quarta-feira, 19 de maio de 2010

Contagem regressiva para o Controle Remoto

Olá pessoal, passo por aqui para informar que daqui a um mês (19 de junho, 16h) acontecerá o lançamento de mais uma obra deste Roedor de Livros que vos escreve: CONTROLE REMOTO. Com ilustrações de MARIANA MASSARANI e publicado pela editora MANATI, o livro será lançado no Rio de Janeiro, durante a programação do 12º Salão do Livro Infantil e Juvenil, que acontecerá no Centro Cultural Ação da Cidadania. Aguardo vocês por lá.

Para conhecer um pouco mais sobre o livro, acessem o blog LITERATINO. Hatuna Matata!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Saindo da toca em busca de novos leitores

Quase dois meses de Roedores de Livros no Shopping Popular da Ceilândia e ainda não conseguimos o número de crianças desejado. Estranho, não? Apesar de muitas crianças circularem nos dois pisos do shopping - um pouco mais tarde, é certo (por volta das 10h) - os filhos e netos dos feirantes (público inicial) não apareceram na sala da Torre A. Muitos dos que foram, continuam conosco, mas sentimos que precisávamos aparecer mais para eles. Então, na manhã do sábado 24 de abril fizemos uma ação diferente: descemos da torre, estendemos nosso tapete vermelho na área comum do primeiro piso, espalhamos umas almofadas e o Tino, como o flautista de hamelin, entoou seus cânticos de chamar meninos.

Aos poucos, algumas crianças - além das já conhecidas - foram se chegando. Os pais e avós interromperam suas compras e ficaram ao redor - uns em pé, outros nas cadeiras de plásticos da "praça de alimentação". Ao fim da cantoria 14 crianças já se espalhavam pelo tapete esperando a hora da história. Como era um dia especial, começamos com a clássica Bruxa, bruxa, venha à minha festa (Druce Arden, Brinque Book) em que as ilustrações pareciam saltar aos olhos dos pequenos. Ao final da história, a surpresa que encantou a todos. Ali, juntos, estávamos convidados e prontos para a festa do encontro entre os livros e as crianças.

Duas sacolas de livros e tantas histórias bacanas para contar. A edição pop up de Da pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela (Werner Holzwarth, com ilustrações de Wolf Erlbruch, Cia das Letrinhas) também fez um sucesso danado. A criançada se divertiu com os "movimentos" das ilustrações e com os diversos tipos de cocôs que foram aparecendo durante o enredo. Um super livro.

Entre outras leituras daquela manhã, o reconto de A galinha ruiva (Elza Fiúza, ilustrado por Leninha Lacerda, Moderna) foi a derradeira e a turma - que chegou a um total de 18 crianças - em coro, respondia quando a galinha perguntava se alguém poderia ajudá-la a preparar o bolo. Mas, ao final, todos participamos de uma manhã inesquecível, e que serviu também para apresentar o projeto para quem ainda não sabia. Esperamos ter mais crianças em breve.

Em nossa avaliação sobre a preferência das crianças em ficar à toa circulando no shopping enquanto os pais trabalham percebe-se um certo desinteresse dos responsáveis em levar as crianças ao projeto. O motivo, até imaginamos, mas não sabemos ao certo. O importante é sabermos que há muito ainda por fazer para pescarmos mais leitores - uma ação inicial é divulgarmos a ação nas escolas da redondeza. Mas é preciso um pouco mais de tempo para visitar tais escolas durante a semana. O Roedores de Livros é um projeto bancado por quatro teimosos que vez em quando se permitem viver no mundo da fantasia, embora a vida real grite o tempo todo chamando de volta ao batente. Mas, pelo menos, nas manhãs de sábado, estamos firmes na feliz missão de levar o prazer da leitura para mais crianças. Hatuna Matata.

