sábado, 26 de setembro de 2009
IVAN ZIGG em Brasília!!!
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Os pequenos livros das grandes coisas
OS PEQUENOS LIVROS DAS GRANDES COISAS
Os títulos infanto-juvenis crescem, mas não se dedicam só aos jovens.
Por Rosane Pavam.
O menino ficou amigo do passarinho, mas o passarinho morreu na varanda. Outro garoto matou o bichinho, que agora pia em seu coração. Estes argumentos carregados de violência e sexualidade orientam os livros de Bartolomeu Campos de Queirós e Wander Piroli. Suas histórias, intituladas Até Passarinho Passa (Moderna) e O Matador (Leitura), abrigam-se sob a categoria infanto-juvenil. Mas quem garante que um adulto não precisará delas?
A literatura infanto-juvenil é o mais sério caso enre as ficções brasileiras. Ela ultrapassa as fronteiras etárias e orienta a produção adulta. Faz seis décadas que somos aproximadamente o mesmo leitor desde a adolescência. Ou nos infantilizamos a ponto de exigir, dos escritores, a linguagem do início de nossas vidas, ou os jovens cresceram rápido demais e invadiram o terreno da imaginação adulta.
“Quando eu tinha 12 anos, não lia literatura infanto-juvenil. Eu lia Tchekov”, afirma Nelly Novaes Coelho, a mais respeitada teórica brasileira a abordar essa produção. “Depois de O Reizinho Mandão, da Ruth Rocha, disse ao meu marido que a ditadura acabaria logo, já que até a literatura juvenil zombava dela”, conta. Ela leu o livro em 1977 e o AI-5 foi revogado no ano seguinte.
Nelly crê que toda literatura obedece a um impulso criador ligado ao erotismo. Se o sexo está cerceado na sociedade, como no Brasil no início do século XX, a elaboração mental cresce. Solto o erotismo, não é preciso recorrer à extrema organização de ideias para se relacionar com o mundo.
“A literatura infantil hoje, ao contrário daquela de 40 anos atrás, está cheia de besteirol, mas deixa estar”, raciocina Nelly. “Vivemos uma transição esperando que um novo sistema, tão eficiente quanto aquele racional e literário, se imponha. A criança de hoje tem um mundo mágico à sua disposição, fundado em tecnologia. Vai ler por que? Na minha infância, havia muita literatura, mas a magia se reduzia ao Ford Bigode estacionado na rua.”
Para Nelly, de 87 anos, não se pode pensar em literatura, hoje, senão como uma tradição necessitada de incentivos escolares. Mas ocorre de os próprios professores não a conhecerem. A capacitação desses profissionais toma um enorme tempo na vida de um esritor como Luiz Raul Machado, que orienta grupos no Rio. É preciso que os professores aprendam a gostar de ler, ou a literatura morrerá, ele diz.
A batalha pela aquisição de leitores não tem trégua também no mercado editorial, já que as vultosas compras governamentais de títulos infanto-juvenis sustentam muitas casas publicadoras. A Câmara Brasileira do Livro informa que entre 2007 e 2008 os títulos para crianças com até 10 anos cresceram 14,02%. A partir de 11 anos, 41,88%. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, de 2007, é a mãe de família a principal responsável pela indicaçào dos livros a seus meninos com até 10 anos. Na faixa etária entre 11 e 13, a criança lê principalmente o que a escola exige. A partir dos 14 anos, escolhe. Mas lê menos do que antes.
Há quem ligue a perda desse leitor à simplificaçào promovida por educadores e editoras. “O conceito infanto-juvenil é questionável”, acredita Elisabeth Maggio, autora de O Senhor dos Pesadelos. “A ideia contida no conceito é que os jovens terão uma literatura mais fácil e digerível para estimulá-los a ler e que, com o tempo, farão a transição para uma literatura adulta. Mas nem sempre acontece assim. Os leitores acabam estacionando na tal da literatura de transição, e quando têm de ler o Machado de Assis pela primeira vez, é um choque.”
Milu Leite, finalista do Prêmio Jabuti por O Dia em Que Felipe Sumiu, condena a pressão por enquadrar a literatura como “mais uma maneira” de educar as crianças. “Essa pressão vem de algumas editoras, pais e escolas, não das crianças, os leitores.” Bartolomeu Campos de Queirós tem sua visão particular desse universo. “A sociedade confunde infância com o superficial, o raso, o vazio. Mas a infância é o lugar das perguntas, dos medos, das dúvidas, das alegrias, mas também das tristezas.”
