Não sei se já conversamos sobre isso antes, mas quando resenhamos uma obra, não temos o intuito de sermos críticos literários, com palavras complexas, usando da erudição para justificar a qualidade do texto e blá, blá, blás... Se você procura por isto, não encontrará aqui nas nossas dicas de livros. No início, copiávamos resenhas pinçadas da internet (sempre de livros que gostávamos muito). Depois, passamos a tentar escrever o que sentimos. Espero que nossas palavras despertem em todos o desejo de conhecer um pouco mais o livro em questão.Isso tudo é para falar sobre um velho livro novo que descobrimos no Salão da FNLIJ: chama-se Ah! Mar (RHJ) e é o casamento genial do texto de Bartolomeu Campos de Queiroz com as imagens de André Neves. Não pense que é um livro infantil daqueles que a gente senta na livraria – repleta de crianças –, folheia rapidinho e já sai com a história na cabeça. De forma alguma!!! É um livro para se tomar em silêncio. Na praia, como uma taça gigante de sorvete num dia de verão. Deixe-o derreter e se desmanchar na boca. Sinta os sabores. Por fim, deixe que a matéria fique nos dedos, nos lábios e que até manche sua roupa. Certamente você levará consigo aquele sabor na memória. E aí, você guardará Bartolomeu e André para sempre no mundo da fantasia. E como diria o professor Bartolomeu (digo isso por que a cada encontro, ele nos ensina tanto...): a memória é sempre enganada pela fantasia. Por isso, desconfie da memória após a leitura de Ah! Mar. É capaz que, mesmo em Brasília – onde estamos agora – ou numa cidade qualquer do interior, você possa sentir o “perfume de maresia povoando o ar”.
O livro começa: “Longe do mar inventam-se oceanos”. A seguir, descreve os sentimentos de um menino do interior que, embora nunca tenha visto o mar, carregava-o consigo. Embora o tivesse em si, buscava-o ao alcance dos sentidos. André Neves conseguiu transformar as palavras de Bartolomeu em ilustrações magníficas. O menino é feito de mar. Conchas, peixes, ondas, barquinhos de papel, âncoras... povoam as páginas emprestando mais beleza ao livro – o que parecia impossível. Sim, conseguiram. Dois dias separaram o encontro dos dois no salão da FNLIJ. Mas em Ah! Mar, eles ultrapassam o conceito espaço-tempo. Estão eternamente juntos.Um colherada do sorvete pra vocês: “Meu pai me mostrou uma fotografia dizendo ser um retrato do mar. Mas junto não veio o vento, não chegou o cheiro e menos ainda o canto. Não podiam ser o meu mar as águas aprisionadas em quadrado de papel. Meu mar não tinha margens e nem cabia dentro de mim. Ele era em liberdade, além do horizonte, e não suportava prisões.”
Para finalizar, queria lembrar de outro livro delicioso, já resenhado por aqui. O BEIJO DA PALAVRINHA, de Mia Couto. O tema é parecido e as emoções são fortes. Velem à pena. Boas leituras!!! Até.
Muito queridos ROEDORES (Ana/ Tintino), que bom que vocês voltaram! Inté. Edna
ResponderExcluirA Toca dos ROEDORES estava num silêncio.... será que FESTAS aconteceram por lá.... tal qual festas dos castelos encantados... nas altas horas? será? Abraços literários. Edna Freitass
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