Ele gostava de escrever histórias. Preferia as fábulas. É dele a popular “A raposa e as uvas”. Grego, foi escravizado em Roma. Na terra dos Césares, comandava a cozinha de um senhor rico, dono de enorme prestígio. Um dia, o poderoso lhe ordenou:
- Vou receber a elite política, econômica e intelectual do país. Faça um jantar com o que há de melhor. Escolha especiarias, carnes, frutas e verduras sem preocupação com gastos. O importante é a excelência.
Os convidados chegaram. Depois dos aperitivos, sentaram-se à mesa. O cardápio surpreendeu. Entrada: língua. Prato principal: língua. Sobremesa: língua.
Indignado, o mandachuva cobrou explicação do subalterno. Esopo explicou:
- O senhor pediu o melhor. O que pode superar a língua? Com ela, fazemos discursos, aprendemos filosofia, conquistamos parceiros, ganhamos promoções, cantamos louvores, conversamos com Deus.
- Pois agora providencie outro banquete, mas com o que há de pior.
Esopo repetiu o cardápio e a explicação: - Com a língua, é possível caluniar, insultar, mentir, prejudicar a si e ao outro. A língua constrói e destrói mundos.
* Publicado na coluna Dicas de Português por Dad Squarisi (Correio Braziliense, 31/12/2006).
A imagem acima é uma referência a Esopo, que teria vivido no século VI a.C. Todas as referências a ele são discutíveis pois se trata mais de um personagem lendário do que histórico. A única certeza é que as fábulas que lhe são atribuídas foram reunidas pela primeira vez por Demétrio de Falera, em 325 a.C. Ao que tudo indica, viajou pelo mundo antigo e conheceu o Egito, a Babilônia e o Oriente. Concretamente, não há indícios seguros de que tenha escrito qualquer coisa. Entretanto, lhe foi atribuído um conjunto de pequenas histórias, de caráter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais. Na Atenas do século V a.C., essas fábulas eram conhecidas. Suas fábulas sugerem normas de conduta que são exemplificadas pela ação dos animais (mas também de homens, deuses e mesmo coisas inanimadas). Esopo partia da cultura popular para compor seus escritos, que refletem um caráter realista e irônico.
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