tag:blogger.com,1999:blog-27694796.post2362160560809290177..comments2023-10-22T07:36:17.490-03:00Comments on Roedores de Livros: O Melhor para a Criança 2006 - Prêmio da FNLIJAna Paula Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/04261077039313654083noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-27694796.post-61581112287216281412007-05-17T14:54:00.000-03:002007-05-17T14:54:00.000-03:00PosfácioMaria Luiza Silveira Teles( Apresentação d...Posfácio<BR/><BR/>Maria Luiza Silveira Teles<BR/>( Apresentação do livro de Reinilson dos Anjos Câmara<BR/><BR/>"Rosas do Meu Jardim" é antes de mais nada, um encontro profundo com a alma sensível, inquieta e pura de Reinilson. É o contato com as preocupações universais que sempre levaram o Homem a filosofar e a questionar-se. É a emoção que jorra, em seu estado de pureza absoluta, como a fonte em sua nascente, e que flui em meandros sutis e cantantes, refrigerando-nos o espírito e fazendo com que a fé e a esperança renasçam dentro de nós.<BR/><BR/>Sim, pois que sempre teremos motivos para crer e esperar, enquanto existirem os poetas; enquanto existirem criaturas que olhem a vida com os olhos de Reinilson; enquanto existirem aqueles que são capazes de sonhar e que não temem a loucura de seus próprios sonhos, tão em discrepância com o profundo desatino da vida competitiva, pragmática, materialista e sufocante dos demais.<BR/><BR/>Em sua obra, Reinilson mostra que não só é capaz de sonhar, amar e versejar, mas que também é capaz de engajar-se na triste realidade deste mundo hostil; não para compactuar com ele, mas pronto para fazer história, no sentido da luta e do trabalho pela renovação, pela Justiça e do Amor.<BR/><BR/>Como todas as almas realmente grandes, desde a apresentação de sua obra, ele demontra humildade, e em nenhum momento, tem a pretensão de fazer coisa alguma que seja extraordinária, fora do comum, inédita. Não; ele simplesmente dá-nos a<BR/>suprema dádiva de poder compartilhar de seu extraordinário mundo interior, cheio de beleza, de ternura, de fé. Um mundo feito muito mais de recolhimento e de silêncio, mas cuja sonoridade, como os delicados, incisivos, melodiosos e belos acordes de uma sinfonia, retumbam em nossos corações<BR/><BR/>Em sua poesia, Reinilson trabalha com a palavra e o ritmo, em versos livres, como só livre poderia deixar fluir sua emoção, na própria necessidade da liberdade para a descoberta de novos caminhos no versejar e no caminhar.<BR/><BR/>Percebemos em seus poemas a repetição de palavras, propositalmente, para dar mais força ao enunciado, como em "Amor Distante".<BR/>Triste,<BR/>esta carta sem um pingo de verdade<BR/>Triste,<BR/>estas belas palavras sem sentido.<BR/>Triste,<BR/>esta distância<BR/>que nos separa<BR/><BR/>Também presente a constância de rimas que enriquecem bastante a sonoridade dos poemas, como podemos observar em "Menino Mendigo":<BR/>Lá vem o menino<BR/>descalço e maltrapido<BR/>um triste mendigo<BR/>amarelo e subnutrido.<BR/>Sem lar, sem abrigo,<BR/>raramente come<BR/>quase sempre passa fome.<BR/><BR/>Percebe-se aqui, também, a criação de neologismos, maneiras próprias de dizer as coisas ao modo seu e que possam expressar todo o grito de sua alma, como na palavra MAL TRAPIDO( fusão de maltrapilho e despido), que mostra que cheio de trapos o indivíduo não está senão despido, nu.<BR/><BR/>O envolvimento constante com os problemas atuais do mundo e dos homens pode ser percebido em poemas com este que acabamos de ver, e em outros, como "Vida ingrata"e "Falta Pão".<BR/>Falta pão para o homem do campo,<BR/>Falta pão para o homem da cidade<BR/>Entre apartamentos, casas e casebres<BR/>entre desespero, a fome mata<BR/><BR/>O poeta mostra-se, às vezes, decepcionado, impotente e apático, como é comum acontecer, vez por outra, com todas as pessoas sensíveis. E-lo a dizer:<BR/>A vida é ingrata<BR/>Fique parado no seu canto<BR/>Não faça nada.<BR/><BR/>Mas, sabe também ser otimista, alegre, esperançoso, fraterno, como bem demonstra neste trecho de seu poema "Ë Bom"...<BR/>É bom ver a tarde cair,<BR/>é bom o crepúsculo sentir,<BR/>aguardar o porvir<BR/>falar com alguém<BR/>que quer me ouvir.<BR/>Olhar aquela estrela que começa a luzir...<BR/>É bom perceber<BR/>que há pessoas<BR/>a amar e dividir,<BR/>as delícias e as tristezas,<BR/>sem fingir,<BR/>e com tamanha sinceridade<BR/>repartir,<BR/>as afinidades, o bem-querer,<BR/>e dormir... e sonhar...<BR/><BR/>É bom ser sincero<BR/>e não mentir.<BR/>Aguardar o futuro<BR/>e o presente procurar conduzir<BR/>com doçura,<BR/>oferecendo a quem pedir<BR/>uma palavra, uma ajuda...<BR/><BR/>É bom assistir<BR/>os enfermos,<BR/>os velhos, <BR/>as crianças,<BR/>e dirigir<BR/><BR/>a todos enfim,<BR/>sem ódio, sem vingança,<BR/>e assumir<BR/>uma vida justificável,<BR/>e repetir<BR/>que só o amor constrói...<BR/><BR/>A obra de Reinilson é constituída de 25 poemas, escritos já a alguns anos. Acreditamos que, de lá para cá, o poeta, por muito já ter caminhado, deverá ter amadurecido, fato que cria em nós uma expectativa com relação a sua obra futura que, decerto, deverá ser bem mais rica, profunda e trabalhada<BR/><BR/>"Rosas do Meu Jardim" não é, decerto, um livro sem defeitos, mas exatamente por ser o primeiro que o autor traz a lume, tem grande mérito e enriquece bastante o <BR/>acervo da literatura local, mostrando, mais uma vez, o sentimentalismo e o pendor artístico do povo da terra.<BR/><BR/>Queremos congratular-nos com o autor e sua famíllia, presos, certamente de uma emoção justa por este momento inesquecível. E queremos, ainda, agradecer a Reinilson por nos ter dado a extraordinária oportunidade de abrir-nos as portas de sua alma grandiosa, simples e tímida, que tanto nos tocou e encantou, através das belas rosas de seu jardim...<BR/><BR/>Maria Luiza Silveira Teles<BR/>Academia Monteclarense de LetrasAnonymousnoreply@blogger.com