Mais uma flor no jardim de André Neves

Quando conheci a história de Obax, em novembro de 2008, ela me tomou os ouvidos. Era puro texto. Sem desenhos. Sem as cores no papel. E já me encantara. A menina inventadeira de causos me remetia a uma infância cheia de fantasia, onde bastavam batatas e palitos para começar uma brincadeira. Hoje, se formos pensar a sério, quase não há tempo para isso. A TV entrega tudo pronto, formatado. É a fantasia de um a serviço da preguiça criativa dos outros. Mas voltemos ao assunto principal: novo livro de André Neves.

Passado um tempo, menina Obax - que me encantara meses atrás - ganhou uma editora, cores, formas e, mesmo assim, continuou me espetando a fantasia. É o tal do traço mágico de André Neves que retrata deixando espaços pra gente criar. E criar é verbo que domina a história da personagem africana, desacreditada pelas crianças e adultos de sua pequena aldeia quando disse ter visto cair do céu uma chuva de flores.

Ofendida, a pequena que já havia caçado ovos de avestruz, corrido com os antílopes e enfrentado crocodilos, sai pelo mundo em busca de uma prova da sua chuva de flores – afinal, naquela savana, mal chovia água. No caminho, encontra Nafisa, um elefante que a ajuda na sua viagem. O novo amigo, ainda por cima, seria testemunha de tudo que viesse a acontecer. Obax não estaria só.

Daí pra frente o enredo fica ainda mais rico. E cheio de surpresas. Surpresas até para mim, que já conhecia a história, mas fui redescobrí-la nas ilustrações de André, cheias de referências às cores e estampas (repare nos vestidos) vistas nas aldeias mais isoladas dos grandes centros africanos. Com um olhar mais atento, é possível encontrar peças de artesanato, utensílios domésticos e até uma tromba de elefante no abraço carinhoso da mãe do Obax (não sei se André a criou ou se foi minha imaginação).

Por fim, as flores. Ah, as flores de André. Dá para sentir o perfume de longe. E a primavera chegou com todo seu colorido no meio da secura desse Planalto Central assim que descobri o livro ontem à noite na estante da livraria. Não resisti e trouxe Obax para casa, onde a rego com o meu olhar e ela me responde florindo aqui na mesa ao lado do computador, soprando histórias e me deixando ainda mais apaixonado pela África.

No início do livro – publicado pela Brinque Book – André Neves escreve que “Quando o sol acorda no céu das savanas, uma luz fina se espalha sobre a vegetação escura e rasteira. O dia aquece, enquanto os homens lavram a terra e as mulheres cuidam dos afazeres domésticos e das crianças. Ao anoitecer, tudo volta a se encher de vazio, e o silêncio negro se transforma num ótimo companheiro para compartilhar boas histórias”.

Obax é também um ótimo companheiro. Se você o encontrar por aí, não hesite. Descubra as histórias que ele guarda em suas páginas e se emocione com o texto e o traço de André Neves. Hatuna Matata.

P.S. A quarta imagem, é o registro de André Neves contando a história de Obax para crianças numa escola em Pirenópolis, interior de Goiás.

domingo, 16 de maio de 2010

A primeira leitura

Queridos leitores... esse menino sorridente da foto aí de cima e da foto de baixo é o Tiago. É o garoto que mais esteve presente no projeto desde que mudamos para a Torre A do Shopping Popular da Ceilândia. Na manhã do sábado 17 de abril fomos agraciados com a sua primeira leitura em público no projeto.

Era um livro pequenininho, que ele escolheu na estante - perdoem-me por não lembrar o título nesse momento em que escrevo, mas depois deixarei registrado. Miúdo no formato e com poucas páginas, mas que serviu para destravar sua vontade de ler, espelhando nossas ações semanais. Uma leitura ainda tímida, sem muita fluência, trôpega em alguns momentos, que precisou de ajuda para chegar ao final; porém rica e inesquecível para nós. E motivo principal desse post. Ganhamos uma batalhinha: um leitor. Estamos felizes e desculpe se pode parecer pouco para quem lê. Para nós é MUITO e aqui, deixo o nosso VIVA para o Tiago. Esperamos ouvir muitas outras histórias dele e dos outros pequenos.