O Nobel de Literatura Isaac Bashevis Singer, autor de Histórias para Crianças (Topbooks), enumerou em 1978 suas razões para escrever para esse público. “Na época de hoje, quando a literatura para adultos se deteriora, bons livros infantis são a única esperança, o único refúgio. Muitos adultos leem e apreciam livros infantis. Escrevemos não só para crianças como para seus pais. Eles, também são crianças sérias.”
Responsável por títulos destinados às escolas, Maristela Petrilli de Almeida Leite, da Editora Moderna, diz não discriminar temas, embora oriente a linguagem destinada a seus leitores. “O texto tem de ter qualidade e ser prazeroso. Não cai bem o palavrão. Se puder substituí-lo por outra expressão, o autor deve fazê-lo.”
Lilia Schwarcz iniciou, em 1992, a publicação de infantis pela Editora Companhia das Letras. Ela reconhecia a seriedade desse mercado e das publicações da área no Brasil, mas, mãe de crianças, achou por bem dar a face de sua editora aos títulos para jovens. Publicou os livros de Babette Cole, apresentou autores como Dr. Seuss, pediu ao ilustrador brasileiro Odilon Moraes para desenhar sem cores um clássico como Pinóquio, de Carlo Collodi. As ousadias ampliaram seu público.
Em uma livraria, títulos como esse Pinóquio ou Av. Paulista, de Carla Caffé, que integra a coleção Ópera Urbana, da Cosac Naify, podem confundir um leitor. Ele será uma criança se achar que aquele livro infanto-juvenil lhe foi destinado?
A confusão não ocorre por acaso. Em alguns casos, é estimulada. A editora Isabel Lopes Coelho quer que os livros da Cosac diluam as fronteiras entre adultos e pequenos. Não há outra maneira, a seu ver, de formar um bom leitor. Os livros da editora são especialmente pensados sob o aspecto do design, como se as categorias etárias se distinguissem também pelo repertório gráfico, absorvendo elementos da arquitetura ou do cinema conforme a idade avança.
domingo, 6 de setembro de 2009
Um Parafuso a mais para a literatura.
Queridos amigos, o livro CADÊ O JUÍZO DO MENINO? (Tino Freitas, ilustrações de Mariana Massarani, Manati) segue conquistando leitores. Desta vez, foi parar no blog do DOBRAS DA LEITURA, sítio que nós aqui do Roedores de Livros estamos sempre de olho pois Peter O'Sage, Renata Nakano, Luiz Sposito e outros colaboradores sempre falam com propriedade do universo da Literatura Infantil e Juvenil. Peter escreveu a resenha. Brinca com a palavra TINO (no caso, ora substantivo, ora nome do autor). Seu olhar crítico alcança horizontes ainda não percebidos por outros leitores. Obrigado Peter. Tino manda abraços musicais. Eu, deixo aqui a saudade de molho e um até breve. E, para quem quiser ler a resenha, é só CLICAR AQUI.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
oitocentos e poucos. São muitos. Queremos mais.
Nosso acervo foi construído por doações de amigos; de editoras; de desconhecidos que colaboraram nas campanhas que fizemos em escolas, livrarias e shoppings centers; autores e ilustradores... e alguns que nós compramos em sebos. A biblioteca do projeto possui exclusivamente livros infantis e juvenis. Alguns informativos, outros de poesia. Fantasia para criança nenhuma botar defeito. Lá, as histórias dos irmãos grimm e de Andersen convivem com algumas histórias contadas por barbies. As recriações de Ricardo Azevedo e Câmara Cascudo dividem o espaço com as aventuras de Pérola e Judy Moody. Enfim. 800 e poucos livros em três anos e meio de projeto. Uma conquista e tanto. Mas ainda falta. Livros são sempre bem vindos. E nossa meta para 2010 é conseguir um lugar maior que as nossas caixas de papelão pois os livros precisam estar mais à vista das crianças. Chegaremos lá. Hatuna Matata!!!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Sementes da sabedoria de um povo.
