Bone, em Brasília. Lá, recebíamos semanalmente crianças de creches, escolas públicas e abrigos do entorno do Distrito Federal. Mais de 900 crianças passaram por lá. Tudo era feito com muito prazer e dedicação, mas faltava consistência ao que fazíamos. Era importante para aquelas crianças sair do seu habitat, dar uma volta no Plano Piloto e conhecer uma biblioteca. Era importante o contato com a música, as artes e, principalmente, com a literatura infantil. Mas aquilo acontecia uma vez só para elas durante um ano inteiro (alguns grupos foram atendidos por duas vezes). E depois da visita? O que acontecia com as crianças? Essa questão nos incomodava muito naquele tempo. Poderíamos oferecer mais. O projeto pedia mais qualidade e menos quantidade. O que fazer?
Em 2007, aportamos na Ceilândia, cidade do entorno de Brasília com altos índices de violência e onde as crianças não têm acesso a tantos bens culturais. A Ong Pró Gente nos ofereceu um lugar acolhedor e escolhemos 30 crianças para o projeto. Semanalmente acompanhamos a evolução destes meninos e meninas. O apego com o livro, o desenvolvimento da leitura de cada um, o prazer em levar o livro para casa, a melhora nos relacionamentos entre eles e entre todos nós. Posso dizer que os Roedores de Livros também aprenderam muito com as crianças. No final do ano, uma notícia nos surpreendeu: a Ong informou que a sede seria vendida para uma universidade particular. Tivemos que somar a preocupação em conseguirmos outro local ao desafio seguinte do projeto: implantar uma biblioteca pública de literatura infantil, aberta de segunda a sábado,com atividades que envolvam além das crianças do projeto, outros meninos e meninas, oriundos das escolas públicas das redondezas. Quem sabe até uma parceria com os professores da rede pública de ensino. Mas esta é uma conversa para outra hora.
Vieram as “férias” de dezembro e janeiro. Quando fevereiro chegou, Célio, Edna, Eu e Tino arregaçamos as mangas para procurar um novo cantinho para abrigar o projeto. Queríamos continuar na Ceilândia, próximo ao local anterior para seguirmos com os meninos do ano passado, além de receber novos amigos. Foi aí que uma pequena mágica aconteceu: envolvida com outros assuntos, fui com o Célio visitar uma instituição. E a foto acima mostra como fomos recebidos. Meu coração bateu mais acelerado. Esperança. Por enquanto, estamos na fase do namoro. Mas acredito muito que dará certo. Torçam daí que até segunda-feira a gente deve espalhar por aí quem será nosso novo parceiro. Por enquanto, guardem consigo estes sorrisos. Eles têm uma força indescritível. E viva aos que trabalham sério em prol da criança. Aprendamos com eles.
Um comentário:
Que bom! É muito bom ler essa notícia, pois fiquei super chateada quando soube da venda da sede. Sei bem como é trabalhar voluntariamente e por mais amor e dedicação a gente sempre esbarra em bur(r)ocracias que estão fora do nosso controle.
Oxalá chegue logo 2a feira pra termos o prazer de comemorar juntos!
Muitos beijos
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