Mas aquele dia foi especial por outros motivos: foi a primeira vez que algumas das crianças ouviram a história OS TRÊS PORQUINHOS que ficamos devendo na semana passada e que mediei a partir de O GRANDE LIVRO DOS LOBOS (Compilação da Editora Companhia Nacional). Mesmo quem já conhecia a história, curtiu. É um clássico. Entre outras histórias daquela manhã, o Tino leu PANDOLFO BEREBA (Eva Furnari, Moderna) em que não só o texto da autora provocou risos, mas a gurizada ficava louca para ver as ilustrações das personagens: outro ponto forte naquele dia.

Na semana anterior, eu havia prometido levar um helicóptero para cada criança nesse sábado. Promessa feita, promessa cumprida. Mais um pedacinho de papel, algumas dobras, uns recortes e um clip de metal... pronto. Cada um fez o seu e durante os últimos 30 minutos colocamos as aeronaves para voar. Por fim, descemos para o primeiro pavimento, onde fica a entrada da Torre A e fizemos o registro final daquele dia, antes de cada criança seguir para casa. Ainda precisamos alcançar mais crianças, mas já nos sentimos mais à vontade e íntimos de algumas crianças. E isso faz MUITA diferença. Hatuna Matata.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Livro novo é sempre uma alegria!

Gente... livro novo é sempre uma alegria. Por isso, nesse final de semana que chega, tem gente boa distribuindo alegria por aí.

Já nessa sexta, 14/05, Socorro Acioli desembarca na Livraria da Vila, em São Paulo, para lançar dois livros de uma só vez: A bailarina fantasma e O inventário de segredos, ambos publicados pela editora Biruta e o sugundo, ilustrado por Mateus Rios - gosto muito do trabalho dele. Ainda não li os livros da Socorro (eles já chegaram aqui na toca, mas falta tempo), mas ela é craque no cuidado com as palavras. Posso afirmar que a editora caprichou no projeto gráfico dos dois livros. E muita gente boa tem falado bem sobre A bailarina fantasma, como Marisa Lajolo.

Se você estiver em Curitiba no sábado, 15/05, a pedida é conferir o lançamento de O Gato e a Árvore, livro-imagem de Rogério Coelho, publicado pela editora Positivo. Apesar de estar há pouco tempo publicando literatura infantojuvenil, a Positivo tem um catálogo com bons livros de imagem. Gosto muito do livro O Encontro (de Michele Iacocca) com o qual costumo brincar de adivinha nas mediações por aí. A visita ao lançamento também vale pelo local: a Bisbilhoteca, um cantinho que trata a literatura com muito carinho. Ah, e vale também visitar o blog do Rogério Coelho, em que ele conta a "construção" do seu primeiro livro como ilustrador e autor.

Por falar em primeiro livro como autor, ainda no sábado, 15/05, de volta a Sampa, o querido Renato Moriconi lança O sonho que brotou (DCL). O livro não quer ir de jeito nenhum pra estante aqui de casa. Já o encontrei na mesa da sala, em cima da cama, no aparador (bem pertinho da estante), mas ele não descansa. Quer encantar todo mundo uma, duas, três vezes... enfim. Um livrão, capa dura, para ler na vertical, com uma ideia muito bacana sintetizada em poucas palavras e muita imaginação (Moriconi é ótimo em brincar de misturar texto e ilustração para contar boas histórias). Ah, sem contar que o cara é uma peça divertidíssima - vale a companhia, mesmo sem livro. Aguardem resenha do livro aqui no blog.