Dia desses nos encontramos em São Paulo. Foi no lançamento de mais um livro seu, cercado de boas histórias nascidas lá no antigo oriente, mas que – assim como o povo judeu – já pertencem aos quatro cantos do mundo: LENDAS JUDAICAS (Salesiana). Ilustrado com muita beleza por Renato Moriconi, cercado de um belo projeto gráfico, o livro guarda em suas páginas belíssimas histórias cheias de sabedoria que encantam olhos e ouvidos de todas as idades. Digo isso porque em recente roda de histórias para adultos promovida pelo grupo Tapetes Contadores de Histórias e numa apresentação para um grupo de 30 crianças tive a atenção, a surpresa e os aplausos de todos ao contar a minha história predileta deste livro, chamada O TALMUD.
Assim como O TALMUD, outras histórias como O TZADIK e O REI DAVI, O PRÍNCIPE SALOMÃO E O OVO COZIDO encantam desde aquele que se propõe a uma leitura solitária (que eu adoro) até os que gostam de uma leitura compartilhada (que eu adoro, também). As ilustrações de Moriconi ora ocupam as páginas duplas por completo, prendendo a atenção do leitor com cores ocres e texturas; ora dividem espaço com o texto num uso perfeito dos espaços em branco que, muitas vezes, surgem a partir dos desenhos. Ilan Brenman escreve com o talento de um grande contador de histórias. Somados ao de um grande escritor. Talento que esbanja em outro livros como O TURBANTE DA SABEDORIA (ilusrações de Samuel Casal, Edições SM) e AS 14 PÉROLAS DA ÍNDIA (ilustrações de Ionit Zilberman, Brinquebook). Seu LENDAS JUDAICAS é um livro especial. Feito com esmero. Bonito. Universal. Sem fronteiras. Merecedor do selo LIPTI dos Roedores de Livros (Livro Ilustrado Para Crianças de Todas as Idades). Rosane Pamplona e Ricardo Azevedo estão em boa companhia. Hatuna Matata.
P.S. Acima, num click do simpático Ivson, Eu, Ilan, Renato e Ana Paula, no lançamento do LENDAS JUDAICAS na Livraria da Vila (Shopping Cidade Jardim, Sampa).
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Cinco ouvintes.
Nosso encontro começou com Raquel lendo NOITE ESCURA (Dorothee de Monfreid, Martins Fontes) para a turma, que não havia acompanhado sua leitura na semana anterior. Foi visível a melhora da sua leitura e seu traquejo em jogar com o livro. Conhecer a história é fundamental para que a mediação funcione a contento. Depois, o Tino começou a mediação com PINOTE, O FRACOTE. JANJÃO, O FORTÃO (Fernanda Lopes de Almeida, il. Alcy Linares, Ática) que logo conquistou a atenção da garotada com os abusos do personagem Janjão.
Depois, a brincadeira rolou solta com O LIVRO DA COM-FUSÃO deliciosa e engraçada parceria entre Ilan Brenman e o ilustrador Fê (Brinque Book). O livro é uma grande brincadeira de juntar palavras e criar novos bichos sonoros e visuais. Demais. A mediação terminou com a leitura de ANJINHO (Eva Furnari, Ática), outro livro que brinca com a imaginação dos leitores e que eu e o Tino ADORAMOS por diferentes motivos.
Por fim, a turma foi fuçar na CAIXOTECA. Leram um pouco por lá e levaram outros livros para casa. Decidimos fazer uma pausa no sábado seguinte. Oportunidade para organizar o acervo, fazer um levantamento dos livros emprestados, perdidos, além de cadastrar as novas aquisições. Hatuna Matata.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
SHOW DE LANÇAMENTO DO "JUÍZO" na Livraria Cultura (Brasília)
(Clique sobre a imagem para umamelhor visualização)
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Cadê o juízo do menino?... encontraram na revista Crescer.
Olá Pessoal. Cadê o Juízo do Menino? (livro do Tino Freitas, roedor deste blog, ilustrado pela Mariana Massarani, Manati) continua se desparafusando por aí. Desta vez foi na edição de agosto da REVISTA CRESCER (Editora Globo). Para ver o texto de forma legível, BASTA CLICAR SOBRE A IMAGEM ACIMA.
