domingo, 16 de maio de 2010
A primeira leitura
Era um livro pequenininho, que ele escolheu na estante - perdoem-me por não lembrar o título nesse momento em que escrevo, mas depois deixarei registrado. Miúdo no formato e com poucas páginas, mas que serviu para destravar sua vontade de ler, espelhando nossas ações semanais. Uma leitura ainda tímida, sem muita fluência, trôpega em alguns momentos, que precisou de ajuda para chegar ao final; porém rica e inesquecível para nós. E motivo principal desse post. Ganhamos uma batalhinha: um leitor. Estamos felizes e desculpe se pode parecer pouco para quem lê. Para nós é MUITO e aqui, deixo o nosso VIVA para o Tiago. Esperamos ouvir muitas outras histórias dele e dos outros pequenos.
Mas aquele dia foi especial por outros motivos: foi a primeira vez que algumas das crianças ouviram a história OS TRÊS PORQUINHOS que ficamos devendo na semana passada e que mediei a partir de O GRANDE LIVRO DOS LOBOS (Compilação da Editora Companhia Nacional). Mesmo quem já conhecia a história, curtiu. É um clássico. Entre outras histórias daquela manhã, o Tino leu PANDOLFO BEREBA (Eva Furnari, Moderna) em que não só o texto da autora provocou risos, mas a gurizada ficava louca para ver as ilustrações das personagens: outro ponto forte naquele dia.
Na semana anterior, eu havia prometido levar um helicóptero para cada criança nesse sábado. Promessa feita, promessa cumprida. Mais um pedacinho de papel, algumas dobras, uns recortes e um clip de metal... pronto. Cada um fez o seu e durante os últimos 30 minutos colocamos as aeronaves para voar. Por fim, descemos para o primeiro pavimento, onde fica a entrada da Torre A e fizemos o registro final daquele dia, antes de cada criança seguir para casa. Ainda precisamos alcançar mais crianças, mas já nos sentimos mais à vontade e íntimos de algumas crianças. E isso faz MUITA diferença. Hatuna Matata.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Livro novo é sempre uma alegria!
Já nessa sexta, 14/05, Socorro Acioli desembarca na Livraria da Vila, em São Paulo, para lançar dois livros de uma só vez: A bailarina fantasma e O inventário de segredos, ambos publicados pela editora Biruta e o sugundo, ilustrado por Mateus Rios - gosto muito do trabalho dele. Ainda não li os livros da Socorro (eles já chegaram aqui na toca, mas falta tempo), mas ela é craque no cuidado com as palavras. Posso afirmar que a editora caprichou no projeto gráfico dos dois livros. E muita gente boa tem falado bem sobre A bailarina fantasma, como Marisa Lajolo.
Se você estiver em Curitiba no sábado, 15/05, a pedida é conferir o lançamento de O Gato e a Árvore, livro-imagem de Rogério Coelho, publicado pela editora Positivo. Apesar de estar há pouco tempo publicando literatura infantojuvenil, a Positivo tem um catálogo com bons livros de imagem. Gosto muito do livro O Encontro (de Michele Iacocca) com o qual costumo brincar de adivinha nas mediações por aí. A visita ao lançamento também vale pelo local: a Bisbilhoteca, um cantinho que trata a literatura com muito carinho. Ah, e vale também visitar o blog do Rogério Coelho, em que ele conta a "construção" do seu primeiro livro como ilustrador e autor.
Por falar em primeiro livro como autor, ainda no sábado, 15/05, de volta a Sampa, o querido Renato Moriconi lança O sonho que brotou (DCL). O livro não quer ir de jeito nenhum pra estante aqui de casa. Já o encontrei na mesa da sala, em cima da cama, no aparador (bem pertinho da estante), mas ele não descansa. Quer encantar todo mundo uma, duas, três vezes... enfim. Um livrão, capa dura, para ler na vertical, com uma ideia muito bacana sintetizada em poucas palavras e muita imaginação (Moriconi é ótimo em brincar de misturar texto e ilustração para contar boas histórias). Ah, sem contar que o cara é uma peça divertidíssima - vale a companhia, mesmo sem livro. Aguardem resenha do livro aqui no blog.