Então é isso. Tá dado o recado. Quem puder, apareça! Para confirmar horário e local dos lançamentos, basta clicar sobre as imagens. Boa festa para todos. Hatuna Matata!!!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Coloridos, sorridentes e em busca dos três porquinhos

Depois de uma pausa no feriado da Semana Santa, retomamos o projeto na manhã do dia 10 de abril. Ana Paula estava com um tema na cabeça: - Hoje vou levar histórias que tenham o "porco" como personagem principal. Aí, na seleção, alguns cássicos: O Porco (Bia Hetezel, com ilustrações de Filipe Jardim e Flora Sonkim, Manati), Leo e Albertina (Christine Davenier, Brinque Book), entre outros.

A nossa sala de leitura recebeu um público melhor que o da semana anterior mas durante o bate-papo inicial sobre a mediação uma surpresa absurda: Duas crianças não conheciam a história dos três porquinhos. Outro absurdo: na nossa biblioteca não havia uma edição sequer com essa história. Os dois absurdos seriam resolvidos na semana seguinte pois a mediação estava passando da hora. Ana Paula leu Um porco vem morar aqui (Claudia Fries, Brinque Book) e depois, Monstro, não me coma (Carl Norac, com ilustrações de Carll Cneut, Cosac Naify). Eu fugi dos porcos e li Eu sou o mais forte (Mario Reis, Martins Fontes) e brincamos juntos durante a leitura do ótimo O livro da com-fusão (Ilan Brenmann, com ilustrações de Fê - a edição que temos é a da Brinque Book, esgotada, mas há uma nova ediçào pela Melhoramentos).

O projeto recebeu a visita da Adriana Frony, parceira em várias apresentações com os seus brinquedos cantados e reuniu a tropa roedora no brinquedo O ESQUIMÓ e saíram todos desbravando nosso espaço em busca de um Urso Polar e falando ROC TOC UMA. Divertidíssimo.

Por fim, antes do fim, distribuímos papéis e giz de cera para a criançada. Era o que tinha à mão para a oficina. Mas bastou. Todos, a seu modo, encontraram um cnatinho e desenharam livremente o que veio à cabeça. A ilustração abaixo foi da pequena Vitória. Adoramos. Belo desenho, com o fundo colorido, cheio de expressão. Reparem nos sorrisos. Foi assim que a gente saiu de lá: coloridos, sorridentes e em busca dos três porquinhos. Hatuna Matata!!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O que vocês querem aprender?

O título desse post refere-se à primeira frase que o Professor JOSÉ PACHECO disse em sua palestra na noite dessa quinta, 06 de maio, em Brasília. O encontro, promovido pela Edições SM, lotou o auditório com professores e curiosos - todos "alunos" - famintos por conhecer de perto as ideias, angústias e conquistas desse inventivo senhor com espírito de criança. Para quem não está familiarizado com o nome, José Pacheco é co-fundados da ESCOLA DA PONTE, em Portugal, ícone mundial, modelo ímpar da educação que gostaríamos de dar aos nossos filhos, quanto mais aos alunos.

Sem turmas, sem provas (a partir dos conceitos que aprendemos)... funcionando numa lógica diferente, em que os alunos escolhem o que querem aprender e são acompanhados individualmente, a Escola da Ponte parece ter saído de um mundo fantástico. Ouvíamos incrédulos as ousadias e os resultados proferidos.
Enquanto o palestrante dizia alguns clichês como "o amor é indispensável na educação" ao olhar para o lado eu lia "a política é dispensável na educação". Parece que, de fato, ele vive esse amor. Mas não foi só amor que levou José Pacheco e seus parceiros a inventar um "novo cenceito" e transformá-lo em realidade. O que ouvi naquelas duas horas foi a determinação, a imposição, o enfrentamento, a atitude de um grupo ousado. Sua fala contagia. Uns perguntam como é possível? Outros assentem: é impossível! Enfim, ninguém saiu dali impune.