E se você estiver em Brasília, não esqueça: LANÇAMENTO DO LIVRO, neste DOMINGO, 23 de Agosto, no auditório da LIVRARIA CULTURA, 17h. Show com músicas e histórias + sessão de autógrafos. Entrada franca. Hatuna Matata!!!
domingo, 16 de agosto de 2009
Antes de Ser Livro
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Uma passagem para sampa e outra para o mundo da fantasia.
No meio da estante amarrotada de poucas boas ideias literárias, um título me chamou a atenção: CHAPEUZINHO VERMELHO. Um livro grandão, esverdeado, com um MENINO na capa dura, acompanhado do subtítulo UMA AVENTURA BORBULHANTE. Nada tradicional. Do jeito que eu gosto. Estacionei a curiosidade ali mesmo e fui descobrir as delícias daquela descoberta, enquanto dois vendedores olhavam para mim com aquele jeito de quem diz: - Vai levar ou vai ler aqui mesmo? Li ali mesmo e depois levei para casa, pois era certo que o livro seria um presente e tanto para Ana Paula.
O livro, CHAPEUZINHO VERMELHO: Uma Aventura Borbulhante, dos irmão Lynn e David Roberts (Zastrás) é uma deliciosa paródia da hostória original. Desta vez, a personagem é o menino Tomaz. A autora (Lynn) ambientou o enredo no século XVIII e a família de chapeuzinho era formada por pioneiros ingleses vivendo na América do Norte. O ilustrador (David) caprichou nos detalhes de época (perucas, roupas, mobília) mostrando cuidado em sua produção. A construção é a mesma: uma criança leva uma encomenda para a avó e encontra com o lobo. Mas são irresistíveis as soluções escolhidas para recontar. Há toda uma nova decoração e o ambiente familiar apresenta-se com o frescor de uma casa nova para o leitor de qualquer idade. Simplesmente fantástico. Resolvido o problema com a passagem, retornei para casa duplamente feliz: passagem para Sampa e, no meio do caminho, uma parada de surpresa no mundo da fantasia.
O post poderia ter terminado no parágrafo acima, mas nem eu nem Ana Paula descansamos ao saber que Chapeuzinho Vermelho fazia parte de uma trilogia escrita pelos irmãos Roberts que ainda incluía Cinderela e Rapunzel. Fucei na internet e encontrei um comentário sobre o primeiro no blog da Cristiane Rogério (LER PRA CRESCER). Nada mais. Silêncio em torne de uma produção tão criativa e bem acabada. No dia seguinte encontrei RAPUNZEL: Um Conto de Fadas Fabuloso na livraria perto de casa. E ainda estava em promoção. E descobri que era tão bom quanto o primeiro. Eu e Ana Paula nos divertimos descobrindo as sutilezas do texto e das ilustrações.
A história se passa nos anos 70. Rapunzel é uma jovem que vive isolada do mundo, num apartamento no alto de um prédio velho. Órfã, vive com sua tia que a mantém trancada em casa, cercada de discos e revistas. O elevador vive enguiçado e do seu apartamento até o térreo são centenas de degraus. Para descer e subir do apartamento para a rua a malvada tia de papunzel, que trabalha como merendeira numa escola da cidade, usa as tranças da sobrinha. Um dia um jovem roqueiro apaixona-se por Rapunzel e a história segue o fio tradicional porém, com novas cores e sabores.
Como na releitura de Chapeuzinho Vermelho, a história de Rapunzel ganha ares históricos. São cabelos os mais variados, referências a discos de rock, homens usando sapatos de salto, roupas como coletes e calças boca de sino, o incrível mobiliário, tudo referência cultural dos anos 1970. Uma viagem ao túnel do tempo. Mas, antes de tudo, uma história muito bem contada. Para todas as gerações.
Ainda não vimos a Cinderela dos irmãos Roberts, desta vez ambientado nos anos 1920. Enquanto isso não acontece, seguimos relendo os dois primeiros, e descobrindo novos detalhes como, uma referência - em ambos, ao clássico que, em breve, deve compartilhar um espaço na estante de casa. Irresistivelmente obrigatório na estante dos apaixonados por boas histórias. E aí, pronto para a viagem? Agora, de volta do século XVIII e dos anos 1970, deixo este texto para fazer as malas para a São Paulo de hoje. Hatuna Matata.