"Era uma vez, no país de Alefbey, uma triste cidade, a mais triste das cidades, uma cidade tão arrasadoramente triste que tinha esquecido até o seu próprio nome. Ficava à margem de um mar sombrio, cheio de peixosos - peixes queixosos e pesarosos, tão horríveis de se comer que faziam as pessoas arrotarem de pura melancolia, mesmo quando o céu estava azul."Assim começa o fantástico livro "Haroun e o Mar de Histórias", de Salman Rushdie (Cia das Letras) que me encantou nestes últimos dias. Gostaria de indicá-lo a todos. Pais e filhos. São 260 páginas de muita fantasia. Repleto de grandes sacadas, o autor (e aqui vale ressaltar o cuidado da tradutora Isa Mara Lando) conta a história de Rashid - o maior contador de histórias do seu tempo, conhecido como o Xá do Blablablá, o Mar de Idéias - que perde o dom da palavra e a grande aventura de seu filho Haroun em busca da cura de seu pai.
Dizem que o autor escreveu este livro como forma de explicar a seu filho porquê seu pai havia perdido o direito à livre expressão - Hushdie passou anos protegido pelo Governo Britânico após ter sido condenado à morte pelo Ayatollah Khomeini... mas isso já é outra história, nada infantil.
O livro é repleto de personagens fantásticos (o Gênio da Água, o Gavião-Avião...) e um enredo que facilmente apaixona qualquer um onde evidencia a importância da liberdade de se contar histórias e do prazer de ouví-las. Obrigatório para qualquer um que aprecie o universo dos contadores de histórias. Uma verdadeira homenagem à cultura oriental, fonte de muitas histórias deste imenso Mar. Fico por aqui. Khattam-Shud.





