Ressalto a seguir algumas frases ditas por José Pacheco:
- O amor é indispensável na educação;
- É necessário impor algumas coisas (sobre como agir numa escola mais democrática e citou a ótima história de como se tornou professor de educação musical - impagável!!!);
- O mais difícil de um projeto de educação são os primeiros 30 e poucos anos, depois é fácil (sobre a árdua consolidação da Escola da Ponte como referência mundia, cuja mudança de "planejamento" ocorreu ainda nos anos 70);
- Há dificuldades de ensinagem (sobre os que argumentam dificuldade de aprendizagem de seus alunos);
- Tá tudo errado (sobre o fato de, no ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - termos apenas UM professor para ensinar todas as matérias de forma genérica - é preciso especialistas);
- Se o professor vê lixo, ele transmite lixo (ao comentar ironicamente que ficou sabendo que "um" professor assistia ao Big Brother - constrangimento total no auditório);

José Pacheco ainda reclamou do nosso descaso com os educadores tupiniquins (citou uma visita que fez a Caitités, cidade natal de Anísio Teixeira, que resultou nesse belo texto intitulado A SEGUNDA MORTE DE ANÍSIO TEIXEIRA).

Por fim, depois de muitas metáforas, de se mostrar esperançoso com alguns trabalhos em educação que tem acompanhado no Brasil; depois de conquistar a plateia com histórias engraçadas (agora, depois de tanto tempo passado, pois na hora em que aconteceram tinham um quê de trágicas) e de mostrar que é possível e necessário trabalhar com a inclusão de uma "nova" forma em que consigamos ver no outro um ser diferente - como somos todos - e não, deficiente, José Pacheco entregou o ouro e disse:

- BRINCAR. ESSE É O SEGREDO!

Para quem ainda não conhece a história da Escola da Ponte e tem interesse de mergulhar na sua "construção", resomendo a leitura do livro ESCOLA DA PONTE - Formação e Transformação da Educação. Mas você pode descobrir quão saborosas são as histórias de José Pacheco e seus netos ao ler os livros Para Alice, com amor e Para os filhos dos filhos dos nossos filhos.

Como aperitivo, reproduzo abaixo, a gravação do trecho de outra palestra de José Pacheco, publicada no Youtube. Nesse site você pode assistir a muitos vídeos sobre José Pacheco e a Escola da Ponte.



E não poderia deixar de agradecer à Edições SM por ter nos proporcionado tão fabuloso encontro. Esperamos por mais.

Onde estão as crianças?

Já disse por aqui que a cada sábado, um friozinho na barriga entrega o sentimento estranho de não saber o que vai acontecer no encontro com as crianças. No dia 27 de março esse encontro quase não aconteceu. Chegamos cedo à Torre A do Shopping Popular da Ceilândia, mas não havia nenhuma criança. De repente, passos na escada. O Tiago apareceu. Ele é o mais serelepe da turma que frequenta o projeto. Chama a gente pelo nome, agrega bagunça e atenção. Danado como criança deve ser. Ali, sozinho, enquanto esperávamos outras crianças, ele foi direto pescar um livro na estante. Pegou um bem pequenininho, se acomodou no tapete, arrumou um encosto com almofadas e mergulhou no seu mundo.

Não resisti ao tédio daquele silêncio e fui conversar com ele. Saber um pouco da vida, sobre suas leituras e outras preferências... Aí, o Tino apareceu com o livro Uma Viagem Fantástica e fomos procurar Wally. Nos divertimos bastante até que ouvimos novos passos na escada. Era o Célio. E aí, juntos, fomos procurar Wally em Um Passeio na História com o Tiago.
Passou mais um tempo e ouvimos novos passos na escada. Apareceram Vitória e sua mãe já no meio da manhã. Havíamos encontrado muitos Wallys e fui atrás de histórias para embalar a fantasia da dupla.