Então é isso. Tá dado o recado. Quem puder, apareça! Para confirmar horário e local dos lançamentos, basta clicar sobre as imagens. Boa festa para todos. Hatuna Matata!!!
terça-feira, 11 de maio de 2010
Coloridos, sorridentes e em busca dos três porquinhos
A nossa sala de leitura recebeu um público melhor que o da semana anterior mas durante o bate-papo inicial sobre a mediação uma surpresa absurda: Duas crianças não conheciam a história dos três porquinhos. Outro absurdo: na nossa biblioteca não havia uma edição sequer com essa história. Os dois absurdos seriam resolvidos na semana seguinte pois a mediação estava passando da hora. Ana Paula leu Um porco vem morar aqui (Claudia Fries, Brinque Book) e depois, Monstro, não me coma (Carl Norac, com ilustrações de Carll Cneut, Cosac Naify). Eu fugi dos porcos e li Eu sou o mais forte (Mario Reis, Martins Fontes) e brincamos juntos durante a leitura do ótimo O livro da com-fusão (Ilan Brenmann, com ilustrações de Fê - a edição que temos é a da Brinque Book, esgotada, mas há uma nova ediçào pela Melhoramentos).
O projeto recebeu a visita da Adriana Frony, parceira em várias apresentações com os seus brinquedos cantados e reuniu a tropa roedora no brinquedo O ESQUIMÓ e saíram todos desbravando nosso espaço em busca de um Urso Polar e falando ROC TOC UMA. Divertidíssimo.
Por fim, antes do fim, distribuímos papéis e giz de cera para a criançada. Era o que tinha à mão para a oficina. Mas bastou. Todos, a seu modo, encontraram um cnatinho e desenharam livremente o que veio à cabeça. A ilustração abaixo foi da pequena Vitória. Adoramos. Belo desenho, com o fundo colorido, cheio de expressão. Reparem nos sorrisos. Foi assim que a gente saiu de lá: coloridos, sorridentes e em busca dos três porquinhos. Hatuna Matata!!!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
O que vocês querem aprender?
Sem turmas, sem provas (a partir dos conceitos que aprendemos)... funcionando numa lógica diferente, em que os alunos escolhem o que querem aprender e são acompanhados individualmente, a Escola da Ponte parece ter saído de um mundo fantástico. Ouvíamos incrédulos as ousadias e os resultados proferidos.
Enquanto o palestrante dizia alguns clichês como "o amor é indispensável na educação" ao olhar para o lado eu lia "a política é dispensável na educação". Parece que, de fato, ele vive esse amor. Mas não foi só amor que levou José Pacheco e seus parceiros a inventar um "novo cenceito" e transformá-lo em realidade. O que ouvi naquelas duas horas foi a determinação, a imposição, o enfrentamento, a atitude de um grupo ousado. Sua fala contagia. Uns perguntam como é possível? Outros assentem: é impossível! Enfim, ninguém saiu dali impune.
Ressalto a seguir algumas frases ditas por José Pacheco:
- O amor é indispensável na educação;
- É necessário impor algumas coisas (sobre como agir numa escola mais democrática e citou a ótima história de como se tornou professor de educação musical - impagável!!!);
- O mais difícil de um projeto de educação são os primeiros 30 e poucos anos, depois é fácil (sobre a árdua consolidação da Escola da Ponte como referência mundia, cuja mudança de "planejamento" ocorreu ainda nos anos 70);
- Há dificuldades de ensinagem (sobre os que argumentam dificuldade de aprendizagem de seus alunos);
- Tá tudo errado (sobre o fato de, no ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - termos apenas UM professor para ensinar todas as matérias de forma genérica - é preciso especialistas);
- Se o professor vê lixo, ele transmite lixo (ao comentar ironicamente que ficou sabendo que "um" professor assistia ao Big Brother - constrangimento total no auditório);
José Pacheco ainda reclamou do nosso descaso com os educadores tupiniquins (citou uma visita que fez a Caitités, cidade natal de Anísio Teixeira, que resultou nesse belo texto intitulado A SEGUNDA MORTE DE ANÍSIO TEIXEIRA).
Por fim, depois de muitas metáforas, de se mostrar esperançoso com alguns trabalhos em educação que tem acompanhado no Brasil; depois de conquistar a plateia com histórias engraçadas (agora, depois de tanto tempo passado, pois na hora em que aconteceram tinham um quê de trágicas) e de mostrar que é possível e necessário trabalhar com a inclusão de uma "nova" forma em que consigamos ver no outro um ser diferente - como somos todos - e não, deficiente, José Pacheco entregou o ouro e disse:
- BRINCAR. ESSE É O SEGREDO!
Para quem ainda não conhece a história da Escola da Ponte e tem interesse de mergulhar na sua "construção", resomendo a leitura do livro ESCOLA DA PONTE - Formação e Transformação da Educação. Mas você pode descobrir quão saborosas são as histórias de José Pacheco e seus netos ao ler os livros Para Alice, com amor e Para os filhos dos filhos dos nossos filhos.
Como aperitivo, reproduzo abaixo, a gravação do trecho de outra palestra de José Pacheco, publicada no Youtube. Nesse site você pode assistir a muitos vídeos sobre José Pacheco e a Escola da Ponte.
E não poderia deixar de agradecer à Edições SM por ter nos proporcionado tão fabuloso encontro. Esperamos por mais.
Onde estão as crianças?
Não resisti ao tédio daquele silêncio e fui conversar com ele. Saber um pouco da vida, sobre suas leituras e outras preferências... Aí, o Tino apareceu com o livro Uma Viagem Fantástica e fomos procurar Wally. Nos divertimos bastante até que ouvimos novos passos na escada. Era o Célio. E aí, juntos, fomos procurar Wally em Um Passeio na História com o Tiago.
Passou mais um tempo e ouvimos novos passos na escada. Apareceram Vitória e sua mãe já no meio da manhã. Havíamos encontrado muitos Wallys e fui atrás de histórias para embalar a fantasia da dupla.
Naquele final da manhã, compartilhamos das histórias de Silvia Orthof (Fraca, Fracola, Galinha D'Angola) e de Eva Furnari (Assim, Assado), entre outras. Ao final, ficou a sensação de que é preciso fazer mais. Tá certo, foi um dia atípico. Mas incomodou. Rodamos 20km para encontrar as crianças e elas não apareceram. Muito estranho. É preciso mais atenção da nossa parte para entender o que acontece ao redor. O espaço é novo. Novas crianças. Novas atitudes. Ou não - como diria Caetano. Dúvidas. Dúvidas. Semana que vem é feriado e não teremos o projeto. Veremos o que vai acontecer no dia 09. Cruzei os dedos. Hatuna Matata.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Quem tem medo de Poesia?
"Encontramos com frequência professores que sentem medo de poesia. Não da poesia que leem, imersos em um mundo de sons e de ritmos, de metáforas e de verdades. Mas da poesia que querem ensinar. Antes, como leitores, velejavam destemidos em um mar de versos de antigos e novos poemas. Mas empalidecem diante desses mesmos poemas, caso estejam na frente de seus alunos nas salas de aula. Essa edição número 8 de Tigre Albino foi produzida pensando nesses professores. Ou melhor, pensando em todo leitor, mas especialmente nesses professores. Alguns vivendo em pequenas localidades, cheios de entusiasmo e estão sempre buscando a melhor maneira de contagiar seus estudantes com o gosto pela poesia."
Assim começa o texto de abertura da nova edição do TIGRE ALBINO, revista eletrônica de Poesia, que apresenta textos de Maria Antonieta Cunha, Ana Maria Machado, o relato da experiência da professora Rosângela Silvelli com a poesia em sala de aula, entre outras delícias boas de conhecer, de descobrir. Clique AQUI e boa viagem. Hatuna Matata!!!