Naquele final da manhã, compartilhamos das histórias de Silvia Orthof (Fraca, Fracola, Galinha D'Angola) e de Eva Furnari (Assim, Assado), entre outras. Ao final, ficou a sensação de que é preciso fazer mais. Tá certo, foi um dia atípico. Mas incomodou. Rodamos 20km para encontrar as crianças e elas não apareceram. Muito estranho. É preciso mais atenção da nossa parte para entender o que acontece ao redor. O espaço é novo. Novas crianças. Novas atitudes. Ou não - como diria Caetano. Dúvidas. Dúvidas. Semana que vem é feriado e não teremos o projeto. Veremos o que vai acontecer no dia 09. Cruzei os dedos. Hatuna Matata.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quem tem medo de Poesia?

"Encontramos com frequência professores que sentem medo de poesia. Não da poesia que leem, imersos em um mundo de sons e de ritmos, de metáforas e de verdades. Mas da poesia que querem ensinar. Antes, como leitores, velejavam destemidos em um mar de versos de antigos e novos poemas. Mas empalidecem diante desses mesmos poemas, caso estejam na frente de seus alunos nas salas de aula. Essa edição número 8 de Tigre Albino foi produzida pensando nesses professores. Ou melhor, pensando em todo leitor, mas especialmente nesses professores. Alguns vivendo em pequenas localidades, cheios de entusiasmo e estão sempre buscando a melhor maneira de contagiar seus estudantes com o gosto pela poesia."

Assim começa o texto de abertura da nova edição do TIGRE ALBINO, revista eletrônica de Poesia, que apresenta textos de Maria Antonieta Cunha, Ana Maria Machado, o relato da experiência da professora Rosângela Silvelli com a poesia em sala de aula, entre outras delícias boas de conhecer, de descobrir. Clique AQUI e boa viagem. Hatuna Matata!!!



Para Gostar de Ler - É preciso voar

De volta ao projeto, uma semana após o recesso - pois fomos prestigiar a FLIPIRI -, a manhã de sábado, 20 de março, foi como um recomeço. Explico usando o título desse post. Para gostar de ler é preciso, entre outras coisas, voar. E nesse desafio de conquistar novos leitores numa nova casa, é preciso inserir o livro aos poucos no meio de outras atividades que, para as crianças, são mais prazerosas. A gente aprende a voar a partir de brincadeiras de roda e oficinas de arte que sempre foram nosso forte no início do projeto, junto com a mediação de leitura. Dividíamos o tempo entre essas três coisas. Aos poucos as crianças foram pegando gosto pelo livro, foram pedindo para levar alguns para casa, se colocavam à disposiçào para uma leitura em grupo, etc. Nesse sábado retomamos essa ideia com uma simples folha de papel em branco.

Mas, antes do final, a turma participou com ouvidos atentos e olhares curiosos da mediação com os livros O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO DO MARAJÁ (James Rumford), QUE BICHO SERÁ QUE FEZ O BURACO? (Angelo Machado, com ilustrações de Roger Mello) e O SHORT AMARELO DA RAPOSA (Maria Heloísa Penteado, com ilustrações de Igor Balbachevski). Esse último, arrancando expressões de incredulidade da meninada a cada bichão engolido pela raposa. Bem divertido ver essa "briga" entre a fantasia e a realidade.

Depois, folhas de papel e um pouco de conhecimento para criar aviões bem diferentes dos tradicionais. O Fernando (na foto abaixo) criou o seu avião - bem diferente do nosso - mas depois entrou na fábrica em série e foi divertido botar essa turma para voar.

Um, dois, três e JÁ!!! Não foi fácil produzir uma foto com os aviões no ar. Mas aqui está a melhorzinha. A turma da foto tem aparecido com mais frequencia e a gente já percebe uma melhor interação também na relação conosco.

Ainda dá um friozinho na barriga a cada sábado que a gente chega lá por não saber se a casa vai estar cheia ou não. Mas em dias como esse, a gente sente que o caminho, apesar de íngreme, levará a um lugar bom. Basta saber voar quando for preciso. Hatuna Matata!!!