Para Gostar de Ler - É preciso voar
Mas, antes do final, a turma participou com ouvidos atentos e olhares curiosos da mediação com os livros O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO DO MARAJÁ (James Rumford), QUE BICHO SERÁ QUE FEZ O BURACO? (Angelo Machado, com ilustrações de Roger Mello) e O SHORT AMARELO DA RAPOSA (Maria Heloísa Penteado, com ilustrações de Igor Balbachevski). Esse último, arrancando expressões de incredulidade da meninada a cada bichão engolido pela raposa. Bem divertido ver essa "briga" entre a fantasia e a realidade.
Depois, folhas de papel e um pouco de conhecimento para criar aviões bem diferentes dos tradicionais. O Fernando (na foto abaixo) criou o seu avião - bem diferente do nosso - mas depois entrou na fábrica em série e foi divertido botar essa turma para voar.
Um, dois, três e JÁ!!! Não foi fácil produzir uma foto com os aviões no ar. Mas aqui está a melhorzinha. A turma da foto tem aparecido com mais frequencia e a gente já percebe uma melhor interação também na relação conosco.
Ainda dá um friozinho na barriga a cada sábado que a gente chega lá por não saber se a casa vai estar cheia ou não. Mas em dias como esse, a gente sente que o caminho, apesar de íngreme, levará a um lugar bom. Basta saber voar quando for preciso. Hatuna Matata!!!
sábado, 10 de abril de 2010
Livro-chiclete e o Livro-vitamina segundo Socorro Acioli.
Para todos, um trechinho do artigo publicado hoje por Socorro Acioli do jornal O POVO sobre a Bienal - vale para qualquer desavisado quando o assunto é livro:
"Para explicar de forma um pouco Lobatiana, existem os livros-chiclete e os livros-vitamina. O livro-chiclete dura pouco, não alimenta e é cuspido em seguida. O livro-vitamina engorda a imaginação, faz crescer a visão de mundo e seus efeitos são para sempre. Assim sendo, melhor comprar um bom livro de vinte reais do que vinte de um real."
Querida Socorro, concordo com tudo.
Agora vou tomar um pouco de vitamina.
Queridos leitores, vale a pena ler o artigo inteirinho NESTE LINK.
sábado, 3 de abril de 2010
Videoclipe do livro Cadê o Juízo do Menino? - ou será da música?
Ou assistam direto no youtube.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
A ilustração nos detalhes
"Adoro contos em que a brincadeira é procurar algo nas ilustrações. Ano passado, o jornalista Tino Freitas estreou na literatura infantil com o Cadê o Juízo do Menino? (Ed. Manati) e uma série de versos rimados que brincam com a frase "ei, perdeu um parafuso" ou "perdeu o juízo". O leitor já está em puro deleite quando, no final, o escritor coloca um desafio: voltar ao início do livro e encontrar parafusos nas sempre divertidas ilustrações de Mariana Massarani. Minha sobrinha, Letícia, não acreditava: parecia uma emoção incrível. E lá ia ela, com o dedinho apontando a brincadeira." (Leia AQUI o texto completo).
Ainda não escrevemos sobre a FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis) - que aconteceu mês passado - por falta de tempo, mas não posso deixar de aproveitar o gancho e dizer da honra que foi ter o querido autor/ilustrador ANDRÉ NEVES usando nosso livro na sua palestra para professores, citando-o como exemplo de um diálogo perfeito entre texto e ilustração, em que a ideia do escritor extrapola os limites do texto e pousa na "pena" do ilustrador para encantar o leitor mesmo depois que a história acaba. Na verdade, a história não acaba no fim. E é mérito da Mariana Massarani ter brincado comigo na construção deste livro tão querido. Então, obrigado Cristiane, obrigado André e obrigado Mariana. Seguimos juntos desparafusando boas ideias.
P.S. E, sim, assim que eu encontrar o Vovô Coelho de Rowe vou trazê-lo para a toca dos Roedores de Livros.
Feliz Páscoa a todos! Hatuna Matata!!!